terça-feira, 8 de janeiro de 2008

DANIEL BACELAR LEMBRA ADAMO


A VOZ DO DONO - 7LEG 6051 - edição portuguesa

Eu Amo (J'Aime) - Cai A Neve (Tombe La Neige) - Uma Recordação (Une Mèche De Cheveux) - Ela (Elle)

Adquirido pela minha cunhada Nico no dia 26 de Dezembro de 1967 (sempre o Natal!).

"Tinha eu cerca de 18 anos, e tinha acabado de gravar o tal EP dos "Caloiros da Canção" (na imagem) para a VALENTIM DE CARVALHO e, todos os dias, vindo do liceu Passos Manuel (em Lisboa) , passava pelo Chiado, para me deliciar a olhar para os discos da discoteca Universal, e para passar pelos escritórios da Valentim, cumprimentar o Pozal Domingues e dois dedos de conversa de "chacha" (que diabo!!! era um artista da casa!!).

"Um belo dia, o Pozal vira-se para mim e diz:

"Oh Daniel, recebi hoje de França o disco de um cantor novo e vais ouvir para me dares a tua opinião".

"Pôs o disco a tocar no pick-up, e, depois de eu ouvir, abri a "bocarra" e, todo convencido, lá dei a minha opinião de "conhecedor da matéria"!:

"Oh senhor Pozal (naquela altura havia respeito!!)! Este tipo tem a voz rouca e não canta "nenhum"!!!

"O Pozal olhou para mim e com aquele sorrizinho trocista, disse-me de cima dos seus cento e tal quilos:

"Oh meu amigo, antes de emitir essas opiniões demolidoras, deve-se lembrar sempre que mesmo nas coisas más pode haver algum talento e muito de bom escondido".

"Senti como que um murro no estômago, mais a mais o homem tinha carradas de razão e eu não tinha sabido dominar a minha soberba e tinha metido completamente a pata na poça, mais a mais, o artista em causa era o ADAMO que veio a mostrar mais tarde todo o seu talento numa carreira absolutamente brilhante.

"Há realmente alturas na vida que se brilha muito mais em ficar calado.

"Nunca mais me esqueci deste meu primeiro contacto com o pobre do ADAMO e o juízo precipitado que fiz dele, mas serviu-me de lição e passei a ser mais tolerante e a ter mais cuidado nas opiniões emitidas, tentando evitar assim dar razão áquela velha frase: ENTRA MÔSCA ...OU SAI ASNEIRA"!!!

Daniel Bacelar

18 comentários:

Rato disse...

Curioso, Daniel, esse teu primeiro contacto com o Salvatore. Só que de certeza não aconteceu quando gravaste o EP dos "Caloiros" (1960). Isso porque as primeiras gravações do Adamo são de 1963 e ele só começou a ser conhecido por cá em meados de 64.
Quanto a este único EP cantado em português é um dos disquinhos mais amados aqui do Rato e que mais trabalho lhe deu a reaver (o original lá ficou pelas terras do Índico).
Já o tenho digitalizado, claro, e com um som magnífico. Aliás, já o disponibilizei há algum tempo atrás no blog.

DANIEL BACELAR disse...

Olá Ratão
Sabes que nestas coisas,a idade já não perdôa,e se calhar isto deve-se ter passado por volta de 63 quando gravei o tal E.P. (o último para a Valentim de Carvalho)e parece que ainda estou a ver a cara trocista do Pozal de quem tenho imensas saudades.
Diga-se de passagem,que nestes meus 64 anos em vias de 65,está-se a dar um fenómeno esquisito.
No meu cérebro,estão cristalizadas as imagens originais de muitos sitios de Lisboa que já não existem.
O MONUMENTAL,O ROMA,O CONDES,O ODEON,O EDEN,I RESTELO.etc etc.
Quando digo imagens originais,estou-me a referir ao aspecto que tinham na altura,não agora depois de transfornados em centros comerciais,bancos,boites,etc.
Será que estou a ficar xé-xé???
Pelo menos há uma coisa positiva no meio disto tudo.
Recordar é tão bom !!!
A "malta"mais nova que se der ao trabalho de ler isto,daqui a uns anos,compreenderá o que quero dizer!!!

Rato disse...

Como eu te entendo, Daniel!
Aliás é giro teres falado nas antigas salas de cinema: é que eu, como um cinéfilo dos quatro costados (sim, a música não é o meu único "vício") também tenho todas essas salas dentro da cabeça. Não só as de Lisboa mas também as de Lourenço Marques, onde como sabes vivi toda a minha adolescência. E não são só as fachadas, lembro-me perfeitamente dos interiores de cada uma delas, dos foyers, dos bares, etc. E essa nostalgia das salas e também da "maneira de ver cinema" (pois, até isso mudou, e de que maneira)é tão grande que aqui há uns anos atrás escrevi um artigo sobre esse assunto que até foi publicado num jornal qualquer, na secção das "cartas dos leitores" ou qualquer coisa do género. Sou capaz ainda de o ter guardado e se aqui o Luís Tita achar adequado até lho posso enviar.
Hoje tenho imensa pena de não ter fotografado todas essas fachadas (a única que tenho é a do Monumental, poucas semanas antes de ser demolido. Sabes qual o filme que estava em cartaz? "E tudo o vento levou"...), mas durante a vida temos sempre a impressão de que as coisas são imutáveis e que vão permanecer iguais durante uma eternidade. Impressão errada, como todos nós sabemos. Afinal, tudo muda tão depressa...

