segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ZÉ DIOGO


VOZES NA LUTA - VL 1008

Soldados Ao Lado Do Povo – Zé Diogo

Volta e meia por aqui é referido o trabalho colectivo do Grupo de Acção Cultural “Vozes na Luta", vulgo GAC.

Publicaram alguns singles e parte deles foram mais tarde reunidos num LP – “A Cantiga é Uma Arma” (VLP/1001).

Este é o single com o título “Soldados ao Lado Povo”. O que se mostra não é a capa do single, mas a sua contra-capa, que é que por agora nos importa.

A canção do lado B chama-se simplesmente “Zé Diogo” e é da autoria de J. Lisboa e de C. Guerreiro.

A história da canção pode ler-se no interior e fazemos a respectiva transcrição:

Columbano Monteiro era um grande agrário do Baixo Alentejo e que foi durante 14 anos o Presidente da Câmara de Castro Verde, intimo amigo do famigerado fascista Santos Costa, Ministro da Defesa no tempo de Salazar, esse agrário não se cansou de oprimir o povo no tempo mais negro do fascismo, chegando ao ponto de esbofetear dezenas de trabalhadores e a mandar prender ceifeiros ao seu serviço.

Nos fins de Setembro, o Columbano despediu o tractorista José Diogo. Não vendo razões para tal despedimento, o Zé Diogo resolveu no dia 30 de Setembro ir ao covil desse fascista pedir explicações do seu procedimento, ao qual este respondeu que não queria canalhas na sua casa, recusando-se a dizer-lhe mais qualquer coisa, e não contente com isso agrediu o trabalhador.

A resposta deste foi justa: puxando da navalha golpeou três vezes o agrário fascista.

A actuação do Zé Diogo foi justa, foi a resposta ao despedimento sem justa causa, à agressão física, aos insultos. É o resultado de um ódio acumulado por anos e anos de trabalho a troco de fome e da opressão, das bofetadas e das prisões que o fascista não se cansou de fazer em vida.

Agora já não faz mal a mais ninguém, foi saneado da face da terra. Contra a “justiça burguesa” que prendeu José Diogo levantou-se um amplo a movimento popular. Apavorada, a burguesia recorreu a todas as artimanhas para desmobilizar a ofensiva popular: por três vezes e transferido por duas: de Ourique para Lisboa e de Lisboa para Tomar. Nada conseguiu.

A ofensiva popular ao invés de esmorecer, engrossou e ganhou mais forças e no dia 25 do mês de Agosto de 1975, o povo presente no Tribunal de Tomar tomou uma decisão histórica: decidiu que José Diogo não seria julgado pela burguesia mas sim pelos seus irmãos explorados e oprimidos.

Estava assim constituído o primeiro Tribunal Popular da nossa história.

A sentença não podia ser outra: libertação de José Diogo e condenação de Columbano Monteiro por explorador e opressor do povo.

Que fique bem claro que a reprodução deste texto, outro intuito não visa do que recordar um facto histórico, dos muitos que aconteceram nos primeiros tempos de Abril.

Quando Novembro entrou pelos quartéis de Abril a “ordem” foi restabelecida e José Diogo acabou por ser julgado e condenado por um Tribunal do Estado de Direito.

Colaboração de Gin-Tonic

9 comentários:

JC disse...

A minha favorita entre os "singles" é "A Luta dos Bairros Camarários". Infelizmente, não tenho o disco. Fico á espera o Rato se lembre de os colocar no blog para "download", à semelhança do que já fez com o "Pois Canté". Mas acho que o único "single" nele incluído, GT, é o "Casas Sim, Barracas Não". Pls correct me if I'm wrong.
Mais outro domingo sofrido, Gin-Tonic. Livra!!!

Anónimo disse...

Julgo que não houve edição em single do tema "Casas Sim, Barracas Não", tal como não conheço single de qualquer outro tema do LP "Pois Canté!!". O que parece que já não chega é a tão anunciada obra completa do grupo em CD...

JC disse...

Tb não tenho a certeza, Jabber. Se esse não existir em "single" então confirmo o que dizes sobre o "Pois Canté".

Anónimo disse...

Passados quase 34 anos da data de edição do conjunto de singles (penso que 8), é no minimo interessante voltar a escutar um conjunto de musicas (denominadas à época "de intervenção") fora do contexto politico e social no qual foram criadas.
Tenho pena de não ter guardado os vinis (singles) que denotavam algum cuidado na edição. As capas dos singles, eram algo diferentes (na funcionalidade) do que então se fazia. Abriam, como se da capa de um livro se tratasse.
Não tenho ideia de alguma vez ter existido uma edição em CD da discografia do GAC, embora tal tenha sido pensado ou previsto há alguns anos atrás.
Aqui fica um site onde podem ouvir a discografia do GAC. A qualidade sonora é fraca. Vale, quanto a mim, enquanto documentário sonoro.

http://gacultural.com.sapo.pt/

ALA

Anónimo disse...

J. Lisboa será o jornalista João Lisboa ou não ?

E Guerreiro será o gaiteiro de Lisboa !

José Diogo será da família do gato fedorento ? Ou ter-se-ão inspirado neste José Diogo ?

Do wikipedia

José Diogo de Carvalho Quintela, conhecido como Zé Diogo Quintela (Lisboa, 29 de Maio de 1977) é um humorista e argumentista português, membro do colectivo Gato Fedorento.

A sua família pertence à casa dos Condes do Farrobo - Barões de Quintela.

(é de direita e do SCP; ao contrário dos outros gatos: de esquerda e do SLB)

JC disse...

Mtº obrigado, caro anónimo. Fantástico! Tenho só os álbuns, os "singles" deram sumiço.

filhote disse...

Ah, JC, os singles do GAC é que são as jóias da coroa!

Anónimo disse...

"Columbano Monteiro era um grande agrário do Baixo Alentejo e que ... não se cansou de oprimir o povo no tempo mais negro do fascismo, ..." foi a mesma pessoa que, do seu próprio bolso, mandou edificar o primeiro bairro para famílias carenciadas do concelho, bairro esse que actualmente a CANALHA COMUNA DA CÂMARA DE CASTRO VERDE arrenda a quem entende e a preços que os mais crenciados não podem pagar.

Gostaria de ver um gesto identico aos CANALHAS COMUNAS: tirar do seu próprio dinheiro para desinteressadamente ajudar quem precisa!

Zé Diogo foi um simplório idiota que a mando do PARTIDO COMUNISTA assassinou barbaramente um velho de 80 anos quase cego. Que grande herói!

COMUNAS DE MERDA sem vergonha nas fuças!!

Anónimo disse...

A discografia do GAC, foi (finalmente) reeditada em CD.
Um assunto a mrecer um "post".