REPRISE RVEP 60089 - 1966
Não sou especial fã de Frank Sinatra, gosto qb de "Strangers in The Night" mas, sobretudo, aprecio esta capa. Adquirido no dia 01 de Setembro de 1966.
O "Em Órbita" não teve a mesma opinião do que eu e elegeu "Strangers Of The Night" como "a pior canção de 1966", justificando-o no dia 29 de Dezembro de 1966:
"O nome e a pessoa de Frank Sinatra estão absolutamente fora de discussão, pois se trata de um vocalista e de uma das personalidades mais notáveis, sob muitos aspectos, dos últimos 20 anos (não estou nada de acordo, mas enfim...).
"Em consequência disso, não há justificação possível para Sinatra, com todo o seu pestígio, ter gravado e lançado, com o aparato publicitário esmagador só ao alcance da sua organização, um disco single fundamentalmente mole, inexpressivo, fácil, deslocado da sua época, incoerente com a personalidade e a vida do seu intérprete, um disco concebido deliberadamente para fazer aumentar a cotação de Sinatra no mercado mundial do disco.
"A uma melodia vulgar acrescentou-se uma letra de péssimo gosto, de intenções duvidodas, poeticamente mal cosntruída, feita para agradar a espíritos anestesiados".
Não sou especial fã de Frank Sinatra, gosto qb de "Strangers in The Night" mas, sobretudo, aprecio esta capa. Adquirido no dia 01 de Setembro de 1966.
O "Em Órbita" não teve a mesma opinião do que eu e elegeu "Strangers Of The Night" como "a pior canção de 1966", justificando-o no dia 29 de Dezembro de 1966:
"O nome e a pessoa de Frank Sinatra estão absolutamente fora de discussão, pois se trata de um vocalista e de uma das personalidades mais notáveis, sob muitos aspectos, dos últimos 20 anos (não estou nada de acordo, mas enfim...).
"Em consequência disso, não há justificação possível para Sinatra, com todo o seu pestígio, ter gravado e lançado, com o aparato publicitário esmagador só ao alcance da sua organização, um disco single fundamentalmente mole, inexpressivo, fácil, deslocado da sua época, incoerente com a personalidade e a vida do seu intérprete, um disco concebido deliberadamente para fazer aumentar a cotação de Sinatra no mercado mundial do disco.
"A uma melodia vulgar acrescentou-se uma letra de péssimo gosto, de intenções duvidodas, poeticamente mal cosntruída, feita para agradar a espíritos anestesiados".
24 comentários:
Caro Luis
Não estás sozinho na tua crítica ao "Em órbita"pois como todos sabemos somos a terra do 8 ou 80 e contra isso já não há nada a fazer.
Este programa do RCP foi responsável pela divulgação da melhor música anglo-saxónica da altura,tudo isto,porque tinham uns amigos em Londres (gente com critério)que lhes fazia chegar ás mãos o que se fazia de melhor por aquelas paragens.
Claro que é de louvar o seu apoio ao lançamento da "LENDA DEL REI D.SEBASTIÃO"do Zé Cid.mas é de lamentar que ás duas por três,se tenham convencido que eram experts na matéria e desataram a fazer "borradas" como esta do Frank Sinatra (parece que é esta a nossa Sina:Começar bem e acabar mal!!!)
Pelo menos não podemos deixar de elogiar terem muitoa anos antes previsto com este "começar bem e acabar mal"um fénomemo que surgiria mais tarde conhecido pelo "fenómeno Sócrates".parabéns!!!
O velho Frank Sinatra,é alguém que já nessa altura sabia mais destas coisas da música de que todos nós de olhos fechados,e fazer esses comentários ao "strangers in the night"só pode ser levado á "falta de calo" e inconsciente juventude desses senhores,que lá por terem apresentado umas novidades enviadas e seleccionadas por outros,se acharam no direito de "cagar sentenças"(desculpem o termo mas é o que encontrei de mais suave").
o "Em òrbita"passou,mas imaginem lá....o Frank ficou.
Isto há coisas do diabo!!!
Todo o mundo está errado,os "crakes" (com t)do "Em órbita"é que estavam certos com esses comentários....Pois!!!
Isto de ser jóvem "inconciente"e ter um microfone aberto para dizer asneiras,é uma chatice.
Eu bem sei,que depois as pessoas crescem,mas o mal está feito.
Claro está que o velho Frank Sinatra nem deve ter dormido quando soube da opinião destes senhores!!!!!
Começar bem e acabar mal!!)