VdeAlmeida disse...

Há uma colecção de livros chamada Lisboa Desaparecida, da Marina Tavares Dias, que é muito boa, cheia de fotos que dão a perspectiva do que tem sido Lisboa através dos tempos. Nela se podem ver as fachadas dos cinemas, desde o Monumental ao modesto Paris, agora em ruinas, e ao Chiado-Terrasse, já desaparecido. Pena que cada volume da colecção seja um pouco cara. Mas vale a pena.

Já agora, queria convidar, além do Luís, os habituais comentadores deste blog, a participarem no "levantamento" que estou a fazer no meu blog d'Os Dias da música (http://osdiasdamusica.blogspot.com/), dos melhores "riffs" de guitarra de sempre

Saudações Musicais

Rato disse...

Ainda ontem estive a folhear alguns desses volumes, mas não encontrei nenhuma fotografia de cinemas. Provavelmente foram os volumes errados, eheheh. Tenho de voltar a ver com mais atenção. Essa coleção já vai no volume 9 e é um pouco cara, sim, mais de 40 euros por livro.

daniel bacelar disse...

CARO RATO
Qual "CINEMA PARAISO" (cada vêz que revejo esta obra prima é um vale de lágrimas)relembro os chamados cinemas de "reprise" ou "de bairro"da minha juventude.
Hoje,com grande pêna minha ou são bancos ou lojas de chineses.
Não sei se se lembram,na primeira parte era o fatal western e então,depois do intervalo que era aproveitado (se sobrava do dinheiro do bilhete)para a bica e "morder" as garotas,vinha o filme de fundo.
JARDIM cinema - 5$00 cadeiras de vêrga tendo logo ao lado o salão de bilhares.HOJE UMA SUPER LOJA DE CHINESES
EDEN cinema - Largo de Alcântara (não confundir com o EDEN teatro nos Restauradores)pois era tão "rasca"que nunca ninguém criou problemas por ter o mesmo nome da outra sala de espectáculos.
Logo á entrada,depois da bilheteira e nas nossa costas,estava o ecran,e por baixo....pásme-se!!!os urinois.
Logo á entrada imaginem o simpático odôr que se experimentava.
Hoje julgo que é uma "churrascaria" de 4ª ou 5ª categoria.ESPERO MUITO SINCERAMENTE QUE OS URINOIS TENHAM MUDADO DE LUGAR.
PARIS cinema - Rua Domingos Sequeira ao lado das bombas de gasolina e hoje completamente abandonado,Mete dó ver os pombos fazerem da cabina de projecção hoje sem vidros ,o seu ninho.
Era ali que todos os sábados se passava aquela rábula clássica de um tipo berrar do balcão quando as luzes se apagavam:
ATENÇÃO MALTA DA PLATEIA,VOU MIJAR!!!!
Não consta que alguma vêz tenha acontecido!!!
Pois era,eramos têsos,contávamos os tostôes para o bilhete de cinema,mas divertíamo-nos muito!!!
Hoje...continuamos têsos e não nos divertimos nada!!!!!

daniel bacelar disse...

caro YARDBIRD
Eu também tenho essa colecção "LISBOA DESAPARECIDA"já vai em 9 volumes e vou dar uma olhadela.
Não consigo escrever mais!!!Tenho um nó na garganta pois ao ler os teus comentários e do RATO,as recordações são como um turbilhão na minha cabeça.
obrigado!!!

Rato disse...

ATENÇÃO! ATENÇÃO! MISSÃO ESPECIAL PARA DANIEL BACELAR:
1) VASCULHAR OS 9 VOLUMES À CAÇA DE FOTOGRAFIAS DOS CINEMAS ANTIGOS.
2) APÓS ATINGIR O 1º OBJECTIVO PROCEDER À EXECUÇÃO DOS RESPECTIVOS SCANNERS.
3) A MISSÃO SERÁ CONCLUÍDA COM O ENVIO DE TODAS AS PROVAS, EM EMAIL SECRETO, PARA O COORDENADOR OPERACIONAL (NOME DE CÓDIGO: "RATO")
A PRESENTE MENSAGEM AUTO-DESTRUIR-SE-Á APÓS O TEMPO NECESSÁRIO PARA A MISSÃO SER BEM SUCEDIDA.

Muleta disse...

e o restelo é do bcp e pingo doce

VdeAlmeida disse...

