A moda dos comunicados em "Considerado que..." começou com quem e veio de onde?
Palpita-me que temos aqui um viveiro de esquerda em latência e por isso, até esta simples maneira de enumerar razões, deverá ter sido importada de algum lado a leste...
Alguém sabe dizer?
Eu lembro-me de ouvir os primeiros comunicados das organizações que entraram na Revolução. Não sei bem se o primeiro comunicado lido na rádio e na tv, do grupo do Movimento das Forças Armadas, já trazia o relambório de considerandos atrás.
Não me lembro de ler comunicados antes do 25 de Abril, com esta forma de escrita. Quem terá sido o pioneiro? Os intelectuais do MFA? Vítor Alves? Melo Antunes? E onde foram ler em primeiro lugar?
Eu diria que o "Considerando que..." é uma herança directa dos preâmbulos de quase todas as peças legislativas relevantes. Bem vistas as coisas é uma fórmula bastante "Bonapártica"...
É verdade, isso. Quanto ao bonapástico, olhemos por exemplo para o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que começa assim:
1.Considérant que la reconnaissance de la dignité inhérente à tous les membres de la famille humaine et de leurs droits égaux et inaliénables constitue le fondement de la liberté, de la justice et de la paix dans le monde.
E depois continua nos tais considerandos.
Mas o que pretendia saber, era se alguém tem noção da primeira vez que se utilizou por cá essa fórmula e quem foi o autor. E já agora, se a copiou dessa Declaração ou a inspiração veio de outro lado.
Como disse, nessa altura de PREC e até depois disso, toda a comunicação que se prezasse começava pelo "considerando que".
Agora, já não é assim. Agora é mais "nos termos da Lei nº tal de tanto de tal..." Agora é que é napoleónico.
Também tem interesse a notícia, acompanhada de foto, da remessa comercial de 15 milhões de litros de...vinho, para a antiga URSS, o novo parceiro comercial.
Como é que terá sido o negócio? Quanto, quando e como terão pago?
No sapatos, houve também uma coisa assim e que correu mal.
Mas não deixa de ter piada: Portugal, através de cooperativas, a tornar-se em país exportador de vinho para o Estado soviético.
7 comentários:
Gostava de saber uma coisa:
A moda dos comunicados em "Considerado que..." começou com quem e veio de onde?
Palpita-me que temos aqui um viveiro de esquerda em latência e por isso, até esta simples maneira de enumerar razões, deverá ter sido importada de algum lado a leste...
Alguém sabe dizer?
Eu lembro-me de ouvir os primeiros comunicados das organizações que entraram na Revolução. Não sei bem se o primeiro comunicado lido na rádio e na tv, do grupo do Movimento das Forças Armadas, já trazia o relambório de considerandos atrás.
Não me lembro de ler comunicados antes do 25 de Abril, com esta forma de escrita.
Quem terá sido o pioneiro? Os intelectuais do MFA? Vítor Alves? Melo Antunes?
E onde foram ler em primeiro lugar?
Eu diria que o "Considerando que..." é uma herança directa dos preâmbulos de quase todas as peças legislativas relevantes. Bem vistas as coisas é uma fórmula bastante "Bonapártica"...
É verdade, isso. Quanto ao bonapástico, olhemos por exemplo para o preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que começa assim:
1.Considérant que la reconnaissance de la dignité inhérente à tous les membres de la famille humaine et de leurs droits égaux et inaliénables constitue le fondement de la liberté, de la justice et de la paix dans le monde.
E depois continua nos tais considerandos.
Mas o que pretendia saber, era se alguém tem noção da primeira vez que se utilizou por cá essa fórmula e quem foi o autor. E já agora, se a copiou dessa Declaração ou a inspiração veio de outro lado.
Como disse, nessa altura de PREC e até depois disso, toda a comunicação que se prezasse começava pelo "considerando que".
Agora, já não é assim. Agora é mais "nos termos da Lei nº tal de tanto de tal..."
Agora é que é napoleónico.
A propósito do "considerando" vou colocar um post que é uma relíquia histórica e única!
LT
Também tem interesse a notícia, acompanhada de foto, da remessa comercial de 15 milhões de litros de...vinho, para a antiga URSS, o novo parceiro comercial.
Como é que terá sido o negócio? Quanto, quando e como terão pago?
No sapatos, houve também uma coisa assim e que correu mal.
Mas não deixa de ter piada: Portugal, através de cooperativas, a tornar-se em país exportador de vinho para o Estado soviético.
O PREC, sem dúvida teve coisas interessantes.
Gostava de ter assistido á "anunciada conferência de imprensa" do Vasco Gonçalves. Deve ter sido delirante!!!!!!!
Em Abril de 75? Nessa altura, ainda pensava que os países-farol, eram a Suécia, ALemanha e assim. Social-democratas.
Só mais tarde, no Verão, passou a defender que o Expresso era um pasquim, tal como o República e o Jornal Novo do Portela Filho.
E começou a utilizar a linguagem do PCP. Reaccionários! Fascistas! E coisas assim.
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