domingo, 31 de dezembro de 2017

AULD LANG SYNE


Este salto, sem rede, no vazio incógnito do novo ano.

Chame-se-lhe raiva no desejo e na alegria de transformar as coisas que estão mal.

Chame-se-lhe futuro.

Chame-se-lhe o novo ano.

De tal forma que os melhores votos de Ano Novo que podemos hoje formular sejam o desejo de que o futuro nos dê algo que desejar.

Sophia Mello Breyner Andresen sempre se admirou por as pessoas celebrarem a passagem do ano, dizia ela, que o ano está sempre a passar.

Há quem nunca deseje bom ano a ninguém, afirmam que dá azar.

E depois há a velha sabedoria que nos diz que os anos só são novos enquanto os novos somos nós.

Num solene adeus a um qualquer ano velho, o poeta inglês Robert W. Service lembrava que o seu cachimbo estava apagado, o copo vazio, comboios atravessam as noites.

Que virá a seguir?

O que for será, como canta a Doris Day

Se viram um amável filme do realizador Rob Reiner, em que Nora Ephron mete a sua distinta colherada,  protagonizado por Meg Ryan e Billy Cristal, When Harry Meet Sally, o filme em que Meg Ryan, com o molho à parte, simula um orgasmo em pleno Katz's Delicatessen, esmerado restaurante de Manhattan e, finda a performance, a cliente da mesa ao lado, que aguardava para fazer o seu pedido, volta-se para o empregado e diz: quero o mesmo que aquela senhora,  certamente lembrar-se ão que, quase no final do filme, quando, numa festa de fim de ano, Harry reencontra Sally, começam a ouvir-se os acordes de «Auld Lang Syne», e Henry diz que nunca entendeu o significado da canção pois a canção diz que os velhos conhecidos devem ser esquecidos ou que se os esquecemos devemos recordá-los mas como recordar se já os esquecemos?

Sally não tem resposta mas, sorrindo, acaba por lhe dizer: seja o que for é uma canção sobre velhas amizades.

Chegamos a bom porto: velhas amizades.

Lembrar os que já não estão connosco, com os que estão, celebrar a amizade, sempre, enquanto não chega a hora do adeus.

Fará isso e aproveita para desejar aos ié-ié-viajantes uma viagem tranquila pelos novos dias de mais um ano.

Mas não queria sair sem lembrar a velha tia que repetia sempre os mesmos votos de Ano Novo:

Não se pede grande coisa: trabalho e saúde...

Texto: Gin-Tonic

PABLO MILANÉS


MOVIEPLAY - SP-20.158 - edição portuguesa (1974)

Pobre Del Cantor - Campesina

sábado, 30 de dezembro de 2017

ALVIN LIVES


MIDNIGHT MUSIC - 1990

Não me recordo por que comprei este LP, mas custou-me 1.900$00 em Portugal.

Provavelmente por causa das versões: "Chirpy Chirpy Cheep Cheep" (Lush), "My Sweet Lord" (Five Thirty), "Bohemian Rhapsody" (Cud), "Kung Fu Fighting" (Robyn Hitchcock), "Make Me Smile" (Wedding Present), "Wand'ring Star" (Perfect Disaster).

ESTÁ A COMEÇAR...


E SE A ACADÉMICA GANHASSE HOJE NAS CALDAS?


DISCOMAGIC - 1990

Concepção e produção de Severo Lombarboni.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

LES PLUS GRANDS SLOWS D'ÉTÊ


PHILIPS - 1989

Um duplo LP que faria as delícias do meu amigo Rato, tanto quanto o conheço.

Ora vejamos (só alguns exemplos):

"Only You" (Platters), "La Madrague" (Brigitte Bardot), "Et J'Entends Siffler Le Train" (Richard Anthony), "Le Ciel, Le Soleil Et La Mer" (Guy Mardel), "Aline" (Christophe), "I Love You You Love Me" (Anthony Quinn), "Monia" (Peter Hom), "Comme D'Habitude" (Claude François), "Que Je T'Aime" (Johnny Hallyday), "Wigh Is Wight" (Michel Delpech), "Laisse Moi T'Aimer" (Mike Brant), "I'll Never Leave You" (Nicole Croisille), "Feelings" (Morris Albert).

Sim, eu sei que ele tem isto tudo... e muito mais!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

NATAL71


M.N.F.

