segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

CINEMA APOLO 70


Ainda por cima, havia uma excelente discoteca e uma livraria no interior do drugstore.

Pedro Rolo Duarte escreve sobre esta evocação.

Mais informação aqui.

17 comentários:

josé disse...

Foi nessa discoteca, nos anos oitenta ( 87) que comprei os LP´s que me faltavam na discoteca fundamental: Grateful Dead, Jorma Kaukonen, algums da série Nice Price, que a Warner alemã então publicou etc etc.

Foi lá que vi pela primeira vez o disco Thing Fish, de Frank Zappa, assim como o Civilization Part III.

Grande discoteca, de facto.

JC disse...

O cinema inaugurou com um western de Abraham Polonsky (uma das vítimas do senador Joseph McCarty) "Tell Them Willie Boy Is Here" ("O Vale do Fugitivo")

Rato disse...

Essa inauguração ocorreu a 26 de Maio de 71, mas somente dois meses depois é que conheci o cinema, quando vim de férias a Portugal. Era então o centro comercial da moda, perdão, o "drugstore" da moda, com pouco mais de 40 lojas (compare-se com as monstruosidades que por aí existem actualmente). Tinha até uma sala de bowling e um snack-bar em baixo que fazia as minhas delícias e que era uma autêntica inovação à época com a sua disposição circular e concêntrica. Será que ainda existe? Há muitos anos que lá não entro.
A programação do cinema (com uma capacidade de 300 lugares) era das melhores de Lisboa (senão mesmo a melhor), muito por "culpa" do coordenador, o conhecido crítico e realizador Lauro António, que nos primeiros anos de vida da sala fez um trabalho a todos os níveis notável (ainda conservo alguns dos magníficos programas com que os espectadores eram brindados às entradas das sessões, quer para os filmes em estreia quer para as chamadas sessões especiais, que iam tendo designações diferentes de acordo com os ciclos apresentados).
O primeiro filme que lá fui ver foi "Os amores de uma loura", no dia 2 de Agosto desse ano de 1971. E o segundo, apenas dois anos depois, quando voltei de férias outra vez, foi um dos meus filmes mais amados de sempre, o "Harold and Maude", traduzido por "Ensina-me a Viver", com música do Cat Stevens. O que eu na altura não procurei pela canção "If you wanna be free, be free"! Só depois de algum tempo é que descobri que ela não fazia parte de qualquer album ou single e só muitos anos depois, já na era do CD, é que a consegui encontrar numa coletânea. Podem imaginar a satisfação que isso me deu passados tantos anos.

filhote disse...

Quase a completar 41 anos de idade, e precoce como eu era nessas coisas de discos, livros e filmes, já faço parte deste clube de nostálgicos.

O Apolo 70 era magnífico em todas as suas vertentes. No subsolo, o tal emblemático snack bar (que competia com o Galeto e as infelizmente desaparecidas Galerias Ritz), a loja de animais que fazia as delícias da criançada, a sala de jogos e até o barbeiro (ainda existe). A discoteca era de facto das melhores (não fazia parte do grupo Compasso/Concorrente?)e foi lá que comprei o New Boots and Panties do Ian Dury no dia em que saiu em Portugal. A livraria, lembro-me que tinha uma boa secção de livros de Rock importados, às vezes expostos nas vitrines do corredor defronte.

4 filmes marcantes do Apolo 70 na minha formação. "What's New Pussycat" com Woddy Allen e Romy Shneider (reprise); "Esplendor na Relva" de Elia Kazan, com Warren Beaty e Natalie Wood (reprise); "As Férias do sr. Hulot" de Jacques Tati; e "O Céu Pode Esperar" com Warren Beaty (estreia).

E quem não se lembra das romarias rumo ao Apolo 70 para ver o "Fernão Capelo Gaivota"?

ié-ié disse...

A canção de Cat Stevens não é antes "If You Want to Sing Out, Sing Out"?

LT

Rato disse...

São os dois primeiros versos:

Well, if you want to sing out, sing out
And if you want to be free,
be free
'Cause there's a million things to be
You know that there are

And if you want to live high, live high
And if you want to live low, live low
'Cause there's a million ways to go
You know that there are

Chorus:
You can do what you want
The opportunity's on
And if you find a new way
You can do it today
You can make it all true
And you can make it undo
you see ah ah ah
its easy ah ah ah
You only need to know

Well if you want to say yes, say yes
And if you want to say no,
say no
'Cause there's a million ways to go
You know that there are

And if you want to be me,
be me
And if you want to be you,
be you
'Cause there's a million things to do
You know that there are

Repeat Chorus

ié-ié disse...

Essa banda sonora já está toda na caixa de Cat Stevens, de 2001.

LT

DANIEL BACELAR disse...

Pois é!!!
Há anos que não passo naquela rua,e no meu subconsciente esta imagem está bem viva.
Tenho de lá voltar!!!!
Já sei que vou ter mais uma desilusão!!!
Há dois dias resolvi ir ao "BLOCKBUSTER" das Amoreiras a pé (milagre!!!) e ao passar na Domingos Sequeira,lá tive de parar para ver as ruinas do meu velho PARIS.
Agora até tem um tapume á volta e os pássaros já nem fazem ninho na janela da antiga cabina de projecção.
Por favôr pelo menos deitem aquilo abaixo,pois é de cortar o coração,até parece um moribundo a tentar agarrar-se á vida que lhe resta!!!!

