domingo, 24 de janeiro de 2010

PRAZERES QUE MATAM 14


Andou os últimos dias às voltas com a importância do tabaco entre os escritores, intelectualidade variada, o vulgar cidadão que se senta a ler, ou a escrever, às mesas de um qualquer café que pode ser, como vimos ontem, a “Brasileira do Chiado”.

Tem agora na mesa uma citação de um artigo, ou um texto que, infelizmente não consegue identificar a origem, mas, mesmo assim, arrisca a reprodução:

Os cigarros têm sido os melhores amigos dos soldados desde há muito, muito tempo - pelo menos desde a Guerra da Crimeia (1853-1856), quando os espanhóis os deram a conhecer a franceses e ingleses.

Os cigarros que os militares fumavam eram fáceis de transportar, fáceis de acender e fáceis de fumar.

A importância dos cigarros entre os soldados…

Ninguém esqueceu que as senhoras do Movimento Nacional Feminino, após manhã no cabeleireiro para armar cabelos, estilo Drª Manuela Eanes, iam distribuir pacotes de tabaco aos militares que partiam para a guerra nas colónias.

Ninguém esqueceu que esse mesmo Movimento Nacional Feminino, com a colaboração do jornal “O Século” organizou uma campanha, pedindo aos cidadãos deste país, a oferta de maços, pacotes de tabaco para serem enviados para os jovens que em África morriam e matavam numa guerra tão estúpida, inútil, como bárbara.

Em Nambuangongo tu não viste nada. Não viste nada nesse dia longo longo.

A campanha tinha um lema:

Um cigarro: o amigo certo das horas incertas.

O “amigo certo” de jovens que muitas vezes pensaram que não voltariam. E muitos, sim muitos, não voltaram.

Que dirão hoje as simpáticas senhoras do Movimento, possivelmente ainda de cabelos frisados, à lei anti-tabaco?

Uma boa pergunta…

Mas sabemos que Cecília Supico Pinto, a presidente do Movimento, a célebre Cilinha, numa entrevista publicada em Fevereiro de 2007, revelava que nunca se apercebera que era feio fumar.

Diz mesmo que Salazar “não achava que era um hábito comunista apenas não era de mulher”. E acrescenta: “Há imensas coisas que dizem sobre Salazar e não são verdade. Ele fumava charuto, quando tinha a república em Coimbra com o Cardeal Cerejeira. Mas deixou, porque o fumo fazia-lhe pessimamente aos olhos. Só a minha tia Carolina Asseca – que foi a última senhora por quem ele teve um encantamento, até diziam que iam casar – fumava ao pé dele".

Colaboração de Gin-Tonic

1 comentário:

Anónimo disse...

Pena é que, o dito cujo não fumasse mais, sobretudo após o fim da WWII, pois que, "fazendo mal aos olhos" - e não só -, sempre poderíamos ter a chance de usufruir, muito mais cedo, Liberdade e Democracia em Portugal - e não ter de esperar que se firmasse mais um record do Guiness, só travado pelo cadeirão décadas depois -.

Esfumou-se assim essa hipótese redentora do tabaco.Uma plebeia cadeira fez melhor que um qualquer maço de tabaco "Potuguês Suave" ou "Provisórios".

É que, segundo Winston Churchill - este sim um inveterado fumador, mas sem que o fumo lhe toldasse os olhos - "a Democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras formas já experimentadas”.

Quanto ao referido estilo de cabelo da drª M.Eanes, traz-me também à memória o estilo das patilhas do respectivo consorte.
Um casal presidencial muito icónico, sobretudo em termos de cabeleireiro. Não esquecer quem cortou a cabeleira do então "Sansão" Otelo e virou uma página do país para tornar a coisa mais Bíblica e Shakespeareana.

JR