OPERAÇÃO PRESENÇA

Proibida a venda ou reprodução.

 Guerra Colonial:

- 800 mil jovens foram mobilizados para Angola, Guiné e Moçambique

- 11 mil mortos

- 40 mil estropiados e deficientes

- 140 mil antigos combatentes sofrem de “stress” de guerra.

Sabemos destes números – serão mais? Serão menos?

Mas como diz João Paulo Guerra no seu livro Memórias da Guerra Colonial, não há estatísticas para a solidão, a ansiedade, o medo, o sofrimento, a dor.

Há feridas que custam a cicatrizar, mas não é o silêncio o melhor remédio.

Uma guerra sem sentido, estúpida, inútil.

Adeus até ao meu regresso.

Lembram-se?

No Natal de 1971, o Movimento Nacional Feminino editou um disco que foi distribuído pelos soldados que combatiam em África onde, possivelmente, não existiam gira-discos e em alguns locais nem electricidade havia.

Na contracapa do disco fala-se das muitas vontades que permitiram que ele fosse feito.

Nasceu uma ideia, juntaram-se os esforços, bateram os corações no mesmo compasso, deram-se as mãos, uniram-se os pensamentos e então aconteceu o LP deste Natal 71.

O disco é composto por mensagens patrióticas de um leque de personagens onde, entre outros, aparecem Hermínia Silva, Eusébio, Parodiantes de Lisboa, Inspector Varatojo, Joaquim Agostinho, Amália Rodrigues, Maria de Lurdes Modesto, Florbela Queiroz.

Vai o disco a meio e ouve-se:

Sou a Cilinha. Cabem-me as missões mais gratas neste LP de carinho. Antes de mais a de representar as vossas famílias. É com toda a alegria que o faço. Em nome delas: “Olá rapazes! Santo Natal.

Mais ainda:

A fechar este disco a presença dum soldado que é vosso chefe e irmão: o General Sá Viana Rebelo.

Da fala do então Ministro da Defesa Nacional:

Destinam-se estas palavras a figurar no disco do simpático Movimento Nacional Feminino para lembrança individual no Natal de 1971 dos militares do Exército, Marinha e Força Aérea. Tais palavras serão uma mensagem de esperança e de paz (…) vejamos um dia recompensados os nossos esforços para que a paz volte à terra portuguesa. (…) Mais um ano em que há afastamento de militares das suas famílias (…) Quantos Natais muitos dos nossos militares passaram já afastados das famílias? (…) Mas é sacrifício de que os nossos filhos e netos irão mais tarde beneficiar. Nada daquilo que se faz em África se irá perder. Tudo durará. Haja o ânimo de defender o que é nosso e Portugal continuará na terra africana a celebrar na nossa África os Natais de Cristo como agora. E mais tarde de regresso aos lares ao ouvirem este disco estou certo de que muitos, todos, dirão: custou-me bastante mas valeu a pena!

Trata-se de um documento, mas é doloroso (re)ouvir este disco.

Ridículo, trágico, ou ambas as coisas.

O que nele se diz é tão lamentável, tão chocante, de uma hipocrisia miserável.

E ninguém perguntou àqueles jovens se queriam, ou não, participar naquela guerra.

Notas do escriba:

Cilinha, de seu nome Cecília Supico Pinto, rosto do Movimento Nacional Feminino, «um Salazar de saias», como alguém lhe chamou.

António Lobo Antunes em Os Cus De Judas coloca uma madame do Movimento a dizer aos soldados:

 Sigam descansados que nós na rectaguarda permanecemos vigilantes.

 O Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, regularmente comunicava os soldados que, nas três frentes da guerra colonial, morriam em combate, por doença, ou desastre de viação.

 As mortes por desastres de viação eram superiores à dos soldados mortos em combate, o que poderia levar a pressupor que os militares serviam-se das picadas para, com as unimogs, realizarem corridas de Fórmula 1.

 Paluteia Mendes, que ficou cego em combate, contou há uns anos, o diálogo que mantivera com uma daquelas damas do Movimento Nacional Feminino:

 - Isso foi um acidente de viação?

 - Foi, sim, minha senhora. Foi um desastre de trotinete.

 Baseado neste disco, Margarida Cardoso realizou, em 2000, um documentário com o mesmo nome e de que existe uma edição em DVD.

