terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

PROGRAMAS NOCTURNOS DA RÁDIO EM 1969


A reportagem da revista "Plateia" de 1969, que aqui se reproduz, dá conta do perfil das noites radiofónicas no Rádio Clube Português e na Emissora Nacional.

Vivia-se, então, a primavera marcelista e, no RCP, pontuava o programa "PBX", produzido pelos Parodiantes de Lisboa e realizado inicialmente por Carlos Cruz e Fialho Gouveia.

Nascido em 1967, o "PBX" apostava na cobertura da actualidade e ficaram para a história as reportagens sobre as cheias que ocorreram em Lisboa, nesse ano, nas quais a rádio acabou por desempenhar um papel central na comunicação e informação das populações.

Quando a "Plateia" se deslocou aos estúdios do Rádio Clube Português não teve, porém, autorização de entrada, pelo que foi bater à porta do "Programa da Noite" da Emissora Nacional.

Aqui, o perfil era essencialmente musical e as reportagens que havia tinham a ver com música. Assim aconteceu, em Março de 1969, nas vésperas do Festival da Eurovisão, em Madrid, onde Simone de Oliveira cantou a "Desfolhada" de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.

Colaboração de Vítor Soares

Nota - este post de Vítor Soares faz-me lembrar duas coisas: 1 - já pensei em colocar aqui uma ou outra vez a programação da RTP e/ou da RR e/ou do RCP de um determinado dia, por curiosidade. Acho que vou fazer isso. 2 - a nega do RCP lembra uma outra muito famosa: na madrugada do 25 de Abril, o sr. Leal, que era o porteiro do RCP, recusou-se a deixar entrar os militares sem se indentificarem. Os militares não se fizeram rogados e identificaram-se e o sr. Leal ficou conhecido como o sr. Leal À Causa. Terá sido verdade?
LT

1 comentário:

Vítor Soares disse...

Alcino Leal, em discurso directo, ouvido por Matos Maia no livro "Aqui Emissora da Liberdade" (Ed. Caminho):

- "Os oficiais eram quase todos da Força Aérea. Um deles adiantou-se e disse-me que se tratava de um golpe de Estado para bem dos nossos filhos e dos nossos netos."
Alcino Leal pensa, fazendo um esforço de memória para se recordar de todos os pormenores. Apesar da afirmação de golpe de Estado, acha que não sentiu medo, apenas dúvida.
- "Não sabia se era a sério - como, de facto, foi - ou se se tratava de uma brincadeira de mau gosto! Assim, nem disse entrem, nem disse não entrem...Também não tentei fechar a porta ou barrar-lhes a entrada!"

E tudo o resto, poderão não ser mais do que mitos urbanos que dão sempre jeito para animar a Causa!