quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

LOURENÇO MARQUES (03)


Fachada principal do Hotel Polana e respectiva entrada, pela Av. António Enes. Ponto de encontro de diplomatas, homens de negócios, jornalistas ou simples turistas, as pessoas mais interessantes que o conheceram ainda foram os seus empregados que ao longo dos anos fizeram da arte de servir uma autêntica lenda.

Durante muito tempo habituei-me a ver sempre as mesmas caras, desde o porteiro sempre muito aprumado no seu casaco todo medalhado até ao criado de mesa que era useiro em contar histórias do Craveiro Lopes ou do Matateu.

A última vez que lá entrei, em Dezembro de 1991, ainda eram ambos vivos e lá permaneciam no seu posto, contra ventos e marés. Sim, porque quando se ultrapassava o imponente hall de entrada as politiquices ficavam à porta e era como se o tempo se quedasse imóvel dentro daquelas paredes.

Já dormi muitas noites, em muitos hotéis, um pouco por todo o mundo. Curiosamente, nunca fui hóspede do Polana, mas... passei lá muitas noites inteiras, até mesmo ao nascer do sol.

E é verdade o que se diz, que um nascer do sol visto da piscina do Polana tem um poder terapêutico superior a qualquer tratamento de psiquiatria.

Era rara a passagem do ano que não terminasse no Hotel Polana, lembro-me disso desde muito pequeno.

De início, logo nos primeiros anos dos anos 60, quando ainda acompanhava os meus pais, o conjunto de serviço era o Cinque Di Roma. Depois, os nomes foram mudando com os anos: Renato Silva, Shegundo Galarza, até aos mais modernos, como os Night Stars ou os AEC 68.

Mas o ritual era o mesmo, e havia sempre duas comemorações do novo ano; a primeira, claro, quando o relógio dava a meia noite; mas assim que se anunciavam os primeiros raios solares toda a gente trocava o salão de dança pela zona da piscina para saudar a chegada do primeiro sol do ano. E, claro, muitos acabavam dentro d’água, que o calor era sempre muito e os espíritos matinais já estavam um tanto ou quanto desanuviados.

Como já disse, nunca fui hóspede no Hotel Polana. Talvez um dia o seja, talvez não. Mas isso não tem qualquer importância: para mim não haverá nunca outro que se lhe compare em todo o mundo.

A terminar, algumas referências históricas: originalmente “Polana” foi um regulado existente na área que tomou depois o seu nome e que foi incorporado aos poucos no domínio português, a partir de 1887, quando se deu a expansão para além do presídio que então delimitava Lourenço Marques.

A inauguração do hotel ocorreu no dia 1 de Junho de 1922, tendo sido construído em 19 meses pela empresa inglesa Delagoa Bay Lands Syndicate. O valor da obra foi estimada na altura em 200.000 libras.

Texto de Rato

1 comentário:

DANIEL BACELAR disse...

OH RATÃO!!!!
Então que me dizes do nosso amigo Luis a publicar fotografias de Lourenço Marques????
Quem é amigo???QUEM É????