domingo, 28 de dezembro de 2014

DESIRE


CBS - S 86003 - edição britânica (1975)

1

Hurricane - Isis - Mozambique - One More Cup Of Coffee - Oh, Sister

2

Joey - Romance In Durango - Black Diamond Bay - Sara

8 comentários:

filhote disse...

No TOP 10 dos meus LPs favoritos. De sempre. E cada vez que me cruzo com um exemplar à venda, quase sempre compro... loucuras...

José disse...

Pois este é dos que não tenho do Dylan. Tudo por causa do maldito violino da Scarlett Rivera.

E tinha tudo para ser um dos meus discos preferidos porque vi anunciado na primeira Rolling Stone que comprei, em Outubro de 1975, que Dylan tinha tocado Hurricane no auditório da Columbia perante o seu presidente de então, salvo erro, Albert Hammond. A foto dessa notícia ficou-me na memória e há um video dessa pequena actuação no You Yube que me recorda a foto.

Quando saiu o disco, foi uma pequena desilusão porque nesse ano tinha ouvido Blood on the tracks e antes Before the Flood. E tinha descoberto as músicas antigas com esse disco ao vivo.

As músicas de Desire, por isso, deixava muito a desejar, para mim.

E ao longo dos anos nunca consegui ouvir o disco que nem tenho em cd.

Coisas.

gin-tonic disse...


Caro Filhote,
O aparecer por aqui é mais para te enviar um grande abraço do que qualquer outra coisa.
A metade do meu cérebro que ainda não adormeceu por completo, lembra-me que das primeiras vezes que andei por aqui a comentariar, foi contigo e a propósito de Dylan.
Andei á procura mas – Caramba!, este Kioske já vai em sete anos de existência e acabei por me perder.
As minhas objecções tinham a ver com um certo desencanto por um Dylan que, de repente, aparecia a dizer:

«A palavra mensagem é triste, triste como uma hérnia.»

«Ninguém gosta de ser definido por aquilo que os outros pensam.»

«Queria ter uma vida normal e poder levar os filhos à escola.»

Lembro-me, ainda, que citei um poema do Manuel António Pina que, depois me pediste que o apresentasse na íntegra e que dizia:

«O café agora é um banco, tu professora de liceu; Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu. Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes, e não caminhos para andar como dantes.»

Lembrava-me também de alguém do «Em Órbita» me ter dito (1967) que Dylan é «um narcisista convicto, um genial cabotino, no sentido intelectual do termo.»

Bom, já agora fica bem ir buscar Joan Baez:

Ele é o ser humano mais complexo que conheci. Eu pensei que seria capaz de entendê-lo. Desisti. Tudo o que sei é o que ele nos deu.

Lembrar ainda que tu disseste que compreendias as minhas mágoas, mas que Dylan nos deixou das melhores canções que se podem ouvir em qualquer tempo.
Bom, mas isto era só a te mandar um grande abraço, agora que estamos frente a um outro novo-velho-ano mas sou um eterno palavroso, perguntam-me as horas e eu começo a dizer como se fabricam os relógios na Suiça.

Mas não gostaria de me ir embora sem dizer que este é um álbum que está na prateleira dourada. Tenho uma ternura sem medida por ele. Arranca com aquele «Hurricane» que os «experts» dizem que está cheia de incorrecções históricas – who cares?! e pelo disco passeia-se uma senhora muito cá de casa, Emmylou Harris de seu nome que me desarma cada vez que a ouço, como agora a estou a ouvir, em «Romance in Durango»

And last but not the least, o disco também tem por lá uma canção, «Sara», nome da minha filha escolhido pelo senhor meu pai, não pela canção mas porque Sara lhe dizia imensidão.
Isto anda tudo ligado.
Agora saio mesmo, até porque tenho um javali ao lume.
Aquele abraço

Anónimo disse...

O inesquecível dueto com Emmylou Harris em “Romance in Durango” sabe mesmo a uns mexicanos “hot chilli peppers in the blistering sun” ( não confundir com essa medonha banda que dá pelo nome destas especiarias, banda que de picante pouco tem).

Em “Sara”, uma referência a um bar de praia portuguesa numa canção dedicada à então sua cara metade Sara Dylan. Terá sido no Algarve, como o indicia aquela samarra da capa porventura adquirida no profundo Alentejo “en passant” para o reino dos Algarves. Isso mesmo, Portugal foi objecto de “Desire”. Cabe dizer que os grandes músicos como Dylan e MCcartney sabiam onde então estavam as boas praias. “Sara” e“Penina” a mesma luta.

Mas além de Portugal, também a ex-colónia Moçambique foi título de música, correspondendo a um desafio lançado ao genial letrista e cantautor para fazer rimas com “ique”, conseguindo então a proeza de oito rimas, pese embora tenha roubado uma delas a Fred Astair ( “cheek to cheek” ) e convenhamos que o desafio seria muito mais complicado se a desafiante rima fosse o viznho “Zimbabwe” ou o mais longínquo Burkina Fasso.

Mas Deixemo-nos de chauvinismos bacocos e vamos ao que interessa.
O álbum foi um êxito que fez espalhar um “ Hurricane” por quase todo mundo.
E Rubin "Hurricane" Carter viria a ser inocentado das acusações de triplo homicídio. Para a próxima, Meritíssimos Juízes e Procuradores, são se fiquem só com a lei penal e oiçam o que os artistas têm a dizer. Vale mais que o “Grand Jury”.

Mas as consequências foram devastadoras sobretudo para o próprio Dylan que não mais atingiria os píncaros que lhe eram inerentes. Há uma linha que separa ( onde é que eu ouvi isto ??) um desejado Dylan até “Desire” de um Dylan muito menos inspirado depois de “Desire” mesmo que mais tarde Steve Jobs o tenha tentado reciclar para o iTunes. Dir-se-ia que a “Desire” se seguiu um desaire e o Hurricane passaria mera tempestade tropical com os violinos a soarem mais ao gosto dos do naufrágio do “Titanic”.

No entanto, pela sua obra, continua a ser o mais consagrado músico popular vivo.

Anónimo disse...

Escrevi a "peça" anterior com 2 graus centrígados de temperatura.
Fazia-me muito jeito uma samarra alentejano modelo Dylan sem falar nos "hot chili peppers".

Onde se venderão ainda tais samarras?

JR

ié-ié disse...

na feira da malveira, acho que é às quintas-feiras. são caras, custam entre 200 e 300 €, mas são de boa qualidade e podem ser feitas à medida e com escolha da pele.

LT

Anónimo disse...

Muito o brigado pela dica caro LT.
Assim o Inverno mais ser muito mais suave.

JR

filhote disse...

A propósito de samarras e chapéus, a foto da capa de "Desire" é uma paródia a John Phillips (admitida pelo próprio Dylan). Sim, o mesmo dos Mamas and the Papas.

E, Gin-Tonic, esta nossa conversa terá de ser recuperada em breve... in loco!!!

Um grande abraço amigo!