quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

MOCIDADE EM FÉRIAS


"Mocidade em Férias", de Peter Yates, com Cliff e os Shadows, Lauri Peters e outros, estreou-se no cinema Roma, em Lisboa, no dia 13 de Setembro de 1963, dando origem ao Concurso tipo Shadows, de que já aqui falei.

Na noite de estreia actuaram no palco do Roma Victor Gomes e os Gatos Negros, Nelo do Twist e o seu conjunto e Fernando Conde e os Electrónicos.

Interessante era o aviso nos cartazes e nos anúncios: "rigorosamente suspensas as entradas de favor nas sessões da noite". Ah, ah, ah!

20 comentários:

Rato disse...

Este é, juntamente com o "A Hard Day's Night" dos Beatles, o filme musical mais amado da minha vida.
Vi-o pela primeira vez, também em 1963, no Teatro Manuel Rodrigues, em Lourenço Marques. Tinha portanto 10 anos e na altura, como os Beatles ainda estavam na rampa de lançamento, o Cliff e os Shadows eram os senhores absolutos do meu pequeno mundo musical.
Este filme criou uma moda na altura, as t-shirts esburacadas à Cliff (tive duas, uma branca e outra creme como a do filme), do mesmo modo que um pouco mais tarde vieram as botas ou os casacos à Beatle (que também usei, claro, juntamente com o cabelo que cresceu uns bons centímetros para desespero dos meus progenitores).
"Summer Holiday" parte de uma ideia feliz (um grupo de jovens dentro de um autocarro londrino à aventura pelas estradas pouco concorridas da Europa dos inícios dos anos 60) e foi uma resposta em grande aos filmes que o Elvis lá ia sendo obrigado a protagonizar do outro lado do Atlântico. A trama em si não tem grande importância, mas o filme contém momentos musicais de antologia, como por exemplo os Shadows ao vivo num night-club parisience. "Dancing Shoes" nos montes de feno, "The Next Time" no cenário grego, "Bachelor Boy" ou "Summer Holiday" com o autocarro vermelho como acompanhante priveligiado são outros tantos momentos inesquecíveis.
Revi na semana passada o fabuloso DVD do show do "Last Tour" dos Shadows e também alguns outros de diversas actuações do Cliff ao longo das últimas décadas, de que destaco o "Millenium Show", de 99 e o "Together", com Os Shadows, de 1988.

ié-ié disse...

99% de acordo, companheiro. O 1% de desacordo diz respeito às t-shirts esburacadas de que nunca gostei, nem nunca tive. Mas ainda não perdi a esperança de ter um "red double deck" para ir por aí fora.

LT

Vítor Soares disse...

Amigo Ratão,

Nem de propósito!... A evocação do autocarro londrino no "Summer Holiday" foi o post que eu deixei nas férias no ano passado. Pode ser visto em: http://infoinclusoes.blogspot.com/2007/06/nas-frias.html

JC disse...

As minhas desculpas por discordar, meus caros.O filme é razoavelmente mau, mais parecendo um roteiro de férias patrocinado por uma agência de viagens, (penso ser o 1º de Yates que, + tarde, se redimiria com o clássico "Bullit" e um tb interessante "The House On Carrol Street") Cliff e Shadows, sem Harris e Meehan,já são mais um número de music-hall do que outra coisa qualquer e até a capa do disco é horrível. Ah, e a "pikena" tb era sofrível. Salva-se, único meu ponto de acordo, o double decker.Felizmente Beatles e Stones viriam em breve salvar-nos da depressão...

Rato disse...

Por causa do comentário do jc sempre se adianta, para os mais distraídos, que o Jet Harris e o Tony Meehan apenas pertenceram aos Shadows nos dois primeiros anos, 1960/61. Não esquecendo, ainda, que o "som Shadows" era 90% a guitarra do Hank Marvin. Queres portanto dizer, caro jc, que a partir de 1962 tudo quanto o Cliff e os Shadows nos deram foi music-hall? Ai se a Liza Minnelli lesse isso, ficaria certamente baralhada com o significado da palavra.
Julgo que tinha ficado claro que quando teci os devidos louvores a Summer Holiday" o fiz segundo dois pontos de vista: o da música e o da nostalgia daqueles tempos de inocência. Ao fim e ao cabo, os filmes são como as músicas: há os bons filmes (aos quais este obviamente não pertence) e há os filmes que são parte boa das nossas vidas (e aí ele está de pedra e cal há 45 anos!)

JC disse...