Texto: Gin-Tonic

ONE WORLD ONE VOICE


VIRGIN/EDISOM - edição portuguesa (1990)

Álbum de solidariedade com a contribuição de muitos, muitos, entre os quais Laurie Anderson, Chieftains, Clannad, Bob Geldof, David Gilmour, Chrissie Hynde, Milton Nascimento, Lou Reed, Robbie Robertson, Sting, Suzanne Vega.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

INSTRUMENTAIS 02


SEE FOR MILES - 1985

Mais uma colecção de instrumentais, de "Danger Man" a "Take Five".

INSTRUMENTAIS 01


SEE FOR MILES - 1987

Os instrumentais costumam ser os parentes pobres da música, mas há aqui boas malhas, de 1959 a 1967.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

REMEMBER THE PIRATES


EMI - GO 2027 - 1990

Interessante colect^nea com jingles das estações e com as canções que então eram êxitos, como "It's My Life" (Animals), "Don't Turn Your Back" (Jackie DeShannon), "I Can't Let Go" (Hollies), "The Days Of Pearly Spencer" (David McWilliams).

Apesar da natureza da colectânea, trata-se de uma edição oficial da EMI que colocou na contracapa o seguinte aviso:

This compilation is essentially a historical view of pirate radio in the mid '60s. Although it is undeniable that record sales and the growth of the UK record business were assisted by their existence it should be borne in mind that they did not pay record companies or publishers (PPL or PRS) for the broadcast of their material. The release of this album by EMI in no way condones the non payment of these fees.

FOREVER CHANGING


RTM - EVER 001 - 1991

Belíssimas bandas dos anos 90, como Blur, Real People, World Of Twist, Ocean Colour Scene, High ou Rain.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

BOM NATAL


Autógrafos de Rui Ressurreição e Thilo Krasmann, ambos já falecidos.

Cortesia de PPBEAT

NATAL DE AÇÚCAR


MERRY CHRISTMAS


LONDON - RE-D 1128 - edição britânica

White Christmas - Silent Night - Jungle Bells - Santa Claus Is Comin' To Town

AS CRIANÇAS CANTAM NATAL


TIMBRE - TI 1000-S - edição portuguesa

Tocam Os Sinos - Natal Branco

José Cabeleira, orquestra e coros.

MERRY XMAS EVERYBODY


POLYDOR - 2058 422 - edição portuguesa

Merry Xmas Everybody (Holder/Lea) - Don't Blame Me (Holder/Lea)

PLEASE COME HOME FOR CHRISTMAS


ASYLUM RECORDS - N-S-07-19 - edição portuguesa (1978)

Please Come Home For Christmas (C. Brown/G. Redd) - Funky New Year (Don Henley/G. Frey)

OS MAIS VENDIDOS


Não sabia que "Green, Green Grass Of Home", de Tom Jones, era uma música de Natal...

HAPPY XMAS (WAR IS OVER)


Maroon 5 cantam "Happy Xmas (War Is Over)", de John Lennon.

É NATAL


A VOZ DO DONO - 7 LEM 3179

É Natal (Fernando Farinha/José Alberto Diogo) - O Que Quer Dizer Natal (Tavares Belo/Hernâni Correia) - Lá Longe O Natal (Joaquim Luís Gomes/António Sousa Freitas) Há Palavras Esquecidas (Tavares Belo/Hernâni Correia)

NATAL NO AÇÚCAR


EVA DO NATAL DE 1963


FELIZ NATAL


domingo, 24 de dezembro de 2017

NOITE DE NATAL


COLUMBIA - SLEM 2274 - 1967

HAPPY CHRISTMAS BEATLE PEOPLE


POIS...


Diário de Notícias, 24 de Dezembro de 2014.

CHRISTMAS MUST BE TONIGHT


A&M - 13921 - 1988

Uma das melhores canções de Natal, "Christmas Must Be Tonight", de e por Robbie Robertson (The Band).

MEU QUERIDO MENINO JESUS


1955.

sábado, 23 de dezembro de 2017

OUVEM-SE TAMBORES AO LONGE


No Natal de 2012 comprou o Diário de Inverno de Paul Auster.

Qualquer pretexto lhe serve para comprar um livro.

Não sendo autor referencial da casa, bastou-lhe ler na contracapa:

Pensas que nunca te vai acontecer, que não te pode acontecer, que és a única pessoa no mundo a quem essas coisas nunca irão acontecer, uma a uma, todas elas começam a acontecer-te, como acontecem a toda a gente.

