terça-feira, 31 de outubro de 2017
O ESTRANHO MUNDO DE JACK
Buena Vista Music Company - CA 91521 (1993)
Overture – Opening – This is Halloween – Jack’s Lament – Doctor Finklestein/In Forest – What´s This? – Town Meetin Song – Jack anda Sally Montage – Jack’s Obsession – Kidnap the Sandy Claws – Making Christmas – Nabbed – Oogie Boogie’s Song – Sally’s Song – Chraistmas Eve Montage – Poor Jack – To the Rescue – Finale/Reprise – Closing – End Title
Nasceu em casa, numa rua da freguesia da Penha de França, parteira (não) diplomada assistiu à paridela, enquanto na cozinha fumegava uma panela com uma canja de galinha, ave encomendada numa quinta do Lavradio, quase a bater na Baixa da Banheira, onde viviam uns tios.
Por trás da rua onde nasceu, eram quintas e a vila do Amaral.
A vila ainda existe, o resto é tudo cimento.
Deu-se mais com os putos ranhosos da Vila do Amaral do que com os rapazes da rua onde nasceu, que raparigas não andavam na rua, olhavam as nossas brincadeiras entre as cortinas das janelas.
Rapazes e raparigas: sempre nos puseram longe uns dos outros.
Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar, com pedrinhas de brilhante para o meu amor passar.
Naquele tempo não havia a americanice do Halloween, negócio importado, era mais «pão por Deus» e nesse pedir andava a malta pelas ruas.
Andou nas púrrias, menino conhó que era, levou mais porrada da que deu, saberia depois que um tal Álvaro de Campos escrevera nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Na Escola Primária nº 68, na Rua da Penha de França, mesmo ao lado do Sporting Club da Penha, era variada a composição alunal.: os de sacola, os de livros, os de cadernos amarrados com uma corda, ou um velho cinto, os de pasta, os de alpergatas, os de botas e sapatos, os ranhosos que passavam o braço pelo nariz, os que tinham lenço para assoar, os de boina e boné e os de cabelo ao vento.
Mundos diferentes, mas uma malta junta: no recreio, nas salas de aula, no levar de ponteiradas e reguadas, naqueles primeiros caminhares que irão dar vagabundos, doutores e engenheiros, gajos da enxada, do carregar tijolo e baldes de massa.
Quem estuda não guarda cabras, há ruas para lavar, campos para cultivar, gritava o professor, encostado ao quadro preto, descarregando a sua provável frustração de professor que não admitia réplicas.
Sonhos e sonhos, mais sonhos, sonhos simplesmente, uns de largas vistas outros de apenas ganha-pão.
«Pão por Deus!».
É provável que no riquíssimo folclore desde Povo Que Canta – tempo para uma chapelada a mestres como Fernando Lopes Graça e Michel Giacometti – existam canções que refiram a tradição.
Também é provável que haja canções de Halloween, não conhece.
Mas sabe de um filme, lindíssimo filme, desenho-animado-musical, criado a partir de um poema de Tim Burton, dirigido por Henry Selick, um confronto entre a cidade de Halloween, bruxas, abóboras, fantasmas, com a alegria festiva da Cidade do Natal.
Texto de Gin-Tonic
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1 comentário:
Excelente esta pequena viagem ao passado, de um lisboeta
de gema. O filme é também uma maravilha em imagens e música.
Talvez por aqui possas ter eco, quem sabe?
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