Em favor do "Em Órbita":
"Strangers In The Night" representa, condensando-o e de modo emblemático, aquilo que o "Em Órbita" sempre combateu, em termos musicais e não só, propondo, em alternativa, uma radicalidade e uma abordagem social e ao "sentido do gosto" que fez dele muito mais do que um mero programa de rádio: uma nova forma, diferente, de encarar o mundo e a vida. Apenas posso lamentar os que não o entenderam. Ver mais em http://eusouogatomaltes.blogspot.com/2007/04/histrias-da-msica-popular-38-especial.html
JC
Tens o meu incondicional apoio, caro Daniel - acertas em cheio na "mouche"! Com intransigências e sectarismos bacocos não se vai muito longe. Evidentemente que naquela altura a ânsia de conhecer o que por cá raramente se ouvia em muito facilitava o endeusamento dessess "senhores da rádio", como se de "iluminados" se tratassem. E alinhava-se em tudo, mesmo que os nossos sentidos inconscientemente nos alertassem para as asneiras proferidas. Afinal "em terra de cegos quem tem um olho é rei". Felizmente que sempre tive os dois bem abertos, os ouvidos, quero eu dizer.
Pois eu, estou completamente de acordo com os produtores do Em Órbita. Aliás, creio que o DB não leu completamente os fudamentos da crítica. Nele se frisa que "O nome e a pessoa de Frank Sinatra estão absolutamente fora de discussão", pelo que é um pouco despropositada a afirmação de que "o "Em òrbita"passou,mas imaginem lá....o Frank ficou.
Isto há coisas do diabo!!!"
Portanto, é necessário distinguir as coisas, e não misturá-las: o que estava em causa era a canção e não o Sinatra (que também nunca apreciei, nem como vocalista, nem como pessoa, mas isso sou eu e os meus gostos e nada tem que ver com o assunto).
E a canção, além de tudo o mais, tinha uma lírica de mau gosto, cheia de innuendos, para além daquele inenarrável dubidubidu que encerra em si toda a vacuidade da canção.
Várias notas:
1. Nasci em 1967. Por isso tenho a vantagem (ou desvantagem)de nunca ter ouvido o "Em Órbita".
2. Até há uns 5/7 anos atrás pensava que os discos de Sinatra não passavam de "xaropadas" para velhos. Cheguei mesmo a defender que o Tony Bennett seria um artista superior.
3. De súbito, "descobri" que a carreira de Sinatra não se limitava à época baladeira/Pop da Reprise (editora criada por ele). E fiquei espantado com a genialidade dos "RCA" e "Capitol Years" (anos 40/50). "Songs for Swingin' Lovers!", por exemplo, passou a figurar no meu TOP de obras-primas!
4. Sinatra foi o melhor intérprete de Swing de todos os tempos. Ponto final. E cada vez que leio a descrição de George Harrison sobre a gravação de "My Way" - que ele assistiu -, dá-me arrepios. Segundo o "Quiet One", Frank chegou entrou no estúdio, cantou uma vez, e "já está"!
5. Acrescento que Sinatra foi também um excelente actor. Basta ver "From Here to Eternity" (1953), filme que lhe deu o Oscar de melhor actor.
6. Os radialistas do "Em Órbita" calculo que fossem os "Galopins" da sua época. Sempre à frente das modas, mas também comprometidos com a imagem elitista criada. O Galopim, por exemplo, dirá sempre mal do McCartney e do Elton John por que fica-lhe mal dizer bem - às escondidas, ouve ABBA e Duran Duran compulsivamente...
7. Milhares de canções foram gravadas naquele ano. Alguém acredita que "Strangers in the Night" fosse a pior????? O público não concordou com a escolha, e a música popular é para isso mesmo: para ser popular!
Meu caro Filhote (e peço desde já desculpa ao Luís por estar a entrar em diálogo no seu blog)
- Como já frisei, os responsáveis pelo Em Órbita diziam a determinada altura que o Frank himself não estava em causa.
- É evidente que deverá ter havido canções piores que o Stangers, gravadas durante esse ano. Mas porventura, quem as gravou, não tinha a responsabilidade que o próprio Frank ganhou para si com a sua carreira (como já disse, não sou um admirador do Frank, mas respeito a carreira que construi), e foi provavelmente nesse ponto que os responsáveis pelo Em Órbita se basearam para a nomeação.
- Quanto à opinião do público posso dizer, que nunca me pareceu quue o "alinhamento" pelo mainstream fosse uma prioridade para o Em Órbita.
