quarta-feira, 30 de abril de 2008

TV


Semanário da Radiotelevisão Portuguesa, com direcção de Eduardo Freitas da Costa e edição de António Bívar.

O editorial era dedicado "aos que estão na frente", ou seja, na guerra colonial. E em Dezembro de 1966 havia 27 funcionários da RTP em combate, entre os quais, Adriano Cerqueira, Mira Godinho e Nuno Teixeira.

Já agora, escolho o programa da RTP de terça-feira, dia 03 de Janeiro de 1967:

19H00 - Abertura e TV Educativa - Francês
19H30 - Telejornal - 1ª edição (inclui a Agenda da Praça)
19H50 - No Mundo da Mulher - Revista Feminina
20H00 - Metrópoles
20h20 - Série juvenil - Francis no País das Feras
20H50 - Filme infantil - "Carrocel Mágico"
21H00 - Panorama Literário
21H30 - Casei Com Uma Feiticeira - "Sinais de Trânsito") - com Elisabeth Montgmorey e Dick York. "Samantha" e os seus vizinhos pretendem um sinal de paragem num cruzamento perigoso. Só as artimanhas de "Samantha" conseguirão fazer obter o almejado sinal?
22H00 - Telejornal - 2ª edição (inclui o Boletim Meteorológico)
22H25 - 7ª Arte - "Oliver Twist", com Robert Newton, Alec Guinness, Kay Walsh, Francés L. Sullivan, Henri Stephenson, John Howard Davies, Diana Dors e Anthony Newley. Baseado na obra de Charles Dickens sobre as condições de vida dos órfãos na Inglaterra no início do séc. XIX. Apresentação de Fernando Garcia.
00H40 - Telejornal - 3ª edição (Últimas notícias). Meditação e Fecho.

HOMENAGEM


Em homenagem a Filhote, uma das grandes locomotivas deste blogue.

CANTO MOÇO


ORFEU ATEP 6408

Canto Moço - Canção Do Desterro (Emigrantes) - Epígrafe Para A Arte De Furtar - Maria Faia

"Canto Moço" é uma das cinco minhas canções portuguesas favoritas de sempre, se é que esta lista tão restrita é possível de fazer. Ainda hoje dou comigo a cantarolar a canção.

Nota curiosa deste EP: na contracapa indica-se: nome artístico: José Afonso local de nascimento: Aveiro, sendo que o nome e o local são a letra de Zeca. Interessante, não é?

terça-feira, 29 de abril de 2008

MAIO DE 68


Estava hoje a ouvir António Barreto e José Miguel Júdice na SIC Notícias a falar sobre Maio de 68 e deu-me uma saudade imensa.

Fui ao álbum buscar uma fotografia que tirei em Paris pouco depois dos acontecimentos. Não captei a frase por inteiro e encontrei agora uma possível justificação: andava em Paris com medo, o mesmo medo que tinha em Lisboa.

Ou seja, nunca realizei positivamente que a França era uma democracia real. Em Paris, sentia a PIDE.

Já aqui falei de Maio de 68, acho que ainda vou voltar mais vezes.

Em 1968 eu fazia parte da direcção da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL), presidida por Manuel Roque, já falecido, que foi secretário-geral de Vasco Gonçalves e presidente da RTP.

Da direcção faziam ainda parte Duarte Teives, João Arsénio Nunes, João Soares, Carlos Fino (actual adido de imprensa na Embaixada de Portugal no Brasil) e Francisco Gonçalves Pereira.

FINGERTIPS


Alguns membros da banda pop portuguesa Fingertips têm costela na região de Lafões. Aliás, já tinham pertencido aos Eye, que tinham um estúdio de gravação numa casa de granito na bela aldeia de Fataunços.

Agora, os Fingertips querem organizar um evento na Casa do Condado de Beirós, em Serrazes, não muito longe das Termas de São Pedro do Sul. Trata-se de um magnífico solar do séc. XVIII, onde o rei D. Carlos chegou a pernoitar.

É claro que fui fazer o reconhecimento do local e entre coisas fantásticas, como dois Rolls-Royce, uma limousine, um Jaguar V-12, um Ferrari qualquer coisa, dei conta desta maravilhosa Chevrolet, ambulâncias boca de sapo francesas....

Ainda passei por Fataunços, mas parece-me que o estúdio já não existe. Pelo menos a placa não.

Ah! No bar do Condado de Beirós lá estava um CD dos Fingertips.

FRANK IFIELD


COLUMBIA - SLEM 2134 - edição portuguesa

I Remember You - I Listen To My Heart - Your Time Will Come - That's The Way It Is

FERREIRA GUEDES, DIRIGENTE SINDICAL


ORFEU - ATEP 6367

Cinco Poemas Em Torno Das Palavras Do Poema (Ferreira Guedes) - De Lisboa Escrevo (Ferreira Guedes/Carlos Paredes) - Cinco Pedras Para Dentro Da Muralha (Ferreira Guedes/Carlos Paredes) - Soneto (Ferreira Guedes/Carlos Paredes)

Ferreira Guedes é acompanhado pela viola de Serge Delaunay, capa e fotografia de J. Bugalho.

AMIGOS DE ALEX


Luís Marinho, actual administrador da RTP, conduzindo a emissão inaugural de "Amigos de Alex", na Rádio Renascença, no dia 02 de Novembro de 1985.

CONTRA A GUERRA DO VIETNAM


SETTIMELLI CIAR 0001

Este também é um disco da caminhada para o País de Abril.

Quando em Setembro de 1966 o Mário foi a Roma trouxe-me este disco. Porque vagamente tínhamos falado nisso, esperava que me trouxesse o cartaz de “Férias em Roma”, Audrey Hepburn a andar de vespa à pendura de Gregory Peck. Não sendo filme de cabeceira é um filme que estimo.