Gostou do livro.

Mais ainda, quando quase a findar, leu:

Conversando com o teu pai em sonhos. Há muitos anos que ele te visita num quarto escuro do outro lado da consciência, sentando-se a uma mesa contigo para conversas longas e sem pressas, calmo e circunspecto, tratando-te sempre com amabilidade e bonomia, escutando sempre com atenção o que lhe dizes, mas, quando o sonho acaba e tu acordas, não te lembras de uma única palavra do que cada um de vocês disse.

Sininhos de Natal tremelicaram. Também a ele o pai o visita. E lembrou-se, que por aí, tinha um qualquer registo que, voltas e mais voltas, acabou por encontrar:

Há espelhos que se aproximam de nós e trazem-nos as pessoas que somos.

Lembra-se dos tambores que o pai lhe deu no primeiro Natal?

Não, não se pode lembrar, mas é como se assim fosse.

Contaram-lhe a história e ele consegue ver.

O pai deu-lhe uma mão cheia de tambores, aqueles tambores de madeira com riscas vermelhas, pele de cartão, dois pauzinhos, os tambores, tambores que o pai quisera um dia ter na sua infância e que nunca lhe deram.

Há espelhos que vêm até nós com as imagens nunca vistas, mas que outros contaram.

E passam a ser nossas.

Pendurado nos livros, colocou o último boné que o pai usou, o seu ouvinte mais inteligente.

Tem dias, mas principalmente noites, que sente que o pai anda por aqui, aquele cheiro a tabaco negro, marca UNIC, cigarros que o ajudaram a viver e acabaram

Uma voz: Então não há por aí um whisquinho e logo a seguir: já agora põe aí a Peggy Lee a cantar o «Johnny Guitar.

Play the guitar, play it again, my Johnny, maybe you're cold, but you're so warm inside.

Comove-se cada vez que olha o boné e disso fez um hábito.

Ouvem-se tambores ao longe.

E é quase Natal!

Texto: Gin-Tonic

Nota do editor: belo texto, bela foto e como conheço bem o boné!

NÃO HÁ NATAL SEM MÚSICA DE BACH


JOHANN SEBASTIAN BACH
CHRISTMAS CANTATAS
THE AMSTERDAM BAROQUE ORCHESTRA & CHOIR TON KOOPMAN
CHALLENGE CC72230

As vezes que ele lhe disse:

Não há Natal sem Música de Bach.

Sempre a mesma cantilena.

Nunca compreendeu a insistência, porque, para ela, todos os dias são dias de Bach.

Mas o tempo era de festa e regozijo, pensou ela, que assim fique, e disse também:

Não há Natal sem Música de Bach. 

Mas, naquele ano, arriscou algo mais:

Põe o Natal nos meus olhos!

Ele entendeu.

Quando depois o Outono se foi aproximando, nasceu a Rita.

Texto: Gin-Tonic

POIS ENTÃO...


NATAL SEM BACALHAU


Evasões, 22 de Dezembro de 2017.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

VOLTOU O SENHOR NATAL


José Carlos Ary dos Santos conseguiu, numa só frase, resumir o muito que se possa dizer do Natal:

 Natal é quando um homem quiser.

 O mais certo é que Simona Angioni, leitora de um jornal milanês, nunca tenha lido Ary dos Santos, mas enviou para o jornal uma carta em que se fica com a sensação de que gostaria de ter lido uma outra linha do poema de Ary:

Natal é quando nasce uma vida a amanhecer, Natal é sempre o fruto que há no ventre da mulher.

E esta é a carta da leitora Simona Angioni:

Eu sou quem decide quando é Natal. Vocês põem-no sempre no mesmo dia, como uma marcação no cabeleireiro. Não funciona assim. Transfiro o Natal para onde quero. Para um banco de onde se vê o rio, para uma esquina da noite, entre lençóis vermelho fogo, para uma sala burguesa cheia de familiares à hora do chá. Ou no Verão, num alpendre, às duas da tarde de uma terça-feira qualquer. Quando souber a data, digo-vos. Agora não é altura para um feriado. Há demasiada leveza. De qualquer maneira, quando o momento chegar vocês compreenderão sozinhos. Haverá uma barriga. E um choque surpreendente para sair para o ar livre.

