terça-feira, 23 de dezembro de 2008

HARDY AND GIN


Karl Valentim preferia que cortássemos do calendário o Dia De Natal, se com isso conseguíssemos que os restantes 364 dias do ano fossem todos de Natal.

Natal: os que acham que é a melhor altura do ano os que sonham fugir para muito longe, para uma terra onde não haja Natal.

O Natal será sempre um lugar de paradoxos que O’Henry deixou bem desenhado num conto seu: “O Presente dos Reis Magos".

Della tinha um belíssimo cabelo comprido, sabia que lhe ficava bem umas travessas que vira numa montra. Jim tinha um relógio de ouro que fora do avô e do pai. Sabia que lhe ficava bem uma corrente que vira numa montra. Ambos falaram entre si desses desejos, mas não havia dinheiro para os satisfazer. O Natal aproximava-se. Della vendeu o cabelo para comprar a corrente para o relógio de Jim, Jim vendeu o relógio para comprara as travessas para o cabelo de Della.

Por uma manhã, ao abrir o “Ié-Ié”, deparou-se com a capa de um LP da Françoise Hardy e o título: “Dedicado ao Gin-Tonic”.

Quando viu a capa, sentiu-se quase feliz. Um gesto simpático de Mr. Ié-Ié. Mas um dia, numa sessão de tremoços, Mr. “Ié-Ié” ofereceu-lhe o disco.

Imaginem a cara dele. Imaginem as palavras que não aconteceram, apenas um tímido obrigado, um murmúrio possível.

O gesto aconteceu fora da época natalícia, mas sempre entendeu que merecia ser pública a referencia. É hoje, no exacto momento agora que o algodão doce natalício atinge o ponto supremo.

Há prendas felizes.

O gosto de oferecer, a alegria de receber.

O privilégio de juntar gin e Françoise Hardy. Mistura explosiva? Digamos que sim. Ou melhor: há coisas perfeitas no mundo.

Natal é quando um homem quiser, disse o Ary da maneira simples com que dizia coisas complicadas.

Há coisa melhor que o Natal?

Há: os amigos!

”Dois gin-tonics, obrigado
Que horas são? Eu estou bem e tu?
Um toque de "blues" num piano triste
Não entendo o que dizes

Vaivém de cosmopolitas
Neste bar de grande hotel
Óculos escuros "Rayban" que te evitam
E os nossos discursos superficiais

Dizer uma vez "amo-te"
Ainda que as palavras soem um pouco falsas
Dizê-las assim mesmo
Dizer-lhe outra vez "amo-te"
Beber um pouco a mais
Sonhar demasiado alto
Nada mais nos detem
Mas eu perco o fio
Que dizias?
Em quem pensas?
Onde estamos nós?
Dois gin-tonics, obrigado
Londres, Paris, Berlim, Bruxelas
Em que país te escondes?
Quais paraísos artificiais.”

Texto de Gin-Tonic

3 comentários:

Karocha disse...

Lindo Gin-Tónic


Bom Natal para todos

Camilo disse...

Desejo um Feliz e Santo Natal a TODOS os Amigos do "IÉ-IÉ".

filhote disse...

Através deste blogue recebi a prenda feliz de novas e verdadeiras amizades. E tal como o disco que Ié-Ié ofereceu a Gin-Tonic, também fora da quadra natalícia.

Para vocês, um FELIZ NATAL E UM 2009 CHEIO DE CRIATIVIDADE!!!