Mas o cartaz não veio. Chegou este “single” que viajou escondido no meio do saco da rua suja com o Mário a pensar que os verificadores da Alfândega não iriam lá. Ingenuidades… Mandaram-no despejar o saco, mas não lhe apreenderam o disco.

No cinzento do nosso quotidiano sabíamos das manifestações de protesto que, por todo o mundo, se faziam contra a Guerra do Vietnam. Os anos de brasa da Paz, dos Direitos Humanos, da guerra do Vietnam.

Este disco assinala, em Roma, Março de 1966, uma dessas manifestações de protesto: “A chi chiama per la guerra, rispondiamo no”.

Dizia-se então: “estamos todos em guerra contra os Estados Unidos da América”.

Em Julho de 1980 Ronald Reagan disse: “O Vietnam não foi uma má experiência, o que foi mau foi termos perdido a guerra.”

John McCain, candidato republicano às próximas presidenciais norte-americanas disse muito recentemente: “perdemos no Vietname porque perdemos a vontade de lutar.”

Números:

- 3 milhões é o número de vietnamitas mortos, incluindo 2 milhões de civis
- 60 mil americanos perderam a vida.
- as forças americanas utilizaram 15,35 milhões de toneladas de bombas
- foram gastos 220 mil milhões de dólares. Calcula-se que foram gastos 675 mil
dólares para exterminar um só guerrilheiro vietcong. Lyndon Johnson: “A menos
que os Estados Unidos disponham de um poderio aéreo incontestável, estamos sujeitos
a qualquer anão amarelo que tenha um canivete”.
- Cerca de 350 mil toneladas de minas bombas e obuses continuarão por explodir no
Vietnam

“Mãe, estou bem, estou só a esvair-me em sangue” - de uma canção de Bob Dylan.

Colaboração de Gin-Tonic

TANTA CARA CONHECIDA


TOMA LÁ DISCO TLS 017

As Lições Do Dr. Macacão - Aprender A Estudar

MINISTARS


Cortesia de Fernando Baptista

SHINE A LIGHT


Declaração de interesses: gosto de Stones e gosto de Scorsese. E não sou crítico de nada, nem de música, nem de cinema.

Posto isto e uma vez que o Filhote já aqui deixou as suas impressões críticas como fã, com a interessante troca de ideias com Queirosiano, a mim restam-me duas ou três notas meramente pessoais:

1 - Não considero o alinhamento feliz. Confesso que cheguei a dormitar nas primeiras canções. Os Stones têm um acervo verdadeiramente notável para se descuidarem com segundas linhas como "Shattered", "She Was Hot", "All Down The Line", "Loving Cup" (mesmo com Jack White). E logo tudo de seguida e de início.

2 - Um fã dos Stones (e da música) não pode aceitar Christina Aguilera em palco. Completamente ao lado.

3 - É uma pena que, na sua juventude, os Stones não tenham tido nem sentido de humor, nem imaginação e/ou criatividade e/ou inovação nas suas declarações. Scorsese teve azar nas suas idas ao passado, salvo aqui e ali.

4 - O mais grave: Scorsese só tem olhos para Mick Jagger. Chega a cansar! Charlie é praticamente escorraçado de cena e há "milhares" de extraordinários pormenores de Keith e de "Rockin'" Ronnie que passam despercebidos às objectivas.

O melhor: "As Tears Go By", "Far Away Eyes" e "You Got The Silver", sobretudo esta última numa notável execução de Keith Richards.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

SIEGFRIED SUGG


MARFER MEL. 2.171

Quase de certeza que este acordeão passou pelas mãos do meu Pai na Gouveia Machado, em Lisboa.

Estão cá todos: Jorge Machado (piano), Carlos Menezes (viola), Correia Martins (guitarra eléctrica), Thilo Krasmann (contra-baixo) e Rueda (bateria).

ALGUÉM SE TENTA?


in "Rádio E Televisão", de 20 de Março de 1965

A MINHA PRIMEIRA BÍBLIA


Foi esta a minha primeira bíblia do rock. Custou-me 1.500$00 no dia 22 de Abril de 1984 na Dinternal (rua do Salitre, em Lisboa).

TRIO ODEMIRA CANTA SOMETHING STUPID


COLUMBIA - SLEM 2282 - edição portuguesa (s/data)

Nunca Esquecerei (Something Stupid) - Solitário - Beija-me Em Sakurambô - Amor Na Jamaica.

No acervo já notável do Trio Odemira, a presente gravação constitui mais uma prova positiva da sua eficiência artística e do espírito de renovação, agora mais firme nos resultados, em virtude da sua larga experiência.

Manuel de Lima

domingo, 27 de abril de 2008

BRIOSA NA 1ª


Dear Gim!

Quando era puto achava muita piada aos meus Pais que deliravam sempre que ouviam o Max a cantar o Bailinho da Madeira!!!

Naquela altura, baralhado e indeciso com a eterna escolha 'Beatles ou Stones', achava imensa piada àquele sotaque madeirense!

E os Protões, quando iam actuar no country side of Portugal, também tocavam o 'Bailinho da Madeira' (já em versão rock). Era a nossa 'Bamba'!!!

Hoje, a Briosa foi à Madeira assegurar a sua continuidade na Liga, dando mais uma vez 'chapa 3' !!! Com tanta tradição e história à volta da nossa Académica, seria um imenso escândalo descermos de divisão, não achas?

Aqui fica um imenso FRA à nossa equipa!!

