Zeca do Rock, que vivia no Brasil (Campinas) há já alguns anos, encontrava-se doente, hospitalizado. Faria 69 anos no próximo dia 28 de Dezembro. Morreu de uma pneunomia viral, provavelmente causada pela gripe das aves,
Era um gajo bem porreiro!
De seu nome verdadeiro José das Dores, Zeca do Rock foi dos primeiros rockers portugueses, tendo sido o primeiro músico nacional a gravar um "yeah" em "Sansão Foi Enganado", em 1961.
Eu cantava preferencialmente em inglês e usava muito esse tipo de exclamação, principalmente antes ou durante o solo orquestral, explicou um dia.
Nascido em Lisboa no dia 28 de Dezembro de 1943, Zeca do Rock sofreu primeiro a influência de Chuck Berry, Little Richard, Buddy Holly e outros, antes mesmo de conhecer Elvis Presley, que passou a ser então o seu ídolo.
Aprendeu a tocar viola no final da década de 50 com Fernando Alvim e a sua grande oportunidade surgiu em 1959 quando participou no programa "Bom Dia", de José de Oliveira Cosme, na Rádio Renascença, numa rubrica de novos talentos.
Foi aí que nasceu o nome de Zeca do Rock. Carlos Moutinho, apresentador do programa, considerou que José das Dores não era nome apropriado para artista e solicitou um nickname. Zeca, respondeu José das Dores.
Carlos Moutinho rabiscou então “Zeca, o Rei do Rock!”, mas ao ler o papel ao microfone não percebeu a sua própria letra e ficou, até hoje, Zeca do Rock.
Neste programa da Rádio Renascença começaram outros pioneiros do rock nacional, como Daniel Bacelar, os Conchas e Luís Cília que, à época, também se dedicava ao rock.
Depois de ter recusado gravar um EP em partilha com Tonicha, Zeca do Rock gravou o seu primeiro disco em 1961 (Alvorada MEP 60425), acompanhado pelo Conjunto de Manuel Viegas, com “Nazaré Rock” e “Dezassete”, ambas da autoria de Zeca do Rock, e “Menina” e “O Sansão Foi Enganado”, de Manuel Viegas.
Trata-se de um dos primeiros discos portugueses de rock, só batido pelos “Caloiros da Canção”, de Daniel Bacelar e dos Conchas, editado em 28 de Outubro de 1960 pela Valentim de Carvalho (Columbia SLEM 2062).
O estúdio onde gravámos era uma sala centenária na Costa do Castelo. Quando passava uma camioneta na rua ou um avião no ar tinha que se interromper a gravação. Eu estava com amigdalite e fervendo com 39 graus de febre e gravámos em duas horas.
Não foi por acaso que compus, cantei e gravei "Nazaré do Rock" no meu primeiro EP. Foi uma justa homenagem a uma localidade que eu considerava como meu segundo berço. Sou natural de Lisboa, freguesia de Santa Isabel, bairro de Campo de Ourique.
Em 1963, Zeca do Rock participou no filme "Pão, Amor e Totobola", de Henrique Campos, em cuja versão final é cortada mais de metade da sua actuação, em que cantava “Twist Para Dois”, de Aníbal Nazaré e Hélder Martins.
Do filme foi editado em 1963 um EP (Parlophone LMEP 1155) que inclui precisamente "Twist Para Dois". O filme só foi estreado no dia 23 de Janeiro de 1964.
O serviço militar obrigatório terminou com a carreira de Zeca do Rock em 1965, mas na Guiné ainda formou um conjunto de rock que actuou pelos aquartelamentos do território.
Em 1971, Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo gravaram “Lavrador” (Columbia 8E 016 40119), adaptação de uma canção original de Zeca do Rock intitulada “Aguarela Portuguesa”, e em 1972 “God Of Negroes” (Columbia 8E 006 40192), que Zeca do Rock tinha composto na Guiné.
Anos depois, por motivos de ordem espiritual e filosófica, Zeca do Rock mudou-se para o Brasil, onde faleceu hoje.
Em 2008, os Bunnyranch fizeram uma versão de “Sansão Foi Enganado”.
5 comentários:
:((((
D.E.P., grande Zeca.
Um "até já"
Zeca do Rock mantinha um interessante Blog
http://heatherzeca.blogspot.pt/
onde partilhava as suas vivências, emoções e, como não podia deixar de ser, a sua música.
O videoclip de “Twist para Dois” pode ser apreciado aqui:
http://heatherzeca.blogspot.pt/2010/05/video-clip-de-twist-para-dois.html
Era um pioneiro “ye-ye” muito completo e com elevado potencial uma vez que compunha, tocava, cantava e até o veio a fazer no cinema.
Fica um alerta para os responsáveis autáquicos da Nazaré. Seria muito boa ideia e retribuitivo uma toponímica a evocar um pioneiro que deu o nome daquela linda praia a uma das suas músicas.
Rock.I.P.
JR
Fui tomado de surpresa... não sabia da doença... tornei-me amigo virtual de José das Dores há uns 3 anos, e esperava ainda conhecê-lo pessoalmente...
Os meus sentimentos para a família.
Zeca do Rock R.I.P
Merecida homenagem que aqui se presta, a este pioneiro do Rock português, estes sim os pais do Rock em Portugal!
Não o conhecia pessoalmente, mas acompanhei, a sua vida como músico em Portugal.
Ouvidas as suas músicas hoje, dá para ver como se tratavam mal os nossos músicos. Nunca reconhecidos, ou raramente lhes davam uma chance! Este ainda teve alguma visibilidade, mas depressa passou à reserva territorial, desterrado que foi para as bolanhas da Guiné.
Até um dia Zeca.
Descansa em paz!
Á família enlutada, os pêsames do Caínhas, (baterista dos DIAMANTES NEGROS), e dos DN, na generalidade.
Este blogue perde assim mais um fiel seguidor.
R.I.P.
Enviar um comentário