terça-feira, 14 de julho de 2015
PAUL McCARTNEY EM ESTOCOLMO
A DECISÃO
Sabes que o Paul McCartney, Paulo entre nós que somos amigos, vai andar em digressão? Não andas sempre a dizer que gostavas de o ver ao vivo? E se fôssemos assistir?Vê aí as datas e locais sff.
Deixa cá ver, em Julho já temos os concertos do Tony Carreira, Rosita, Toy, e da Rebeca,. Só se não formos ver o Nel Monteiro que vai à Merdaleja de Cima e formos a Estocolmo ver o Paulo. O que achas?
É pá não sei se vou deixar o Nel Monteiro, gosto tanto dele que tem canções tão bonitas.
Depois de alguns dias de aturadas negociações e com muita pena minha, devo acrescentar, optámos por deixar cair o Nel e irmos ver o Paulo. Mas o Nel…ficou-me atravessado. Ainda por cima comprometi-me com o Luís Pinheiro de Almeida, que tem a mania que sabe umas coisitas sobre os Beatles, a rabiscar qualquer coisa sobre o concerto (ó Luís, para a próxima manda-me ao concerto do Nel como correspondente da LPA Music Events e deixa-te destas músicas cantadas em estrangeiro em que a malta nem sabe o que eles estão a dizer). Enfim, vamos lá.
A PREPARAÇÃO
Já comprei os bilhetes, marquei voos e hotel. Vamos a ver se os pilotos da TAP não se lembram de fazer greve. Se assim for vamos ver o Nel que é um grande artista e canta músicas muito lindas que toda a gente entende.
O hotel, da cadeia Scandic, não é mau (vi no Booking) mas o preço é um pouco carote (ficava mais barato ir à Merdaleja). E os bilhetes? Só consegui ao fundo do pavilhão. São mais baratos mas é como se estivéssemos na Damaia a ver o Rock in Rio na Bela Vista.
Que se lixe, já que decidimos ir, vamos. Ouvimos ao vivo e seguimos pelas imagens que eles devem projectar nos ecrans (é pá, se fosse o Nel até podia fazer uma “selfie” para ficar como recordação…).
E a roupa? Como vai estar o tempo lá prós lados da Escandinávia?Vê aí na net sff (maldita net que nos tirou a alegria da incerteza). Olha enche duas malas de roupa de todo o tipo.
Mas são só quatro dias…
Deixa lá, já que podemos levar 40 KGs de bagagem aproveitamos.
Nunca entendi as mulheres, para nós um saco do supermercado é o suficiente para levarmos a roupa para um fim de semana prolongado. Para elas não. É roupa para o muito frio, para o frio, para o pouco frio, para o temperado, para o quente e para o muito quente. Isto tudo em dose dupla porque pode rasgar-se alguma peça e têm que ter uma outra de substituição. Cá em casa dos 20 metros de varão que temos eu apenas utilizo três.
E há dias comecei a ver na minha zona umas peças cor de rosa que vos garanto, não comprei.
Enfim…continuemos para bingo, como se costuma dizer.
O CONCERTO
Uma multidão vai indo em direcção ao Tele2 Arena de Estocolmo. Trata-se de um estádio de futebol, coberto, partilhado pelo Hammarby e pelo Djudgarden, duas equipas da primeira divisão sueca de futebol (estes tipos são uns pobrezinhos; então não podiam fazer um estádio para cada um dos clubes?).
A multidão é variada mas a maioria tem cabelo branco (parece que os lares da 3ª idade deixaram sair os seus utentes esta noite).
Há algumas “figuras” como em todos os concertos. Ao longe vejo um grupo de hippies na casa dos 70 anos que parecem ter vindo directamente de Woodstock (ainda não
foram a casa seguramente). Em 69 fumavam umas ervas, agora tomam Sinvastatina, Varapamil, Imipramina, Ipiflavona, etc. mas a onda é boa.
E aí estamos nós sentados com mais de 30.000 almas prontos para uma viagem de regresso ao passado.
O homem entra em palco com os quatro companheiros que o acompanham há mais de 10 anos: Rusty Anderson (guitarra), Brian Ray (baixo), Paul Wickens (teclas) e Abe Laboriel Jr. todos eles excelentes músicos.
Respira fundo que a coisa vai começar. Aos primeiros acordes o pavilhão vem abaixo.
Começa o desfile de quatro dezenas de canções que toda a gente conhece.