Tivémos um fim de semana espectacular em Colmar! Muito sol, um grande Festival de Rue no centro da cidade, onde todas as associações de estrangeiros residentes em Colmar (Argélia, Tunisia, Marrocos, Irão, Paquistão, Cuba, Turquia, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Ilhas Maurícias e tantas, tantas outras) assim como as humanitárias como Amnistia Internacional tinham stands com produtos do Pais à venda e tasquinhas excepcionais!!!

Ainda lá andei à procura do cheiro das sardinhas mas... ao Domingo não se vai ao mar!!! (Portugal brindou pela sua ausência!!!).

Colaboração de José Oliveira, em Colmar (Alsácia, França)

OU LAGE?


Em que ficamos? Portugal no seu melhor...

OU LAJE?


Em que ficamos? Portugal no seu melhor...

EU NÃO DISSE?


Eu bem disse que havia uma "Face" portuguesa.

O número 1 saiu no dia 25 de Maio de 1989 e estava mais ou menos ligada ao Partido Socialista.

O Director era João Mendes e o Director-Adjunto Manuel Falcão.

CALEM-SE!!!


Número especial da "Música & Som" de Fevereiro de 1978. Custou-me 30$00. E sim, tem o poster. Tiragem: 20.000 exemplares. O Director era António L. Mendonça.

Neste número especial sobre os Beatles escreveram Jaime Fernandes e Bernardo de Brito e Cunha

RICKY NELSON


Cortesia de Jack Kerouac

sábado, 26 de abril de 2008

IÉ-IÉ: ATRASADO, MAS SEMPRE A TEMPO


O meu grande amigo de infância, Jorge Carvalho, que foi dos Protões, fez-me chegar atempadamente um cartaz do Festival de Yé-Yé que se realizou em Coimbra no dia 23 de Abril de 1966.

Eu é que me atrasei na publicação por motivos diversos. Sorry, !

Em todo o caso, ainda estou à espera do texto de uma testemunha do Festival. Foi-me prometido!

SEM CHETA (TROCADILHO FÁCIL, MAS REAL)


DECCA - PEP 1397

Amanhã, Amanhã (José Cid) - Meu Irmão (José Cid) - Esta Canção Será Vossa (Mário Martins/José Cid) - Pomba Branca (Sequeira Afonso/José Cheta)

Este EP tem uma curiosidade que é uma parceria autoral entre Mário Martins e José Cid.

Arranjos e direcção musical do Quarteto 1111.

FALA DO HOMEM NASCIDO


ORFEU STAT 013

Da história deste disco se fala na contracapa.

Pelo ano de 1969, José Niza encontrava-se em Zaú Évua, no norte de Angola, a cumprir serviço militar. O correio da guerra levara-lhe um livro, “Poemas Completos”, de António Gedeão, e um recado: “para musicar”.

De poemas, aparentemente soltos, resultou uma história:

“Venho da terra assombrada,
Do ventre da minha mãe
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido

Por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.”

Início de “Fala do Homem Nascido”, que, a terminar, dirá que não há poder que o vença, mesmo morto há-se passar rumo, à estrela polar.

É um disco belíssimo, ouvido e reouvido durante o reino do medo. “Se sentires medo”, canta, disse alguém e era isso que fazíamos em momentos partilhados com gente que gostava de sentir palavras e sons de esperança, que colocassem nos ombros sinais carregadas de futuro, aquele que há 34 anos aconteceu.

Poemas de António Gedeão para músicas de José Niza, interpretações de Carlos Mendes, Duarte Mendes, Samuel e Tonicha.

O álbum foi produzido por José Niza em Novembro de 1972, gravação de orquestra em Madrid nos Estúdios Celada, gravação de vozes em Lisboa nos Estúdios da Polysom por Moreno Pinto.

Colaboração de Gin-Tonic

VIVA A REVOLUÇÃO!


Trata-se de uma edição de autor: "Colecção Revolta", acho que impresso e editado em França.

Alinhamento: lado A "Os Culpados" e "Um Dia Verás"; lado B, "Lá Numa Terra Distante" e "Ò Quanta Saudade".

Dentro contém 2 páginas A4, policopiadas (a stencil), com as letras e um excerto do texto de Mao Tsé Tung "A Cultura e a Arte", em francês e português.

O intérprete e compositor, claro, Tino Flores.

Colaboração de JC

O PUTO DO CALHABÉ E PATTI SMITH

De regresso de Paris vim consultar o blog e constato UMA FALHA IMPERDOÁVEL na etiqueta 'Revistas/Jornais'. Não existe nenhuma, absolutamente nenhuma, referência àquela obra que muitos consideram como sendo a Bíblia Portuguesa dos anos 70 e 80 em matéria de jornalismo musical: a revista MÚSICA & SOM!!!!

Possuo quase todos os números a partir do número 1. Poderei alimentar o blog com algumas pérolas e raridades. Havia alguém da M&S naquela altura (and he's still alive today), que conseguia ir entrevistar a Londres, à Alemanha, à Suiça, no Luxemburgo e aqui em França, em exclusivo para Portugal, o BOB DYLAN, o FRANK ZAPPA, os GENESIS, os PINK FLOYD e toda essa maralha!

Pois isso foi obra de um puto do Bairro Marechal Carmona (em Coimbra City) que, seguindo os traços do Vasco da Gama, se meteu ao caminho da nebulosa 'Around The Music' e, contra ventos e marés (editoras, managers e outras máfias), foi pouco a pouco eliminando todos os obstáculos que lhe apareciam pela frente até conseguir o tão desejado estatuto 'd'habitué' e vêr-se frequentemente convidado a visitar estúdios de gravações e a conviver com os artistas em backstage!