Caro Rato:
O que quero dizer é que Cliff e os Shadows, depois de um ínicio como rockers, começaram rapidamente a descambar para a chamada "música ligeira", e raras vezes de qualidade (deixemos o Liza e o misic hall em paz). Nada de novo ao cimo da terra. aconteceu com muitos, como Presley, p. ex. prefiro, de longe, "Diamonds" ou Scarlet O' Hara" (Harris e Meehan), bem mais próximos do rock instrumental americano, à maioria dos temas dos Shadows a partir de 62/63. E se, como dizes, "90% do som dos Shadows era a guitarra de Hank Marvin", Jet Harris era o leader e o cérebro do grupo, e isso tem a sua importância, não é assim? Já agora, os Shadows, como Drifters, foram formados em 1958 e o seu primeiro tema a alcançar algum sucesso (Feelin' Fine) é de 59. Portanto Harris e meehan não estiveram no grupo apenas em 60 e 61.

Quanto á nostalgia (a propósito: como ficava o "bronze" com as T Shirts aos buracos?), claro que estou de acordo, mas isso não nos deve fazer perder o rigor e o sentido crítico. Há coisas que ouvimos, vemos e lemos por questões de nostalgia, mas devemos reconhecer são más, e a música está cheio delas. Ainda aqui há uns tempos falava disso com o Yardbird a propósito do Atlantis do Donovan, que até ganhou um prémio do "Em Órbita" mas hoje reconheço só o espírito do tempo o justifica. Agora, não podes dizer é que o "Summer Holiday" tem nºs musicais de antologia, por que não tem. Por muito que nos dê um grande gozo vê-los. Então que dizer de alguns musicais americanos? Ou, para não ir + longe, de séries de TV de Dennis Potter cmo "Lipstick On Your Collar"? Valeu?
Abraço
JC

PS: conhecem o Lp "The Shadows Vocals", com os temas cantados do grupo?

Rato disse...

Bem sei que os "Drifters" foram formados em 1958 (aliás tenho toda a discografia), mas o 1º single é já de 1959 (Janeiro): "Feeling Free/Don't Be A Fool With Love" (DB 4263). E não teve qualquer sucesso. Nem podia, pois aquilo é mau demais para ser verdade. Até o próprio Hank Marvin o reconheceu alguns anos depois, que apelidou aquela primeira tentativa de, e cito: "Awful. One of the worst records ever made". A passagem para versões instrumentais durante o resto de 59 ("Jet Black, "Driftin'", "Chinchilla", "Bongo Blues") já foi um pouco mais conseguida, mas apenas o "Apache", em Julho de 1960 faria disparar o grupo. Lembro ainda que o 1º single como "Shadows" sai apenas em Dezembro de 59 ("Saturday Dance/Lonesome Fella" - DB 4387), pelo que não andei muito longe da verdade ao dizer que o Harris e o Meehan apenas pertenceram aos Shadows em 1960/61.
Quanto às T-shirts esburacadas davam um jeitão naquele clima tórrido africano. Para nós que suávamos as estopinhas dia a dia foi mesmo uma grande invenção. E o bronze não se ressentia nada, pois bastava uma manhã na praia para ficarmos todos pretos que nem um tição. Não havia manchazinha que resistisse...

filhote disse...

Engraçado como as referências culturais de países com a mesma língua podem ser tão diferentes...

Sabiam que, ao contrário de Beatles e Elvis, Cliff Richard e os Shadows são absolutamente ignorados no Brasil? E escrevo ignorados, por aqueles que viveram a época... a maior parte ouviu remotamente falar desses nomes...

E no entanto, quando falo de Richard Anthony, Françoise Hardy, Adamo, etc, toda a gente os conhece. E bem!

Não me venham dizer que é por causa da influência norte-americana... os franceses não tinham sucesso nos States, e o Cliff teve-o, bastante - embora esse facto seja desconhecido por muita gente.

Concordo com as ideias defendidas por JC. Mesmo quando cita o inultrapassável Elvis. De facto, a pior música do Elvis foi gravada na década de 60. Porém, em 68 aquele TV Special recolocou ordem no universo. Também, sejamos realistas, comparar o Cliff com o Elvis é como comparar... não existe comparação possível!!!

Rato disse...

Pois se até o próprio Cliff sempre se confessou fan do Elvis. Mais, em muitos espectáculos fazia sempre uma pequena homenagem ao "Rei" e dizia que sem Elvis o Cliff nunca teria existido.
Mas isso não implica concordar com o que o jc afirmou. Da mesma forma que nunca concordei com o John Lennon quando pela altura da morte do Elvis afirmou que ele já tinha "morrido" há muito tempo, desde que regressara da Alemanha.
Pessoalmente senti as influências do Elvis e do Cliff nos meus gostos pessoais em épocas completamente distintas. Entre 1960 e 1964, até ao boom dos Beatles, o Cliff e Os Shadows ouviam-se permanentemente lá por casa. E só mais tarde, em 1969, é que "descobri" o Elvis. Tudo por causa do filme "That's The Way It Is" a que assisti num cinema de Johannesburg em ambiente completamente histérico. Fui portanto um fã tardio, tendo a minha aprendizagem sido feita da "frente para trás", ao contrário do Cliff, que o fui ouvindo no tempo próprio e acompanhando a carreira passo a passo. Hoje, claro, não dispenso nem um nem outro.

Rato disse...