Bom, eu não verifiquei na colecção se apareciam os cinemas, mas ela é tão completa que deduzi que sim. As minhas descuulpas se não aparecerem.
Quanto aos cinemas, frequentava sempre o "palhinhas". Era sair-se da sessão dupla e entrar logo ao lado para uma bilharada ou uma matraquilhada.
Tardes bem passadas, digo eu.
A nossa cidade cada vez vai perdendo mais dos seus antigos "centros" de convívio. Perderam-se os cafés que havia na Av. da Liberdade perto do Parque Mayer, os bifes da Portugália estão uuma porcaria, e já nem bilhar se pode jogar. É uma tristeza ver desaparecer todas essas coisas, mas acho que a vida é assim mesmo.
Depois, também temos alguma cuulpa: queixo-me do desaparecimento dos bilhares e dos cinemas de reprise, mas a verdade é que também há muito que não os frequentava...

abraço para vocês

DANIEL BACELAR disse...

MEUS QUERIDOS AMIGOS
Está prometido que amanhã vou-me dedicar a descobrir os velhos cinemas nos volumes de "lisboa desaparecida".
Agora tenho de me ir "arranjar"pois hoje é dia de mais uma tertúlia no café VÁ-VÁ no largo dos E.U.A.
Hoje vai lá o Marcelo Rebelo de Sousa (bem curtido)como convidado aturar a malta.
SE QUEREM SABER NOVIDADES,procurem no "google"em VÁ-VADIANDO.
É sempre organizado pelo LAURO ANTÓNIO (LAURO DÉRMIO)e aquilo já é uma autêntica familia a relembrar as velhas tertúlias do VÁ-VÁ.
Dêvo-lhes dizer que nas fotografias dos diversos encontros,estou lá mais a Fernandinha e a minha mamâ que já vai nos 91anos

ié-ié disse...

Vocês são umas torneiras a escrever:

1 - Sim, Rato, quero o texto sobre a "maneira de ver cinema"!

2 - Ai o "Jardim Cinema"! 'Tava lá sempre caído. Dois filmes por 5$00 (poltronas) e 3$50 (nas vergas). E depois, claro, o snooker ao lado.

3 - "Riffs", sim senhor, já vi o blog. Vou ver melhor, mas o de que me lembrei logo - claro - foi o riff com o primeiro feedback da história do rock: "i feel fine".

Vamos ao jardim Cinema?

LT

filhote disse...

Como já tenho 40 anos, frequentei todos esses cinemas, todos! O Monumental (o melhor primeiro balcão de todos!), Império, Condes, Lido, Promotora, Paris, Condes, Eden, Roxy, Mundial, Caleidoscópio, Apolo 70 (ainda existe?), Europa, Jardim Cinema, Roma, Restelo, São José (Cascais), São Jorge, Tivoli, Berna, Àvila, Nimas, 444, 222, Satélite, Estúdio, Alvalade, Castil, etc, etc, etc...

Ia muito com os meus primos ou a minha avó. Assistir às estreias, mas principalmente às reprises. Os Charlots e os Tarzans no Caleidoscópio. Ben-Hur, My Fair Lady, E tudo o vento levou, Patton, Os Canhões de Navarone, Apocalipse Now, A queda do Império Romano, e mais uma centena deles no Monumental. Tora Tora Tora no Condes. Os 007 no São Jorge. O Lawrence da Arábia no Europa...

Que saudades!

(ajudem-me... como é que se chamava aquele cinema no Arco do Cego?... ia lá muito)

filhote disse...

Uma revolta: mais escandaloso que o final do Jardim Cinema, o cinema propriamente dito, foi terem acabado com aquele inesquecível salão de jogos. Passei lá toda a infância, adolescência, e parte da idade adulta. Lá, aprendi a jogar matrecos (era um craque!), snooker, bilhar, e ping-pong!!!

Não me conformo!

VdeAlmeida disse...

No Arco do Cego não era o Avis?
Acho que era. Um cinema que a determinada altura só quase dava filmes indianos.
Ah! o salão de jogos do Jardim Cinema era o sítio da miha perdição.
Nunca me esqueço daqueles matrecos com pés de madeira que permitiam marcar golos de cabeça!

daniel bacelar disse...

olá Pedro
o Cinema no Arco do Cego,chamava-se AVIS e há muitos anos ainda eu era miudo e possivelmente tu não passarias de pensamemtos heróticos na mente do teu pai na adolescência,chamava-se Palácio
Ainda estamos á espera do teu e-mail a contar novidades!!!!!
Um abraço e beija as "brotinhos"todas em meu nome (a Fernanda que não lei isto!!!)

filhote disse...

O AVIS, exactamente. Como a minha avó vivia no nº79 da Duque d'Àvila, frequentava muito essa sala. Foi lá que vi uns filmes manhosos do Homem-Aranha (parecia que andava de pijama), e do Kabir Bedi (Sínbad, o marinheiro). Também me lembro de um filme fantástico passado na 2ª Guerra que se chamava A Passagem (nunca mais o vi).

Caro Yardbird, como tenho saudades desses golos de cabeça. Acho que a grande diferença das mesas do Jardim Cinema residia nas bolas de madeira (maiores e menos duras) e não propriamente nos pés dos "jogadores"... mas talvez sejam as duas coisas...

Daniel: aguardem o meu mail... ele vai chegar!

DANIEL BACELAR disse...

Caro PEDRO (filhote)
Aguardamos com expectativa o teu e-mail para saber novidades!!!