Será que vocês se apercebem da qualidade deste Blog IÉ-IÉ? O Santo da casa conseguiu mesmo fazer um milagre! Isto é uma autêntica PRECIOSIDADE!! Brevemente vou ganhar coragem para contar inúmeras histórias vividas ao longo destes 32 anos de concertos e entrevistas.

Talvez comece por aquela história incrível em que aquele que é considerado como sendo "o Mozart do Século XX" salvou a BRIOSA no ano passado, de descida de divisão!!!! Vá lá, antecipem: QUEM É O MOZART DO SÉCULO XX?

Colaboração de José Oliveira, em Colmar (Alsácia, França)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O MEU 25 DE ABRIL DE 2008: JOSÉ ALMADA


No Natal de 1970, eu e o irmão caçula oferecemos à nossa Mãe o EP de José Almada, "Mendigos", e escrevemos na contracapa do disco: "o Zé Almada diz coisas importantes".

Nunca mais ninguém soube de José Almada.

No dia 30 de Novembro de 2007, lancei aqui o alerta: o que é feito de José Almada?

Um filho do cantor-poeta ouviu-me e estabeleceu o contacto.

Hoje, dia 25 de Abril de 2008, 38 anos depois de "Mendigos" e 34 anos depois do 25 de Abril, José Almada, no interior da sua casa no Furadouro, privilegiou-me com uma audição única de "Hóspede" que nenhum microfone alguma vez registou.

Mentiria se não dissesse que as lágrimas não rolaram...

O dia estava tórrido, o mar agitado com ondas a sério. Na esplanada do "Pé de Vento", eu aguardava a chegada de José Almada. Como seria? A minha memória era a de um puto.

A Teresa avisou-me: "acho que vem aí, é ele!":

O coração bateu como o caraças e o abraço foi fraterno. A conversa foi para distrair as emoções.

Belenenses (o José Almada é fã), Veterinária (a mulher do Zé é veterinária, os meus dois filhos são veterinários, o Pai da Teresa é veterinário, o Tio da Teresa é veterinário...), Souto de Lafões, Douro, tudo era desculpa.

Ninguém quis enfrentar o momento, tudo serviu para assobiar para o lado. Sabíamos que o momento seria inevitável, mas nenhum dos dois o queria pegar pelos cornos.

O sol estava abrasador, as saladas óptimas.

Caminhávamos perigosamente para o clímax. A Teresa já me sussurrava: "é o Syd Barrett português".

Mala hippie a tiracolo, batemos a marginal até à simpática moradia de José Almada, um pouco mais distante das areias cálidas.

Fui um privilegiado: José Almada pegou na viola e cantou-me, só para mim e para a Teresa "Hóspede", "Ó Pastor Que Choras", "Os Anjos Cantam", "Eh! Amigo Lagarto", "Ah! Se Um Dia O Pedro Louco", "Ah! Como Odeio".

Meu Deus!

Que mais poderia eu desejar num 25 de Abril?

Obrigado mesmo, José Almada!

Até breve!

O meu amigo Rato fez-me o favor de colocar o video no blog dele. Tks!

ALVORADA EM ABRIL


Escreveu-me Otelo Saraiva de Carvalho:

"Ao Luís (...) em quem sempre conheci uma curiosidade e uma admiração muito grande pelo que foi a gesta dos "Capitães de Abril", este meu testemunho desse acontecimento notável que marcou tão profundamente o País e a gente portuguesa nesta 2ª metade do século em que vivemos, com um abraço amigo".

O GRANDE JOSÉ AFONSO


ORFEU KSAT 526 - 1974

A MINHA HOMENAGEM À EPI


A VOZ DO DONO - 7 LEM 3160

O Comandante (Lindo Pleno) - Hino da Escola Prática de Infantaria (Cap. Pinto Rodrigues) - Naulila (Gervásio de Campos) - Hino da Infantaria Portuguesa (Cap. Jaime Correia) - Hino do Exército (DR)

Entrei nesta Escola como cadete no dia 22 de Abril de 1974.

Sem saber, dois dias depois assisti à saída da coluna revoltosa comandanda pelo capitão Rui Rodrigues. Julguei tratar-se de instrução nocturna.

As tropas do MFA, para se diferenciarem das governamentais, tinham colado no vidro da frente um quadrado vermelho feito com fita Dymo.

25 DE ABRIL: O MEU HERÓI

OBJECTIVO: AEROPORTO

"Pára, pára", grita o capitão.

"Então o meu capitão não disse que era para entrar pelo aeroporto dentro?", interroga o soldado-condutor açoriano.

A boca do canhão anti-recuo ficou a poucos centímetros da porta de vidro da entrada principal do Aeroporto de Lisboa. As rodas dianteiras do jeep já tinham galgado o passeio.

Do interior do edifício saltam agentes da DGS e a tradicional polícia do aerporto, de farda castanha.

O capitão Rui Rodrigues, 30 anos, comandante das forças da Escola Prática de Infantaria (EPI), de Mafra, não desarma: "Há uma ameaça terrorista e eu venho tomar conta disto".

"Entrámos sem dificuldade. Atrás de mim as 40 viaturas Berliet com 150 homens e material diverso começaram a tomar posições (...) e ocupámos o aeroporto. Não tivémos problema algum".

(...)

E então o capitão Costa Martins de quem se diz que ocupou sozinho o aeroporto?

"É verdade que Costa Martins chegou primeiro do que eu, porque eu me perdi no caminho de Mafra para aqui. Mas ele não fez qualquer acção, nem podia fazer (...) Costa Martins estava calmamente sentado, à civil, à minha espera, fingindo-se um passageiro normal".

Perdeu-se pelo caminho?

