terça-feira, 26 de abril de 2011

TUBARÕES: 1º CONCERTO HÁ 47 ANOS


Quase todos os dias, normalmente depois das aulas, passávamos pelo nosso clube de garagem o “TIC-TAC”.

Aos sábados tínhamos quase sempre audição de novos discos e, por vezes, baile com ensaios de passes para as danças das matinées do Clube de Viseu.


Quanto ao Conjunto, continuávamos a ensaiar na Casa do Adro. Como instrumentos tínhamos as duas violas holandesas Egmond Manhattan, uma viola acústica, a caixa de sapatos e, quando podíamos, uma bateria alugada ou emprestada, mesmo só com a tarola e um prato.


A nossa
playlist iniciou-se com alguns dos êxitos do Cliff Richard incluindo, entre outras, as seguintes músicas: "Evergreen Tree", "The Young Ones", "Bachelor Boy", "Living Doll", "A Girl Like You", "When The Girl In Your Arms". Dos Shadows, só soladas, como "Perfídia", "Apache", "Guitar Tango", "Peace Pipe", "Dance On" e "Sleep Walk". 

Do Elvis ensaiávamos o "It’s Now Or Never", "Tutti Frutti", "Be-Bop-A-Lula". E também outros êxitos da época, como o "Oh Carol", do Neil Sedaka, "America", "La Bamba" e o "If I Had A Hammer", do Trini Lopez, o "Bye Bye Love", dos Everly Brothers, "When The Saints Go Marching In" (Louis Amstrong), "Hello Mary Lou" (Ricky Nelson) e o "Derniers Baisers", Chats Sauvages.


Incluíamos ainda algumas outras músicas instrumentais como as "Crianças do Pireu", e o "Charlston" que eram sempre bem acolhidas pelo público gerando sempre alguma animação na pista. Um pouco mais tarde as músicas dos Beatles.


Foi em Março de 1964 que a Radio Caroline, a mais famosa estação clandestina de rádio, iniciou as suas emissões a partir de um barco localizado em águas internacionais ao largo do Reino Unido.


Foi criada com o objectivo de promover a novíssima música pop e os novos conjuntos musicais que as rádios tradicionais não passavam, e algumas até, boicotavam. A Radio Caroline lançou os novos conjuntos, discos, singles e elaborava uma classificação semanal dos êxitos através do seu Top Ten.


Foi esta a rádio que promoveu os Beatles, Rolling Stones, Who, Animals, Searchers, Kinks, Manfred Man, Hollies, os Byrds e muitos outros, com os lançamentos antecipados dos seus novos singles. Tinha um tipo de locução muito viva e dinâmica que contrastava com a voz pautada e respirada da escola de rádio tradicional.


E nós, por cá, sintonizávamos em FM o programa “A 23ªHora”, um programa da nova geração, dinâmico e com muita audiência junto das camadas jovens, e um pouco mais tarde o “Em Órbita”, no Rádio Clube Português. A música Pop ganhava definitivamente o estrelato.

Em Abril reiniciaram-se as
matinées quinzenais no Clube de Viseu, sempre aos domingos, agora organizadas pelo grupo Arranha Teddy Twist Club (Os Xibos) liderados pelo O.Martins, F.Matos, Palhoto e J.Barreiros.

Era o grupo mais próximo do nosso, cerca de um ano lectivo mais adiantados, e que acompanhavam à distância as notícias sobre a evolução do conjunto.

Surgiu então a ideia de se organizar uma
matinée dançante para a apresentação pública dos Tubarões junto do seu público alvo.

Aconteceu a 26 de Abril com instrumentos e aparelhagens emprestados, em que ainda um dos nossos rádios serviu de amplificador da viola ritmo do Victor, uma Egmond Manhattan.


Foi uma tarde memorável, um grande sucesso com sala esgotada, que gerou uma boa receita a qual permitiu o arranjo do gira-discos do clube, que já apresentava sinais de algum cansaço. Fizémos dois
takes de cerca de uma hora cada com um intervalo e, no final, alguns encore, naturalmente a pedido do público.

Dessa data e para a posteridade ficou esta foto com o nosso primeiro grupo de amigas, fãs e admiradores.


Na foto podem ver-se: (superior, esq/dir.) Sá, António Júlio Valarinho, Tó Fernandes, Tito, Eduardo Pinto, Cristiano e, mais atrás, o Luis Mesquita e o Carlos Alberto, ao tempo dos Ases, com quem partilhámos alguns instrumentos e equipamentos; (meio, e/d) Zé Sacadura, Luis Dutra, Vitó, Zé Merino e Frederico; (em pé) Lena Viegas, Graça Ébil, Anita, Manuela, Helena, Teresa Guerra, Alcina e Dulce.

Este sim foi para nós o nosso verdadeiro baptismo de palco, o nosso primeiro concerto para o nosso público, num palco de boas memórias onde voltámos a actuar inúmeras vezes.



Colaboração de Eduardo Pinto, dos Tubarões

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