sábado, 24 de novembro de 2007

BEATLES VERSUS ROLLING STONES (2)


É mítica a rivalidade entre Beatles e Rolling Stones nos anos 60. Mas só é mesmo mítica, não corresponde à realidade. Décadas mais tarde, os marketeiros aproveitaram este suposto sentimento para inventar - com a ajuda da Imprensa - um combate Oasis-Blur.

Os Rolling Stones devem aos Beatles o seu primeiro grande sucesso, "I Wanna Be Your Man", em 1963. Ainda hoje Mick Jagger reconhece isso.

Ao longo dos anos, é vasta a colaboração entre as duas agremiações e/ou entre os seus sócios, coisa impossível de acontecer caso fossem assim tão arqui-inimigas.

Foi aliás graças a George Harrison que os Rolling Stones conseguiram contrato discográfico com a Decca.

É também conhecida a cumplicidade e participação de Brian Jones em vários projectos dos Beatles: "You Know My Name (Look Up The Number)", "Yellow Submarine", "Strawberry Fields Forever", "Being For The Benefit Of Mr. Kite", "Within You Without You", "Good Morning, Good Morning", "Baby You're A Rich Man", "Flying" e "Blue Jay Way".

Há ainda Brian Jones em "Sea Breezes", de Mike McGear e Paul McCartney, em 1974.

Quando em 1967 Mick Jagger e Keith Richards tiveram problemas policiais e judiciais relacionados com a droga, os Beatles foram dos primeiros a solidarizarem-se, tendo subscrito o destemido editorial do "Times" e participado na gravação de "We Love You".

Ambos os grupos utilizaram o mesmo gráfico, Michael Cooper, para as capas de "Their Satanic" e "Sgt. Pepper". Nesta última há até um vibrante "Welcome the Rolling Stones".

Mick Jagger esteve em "All You Need Is Love", John Lennon em "Rock And Roll Circus".

O vocalista dos Rolling Stones acaba de editar "Too Many Cooks".

No famoso concerto dos Rolling Stones de homenagem a Brian Jones no Hyde Park, em Londres, em 1969, a câmara não ignorou Paul McCartney no meio da multidão.

É preciso mais?

Não resisto à tentação de citar "C'Era Un Ragazzo Che Come Me Amava I Beatles E I Rolling Stones", de Gianni Morandi, ou a sua versão brasileira dos Incríveis (e/ou Engenheiros do Hawaii), "Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles E Os Rolling Stones".

6 comentários:

josé disse...

E então, a história do Let it Be, numa embalagem de luxo?

Lembra-se disso e da venda em Portugal de tal artefacto?

filhote disse...

Ainda sobre as capas do "Their Satanic" e do "Sgt. Pepper's" é preciso lembrar que as quatro caras dos Beatles aparecem dissimuladas por entre a vegetação da capa do lendário album dos Stones.
E o George Harrison aconselhou de facto a "banda rival" à Decca depois de os 4 de Liverpool terem assistido a um fabuloso show dos Stones no Crawdaddy em Richmond.
A ligação entre as duas bandas é recheada de histórias intermináveis... dava para escrever um livro...

Rato disse...

Como por certo o Luís Tita irá confirmar, trata-se da 1ª edição do LET IT BE (Apple PXS1), saída no Reino Unido em 8 de Maio de 1970. O album era vendido dentro de uma caixa, juntamente com um livro que continha as fotografias da rodagem do filme. Custava na altura mais uma libra do que os outros albuns normais, mas, e talvez por isso mesmo, as vendas não foram famosas ( estamos a falar de um album dos Beatles, pelo que "vendas fracas" ainda representavam muito quando comparadas com a média geral). De qualquer modo o album foi reeditado a 6 de Novembro de 1970, já sem o livro e com um número de catálogo diferente (Apple PCS 7096). Mas mais uma vez as vendas foram relativamente baixas.
Hoje em dia penso que a 1ª edição (uma das relíquias que deixei por Moçambique), em caixa e com o livro, é capaz de valer umas centenas de libras (em estado "Mint", subentenda-se).

Fantomas disse...

O concerto de Hyde Park foi em 1969 (5 de julho) e não em 1966. Por acaso sempre preferi os ROLLING STONES aos BEATLES...

josé disse...

Obrigado, rato.

Como escrevi em comentário anterior, lembro-me bem de ver essa primeira edição, com o livrito de fotos, numa loja Sonolar que havia em Braga e Viana do Castelo ( sucursal).

Não sei quem importava tais discos ( Valentim de Carvalho?), mas a edição que tive nas mãos, apresentada pela funcionária como uma novidade de tomo, era cara demais para a minha bolsa de então, destinada ao Mundo da Canção e livros hagiográficos e de escutismo, para além, naturalmente, dos almanaques do Século e da Bertrand.

Pouco tempo depois, outra obra atraiu igualmente a atenção: All Things must Pass, de George Harrison, um triplo em caixa e com memória mítica.
Isso sem falar no quádruplo ao vivo dos Chicago,no Carnegie Hall, com um preço inatingível e saído em 1971. Mítico, também.

josé disse...

Para comparar, o LP quádruplo, custava em início de 1972 ( informação da MC nº 27), 472$00.
O Lp triplo com o concerto do Bangla Desh, custava 390$00 e um Lp simples como por exemplo Harvest de Neil Young, custava 188$50.

Um par de calças Levi´s de bombazine, custava na mesma altura 275$00,( tenho um talão para comprovar e que publiquei no blog das Rapsódias).

Vendo bem, os discos, actualmente, estão ao preço da chuva. E mesmo assim, poucos compram e h+a crise.