"Perdi. Fiz o reconhecimento do trajecto no dia 21 de Abril, de dia, mas marchámos à noite, o que é diferente. Não quis entrar directamente em Lisboa por causa da PVT (Polícia de Viação e Trânsito). Para a evitar, dei a volta por Camarate e foi aí que me perdi".

Por causa deste percalço, o Aeroporto foi o último dos objectivos do MFA a ser alcançado. Só o foi perto das 4 da madrugada, o que obrigou ao adiamento por 26 minutos da leitura do primeiro comunicado do MFA.

Luís Pinheiro de Almeida, in "25 de Abril - Memórias", 1994

MILICIANOS DO 25 DE ABRIL


Em nome dos milicianos do 25 de Abril (mesmo sem os consultar), dedico o dia de hoje ao nosso amigo Daniel Bacelar.

Sem ele - 25 de Abril - o nosso co-Rei do Yé-Yé estaria em Caxias a expiar os seus delitos de opinião.

Viva o 25 de Abril!

CANÇÕES REVOLUCIONÁRIAS


A ideia foi brilhante. No Musicbox, em Lisboa, juntou-se uma mão cheia de músicos para celebrar o 25 de Abril e as suas músicas, logo ao raiar da manhã vitoriosa.

Pelo palco, passaram nomes como os de Vicente Palma, filho de Jorge, Ana Deus, Flak, Tim, Pedro Almeida, Fernando Cunha, Olavo Bilac, Miguel Ângelo.

A apoteose foi no final com todos a cantar "Nasce Selvagem" e "Grândola".

Como de costume, ninguém sabe a letra de "Grândola" e acaba tudo numa grande salgalhada!

Parabéns pela iniciativa!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

ANI TENTA A CONCILIAÇÃO


SPÍNOLA DÁ CABO DO REGIME


Adquirido no dia 22 de Fevereiro de 1974 (1ª edição). Custou-me 100$00.

O PRINCÍPIO DO FIM


Foi por causa deste Congresso que surgiu o MFA na Guiné em 1973, o princípio do fim do regime ditatorial.

TIM "FOLK-ROCK"


Tim, dos Xutos e Pontapés, juntou um punhado de músicos amigos e está a ensaiar uma nova direcção para a sua carreira a solo a que muitos já designam por "folk-rock".

A experiência tem estado a ser feita - e continuará a sê-lo em Maio - na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, um local magnífico para este tipo de concertos intimistas tipo "unplugged".

Para uma assistência de 50 pessoas, entre as quais notáveis como Jorge Palma (com uma t-shirt do Café Fresco, da Zambujeira do Mar), David Ferreira (que segurou a letra de "Tejo") e João Teixeira, novo patrão da EMI, Tim deliciou com uma banda de quatro excelentes músicos, João Cardoso (piano), Moz Carrapa (guitarra), Fernando Júdice (baixo) e Fred (bateria), todos sentados, o que deu uma perspectiva ternurenta.

Bem disposto, mas algo intimidado por estar a um metro da assistência e, sobretudo, por ficar de costas para os restantes músicos, Tim aos poucos e poucos foi-se libertando do estigma e ofereceu um magnífico concerto, aliás bem coadjuvado.

"Gosto de tocar com músicos e o equívoco é que estou a tocar de costas para eles", queixou-se Tim, mas era o espaço que tinha.

"Um E Outro", "Contraluz", "O Gato E A Manta De Lã", "Turbilhão", "Desencontro", "Sobrescrito", "Tejo Que Levas As Águas", "instru mentol" (uma bela peça instrumental ainda inacabada), "A Hora Das Gaivotas", "Voar", "Fado Do Encontro", "O Último Barco", "No Cimo Do Monte", "Epitáfio" e "Por Quem Não Esqueci" foram as canções entoadas.

Como é que eu sei as canções todas?

Porque o Tim fez o favor de me oferecer o alinhamento, autografando-o.

Ao estilo de "storyteller", Tim foi falando informalmente com a assistência, contando a génese das canções, como foram compostas, como surgiram e ainda tinha tempo para responder às bocas de Jorge Palma.

Já é tempo de os artistas portugueses com responsabilidade se enobrecerem com este tipo de concertos, que deveriam ser obrigatoriamente gravados para fruição universal.

Jorge Palma estava tão entusiasmado que se ofereceu para fazer um próximo.

Sempre animado, Jorge Palma fez questão de através deste blog mandar um abraço a José Almada (foi produtor do seu segundo álbum, "Não, Não, Não Me Estendas A Mão") e lamentou não poder estar presente num próximo encontro com Almada: "agora estou a cantar no Algarve".

E, no meio da conversa, fez-me uma revelação surpreendente:

"O que tu não sabes é que foi o Carlos Bastos que me ensinou os primeiros acordes de guitarra no colégio interno".

Tóing!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

NÃO POSSO AMAR SERENAMENTE


ORFEU - ATEP 6033

Fado da Promessa (Luiz Goes/Manuel Alegre) - Fado Olhos Claros (Mário Fonseca-Bettencourt) - Contemplação (Leitão Nobre) - Balada dp Estudante (popular - arr. Paulo Alão)

Guitarras – António Brojo e António PortugalViolas – Paulo Alão e Jorge MoutinhoEdição Arnaldo Trindade & Cª, Lda - Porto - Portugal

São felizes as capas dos EPs de Adriano, assim como as dos LPs. Poderia escolher a capa do EP da “Trova do Vento que Passa” ou da “Rosa de Sangue", mas fico-me por esta. Porque respira um tempero coimbrão, ternurento, que comove de tão simples. Aquelas ruas, aquelas repúblicas, aquelas gentes naquelas janelas de guilhotina. Também porque foi ali, em Coimbra que tudo aconteceu. Para o Adriano, para o José Afonso, para muitos outros.