Eight Days A Week
Got To Get You Into My Life
One After 909
Temporary Secretary
Let Me Roll It
Paperback Writer
My Valentine
Nineteen Hundred and Eighty-Five
The Long And Winding Road
Maybe I'm Amazed
I've Just Seen A Face
We Can Work It Out
Another Day
Hope For The Future
And I Love Her
Blackbird
Here Today
New
Queenie Eye
Lady Madonna
All Together Now
Lovely Rita
Eleanor Rigby
Being For the Benefit Of Mr. Kite!
Something
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Band On The Run
Back In The U.S.S.R.
Let It Be
Live And Let Die
Hey Jude
Encore:
Another Girl
Birthday
Can't Buy Me Love
Encore 2:
Yesterday
Helter Skelter
Golden Slumbers
Carry That Weight
The End
O ambiente é fantástico (se calhar o concerto do Nel Monteiro também está a ser muito bonito). Alto e pára tudo! Então não é que estou de lágrimas nos olhos? Agora que cheguei a velho choro por tudo e por nada. Ele é quando a Fátima Lopes apresenta o casal de desempregados que vivem na rua, ou o Goucha nos mostra o cãozinho abandonado pelos donos. Já só me falta chorar quando passam os anúncios do passatempo (?) do 760 200 300.
Mas voltando às lágrimas, de repente vêm-me à memória imagens da guerra colonial onde estive, dos aerogramas, da mini-saia, da loja dos Porfírios, dos cigarros Definitivos (eu que nunca fumei), dos bailes de garagem, etc.
Já lá vão tantos anos em que andei armado em músico de rock num dos muitos grupos que “abrilhantavam” os bailes de finalistas. Ao menos o Nel Monteiro não me fazia chorar. O homem é só alegria.
Mas voltemos ao Paulo. Diziam que os nórdicos eram frios. Frios o caraças…eles e elas (ai elas…juízo que a minha mulher está aqui ao meu lado) ainda não pararam um segundo.
Interage com a assistência: quantas pessoas de Estocolmo estão aqui? E da Suécia, mas fora de Estocolmo? E de fora da Suécia? E acreditem que pela maneira como o público reagiu eu diria que havia algum equilíbrio sobre a proveniência dos presentes.
Aliás eu estava convencido que tinha feito uma grande viagem até ter descoberto um casal que
tinha ido da Índia.
Pelo meio surgem dedicatórias ao John, George e Linda. Histórias passadas com o Ringo. Episódios curiosos com Jimi Hendrix e Eric Clapton. Enfim, são 73 anos (será que é verdade? Terá ele de facto 73 anos?).
Provoca o público antes de tocar "Blackbird": quantos de vocês já tentaram tocar esta
música na viola? (e não conseguiram, acrescento eu).
A voz já não tem o brilho dos 20 anos e alguns agudos saem imperfeitos (a idade não perdoa) mas é absolutamente compreensível. O Nel nesse aspecto também não é perfeito.
Curiosa a utilização de um ukelele (cavaquinho que os portugueses levaram para o Hawai tendo a partir daí sido divulgado por todo o mundo) na primeira parte do "Something". E possivelmente este cavaquinho/ukelele foi fabricado pelo artesão bracarense Domingos Machado porque o George Harrison fez-lhe essa encomenda tendo em vista oferecê-lo ao Paul McCartney. Já agora fica a nota que o Donovan ("Atlantis" e "Mellow Yellow") também utiliza violas de Domingos Machado.
Ao fim de quase três horas de espectáculo é hora de regressar. Cansado mas feliz.
A RESSACA
O silêncio no avião de regresso é sepulcral. Olho pela janela e não vejo nada. Nem as
nuvens. Não me saem da memória as imagens do concerto do Paul McCartney. O tipo é
muita bom. Mas o Nel Monteiro não lhe fica atrás.
NOTA – este texto é escrito em absoluto respeito pelo acordo ortográfico anterior, actual e o futuro que irá ser ser assinado quando a Guiné Equatorial presidir à CPLP (e eu cumpri - nota do editor).
Colaboração de Fausto Azul (baixista dos Vodkas, portanto colega de McCartney), em Estocolmo
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3 comentários:
Já fiquei com vontade de ver o Macca outra vez...
...e eu de ver o Nel! :-)
Realmente, que desperdício! Enjeitar um concerto do Nel para ir a longínquas terras de “vikings” assistir ao do Paulo. Ele há cada um !
Para não falar do desplante de elevar o Paulo à superior fasquia do Nel, Rosita e Rebeca e não se dignar a citar o pai de todos eles, o “ne plus ultra” Quim Barreiros, talvez porque se este tivesse concerto agendado, o Paulo bem poderia ficar a cantar apenas para dois tugas e dois indianos em EstouCalmo, os “vikings” esses correriam para os seus Drakkar e remariam a toda a força para chegar a tempo ao porto de Leixões.
JR
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