- Já agora, o público também elege o Tony Carreira e o Emanuel como campeões de vendas. Não é esse facto que atribui mais qualidade à "música" que fazem
Como já disse, "Strangers In The Night" vale, e valeu para o "Em Órbita", como símbolo. Não sendo um apreciador de Sinatra, da sua música e da sua vida, sou de Elvis Presley, da sua fase SUN e das primeiras gravações para a RCA. Foram o gesto fundador do rock n' roll. No entanto,sou feroz crítico da maior parte da carreira de Elvis e, exactamente por isso, não me importaria nada de eleger muitos dos seus temas para piores do ano. A começar logo por "It's Now Or Never", por exemplo. Há quem tenha obrigações, deveres, não é assim?
Cumprimentos
JC
Enfim, comparar o Tony Carreira e o Emanuel com o Sinatra...
O "Em Órbita" não alinhava pelo "mainstream"?????????????????????????????????????????????????????
O que eram Beatles, Stones, Beach Boys, Hendrix, Who, Doors, Moddy Blues, etc, etc, etc??? Não eram os campeões de vendas da época? Se calhar estou enganado...
É tudo uma questão de gosto...
"Yesterday", "All You need is Love", ou "Nights in White Satin" não tocavam no "Em Órbita"?
Quando vejo os vídeos dos Beatles e dos Stones (para citar dois exemplos) deparo com adolescentes de 12/13 anos aos gritos...
... dá-se o nome de mainstream à música predominante de uma determinada época.
Mas, não confundam as minhas palavras. Não disse que gostava de "Strangers in the Night" - até detesto -, e acredito que o "Em Órbita" tenha sido um programa primordial e absolutamente de charneira.
Ainda não acabei...
1. Claro que compreendo o critério da escolha do "Strangers in the Night" como "pior do ano".
2. Quando citei a canção do Sinatra como eleita pelo público, não me referia à sua qualidade musical (releia a passagem, Yardbird), mas sim, à sua popularidade. Coisas completamente distintas. Mesmo assim, questiono: que qualidade? a dos instrumentistas? do vocalista? da produção? da composição? ou do conceito estético da obra, de acordo com o nosso gosto mais refinado?
3. Justiça seja feita... considero o Tony Carreira o mais "caipira" dos cantores portugueses. A falta de gosto dele até me dá arrepios - aquele vibrato na voz...
Porém, a seriedade e qualidade musical investidas no trabalho do T. Carreira são intocáveis!
Colocando a polémica de lado... rsrsrs... embora também sejam estas discussões a dar vida ao blogue... a opinião de um YARDBIRD merece sempre o meu total respeito!
queridos amigos YARDBIRD,FILHOTE,JC e mais malta do "reviralho"que queira partecipar.
Estou desde manhã a tentar responder ao Yardbird mas claro ,como sou um grande nabo,a meio do discurso não sei em que raio de tecla carrego e apago tudo.
Já é a terceira vêz e confesso já tinha desistido!!!
Reparei agora que há mais malta a participar e por isso ai vou eu outra vêz.
Ninguém tira o valor ao "EM ÓRBITRA" e á rapaziada que tinha por detrás.
Simplesmente acho que se deixaram endeusar e cairam na vulgaridade e piroseira do tal concurso do pior disco de 1966.
Todos nós sabemos que nestas consultas ao público,há sempre o 8 ou o 80.
Claro está que por cá,levamos com o Tony Carreira,o filhinho Mikael,e o grande intelectual do "pimba"Emanuel (que adoro ouvir a auto elogiar-se e dizer:Sim!!pois isto não,é para qualquer um!!!!os meus arranjos têm muito que se lhe diga!!!)
Cada um come do que gosta,e contra isso não tenho nada a dizer excepto que também temos direito ao nosso ridiculo e desgraça.
Quanto ao velho FRANK,é um homem que merece o nosso respeito não só pela sua brilhante carreira mas escolha de reportório.
Não percebo a embirração de alguns pelo "strangers in the night"pois até acho que é uma canção bonita e bem construida.
Será que o seu extraordinário sucesso fêz muita confusão e "dôr de cotovêlo"a certa gente???
Julgo que sim!!!
De qualquer maneira,reparem que esta canção foi um enorme sucesso a nivel mundial,portanto das duas uma:
Ou todo o mundo é piroso e não tem gosto,ou a rapaziada do "EM ÓRBITA"é que tem razão.
POR AMÔR DE DEUS NÃO SEJAMOS RIDICULOS!!!(e olhem que não sou religioso!!)
Quanto ao teor da letra,por favôr dêm-se ao trabalho de traduzir a maior parte (se não todas)dos maravilhosos hépicos da época,e terão grandes surpresas e gargalhadas.
NÃO COMPLIQUEMOS NEM NOS ARMEMOS EM INTELECTUAIS QUE NUNCA FÔMOS.