VdeAlmeida disse...

É verdade, Filhote, a discoteca pertencia ao grupo Compasso/ Concorrente.
Não sei a que propósito chamaram àquuilo Drugstore, mas devia ser moda, porque o 1º centro comercial da capital chamava-se simplesmente Drugstore e situuava-se na Avenida da Liberdade, com os fundos a darem para a Rodrigues Sampaio. Também aí havia uma pequena mas excelente discoteca, que foi onde vi pela primeira vez à venda em Portugal, singles, tal como eram editados em Inglaterra, com aquelas capas de papel. O 1º que comprei foi o Reach Out, I'll be there

ié-ié disse...

Um dos barbeiros do Apolo era o Armando que está hoje a solo no Fonte Nova a 20 euros o corte. Além da fantástica discoteca (sim, tinha os selos iguais aos da Compasso, Sinfonia, Concorrente), da fantástica livraria (exactamente com os livros de rock cá fora nas vitrines), do belíssimo snack cá em baixo e de outras coisas tais, tinha também uma fantástica tabacaria a meio e outras coisas mais.

A propósito, eu vivia perto das Galerias Ritz e ia lá de propósito ver os gajos a fazer aqueles fabulosos gelados. Ficava vidrado naquilo.

Parece-me que o primeiro snack que apareceu em Lisboa foi o "Noite e Dia", naquela que sobe do Marquês para a José Fontana (Duque de Loulé?), ao pé do Centro Cultural Americano, onde a polícia de choque carregou sobre nós que nos manifestávamos contra a guerra do Vietnam. Acho que já vínhamos dos Anjos, onde o Jorge Silva Melo levou um enxerto de porrada no chão à coronhada.

LT

JC disse...

Ena, tanta nostalgia que nos chega a toldar os sentidos!!! O que é facto é que tanto nas Galerias Ritz como no Galeto (no Apolo 70 não me lembro) se comia bem mal, uns hamburgers medonhos. Mas eramos jovens, as namoradas giras (mesmo quando o não eram assim tanto - a qualidade ia variando) e queríamos mudar o mundo, e era isso que valia.
Já agora, o Centro Cultural Americano tem um bom registo de manifs, de sentidos vários. No início da guerra colonial, o regime resolveu organizar uma (espontânea, claro) contra os USA, uma vez que estes apoiavam a UPA/FNLA. Com a conivência da polícia, uns tantos legionários mais exaltados chegaram a partir uns vidros e coisas assim.

Rato disse...

Julgo que o Apolo 70 foi baptizado de "drugstore" por também lá ter uma farmácia.
Quanto a comerem-se hamburgers nas Galerias Ritz e no Galeto...sinceramente, foi coisa que nunca vi por lá. Pelo contrário, comia-se até muito bem nos três snack-bares. No Galeto mantém-se essa tradição, pois fui lá há relativamente pouco tempo. Nos outros dois é que já não entro há muitos anos.
Quanto ao "Noite e Dia" da Duque de Loulé, ele foi, isso sim, o primeiro self-service de Lisboa, ainda na primeira metade da década de sessenta.

VdeAlmeida disse...

Mas o Galeto tinha uma açorda de marisco estupenda, como não era costume comer por cá, e com camarão não congelado, como actualmente! Ainda usavam aquele espectacular camarão de Espinho

ié-ié disse...

Eu só corria esses "snacks" - Galeto, Ritz, Noite e Dia, Apolo 70, Londres - à cata daqueles gelados monumentais em copos gigantes com um chapèuzinho de chuva aberto no topo.

LT

JC disse...

Pronto, pronto, condenado à condição de minoria quanto à qualidade da comida. O camarão de Espinho, hoje em dia, Yardbird,lá bom é, mas custa o preço do ouro em pó!!!

Quanto ao termo "Drugstore" não tinha que ver com a farmácia. "Drugstore" era o nome comum na Europa para os primeiros centros comerciais, que ainda nada tinham que ver com os fashion malls dos USA ou com os mega-centros de agora, em Portugal, uma importação do Brasil. A sua origem, penso, tem que ver com o facto de os 1ºs centros comerciais, nos USA, terem resultado da expansão de verdadeiros "drugstores" (termo original para farmácia, como sabem) que se foram expandindo para outras áreas de negócio. Por exemplo, em Paris, existia o "Drugstore Publicis", um pouco (alguma coisa!) maior do que o Apolo 70,nos Champs Elysées, que em determinada altura ardeu e mudou de sítio.

josé disse...

Drugstore, ainda vá lá que a etimologia é conhecida.

Agora, "Apolo" e "70" é que será o verdadeiro must revivalista. procurar a origem onomástica.

Rato disse...

Tanto quanto sei foi "Apolo" em homenagem à ida à lua em 1969; e foi "70" pelas obras se terem iniciado em 1970.