sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O DANIEL MORREU HOJE


Daniel Bacelar, o primeiro rocker português, morreu hoje de doença do foro oncológico.

Tinha 74 anos.

Considerado o "Ricky Nelson português", Daniel Bacelar foi o primeiro artista português a gravar um rock na língua portuguesa, em 1960, "Fui Louco Por Ti".

Á época, foi dos artistas portugueses que mais EPs gravou, o último dos quais em 1967.

Humilde, mas "teimoso como o diabo" (digo eu!), nunca se sentiu na pele de ser o "grande pioneiro" do rock em português, nem nunca se levou muito a sério.

Sempre se recusou a cantar as suas (belas) canções portuguesas de então, preferindo as interpretações de Ricky Nelson, para desespero dos fãs, como eu próprio, Teresa Lage, Paulo Mar, Paulo Bastos ou Duarte Vilardebó Loureiro.

Um desespero, tal como o foi de se recusar sempre a cantar "Marcianita", um dos seus maiores êxitos, mas que considerava "piroso"!

Mas consegui levá-lo a palco para cantar "Lonesome Town" com Rita Redshoes!

Não me esqueço, Daniel, quando nos encontrarmos, tens mesmo de me cantar a "Marcianita".

Abraço amigo, adoro-te!

Luís Pinheiro de Almeida

11 comentários:

josé disse...

As minhas condolências à família e amigos mais chegados.

Das poucas vezes que convivi com ele fiquei com muito boa impressão e agradou-me a simpatia que mostrava.

CDA disse...

R.I.P.

dt disse...

Foi o blog que permitiu todos esses contactos e não o facebook. Há que honrar o legado que existe aqui. Já agora a Rato Records tem de reeditar os discos do Daniel Bacelar...

Jaime Pereira disse...

O Daniel era inconfundível,único: Boa pessoa, Boa voz, Bom espírito. Tive o gosto de conviver musicalmente com ele e ficam os excelentes momentos vividos. Acho um piadão à cena da "Marcianita" e de tu, L.P.A., estares sempre a pedir-lhe para ele cantar o tema. Ele não acreditava que nós gostávamos de ouvir a música dele. Estava enganado. Gostávamos mesmo!

O Fantasma da Ópera disse...

Descansa em paz.

Anónimo disse...

Pude dialogar com ele aqui mesmo.
Um pioneiro musical em 1962 (ainda antes do fenómeno Beatles, depois destes era muito mais fácil ser ié-ié ). Morreu fisicamente mas não morre o seu legado e o seu lugar na história da música em Portugal.
Custa ver partir frequentadores deste Blog com o relevo do Daniel e do Zeca do Rock.
À família enlutada e amigos próximos envio os meus pesares.
RIP

( Uma insuperável faculdade proporcionada por um Blog como este, por si só suficiente para o Blog não morrer, esperança esta que viu agora alguns alentos após uma longa e sentida ausência )

JR

gin-tonic disse...

Guardo do Daniel Bacelar os comentários mais divertidos a algumas prosas que por aqui fui deixando. Jocosos, por vezes, a descambar para uma saudável brejeirice, o que deixava o dono do Kioske à beira de um ataque de nervos que rapidamente afogava numa garrafa de tinto «Conventual».
O Daniel era um tipo giro e bom. Tinha uma boa voz e creio que, desde o jantar que marcou o primeiro aniversário do «Ié-Ié», lá em baixo em Marvila nas célebres «Manas», (Aida, Fernanda Bacelar, Teresa Laje, o Luís, o Jack Kerouac) que lhe comecei a dizer que não havia da «Marcianita» outra versão tão boa como a dele, excepção feita à de Gal Costa, mas isso são outros quinhentos.
«Tá bem Abelha!», murmurava entre dois sorvos de Coca-Cola.
O Daniel sempre viveu agarrado ao fantasma do Ricky Nelson não lhe permitindo o tal voo de pássaro.
Agora que este blogue vai fazer 10 anos, seria instigante, como diria o Filhote, que, em homenagem ao Daniel Bacelar, o dono do Kioske largasse a infantilidade facebookiana e regressasse às capas, às prosas que, de algum modo, por aqui marcaram um tempo.
Pacientemente temos esperado que isso aconteça.
Não esquecer nunca que primeiro vão-se as ligações, depois as memórias e não podemos esquecer que sem memória não teremos perspectiva de futuro.
rias e tewremos sempre de nos lembrar que sem memória nãoteremos futuro nenhum. Nem que sejam as memórias de coisas tão simples como a capa de um disco, a lembrança de uma canção não colocáveis em caias de cartão mas num blogue ao alcance de viajantes interessados.
Porra Daniel!
Aquele abraço!

ié-ié disse...

vai ser feita gin-tonic, vai ser feita!

obrigado a todos pelos comentários!

LPA

gps disse...

Que descanse em paz

Rato disse...

Ainda não passou um dia desde que te puseste a caminho. Faltavam dez minutos para as 23 horas desta sexta-feira, dia 29 de Setembro de 2017, quando resolveste partir. Não, não te desculpo, meu grande malandro, não se deixa assim os amigos, por dá cá aquela palha! A Fernandinha, tua mulher e companheira de tantos anos, fez-nos o favor de lembrar que não, que não te tinhas ido embora, o que havia era mais uma estrela no céu. Acreditamos nisso, porque tivemos o privilégio de te conhecer: um homem bom, amigo do seu amigo, que encarava a vida sempre com um sorriso nos lábios e uma boa chalaça na ponta da língua. Nunca foste uma vedeta (não tinhas pachorra para essas vaidadezinhas), e quase que pedias desculpa por ter cantado umas canções e gravado alguns discos. «Era um puto de 17 anos», costumavas dizer, e «nunca levei muito a sério essa coisa da "carreira artística", sempre encarei a música apenas como passatempo». Pois é, Daniel, mas quer tu quisesses quer não, a verdade é que deixaste a tua marca na história da música portuguesa. Que diabo, foste o primeiro a cantar rock em português, porra! E ainda por cima com temas da tua autoria! Sempre desvalorizaste o "Nunca" (preferias cantar os temas do teu ídolo, o Ricky Nelson), mas, e disse-to muitas vezes, esse teu tema irá ficar para sempre na memória das gentes. Tive a oportunidade de hoje me ir despedir de ti, mas não o quis fazer, porque prefiro acreditar que ainda andas por aí, pela Infante Santo ou por Paço de Arcos e que um dia destes o telefone voltará a tocar e estaremos de novo juntos, a petiscar umas caracoletas e a beber umas coca-colas. Até já, meu querido amigo!
(in Rato Records, 30/10/2017)

filhote disse...

Os meus profundos sentimentos pelo querido amigo que partiu.

E o Filhote, caro Gin-Tonic, também "diria" que o Daniel sempre foi, e será, das mais instigantes personalidades que conheceu. Como pessoa e artista. Já sofro de saudade...