Ora se o Natal é quando um homem quiser, democraticamente falando se dirá que todos têm direito a fazer um disco do Natal.

É o caso de António Severino, emigrante por terras de França, que pediu a José Crispim que lhe ajeitasse uns versos, socorreu-se da música do Fado Latino, rodeou-se do Conjunto de Guitarras de António Chaínho e resulta uma história arrepiante que nos diz que os filhos não devem pagar os erros dos pais.

Outros Natais.

Texto: Gin-Tonic

HOME


Quando era rico, comprava tudo quanto era disco nos mais variados sítios.

Esta magnífica colectânea foi comprada em Manchester em 1990, com as bandas da altura.

UM AMIGO PARA NOS ACENDER O DIA


POLYDOR  - 2371. 223

Lado 1

White Christmas – Midnight in December – Jingle Bells – Come Ye Shepherds – Oh Christmas Tree – Christmas Night – Tomorrow Brings Santa Claus –Oh Miracle Upon Miracle – When the Snow Falls from Heaven -  The Bells Never Sound Sweeter – In Dulce Jubilo – Joseph Dear. Joseph Mine – Sleigh Ride in the Winter Forest – Silent Night

Lado 2

Ring Little Bell Cling-a-Liing-Ling – Let’s Be Gay and Merry – Happy Christmastide – The Snows Falls Softly – Snowflakes – The Wind Blows on the Mountain – Children, Tomorrow Is the Day – Every Year Anew – Merry Christmas Everywhere – The Christmas Tree Is Alight With Candles – A Rose Has Come to Bloom – Come Ye Children – The Christmas Tree is the Finest Tree – Ah! Ah! Ah!

 O Natal será sempre o encanto e a ternura da impossibilidade.

 O sem sentido de alguns presentes, como naquele conto de O’ Henry: ela vendeu o lindo e comprido cabelo para lhe comprar uma corrente para o relógio, de que ele tanto gostava; ele empenhara o relógio para lhe comprar as travessas, de que ela tanto gostava, para colocar no cabelo.

Karl Valentim preferia que cortássemos do calendário o Dia De Natal, se com isso conseguíssemos que os restantes 364 dias do ano fossem todos de Natal.

Gostaria que o Natal não tivesse o carácter de que se tem revestido nos últimos anos: um consumismo desenfreado que dele fazem o dia mundial da hipocrisia.

As noites de Natal, aquelas que não mais pode repetir, passava-as em casa do pai, a família mais chegada, a comer bacalhau cosido com couves, a beber vinho tinto alentejano, a conversar pela noite fora, rematando-se a festa com carne de porco frita envolta em ovos mexidos, a que se seguiam os doces, umas fatias douradas da parida, dizia a avó, filhós e uns cálices de licor de ginja que, por Junho, se tinha colocado a marinar numa grande garrafa de vidro, juntamente com açúcar amarelo, aguardente branca, um pau de canela.

A manhã começava a nascer, saía para regressar onde vivia e gostava do cheiro de Natal que sentia pelas ruas.

Tentamos fazer o mesmo com os filhos, a reinvenção dessas noites felizes, mas é mais que certo: nunca se volta aos sítios onde fomos felizes.

Falta, essencialmente, esse passe de mágica, que eram as conversas do pai, um brilhante contador de histórias.

Há coisa melhor que o Natal?

Há: os amigos!

E que mais podemos querer do que um amigo para nos acender o dia, e que esse dia seja Natal?

O Natal é um cantinho bom do ano, um aconchego.

Bom Natal!

texto: Gin-Tonic

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

ENCORE!


RUMOUR RECORDS - KUVA 1

Lembram-se do Hippodrome no Centro Comercial S. João de Deus (Lisboa)?

Boas importações!

Este LP custou-me 2.100$00.

SÓ BOB DYLAN É BOB DYLAN


André Carrilho, Diário de Notícias, 21 de Dezembro de 2017.

SOUND OF THE SUBURBS


COLUMBIA - 468842 - 1991

Ícones, como Jam, Adam Ant and the Ants, Buzzcocks, Only Ones, Undertones, Martha and the Muffins, Elvis Costello, Ian Dury, Blondie, Boom town Rats, Psychedelic Furs, Stranglers, Vapors.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

OS MALUQUINHOS DAS MÚSICAS DE NATAL


POLYDOR - 20 225 EPH

Stille Nacht, heilige Nacht – Susser die Glocken nie klingen – O du frohliche, o du selige – O Tannenbaum

Em casa do pai havia um móvel com um rádio BLAUPUNKT, daqueles de olho verde para uma clara sintonização, e um gira-discos.

