sábado, 22 de novembro de 2014
REGRESSO AO LOCAL DO CRIME 39
Fumar é a única circunstância em que, graças aos nossos hábitos europeus, os homens podem estar sentados em silêncio, sem se sentirem desconfortáveis, e nenhum homem necessita proferir uma palavra além daquelas que realmente deve dizer.
Thomas Carlyle
Colaboração de Gin-Tonic
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2 comentários:
Thomas Carlyle, com todo o respeito que nos merece, é manifestamente um redutor.
Todo o mundo reconhece uma outra circunstância em que “os homens podem estar sentados em silêncio, sem se sentirem desconfortáveis, e nenhum homem necessita proferir uma palavra além daquelas que realmente deve dizer”, circunstância aquela que os romanos já aludiam como sendo uma de duas únicas circunstâncias em que todos somos iguais.
Uma das circunstância a que me refiro só basta dizer “àgua vai” ou um suspiro de alívio, com a vantagem de o tecto ou os pulmões não ficarem escuros, aliás, o escuro vai cano abaixo.
A outra, diziam os romanos, é o nascimento que interrompe o silêncio do confortável feto sentado, embora esta, quanto à igualdade, necessite de actualizaçõo face à proliferação das cesarianas ( Avé César !) .
E dou de barato que Carlyle, no tocante ao fumo, se refira não só aos homens mas também às mulheres e que não desconheça que ainda antes dos hábitos dos europeus que refere, há séculos que os ameríndios fumavam, porventura sentados.
Passo a suspeitar que a Edinburgh Encyclopædia de Carlyle não tenha o mesmo “panache” que o puro malte escocês das “Highlands” nem o de Gin Tonic a nos presentear bela prosa e não menos interessante iconografia isenta de fumaça a turvar as imagens.
JR
Gostei à ufa do teu comentário. Ele também.
Apetecia-me entrar por essa mordacidade dentro, mas não há unhas para tocar a guitarra.
A razão-mor é que os meus conhecimentos sobre o Carlyle não vão além do que a Wikipédia também diz.
Pensei que sobre o comentário poderia deixar cair um curioso silêncio – o silêncio é curioso? – mas entendi que não era correcto.
A citação do Carlyle é tirada do livro «Fumo Sagrado» do Cabrera Infante, um homem dos fumos, dos livros e dos filmes.
Sublinhei-a quando li o livro porque a achei provocatória q,b. mas reparo que acaba por não resistir à fina ironia do teu comentário.
O verdadeiro problema é saber se as palavras podem dizer as coisas.
Um abraço
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