quarta-feira, 1 de maio de 2013

A SOMBRA DO QUE FOMOS


MUNDO NOVO - MNLP-001

Lado A

Zé Ferrugem – Juventude – Ida Para a Guerra – O Teu Inimigo – Já Não Sei

Lado B

Abril e Maio – Ponto Com Nó – Companheira de Abril – A Reacção – Canção do Futuro

Textos de ligação de José Jorge Letria ditos por João Paulo Guerra.

Músicas e letras de Samuel, Nuno Gomes dos Santos e José Jorge Letria.

Capa de Vitor Ferreira.

Corria o Verão de 75, nunca mais houve Verão tão quente, verdadeiro território de pecado, quando este disco foi editado.

Todos os anos o Mário Viegas dizia 25 de Abril Sempre!, e com o copo de gin-tónico a caminho da goela, um piscar de olho simultâneo, soltava um para mim acabou no dia 2 de Maio de 1974, ocorre-lhe, de igual modo, alguém, que não lembra agora o nome a dizer que  do 25 de Abril até ao 1º de Maio devo ter dormido, mas não me lembro. Na verdade, o dia mais longo da minha vida não foi bem um dia: começou naquelas horas vertiginosas do dia 25 até ao 1º de Maio, e que continuaram a sê-lo durante uns meses…

Sabe que a muitos ninguém lhes tira aquela alegria, a felicidade que parecia ir acontecer, uma alegria sem preço, em que se deram mãos a gente que nunca se tinha visto antes.

Mas alguém, perdido num canto qualquer de uma qualquer galáxia, murmura: dei eu a minha vida toda por esta merda! ou o Rodrigues da Silva, em desespero das páginas do Popular a escrever numa dobra da história, alguma coisa falhou, algum erros e cometeu, seria altura de saber, onde, como porquê… mas talvez seja demasiado tarde…

Tantas que vezes que se gritou, o povo unido jamais será vencido!,  e um jornalista chileno, que por esses dias aqui andou, a dizer que o grito o arrepiava, também o ouvira tantas vezes em Santiago e depois  foi o que foi, tal como Kissinger dissera não vejo por que teríamos de observar, impassível um país a transformar-se em comunista devido à irresponsabilidade do seu próprio povo.

Uma memória cada vez mais difusa...

Neste flash-back do desencanto, da impotência lembra-se do Zé Gomes a dizer: Saudades de não poder inventar o futuro.

Nota do escrevinhador: o título é roubado a um livro de Luis Sepúlveda.

Colaboração de Gin-Tonic

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