O Festival de Ritmos Modernos realizou-se nos dias 11 e 12 de Janeiro de 1964 no Teatro Monumental, em Lisboa, com a participação de Zeca do Rock, pela 1ª vez como solista, Nelo e o Conjunto Luís Costa Pinto, Fernando Conde e os Electrónicos, Daniel Bacelar e os seus Gentlemen e ainda Madalena Iglésias e Marina Neves.
Quase 45 anos depois, Zeca do Rock (na imagem com uma foto de 2007) conta-nos o que então se passou:
O Festival foi o mais completo sucesso em termos de rock and roll, com a assistência a gritar, dançar, e aplaudir-nos vibrantemente.
O grande erro foi o Vasco Morgado (talvez para fazer a vontade à Censura) ter tentado misturar cançonetistas tradicionais com intérpretes de rock.
Pela nossa parte, tudo bem, porque éramos colegas e amigos dos tradicional-cançonetistas, mas certo público jovem, cansado da música que lhe era impingida pelas instâncias oficiais, estava ali para soltar o grito do Ypiranga, contra o antigo regime em termos de preferências musicais.
Em consequência, decidiu pura e simplesmente recusar-se a ouvir esses intépretes, vaiando-os e até lançando objectos para o palco.
Lembro-me bem como a pobre da Madalena Iglésias chorou lágrimas amargas nos bastidores após sair do palco vaiada e impedida de actuar. Tive imensa pena dela, que até era uma pessoa simples, educada e simpática e tentei fazê-la compreender que aquela claque revoltada não tinha nada a ver comigo ou com o Daniel Bacelar.
Por acaso eu até achava que ela era uma óptima cançonetista e não merecia nada aquele vexame. Mas o que é que se podia fazer? Tinham sido muito anos de juventude reprimida. Estava a chegar a hora de "o povo é quem mais ordena...
Quase 45 anos depois, Zeca do Rock (na imagem com uma foto de 2007) conta-nos o que então se passou:
O Festival foi o mais completo sucesso em termos de rock and roll, com a assistência a gritar, dançar, e aplaudir-nos vibrantemente.
O grande erro foi o Vasco Morgado (talvez para fazer a vontade à Censura) ter tentado misturar cançonetistas tradicionais com intérpretes de rock.
Pela nossa parte, tudo bem, porque éramos colegas e amigos dos tradicional-cançonetistas, mas certo público jovem, cansado da música que lhe era impingida pelas instâncias oficiais, estava ali para soltar o grito do Ypiranga, contra o antigo regime em termos de preferências musicais.
Em consequência, decidiu pura e simplesmente recusar-se a ouvir esses intépretes, vaiando-os e até lançando objectos para o palco.
Lembro-me bem como a pobre da Madalena Iglésias chorou lágrimas amargas nos bastidores após sair do palco vaiada e impedida de actuar. Tive imensa pena dela, que até era uma pessoa simples, educada e simpática e tentei fazê-la compreender que aquela claque revoltada não tinha nada a ver comigo ou com o Daniel Bacelar.
Por acaso eu até achava que ela era uma óptima cançonetista e não merecia nada aquele vexame. Mas o que é que se podia fazer? Tinham sido muito anos de juventude reprimida. Estava a chegar a hora de "o povo é quem mais ordena...
1 comentário:
Olá Zeca
Lembro-me perfeitamente desta grande "bronca".
Foi uma vergonha,pois a Madalena nem estava assim tão fora do contexto do programa,pois poderia ser considerada na altura a nossa Cely Campello (cantora brasileira muito em voga na altura e que cantava umas versões em português muito bem feitas de sucessos americanos).
Além disso a Madalena era um regalo para a vista,muito jóvem e lindissima (ainda é uma senhora de se lhe tirar o chapéu,com todo o respeito,claro!!)
Foi muito chato,pois ela ia actuar exactamente a seguir a mim e aos "gentlemen" e qualquer pessoa compreenderá que é extraordináriamente desagradável um artista á bôca de cena,tentar fazer o seu espectáculo,e aquela malta toda aos berros:
DANIEL!!DANIEL!!QUEREMOS O DANIEL.!!!
Meus amigos,dou-lhes a minha palavra de honra,que me senti tão mal que vim junto da Madalena,e pedi calma e respeito,pois todos nós não passávamos de putos rockistas e em proncípio de carreira (se é que se pode chamar tal!!)e a Madalena e a Marina eram profissionais com provas prestadas e mereciam respeito.
Nunca mais esqueci aqueles maravilhosos olhos azuis cheios de lágrimas contidas e é curioso que consegui ler o seu pensamento o qual seria mais ao menos o seguinte:
oh filho!!!vai á merda,pois é por vossa causa que eu estou a passar este mau bocado!!
Compreendi perfeitamente,mas nenhum de nós tinha culpa daquela "barraca".
Já não me lembro de como é que aquilo acabou,mas foi muito desagradável.
O público não estêve á altura,e se tivesse aplicado aquela energia tôda noutras coisas mais importantes teria sido bem melhor.
Mas enfim,pois se hoje em dia acontece exactamente o mesmo!!!!....
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