quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A MINHA CENSURA (01)


Tenho experiência de censura sobre textos meus antes e depois do 25 de Abril. Este é obviamente um exemplo do antigamente.

Como se pode ver, é um telegrama da agência ANI. E o curioso é que a agência noticiosa não tinha censura directa. Os seus jornalistas traduziam os telegramas das agências internacionais (não havia praticamente noticiário nacional) e enviam-nas em simultâneo, via telex, para os jornais e para a censura.

De tempos a tempos, a censura enviava à agência as suas decisões em matéria de cortes e a agência retransmitia-as aos seus assinantes.

Ou seja, os jornais recebiam primeiro as notícias impolutas e só depois os cortes, o que dava origem a diversas artimanhas, como devem calcular. Só que os jornais tinham uma segunda censura...

Gostaria de prestar homenagem a Dutra Faria, um dos responsáveis (e proprietários, segundo creio) da ANI. Era um homem do regime, mas era sobretudo jornalista e nunca se conformou com a censura. Como nunca impôs os seus pontos de vista aos seus jornalistas. Sou testemunha disso.

O "20" nos códigos no canto superior esquerdo pertence a Dutra Faria, enquanto o "LA" me pertence. O resto, já agora, "JH" é de Jorge Heitor, actual jornalista no "Público". "AI" e "AM" já não me lembro, mas serão dos teletipistas.

3 comentários:

Muleta disse...

o AM é do amaro, um funcionário das telecomunicações.
o AI é de um telepista de que perdi o rasto.....

Muleta disse...

att que a noticia é de março de 74 e nao de 73, como está escrito à mão...

ié-ié disse...

Tks, vou já emendar o original!

LT