terça-feira, 31 de maio de 2011

MORTE E VIDA SEVERINA 03


TEATRO AVENIDA

Espectáculo patrocinado pelo Ministério da Educação Nacional, Ministério dos Negócios Estrangeiros e com a colaboração da Embaixada do Brasil.

Maio de 1966

O Xico nem precisa de letristas. Faz ele próprio. Mas tem graça que a primeira vez que o vi (tão menino ainda) a “letra” era do poeta João Cabral de Melo Neto. Produzia-se “Morte e Vida Severina” no Teatro Avenida. Xico, autor da música vinha integrado no TUCA (Teatro da Universitário da Universidade Católica de S. Paulo) e também representava. João Cabral, que acorrera propositadamente de Sevilha ou de Marselha para assistir (ver e dar assistência…), estava sentado a meu lado. Creio que nunca tinha visto “Morte e Vida Severina” em cena. Creio que estava a redescobrir o seu texto (pelo qual não devia já nutrir grande admiração, perfeccionista como é…) Quando, no final, os aplausos explodiram e começaram a chamar o autor ao palco, João, sem se virar, cada vez mais enterrado na cadeira, ia-me dizendo apavorado: “Não olha para mim! Não olha para mim!” Acabou por ter de ser. João Cabral foi coxia abaixo, pôs a mão no bordo da ribalta e com agilidade saltou para o palco. Abraços, agradecimentos ao público pela sua estrondosa ovação: João Cabral ao seu lugar. Digo-lhe: “V. saltou com uma facilidade!” E ele, com orgulho de rapazinho: “V. esquece que eu joguei futebol!
Alexandre O’ Neill em “Já Cá Não está Quem Falou”, Assírio & Alvim, Abril 2008.

Nota do escriba: Se forem ao “You Tube”, chamarem por Morte e Vida Severina – Chico Buarque de Holanda, encontrarão vídeos da representação da peça.

Colaboração de Gin-Tonic

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Gin-Tonic!

filhote disse...

Peça de charneira!