Daqui por uns anos receia-se que, neste país tão triste de esquecer gente, de Adriano Correia de Oliveira ninguém saiba quem foi ou o que fez.

Nas efemérides redondas aparecem sempre os elogios e as carpideiras. Na vida e na morte votaram-no ao silêncio. Aparecem uns artigos nos jornais, fazem-se memórias, tecem-lhe loas, há quem lhe chame ícone, algumas estações de rádio passam canções. Mas passado o dia voltar-se-á ao esquecimento que sempre devotaram ao Adriano.

Foi assim no 25º aniversário da sua morte. Depois disso outra vez o silêncio.

Foi o melhor de todos nós, disse Fausto e não seria possível falar de Abril sem falar de Adriano Correia de Oliveira.

Tinha alguma coisa de criança esse calmeirão de alma lírica. Um dia, como no romance de Elio Vittorini, considerou-se morto e morreu. Era Outubro, em Avintes, e chovia.

Colaboração de Gin-Tonic

ADEUS GUINÉ


RAPSÓDIA - EPF 5450

Adeus Guiné - Vai de Roda - Senhor de Matosinhos - Madeira

Interpretação do Conjunto Típico Armindo Campos em canções de Mário Ferreira.

terça-feira, 22 de abril de 2008

25 DE ABRIL NA GNR


A GNR abriu hoje uma vez mais as portas do comando-geral no Quartel do Carmo, em Lisboa, para uma sessão semi-pública sobre a Revolução do 25 de Abril:

Abrilista convicto, o comandante-geral da corporação, tenente-general Mourato Nunes, tem tido ao longo do seu mandato a preocupação de abrir a GNR à sociedade civil, organizando iniciativas nesse sentido, a mais importante das quais terá sido a que foi hoje apresentada.

Pouco tempo após ter tomado posse, Mourato Nunes encarregou o historiador da Guarda, então capitão Nuno Andrade, de estudar e pesquisar os acontecimentos de 25 de Abril de 1974 no interior do Quartel do Carmo com a rendição de Marcello Caetano e a entrega do poder a Spínola.

Após 4 anos de investigação, o agora major Nuno Andrade apresentou esta tarde o seu trabalho em livro, "Para Além Do Portão - A GNR E O Carmo Na Revolução De Abril" (Guerra & Paz, 2008, €17.50) , perante o gáudio do comandante-geral e de alguns capitães de Abril presentes, como Vasco Lourenço, Carlos Beato (actual presidente da Câmara de Grândola - o que não deixa de ser uma curiosidade) e Maia Loureiro.

Não é este o local para debater o assunto - embora o 25 de Abril seja uma das matérias que mais me fascina, até porque nele participei como miliciano - mas gostaria de deixar aqui um ou dois apontamentos (quanto ao resto, façam o favor de ler o livro).

O então alferes miliciano Carlos Beato recebeu ordens do seu comandante capitão Salgueiro Maia para conduzir o deposto chefe do governo Marcelo Caetano à Pontinha (onde estava sediado o Posto de Comando do MFA).

"Mas, meu capitão, onde é a Pontinha?".

O alferes miliciano Maia Loureiro, oficial da coluna de Salgueiro Maia, e que escoltou a difícil entrada do Mercedes de Spínola no quartel do Carmo, está hoje no "outro lado da barricada", ou seja, é coronel da GNR.

Manifestamente satisfeito, o tenente-general Mourato Nunes resumiu o 25 de Abril no Carmo: "a GNR resistiu ao apelo das armas e soube ser cúmplice e obreiro da paz".

NETO DE FADISTA FAZ ANOS


Neto de um famoso fadista de Coimbra, Luís Batoque fez hoje anos e a canalhada reuniu-se no restaurante do costume, um dos melhores de Lisboa, "Floresta Oriental" (218 681 915).

A Susana (co-proprietária), o Luís e o Paulo foram inexcedíveis de simpatia, como é seu timbre. Não só não deram conta de que eu gamei o menu (se o Jaime gama, porque não hei-de eu gamar também?), como até nos ofereceram o bolo de aniversário.

Ao fantástico repasto, só faltaram dois afamados sportinguistas. Porque seria?

António Batoque, avô do meu amigo, nasceu em Évora e foi o representante dos estudantes no Senado da Universidade de Coimbra nos anos 20.

Foi Professor de Direito em Coimbra e advogado em Coimbra, Pombal e Lisboa. É Pai do advogado Luís Marques Batoque (ex-Vice-Presidente da Assembleia-Geral do Benfica e director do jornal "O Benfica", no tempo em que isso era motivo de orgulho! - Luís Batoque dixit!)

ENCONTREI O "RAPAZ DA GRAVATA ENCARNADA"


"Com certeza que me lembro, afinal o que são 40 anos?".

Foi assim que do outro lado do Atlântico me respondeu Rui Mesquita Branco, meu amigo de infância em Coimbra, vocalista dos G-Men e actualmente no Brasil onde é conselheiro da Câmara Portuguesa de Comércio e responsável pela respectiva revista.

"Ainda te recordas daquelas "voltas a Portugal" com os pequenos ciclistas movidos a dados (ou seriam caricas?) no quintal da tua casa em Coimbra?", pergunta-me.

Quanto aos G-Men, Rui Mesquita Branco diz possuir pouca coisa, mas prometeu-me que iria pesquisar.

Lembra-se que no foi no Concurso Yé-Yé, no Teatro Monumental, em Lisboa, que foram dados "os primeiros passos da Filarmónica Fraude, com o António Manuel Pinho e o José João Parracho, respectivamente baterista e viola-baixo".