Só para completar o meu comentário anterior sobre o Cliff e o Elvis quero deixar bem claro de que existe o bom e o mau em ambas as discografias. Aliás, como em todas as obras musicais. A excepção serão os Beatles em que realmente foi tudo excepcional (ou "apenas" muito bom).
Agora, para mim, há uma diferença fundamental entre os dois: é que, ao contrário do Elvis, o Cliff fez parte do meu crescimento (entre os 7 e os 10 anos), tal como Os Beatles, posteriormente (entre os 10 e os 17). E isso, quer queiramos quer não, tem toda a importância do mundo!

ié-ié disse...

Também não gosto de comparar Elvis a Cliff e/ou vice-versa, mas se só pudesse levar um disco de um deles para a ilha deserta era Cliff que levava. Por variadíssimas razões, todas elas a ver com o coração em detrimento com os méritos e/ou deméritos de cada um. Tal como o Rato, também Cliff faz parte do meu imaginário de adolescência, ao contrário de Elvis que era o meu pesadelo. Quando o meu irmão mais velho punha Elvis eu fugia de casa, não aguentava. Mais tarde vim a gostar de Elvis, mas só da fase até à tropa. Até admito que Elvis tenha uma carreira mais consistente do que a de Cliff, mas que querem? Cliff e aquele "music-hall" acompanhou-me e às primeiras namoradas. Acresce outro factor: Elvis é um "inimigo" dos Beatles e até denunciou Lennon à CIA e/ou FBI.

LT

JC disse...

Caríssimos:
A minha concordância com o John Lennon!
Abraço
JC

filhote disse...

A importância de um e de outro, Cliff e Elvis, está no legado, na influência que deixaram pelas gerações seguintes.

Em adolescente, época Punk e New Wave, eu ouvia fanaticamente os discos do Elvis, do Gene Vincent, do Eddie Cochran, e do Chuck Berry. E quando o meu pai punha um disco do Cliff a tocar, aquilo soava-me muito "careta". Então quando saiu o "We don't Talk Anymore", meu Deus!

Por isso, defendo que o Elvis, ainda hoje, é bem mais moderno que o Cliff. Bem mais próximo dos Beatles e dos Stones.

John Lennon tinha alguma razão, JC, mas no final dos anos 60, início dos 70, o Beatle estava submerso em drogas e o "rei" vivia o seu canto do cisne. A par das sublimes "Sun Sessions", o melhor LP do Elvis, para mim, é "From Elvis in Memphis"... que grande disco de Rock!!!!

filhote disse...

Ah, esqueci-me de indicar a data de "From Elvis in Memphis"... 1969!!!

JC disse...

Filhote:
As Sun Sessions são de facto o melhor, mas algumas gravações do início do período RCA, em parte "fitas" da SUN, ainda valem a pena. Por exemplo, alguns temas de Jerry Leiber e Mike Stoller. Costumo comparar Elvis a Amália: o período que vale a pena é mtº curto e logo ao princípio!

Rato disse...

Ó jc, mas tu és realmente assim tão selectivo em tudo? É que dessa maneira nunca tiveste o prazer de usufruir de muito boa música pelos anos fora. Por exemplo no caso da Amália, esse período "muito curto" e "logo ao princípio" acaba aonde? Logo nos 78 rotações dos anos 40 ou ainda conseguiste chegar aos meados dos anos 50? Não é por nada, mas o melhor da Amália começa precisamente do meio dos anos 50 para a frente. E vê lá, que quase 20 anos depois ainda conseguiu gravar o "Com Que Voz", em 1970. Se calhar já num período "decadente", mas ainda bem que o gravou (a esse e a outros), ou a cultura portuguesa estaria bem mais pobre...

JC disse...

Rato:
Para o bem e para o mal, sou!!! Sou mtº arraçado, sabes, pouco português!!! Os portugueses é que têm um coração grande... muito abrangente. Confesso que me entendo mal com isso.
Bom, quanto à Amália, vou até ao final dos 50, início dos 60. O meu disco de referência é o "Café Luso". Mas eu sou dos puristas do fado;se calhar demasiado radical, reconheço. Mas achas que vou mudar com esta idade?
Abraço e bom fds
JC

ié-ié disse...

Bom, então eu sou muito mais radical do que JC. Nunca gostei da srº Amália nem nos anos 50, 60 ou até 20, mas soltaram-se-me as lágrimas quando acabo de ouvir "Lady Of The Morning", de Marvin, Welch and Farrar.

LT

O Fantasma da Ópera disse...

Meus caros senhores

Então o "MOVE IT" dos "DRIFTERS" com o "CLIFF"??? de Agosto de 1958,
Ninguem conhece???

Victor
(Carocha)

O Fantasma da Ópera disse...

Vi uma entrevista na BBC do George Harrison Há muitos anos, e ele dizia:-

O "MOVE IT" foi o primeiro disco inglês de rock.

Apareçam e comentem

Victor
(Carocha)