Um dia, faltavam escassos dias para o Natal, o pai apareceu em casa com um EP de Canções de Natal.

Não havia televisão.

Depois do jantar, o pai reuniu a família, e colocou o disco no prato.

Canções de Natal em alemão.

Aliás, o pai tinha a opinião que o Natal é essencialmente nórdico.

Perguntou-lhe um dia porquê, disse que não sabia bem, lera num qualquer livro, mas, acima de tudo, sentia-o assim.

Um silêncio de claustro, o avô com uma lágrima ao canto do olho, o encanto espelhado nos rostos, uma família na serena paz de uma noite silenciosa.

Já não lembra quantas vezes o disco tocou nessa noite.

Como foram muitas as vezes que o foi ouvindo ao longo dos natais do seu encantamento.

Memórias antigas, ternuras doces.

Aquela noite persegue-o irremediavelmente.

O gosto por músicas e canções de Natal terá nascido aí.

O pai punha sempre na contracapa as datas em que comprava os discos.

Neste, pode ler-se: 20 de Dezembro de 1955 (faz hoje 62 anos - nota do editor).

Muitos anos depois daquela noite, faltavam três dias para ser o Natal de 1988, ele estava na loja de discos da Valentim de Carvalho no Centro Comercial Alvalade.

Ao lado, mãe e filha conversavam: «agora que temos CD era bonito levar um disco de Natal.». Escolheram um da Orquestra e Coros de Ray Conniff.

Aquele era bonito levar um CD de Natal ficou a dançar-lhe por dentro.

Ao longo dos tempos, o apertado orçamento caseiro nunca lhe permitiu grandes voos.

Tinha apenas uns discos, avulsos, de vinil com canções e músicas de Natal, nada de especial.

Quase um ano depois daquela conversa de mãe e filha na Valentim de Carvalho, comprou um CD player, Sony PM 97, na Transom, ali à Estefânia. A factura tem a data de 30 de Novembro de 1989 e custou-lhe 60.000$00, moeda antiga,

No dia seguinte começou a saga de comprar CDs de Natal, que o leva, hoje, a contabilizar a existência de 146 discos e ele apenas se sente um modestíssimo membro do Clube dos Maluquinhos das Músicas e Canções de Natal. (também faço parte - nota do editor).

Texto: Gin-Tonic

A SEGUNDA MORTE DO BLITZ


BLITZ, nº 137, Janeiro de 2018.

Esta é a derradeira edição do/da Blitz, as we know it. Apesar de datada de Janeiro de 2018, esta última edição foi para as bancas no dia 20 de Dezembro de 2017.

Fundado por Manuel Falcão no dia 06 de Novembro de 1984, o Blitz - jornal semanal - cedo vingou naquilo a que se propusera ser: especialista em música.

Co-fundadores: António Duarte, António Sérgio, Carlos Simões, João Afonso, João Filipe Barbosa, João Manuel Alves (Açores), Luís Peixoto, Luís Pinheiro de Almeida, Luís Vitta, Manuel Cadafaz de Matos, Moema Silva, Pedro Pyrrait, Quico (Porto), Rui Monteiro, Rui Neves, Rui Pego, Serge Clemens (Hamburgo), Alfredo Cunha e Luís Vasconcelos (fotografia).

Ao longo de mais de duas décadas foi leitura obrigatória às terças-feiras: Pregões e Declarações (alguém lhe chamou o twitter do séc. XX), Alô Alô Dona Rosa (uma espécie de Wikipedia de papel antes de tempo), K7 Pirata (onde pessoas ligadas à música, incluindo músicos,  revelavam as suas preferências) e muitas outras rubricas e textos fizeram as delícias de quem gostava de música.

Este figurino terminou no dia 24 de Abril de 2006, a sua primeira morte!

Morreu um jornal semanal, nasceu uma revista mensal!

A revista surgiu no Verão de 2006 (Julho), com o mesmo nome, mas com a dificuldade de se lhe atribuir um género, e com Miguel Cadete como director.

O novo "produto" de Pinto Balsemão  - já era assim que se chamava - perdeu a actualidade, mas não preencheu o espaço que uma revista mensal proporcionaria, com "trabalhos de grande fôlego", como diria o João Afonso, tipo "Uncut", "Mojo", "Q", nem sequer no número de páginas.

