Simone de Oliveira, como era então conhecida, faz hoje 70 anos. Parabéns!
Não sou grande fã. Nos anos 60, a cantora era "a inimiga", um dos principais expoentes do nacional-cançonetismo (até achava mais graça a Madalena Iglésias).
Mas reconheço a garra e a força de vontade e de querer de Simone. E a esta distância até é possível deliciar o ar sexy que ostentava.
Foi uma fiel intérprete de Ary dos Santos. Fica nos anais da história da música portuguesa a raiva sentida com que entoou aquele "quem faz um filho, fá-lo por gosto" no Grande Prémio TV da Canção Portuguesa, em 1969, perante um País cinzento que se remexeu incomodado no sofá de casa.
Não sou grande fã. Nos anos 60, a cantora era "a inimiga", um dos principais expoentes do nacional-cançonetismo (até achava mais graça a Madalena Iglésias).
Mas reconheço a garra e a força de vontade e de querer de Simone. E a esta distância até é possível deliciar o ar sexy que ostentava.
Foi uma fiel intérprete de Ary dos Santos. Fica nos anais da história da música portuguesa a raiva sentida com que entoou aquele "quem faz um filho, fá-lo por gosto" no Grande Prémio TV da Canção Portuguesa, em 1969, perante um País cinzento que se remexeu incomodado no sofá de casa.
16 comentários:
O poema Desfolhada, todo de sentidos segundos, era na altura, sentido como literal, porque entendido pela gente comum, como descrição de hábito secular: as desfolhadas, em 1970 eram um costume do campo de Portugal.
Hoje, Desfolhada, soaria como algo esotérico e perverso.
A beleza da poesia, reside também na simbiose que consegue atingir com a realidade banal.
Nos dias de hoje, essa simbiose, teria de fazer-se com as "cuvettes" de supermercado.
Aliás, esses segundos sentidos das cançonetas pré-revolução eram das coisas mais elaboradas (e por isso mesmo mais compensatórias para quem se dava ao trabalho de os "descobrir") e que se perdeu a seguir ao 25 de Abril, quando a poesia passou a ser nua e crua despindo-se dos subterfúgios que dantes a alindavam. Hoje estou mesmo convencido de que será um dos poucos "lados bons" das ditaduras: a estimulação do intelecto, na tentativa de "dar a volta", de ludibriar os censores do regime. Muitas vezes não se conseguia, outras vezes atingiam-se objectivos de todo inesperados, mas o gozo era sempre imenso. No campo musical desconheço que alguma vez se tenha feito um trabalho de pesquisa de factos censórios do tempo da "outra senhora". Mas no campo do cinema foi editado há já muitos anos um livro da autoria de Lauro António que contém descrições no mínimo caricatas. Talvez seja uma boa fonte para o nosso amigo YéYé pesquisar.
A peopósito de cinema, no almoço do passado sábado prometeste contar aqui no blog o episódio do "Beau Geste". Terás outros, certamente, mas esse é obrigatório porque é de facto hi-la-ri-an-te!
O problema também reside na carência de letristas e poetas.
O Ary dos Santos, comuna sem remissão, era um bom letrista. A Tourada é uma belíssima composição semiótica.
E outras ainda.
Hoje, não se procura tanto o sentido oculto das palavras, porque está tudo à vista e as metáforas são apenas achados de palavras para sentimentos conhecidos.
Dantes, havia realidades por baixo delas e não apenas os sentimentos que são de sempre e de todos os lados e quadrantes.
Para mim que sempre apreciei o jogo de esconde-esconde, para adivinhar o essencial, as letras da Banda do Casaco por exemplo, lidavam com esse lado ocioso, lúdico e ao mesmo tempo laborioso, no encontro do significado exacto para a sonoridade.
I'm sleeping
And right in the middle of a good dream
Por exemplo, esta letra da cançoneta da Família Partridge ( ouvi recentemente por cortesia do ié-ié), é um achado no modo de soletrar as sílabas, entoando os versos, com a cadência musicada:
"Then all at once I wake up
From something that keeps knocking at my brain
Before I go insane
I hold my pillow to my head
And spring up in my bed
Screaming out the words I dread ....
"I think I love you!" (I think I love you)"
CARO RATO
Tens carradas de razão,mas além desse saudável segundo sentido,também havia uma espécie de solidariedade entre as pessoas contra um "inimigo comum".
Hoje em dia,só não se comem vivos,porque não calha.
Antigamente,tinha de se ter muito cuidado com o que se dizia e quem nos escutava,hoje em dia pode-se dizer tudo....mas ninguém nos ouve.
É o FADO!!!!O nosso,claro!!!
Por causa dessa pretensa dificuldade em publicar obras literárias, antes de 25 de Abril, muita gente supunha que depois do dito, haveria uma produção luxuriante de material de luxo.
Não houve quase nada. O Abelaira publicou para aí umas coisas, uma delas intitulada "O único animal que". O Vergílio Ferreira andou bem com a Conta-Corrente e outros também foram pela via simples das crónicas de Bons Malandros, Walt e assim.
Coisa pouca, fraca e que mostrou que afinal o problema não era a censura, mas apenas falta de criatividade. Em tudo e em quase todos.
E mesmo os que a tinham e têm, estiolaram.
