segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

AOS SOLDADOS E MARINHEIROS


GAC VL 1002

Aos Soldados e Marinheiros – Ronda do Soldadinho

Mais uma jóia da coroa, para citar a feliz expressão com o que o Filhote designou estes “singles” do GAC.

São duas canções do José Mário Branco, a que dá capa ao disco e acompanha o estilo do PREC e a do lado B a “Ronda do Soldadinho”, esta uma belíssima canção, uma valsa lenta, coisas muito simples: um menino lindo que nasceu no roseiral, não nasceu p’ra fazer mal, já sabe ler e contar, cresceu mas não colheu de semear, os senhores da terra o mandaram pr’a guerra morrer ou matar.

Tanto quanto a discografia da casa permite ver, esta canção apenas aparece no LP do GAC VLP/1001.

A mero título de curiosidade, diga-se que Isabel Silvestre, uma mulher muito pouco dada a esquerdas, incluiu “Ronda do Soldadinho” no seu álbum “A Portuguesa”.

Se não houve exigências da etiqueta poderá concluir-se que apenas funcionou o estar perante uma bonita canção. E é!

Colaboração de Gin-Tonic

13 comentários:

filhote disse...

Maravilha, Gin-Tonic!

JC disse...

Fantástico!

josé disse...

Lembro-me de ouvir a Ronda do Soldadinho, logo nos primeiros dias a seguir ao 25 de Abril. Com os meus 17 anos já bem lidos, foi uma descoberta que passou em primeiro lugar pela música, tal como aconteceu a outros malditos que passaram a ter onda média e até frequência modulada nos rádios.

José Mário Branco, tal como Sérgio Godinho e Luís Cília, eram mitos que conhecia do Mundo da Canção.

Mas o disco Mudam-se as Vontades do primeiro e Prè-Histórias do segundo, não eram mitos, porque continuam a ser dos mais belos discos da MPP.

Quanto às letras e "mensagem", nunca liguei. Já não me seduziam de todo.

Anónimo disse...

José, essa então seria a gravação original da "Ronda do Soldadinho", editada em 1970 em França, e que por cá circulou clandestinamente até 1974. Foi há dois anos reeditada em CD na colectânea "O Melhor da Música Portuguesa - Vol. 04 - Os Anos 50/60", que saiu com o Público e que as Fnacs têm à venda. É de facto uma canção simples mas belíssima, que faz parte da minha memória musical desde sempre.

Anónimo disse...

Tinha feito bem ao José fazer a tropa em ´Africa, num sítio onde doesse. Poupavam-se provavelmente muitos comentários gratuitos.

JB

josé disse...

E a tropa é que iria poupar os tais comentários gratuitos?

Pode ser muita coisa, mas gratuitos é que não são, porque são sempre a troco das ideias erradas que os justificam. Para mim, claro.

Quanto à tropa fazer bem ou mal à consciencialização política:

No Vietnam, no Congo, na Bósnia, em Israel, no Afeganistão ( antes de depois da URSS), no Iraque, etc etc. o exercício miliar é para quem guerreia e para os guerreiros.
Para os militares, sejam milicianos, profissionais ou voluntários.

Mudar de ideias por causa disso, é que me parece pouco condizente com a condição militar.

Se o argumnento é o da experiência traumática de quem lá foi para à sorte e por sorteio que poupou esses cantores revolucionários que cantavam as rondas do soldadinho, também não me parece grande argumento.

Mas percebo-o.

O que percebo melhor, no entanto, é que ainda falta fazer o luto por várias coisas, em Portugal.

Uma delas, é o PREC.Eu bão preciso de fazer porque nessa altura não me morreu nada de essencial.

Anónimo disse...

José

Se há coisa pela qual não tenciono fazer luto, é pelo PREC. A sua resposta insere-se na sua habitual técnica de distorção.

Não é preciso ser-se comunista para se ser sensível à situação do país e ambicionar algo melhor. Parece que para si isso é difícil de compreender.

A sua tirada sobre a guerra ser para profissionais ou voluntários está certa. Não era o que se passava em Portugal. Não havia escolha. Ia-se e ficava-se muitas vezes com a vida cortada, se se ficasse com vida. Não havia sorteios, como insinua. Toda a gente tinha que ir. Havia, sim, uns mais protegidos (o seu caso eventual?) que resolviam o problema com uns conhecimentos e umas cunhas. Talvez daí o seu afastamento e indiferença.

Quem não sabe do que fala faz comentários gratuitos. Quem sabe e distorce é intelectualmente desonesto.

JB

josé disse...

"Não é preciso ser-se comunista para se ser sensível à situação do país e ambicionar algo melhor. Parece que para si isso é difícil de compreender."


JB:

Não vale a pena discutir política. Eu não apreciei o PREC e tenho a convicção que o Partido Comunista e a Esquerda em geral, foram prejudiciais ao país, nessa altura e continuariam a sê-lo se as ideias se mantivessem em execução, integralmente.

Respeito as suas ideias, no limite de julgar que são de boa-fé e convicção. Respeite as minhas se puder, porque é igual.

Quanto ao resto daqui a bocado falamos mais.

Anónimo disse...

José

Como queira. Apenas não respondeu à rectificação que fiz ao seu post. A tropa não era só para profissionais ou para diletantes amantes de sensações fortes.

"Serviço militar obrigatório". Conhece a expressão ? Ela fala por si, portanto não ofenderei a sua inteligência tentando explicar-lha. Era disso apenas que se tratava.

E não estou sequer a discutir política. Só lhe faço notar que, ao desviar a conversa ou a tentar negar as evidências, se coloca no mesmo plano dos seus "amigos" do PREC.

Será mais uma prova da velha asserção "os extremos tocam-se".

JB

E

josé disse...

A tropa devia ser para todos...era isso que eu queria dizer.

Mas não foi. No meu caso, nessa altura nem tinha idade para tal, mas se pudesse, teria escapado.

Mas não iria pedir ao general comandante de batalhão primo do ministro director-geral.
Fazia o que outros faziam: estudavam e adiavam a incorporação. Foi isso que fiz, aliás.

Quanto ao resto e á profissionalização, não era assim que acontecia nessa altura. Nem aqui nem noutros lados.

A questão da guerra no Ultramar, tem a ver com uma coisa muito simples: defender o território que nos pertencia, há quase cinco séculos.
Quem acreditava nessa defesa e nesses princípios, apoiava a guerra ou pelo menos não sabotava o esforço de guerra e procurava fazer o que Spínola tentou: negociar politicamente.

Otelo, Costa Gomes, Rosa Coutinho, para citar os precs, acreditaram na guerra e fizeram-ma como patriotas. Depois de 25 de Abril, arranjaram casaca nova.
Coisas.

Quanto a música ligada à politica: deu alguns discos de valor. São esses que aprecio, mesmo sem valorizar a mensagem que é comunista, na maior parte dos casos.

O comunismo é uma doutrina errada e a prova está em que nenhum país da Europa tem disso nem sequer um partido como o PCP.

Portanto, falo de ideias e não de pessoas. Essas, na maioria são como os oficiantes de uma religião: se deixam de acreditar, perdem o sentido da vida.

josé disse...

Ou transformam-se em vitais moreira e pina mouras.

O que no fim de contas, é perder o sentido da vida...

JC disse...

E que tal um chá de tília?

Anónimo disse...

A discografia do GAC, foi (finalmente) reeditada em CD.
Um assunto a mrecer um "post".