Agora veio o fim, claro, a segunda morte, a definitiva as we know it.

Apesar de excepções, aqui e ali, a revista foi perdendo gás, o que se reflectiu nas vendas e o grupo Impresa despachou-a.

Ironia das ironias, este canto do cisne é uma boa edição, com uma belíssima capa (não assinada, pelo menos não vi) dedicada a Zé Pedro, dos Xutos, falecido a 30 de Novembro pp (quase um mês antes).

Agora na nuvem, vai ser um ar que se lhe deu, longe da vista, longe do coração.

Luís Pinheiro de Almeida

I'M COMING HOME FOR CHRISTMAS


MAMOTH RECORDS - 354 980 192. 2

Winter Weather – Indian Giver – A Johnny Ace Christmas – My Evergreen – Sleigh Ride – I’m Coming Home For Christmas – Gift of the Magi – Hot Christmas – Hanging Up My Stockings

Por um Natal, o filho deu-lhe o disco, com um cartãozinho agarrado:

Isto é que é um disco de Natal. Diverte-te.

Olhou e remirou o disco: chinês puro.

 Nunca ouvira falar de tal gente.

 Pôs o disco a rodar e ficou encantado, amor à primeira vista, e a certeza de que estava na presença de um belíssimo disco de Natal.

Foi então colher informes e disseram-lhe que se trata de uma banda da Carolina do Norte, que tocam música alternativa independente.

 Declarou a sua ignorância e pediu que lhe fizessem um desenho: qualquer coisa que também pode ser música de fusão, jazz, dixieland.

 Resolveu ficar por ali, areia de mais para a camioneta do rapaz.

 Mas o que importa é que se trata de um fabuloso disco e que, cada vez que o põe a tocar para amigos da sua idade, ficam rendidos.

Todo o disco é uma delícia mas, «I’m Coming Home For Christmas» e «Carolina Christmas» são, como o neto, volta e meia, diz: uma curte!

Texto: Gin-Tonic

ATÉ A ÓPTICA DON MIGUEL...


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A HERANÇA DO ANDARILHO


AMRA - 2017

Traz Outro Amigo Também (José Afonso) - Os Vampiros (José Afonso) - Vejam Bem (José Afonso) - Era de Noite e Levaram (Luís de Andrade/José Afonso) - Nove Anos (António Manuel Ribeiro) - Porquê (Português) (António Manuel Ribeiro) - Vernáculo (Para Um Homem Comum) (António Manuel Ribeiro) - No Comboio Descendente (Fernando Pessoa/José Afonso) - Grândola, Vila Morena (José Afonso) - A Morte Saiu à Rua (ao vivo) (José Afonso)

Samuel, Manuel Freire, José Jorge Letria e Vitorino fazem vozes em "Grândola, Vila Morena".

DUCK AND COVER


SST - 263 - 1990

LP de versões, como gosto: "Eight Miles High" (Husker Du), "Goog Golly Miss Molly" (Meat Puppets), "Louie Louie" (Black Flag), "Kick Out The Jams" (Volcano Suns), "Wendy" (Descendents)...

É JÁ NO FIM DE SEMANA...


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

BEM DIVERTIDO


SEQUEL - NEX LP 113 - 1990

FELIZ NATAL


Abri a caixa de correio e "desabou" este lindo cartão de Boas Festas da minha amiga Aida.

Obrigado, retribuo por esta tralha de última geração.

Já agora, Feliz Natal para todos!

HÁ 50 ANOS!


IMAGINARY RECORDS - ILLUSION 010 - 1990

Canções de há 50 anos com tratamento de anos 90, como, por exemplo, "Strawberry Fields" (Colin's Hermits), "I'm Your Puppet" (Dave Kusworth), "For What It's Worth" (Bomb Party), "Strange Brew" (What? Noise), "Sunshine Of Your Love" (Styler and Baldwin).

domingo, 17 de dezembro de 2017

THIS IS MANCHESTER


ESSENTIAL RECORDS - ESS LP 133 - 1990

As novíssimas bandas de Manchester, tais como Obimen, Capital Hill, Chrisalids, Moss Cat, News For Yours, Paperboys, Kinnel...

Capa (linda) de Fiona Hawthorn.