Mas temos sempre um Nobél...
O único inimigo comum que deveríamos ter, chama-se Mediocridade. É um monstro devorador de tudo o que aparece pela frente.
A Censura, também é um dos seus rebentos.
CARO JOSÉ
Absolutamente de acordo,mas relembro com saudade todos os fabulosos poemas de Ary dos Santos magistralmente interpretados por Fernando Tordo e apesar de não ter nada a ver com as opções politicas
de ambos,tiro-lhes o chapéu e inclino-me perante tanto talento junto.(digo isto pois há sempre a mania de misturar as coisas)
A propósito de CENSURA,passou-se um facto muito interessante na RTP MEMÓRIA.
Apanhei a meio um maravilhoso espectáculo ao vivo do Fernando Tordo na Aula Magna em 1985.Claro que fui logo ver quando é que era repetido o que aconteceu ás 3h e tal da matina.Claro que o gravei e vim a descobrir mais tarde que já anteriormente este programa tinha sido transmitido e a sua gravação já fazia parte do meu arquivo.
Reparei então que a gravação antiga,tinha 1h25m e a recente cerca de 55m.
Achei estranhissimo,e vim a descobrir que todas as canções mais esquerdovskies tinham sido cirurgicamente estripadas encurtando o espectáculo para os
tais 55m.
Claro está que a RTP poderá sempre dizer que por questões de programação têve de encurtar o programa!!!POIS!!!
Está-me a parecer que o José Rodrigues dos Santos quando disse que havia censura na RTP não estava assim tão maluco.
O que é certo é que quando aquele senhor "muito bem encarado"que até há pouco tempo esteve á frente dos seus destinos e foi transferido para outro "tacho",a suspensão e previsto futuro despedimento do José ,fôram discretamente anulados.
COISAS !!!!
NÃO ACREDITO EM BRUXAS,MAS.....
E por falar em censura... Quem poderá dizer que a própria capa deste disco foi censurada!
Na capa da 1º edição, o título vinha apenas como "Desfolhada", apesar de ter um autocolante por cima com o nome de "Desfolhada Portuguesa".
Agora não percebi! Achas que houve censura no caso "Desfolhada" e/ou "Desfolhada Portuguesa"? Não dei conta disso. Também não ligava nada ao Festival se não tivesse bandas yé-yé. Sempre pensei que a mudança de título fosse uma questão de marketing para levar o nome de Portugal lá para fora.
LT
fantomas:
Tenho a vaga ideia de que a censura à capa de que fala, "Desfolhada Poruguesa" em vez de "Desfolhada", prende-se com o facto de existir já uma canção registada na SPA com esse nome, e quem fizera o registo ter feito a reclamação e os autores terem sido obrigados a alterar o nome da canção.Mas pode dar-se o caso de estar a fazer confusão...
Pois... pode muito bem ser esse o caso.
Bem, se for isso, então é caso para dizer que não devemos deixar que a verdade estrague uma boa história...
Ahahahah!
MAS DESDE QUANDO É AUE A D. SIMONE É UMA ANTIFASCISTA??????? QUE EU SAIBA ELA NÃO PASSA DE UMA CANTORA LIGEIRA - NÃO COM 50 ANOS DE CARREIRA, POIS PERDEU A VOZ E DEIXOU DE CANTAR - ALINHADA NO NACIONAL CANÇONETISMO DE OUTROS TEMPOS AO LADO DE TANTO OUTROS... NÃO ENTENDO PORQUÊ A RTP LHE DÁ TANTA COBERTURA E TEMPO DE ANTENA? VILA FAIA PORQUÊ A D. SIMONE? COM TANTA ACTRIZ DE GABARITO, POR EXEMPLO A LOURDES NORBERTO E ESCOLHEM A D. SIMONE PARA UM PAPEL DE ACTRIZ? SERÁ QUE A RTP DEU TANTA IMPORTÂNCIA AO ESPECTÁCULO DO COLISEU POR VIR A MADALENA IGLÉSIAS? É POSSÍVEL. E DEPOIS A D. SIMONE TRATOU-A COM INDIFERENÇA NO PALCO, NÃO DEVE TER VISTO O COLISEU EM PESO DE PÉ A APLAUDIR A MADALENA IGLÉSIAS. E QUANTO À POLÍTICA... NÃO É POLITICA? PORRA... PASSA-LHES A MÃO PELO PELO A TODOS. JÁ ANDA LOUCA PARA TER UMA NOVA ORDEM DO ESTADO PORTUGUÊS, E CERTAMENTE ATÉ VAI TER JÁ NO PRÓXIMO DIA 10 DE JUNHO. E O QUE TEM TRABALHADO PARA IR PARA O PANTEÃO! SABE MUITO BEM MEXER-SE. ELA QUE NÃO DEFENDE OS POBREZINHOS MAS AS PESSOAS. QUE TAL COMEÇAR PELA SUA PRÓPRIA FAMÍLIA?
num país cahamdo simone. MULHER SIMPLES, NADA PRETENCIOSA. COMO DIRIA UM GRANDE SENHOR DA RTP: "E ESTA HEIN!".
Etiqueta "Simone" e não "Simon" :)
Jesus Christ! Obrigado, "supervisão"!
LT
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