"As quatro músicas interpretadas foram "Summertime", "Esquece", "All Day And All Of The Night", e a primeira composição do To Mané Pinho (actual António Pinho), qualquer coisa sobre um telefone (muito fraquinha, aliás)". (nota do editor: "A Caneta E O Telefone").

Os G-Men estrearam-se no Monumental. Nunca antes tinham tocado. Eram formados por Vítor Valente, 22 anos, viola-solo, radiotécnico, Manuel Avelar (futuro Filarmónica Fraude/Banda do Casaco, como António Pinho), 18 anos, baterista, Jorge Aníbal Horta, 18 anos, viola acompanhamento, Rui Mesquita Branco, 18 anos, vocalista, o "rapaz da gravata encarnada", e José João, 16 anos, viola-solo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

TAMBÉM HAVIA UMA "FACE" PORTUGUESA


DELILAH


DECCA - PEP 1237 - edição portuguesa (s/data)

Delilah - Smile - Yesterday (Lennon/McCartney) - Get Ready

GRANDE NOITE, REININHO!


O Pavilhão Atlântico recebeu, no dia 18 de Abril, cerca de 10.000 pessoas para o mais arrojado concerto dos GNR (Grupo Novo Rock) desde Alvalade a solo. Em palco, GNR e banda sinfónica da GNR fizeram as pazes de uma “guerra” de 30 anos. Mas, o mais importante: ofereceram um concerto inesquecível.

Corriam os últimos anos da década de 70, na voracidade da descoberta dos novos mundos de que parecíamos estar cada vez mais próximos, depois de Abril, ainda tão fresco. Na música, de entre as primeiras experiências mais “audazes” ou “modernas”, destacavam-se uns tais de GNR, Grupo Novo Rock, correcta designação, mas não isenta de polémica pela fácil comparação com os outros, os de farda, para muitos de má memória.

Os novos GNR (Alexandre Soares na guitarra, Vítor Rua na guitarra e voz, Toli César Machado na bateria) caíram na nossa cena social, musical e de costumes qual pedrada no charco.

Em 81, lançaram “Portugal na CEE”, visão que apenas se concretizaria cinco anos mais tarde. Foi dos primeiros singles que entraram na minha discoteca. No mesmo ano surgem ainda “Espelho Meu”, sucesso que perdura 27 anos depois, e “Sê um GNR”.

Em 82, o primeiro LP – “Independança” – incluindo temas como “Hardcore 1º escalão” (outro exemplo de longevidade) e “Agente Único”. A partir daí, e entre diversas alterações internas, culminando com o cisma entre o grupo e Vítor Rua, que só seria apaziguada cerca de 25 anos mais tarde, e a entrada de Rui Reininho, GNR e história social de Portugal são indissociáveis.

No passado dia 18 de Abril, num Pavilhão Atlântico repleto, tivemos a prova dessa fatal relação.

Os GNR continuam donos e senhores de uma postura musical inigualável, e para a qual o cabo dos 50 (anos de idade) de Rui Reininho está como o tempo para o Vinho do Porto. Na assistência, cruzavam-se três gerações de portugueses. Não admira. Em palco, com os GNR de Reininho, Toli e Jorge Romão, a banda sinfónica da GNR, com os seus 115 elementos (114 homens e uma mulher, na flauta), sob a batuta do Ten. Coronel Jacinto Montezo, realizaram o antes impensável. Com toda a glória e mérito.

Provavelmente, alvitro, a actual composição da banda, mais jovem, e as suas excelência e polivalência musicais, contribuíram bastante para este sucesso. Alguns dos músicos, não obstante o aprumo, não resistiram a acompanhar o ritmo de vários dos temas co-interpretados com o movimento de perna/pescoço sincopado em sintonia. Foi bonito de ver. E fez-me pensar, numa altura em que alguns pretendem questionar a justificação de bandas musicais nas forças armadas ou paramilitares, se estarão a partir dos pressupostos correctos…

Voltando ao espectáculo: no alinhamento de quase duas horas de um grande espectáculo estiveram temas tão distintos como, entre outros, “Espelho Meu”, “Hardcore 1º escalão”, “Efectivamente”, “Pronúncia do Norte”, “Bellevue”, “Sangue Oculto”, “Sub 16”, “Vídeo Maria” (que em 1988 mudou mesmo o latim…), “Morte ao Sol”, “Asas” (“Amo-te Teresa”, lembram-se?), “Tirana”, “Mais vale nunca”, o twist de “Quero que vá tudo p’ró Inferno”, e, claro, “Dunas”. Sem novidades. Mas não fizeram falta. De novo, sim, e um dos pilares deste concerto, os novos arranjos e orquestrações que o “dueto” GNR&GNR impunham. Roupas novas que “só” fizeram com que os “velhinhos” temas ficassem a ganhar.

No final desta grande noite, volto para casa feliz, com um q.b. de boa nostalgia, a pensar que este teria sido um espectáculo que gostaria de ver também noutras festas, quiçá num palco ao ar livre em Belém, para toda a grei, e com as palavras do próprio Reininho a ecoarem-me o interior: “Já são muitos anos juntos” e “façam o favor de ser felizes”.

P.S. – Começo desde já por referir que o problema é meu, reles mortal. Detesto pipocas. Mais do que as ditas, abomino com todos os fígados o cheiro enjoativo-adocicado que se entranha em todos os espaços e deixa o (meu) ar irrespirável. Por isso, já há muito que me recuso a ir ao cinema. Ou melhor, aos “cine-pipocas” que destruíram o (meu) ritual da ida ao cinema de outros tempos. O “chomp-chomp” da pipoca e o “grunch-grunch” do refrigerante associado, se são letais no cinema, admito que num Pavilhão Atlântico se percam na imensidão do espaço e na maior informalidade de costumes do divertimento. Mas o cheiro!... Ó inclemência, Ó martírio!!! Será mesmo necessário que o PA se renda e este “vil metal”? Se assim for, pensarei duas (ou mais) vezes antes de lá voltar…. Com muita pena.

Colaboração de Helena Pais Costa

Duas notas do editor: a primeira para se congratular por esta colaboração, esbeltamente escrita, muito melhor do que muitos textos de jornal. É o contraponto ao demolidor texto de Gim. Haja equilíbrio. A segunda nota para sublinhar que o problema não é só de Helena Pais Costa, reles mortal. Aquela entrada do Atlântico é mesmo para vomitar!

RITA PAVONE


RCA VICTOR - TP-188 - edição portuguesa (s/data)

La Papa Col Pomodoro - Sotto Il Francobollo - Sei La Mia Mamma - Auguri A Te

UMA BÚLGARA BONITA


RCA VICTOR - 86.024 M - edição francesa (1963)

Si Je Chante (My Whole World Is Falling Down) - Since You Don't Care - La, La, La - Fini De Pleurer

PÁGINA UM


BRONZE - BR 00015 - edição portuguesa (s/data)

In The Morning - Who Will Sing For You

Como se pode ver pela inscrição na capa, este era um dos singles que passava na "Página Um", da Rádio Renascença.

Na contracapa há outras inscrições manuscritas para o locutor não se perder na hora de apresentar o disco, como a indicação de Ken Hensley ser o líder dos Uriah Heep, de a faixa "In The Morning" pertencer ao segundo álbum "Eager To Please" e que o primeiro se chamava "Proud Words On A Dusty Shelf".

A "Página Um" iniciou-se no dia 02 de Janeiro de 1968 - há 40 anos, portanto - na Rádio Renascença, entre as 19H30 e as 20H30, com Jorge Schnitzer e Maria Helena Fialho Gouveia.

domingo, 20 de abril de 2008

OS SCORPIONS E A BRIOSA


Estou bastante indignado com a banalização que os media portugueses fizeram desta vitória histórica da Académica frente ao papão Benfica!

Até o próprio jornal da nossa santa terra ("Diário de Coimbra") apenas apresentou no dia seguinte uma dupla página com a análise do jogo e pouco mais.

É certo que havia outras notícias importantes na primeira página tais como, "Mariza em Coimbra pela 1a vez" e, sobretudo, "Culto religioso dentro dum ano no Convento de S. Francisco em Santa Clara"!!!!

Gostava de saber se isso foi festejado aí nas ruas da cidade com automóveis a apitar repletos de malta, desfilando as diversas bandeiras da Briosa, tal como se faz aqui quando a França consegue ganhar qualquer coisita.

"Wind Of Change".

Malta, houve realmente na Briosa um vento de mudança!! Ganhar ao Benfica, no contexto desportivo actual, já não representa notícia sensacional. Mas apagar a luz à velha àguia por 3-0 depois de meio século de tentativas infelizes, isso sim, é do dominio histórico!!!

Porém, eu sabia que um dia isso iria acontecer! Por isso, festejei antecipadamente com dois grandes admiradores da região da Bairrada e da vida académica: Klaus Meine e Rudolph Schenker, respectivamente vocalista e guitarrista, ambos líderes dessa famosa banda de hard rock Scorpions!!!!

Como não sou gajo de copos nem de fumos, cada vez que nos encontramos, terminamos a noite numa grande jantarada, onde se discute de tudo. Essa coisa do Sexo, Drogas & Rock & Roll é já um mito!

Os músicos que conseguiram chegar aos 60 anos e os que lá quase estão, tentam entrar naquele esquema do forever young!! E, para isso, as concessões sao imensas!!! Basta ver o Mick Jagger, que frequenta muito os lugares onde se faz spa, deita-se agora muito cedo, enfim, leva uma vida regrada!!

Em francês diz-se si tu veux aller loin, il faut ménager la monture! E os gajos não são burros. Eles sabem disso!! As imagens extravagantes nos jornais? Man, tudo isso é propaganda! Marketing!!

Voltemos aos ferozes escorpiões! Como os gajos são de Hannover, onde existe uma equipa na 1ª divisão alemã, propus que um dia destes se realizasse um Académica-Hannover com muita música pelo meio!!!

Claro que lhes falei das características da nossa Briosa, do meio académico e, sobretudo, das mulheres portuguesas.

Daí que, no final do jantar, fizéssemos estes clichés comprovativos da simpatia que têm pela Briosa!!! Devo dizer que estes gajos me devem imensos favores e, sobretudo, à região da Alsácia (especialmente Colmar, a capital do vinho da Alsácia), pois foi aqui que começou toda essa grande aventura que os levou a ser conhecidos mundialmente.

Tocavam frequentemente em Estrasburgo, Colmar ou mesmo Mulhouse, quando ninguém os conheciam. Através das minhas entrevistas para a "Música & Som" e da minha amizade com as organizações de concertos em Lisboa, fui eu que iniciei esses primeiros contactos para a primeira ida a Portugal.

Houve sempre entre nós um respeito recíproco e é uma banda que tem o imenso mérito de reconhecer quem lhes foi tão indispensável nos primeiros tempos! Daí as peregrinações anuais a que tanto nos habituaram.

A deste ano realizar-se-á em Estrasburgo, no novo Zenith (uma sala de espectáculos tipo Pavilhão Atlântico) a 25 de Outubro e contará com um convidado de honra, Ulli John Roth, um guitarrista virtuoso, que fez parte da formação original dos Scorpions! Um concerto a não perder, seja qual for o motivo!!

Colaboração de José Oliveira, em Colmar (Alsácia, França)