SE ASSIM FÔSSE A VIDA ERA UMA CHATICE.
Foi por essas e por outras que o "EM ÓRBITA"se transformou num enorme bucejo,perdeu a jovialidade do principio e como tudo o que começa bem nesta terra,acaba mal
É O NOSSO FADO!!
Mas ainda bem que há estes "blogs" para se poder livremente trocar ideias mesmo que não se concorde com elas
Duas notas.
para Filhote:
classificar Beatles, etc, como "mainstream", apenas por serem os mais vendidos, é não entender o espirito da época e a ruptura que o rock, o blues revival e a british invasion marcam na música e nos comportamentos sociais. É tudo menos isso, é algo que é construído contra o mainstream, contra o way of living da geração anterior. Por cá, pelo Portugal da ditadura, foi atacada como batuque de "pretos" e fomentadora de comportamentos "desviantes" na juventude e o "Em Órbita", só possível pelo início das emissões em FM, era um programa de minorias. As maiorias ouviam o "Clube das Donas de Casa" e os "Parodiantes de Lisboa", mas tb alguns programas c/ mais pretensões e por aqui citados. Para perceber o que era o "mainstream" olhe para as tabelas dos USA e UK antes de 54/55
Para D.B (é quem eu penso?):
o conceito que rock n' roll introduz, como arquétipo, e marca a ruptura musical e social é exactamente o contrário da canção bonita e bem construída. Ou acha os blues, na base de toda essa ruptura, canções bonitas e bem construídas? Quanto à questão das "letras", claro que as do r n'r não serão mtº elaboradas, mas, maioritariamente, vão tb ao encontro das aspirações e problemas do dia a dia dessa nova geração, do conflito com a anterior e das novas formas de amor e de viver a vida, tal como as do blues, mtº simples e mtªs vezes "escritas" por analfabetos, correspondiam aos problemas sentidos na vida do dia-a-dia dos negros americanos (i.e. na sua migração para o norte e nos tempos da grande depressão). Quando o "Em Órbita" se refere à "letra" do "Strangers" é mtº o seu afastamento desses novos padrões que está em causa.
Dixit.
Cumprimentos
JC
Só um pequeno comentário: O "CDC" (Clube das Donas de Casa) era o que era, mas conseguia ter música que, em muitos casos, era bem superior à restante programação da rádio. Lembro-me, por exemplo, de que foi no CDC que ouvi, pela primeira vez, "Devil In her Heart", pelos Beatles. Que outro programa passaria?
LT
Meu caro Filhote:
O nosso amigo JC já se adiantou e disse muito daquilo que eu poderia dizer e pouco mais haveria a acrescentar.
E ele tem razão, os Beatles ou os Stones não correspondiam ao mainstream de então. Mas é claro que á distância de 40 anos é difícil de conceber tal ideia, e entendo a sua dificuldade vista que está a sua idade.
Tenha então em conta duas coisas essenciais:
- que o Em Órbita não emitia na Grã Bretanha ou nos EUA, nem em qualquer país evoluído, mas sim em Portugal onde as barreiras ao desenvolvimento não se limitavam ás estabelecidas pelas fronteiras e eram sobretudo culturais. Não se esqueça que nessa altura era mais importante mandar "beber vinho, porque dava de comer a 1.000.000 de portugueses", do que proporcionar o acesso à cultura (aliás, nem a alfabetização era uma prioridade, basta verificar a percentagem de analfabetos que havia ainda nos anos 60).
- Que as tabelas da altura a que agora tem acesso, são precisamente as desses países e não do nosso. Por cá, reinavam Calvários, Garcias e outros que tais. Por cá, os discos dos Beatles, Stones e muitos outros, eram comprados essencialmente por adolescentes ou pós-adolescentes e era preciso que tivessem possibilidades económicas (muitas vezes andei a pé quilómetros para juntar aos 2$50 e 5$00 das semanadas, para poder comprar aquele disco que me interessava). A geração mais antiga, tratava depreciativamente esses "devaneios" da juventude, e muita vez, como refere JC, alcunhavam a referida música como "batuque de pretos". Aliás, se tiver o cuidado de rever alguns excertos de críticas da época que o Luís já aqui publicou, verificará da arrogância em relação aos intérpretes, que delas transpira (numa delas lembro-me até de uma previsão de que a fama dos Beatles seria sol de pouca dura!)
Ah! e não comparei o Carreira ou o Emanuel a Sinatra. Só quis demonstrar que o que é popular e o que mais vende, nem sempre é sinónimo de qualidade.
Não classifiquei os Beatles como mainstream pela quantidade de discos vendidos. Estávamos a falar de 1966, certo? Os Beatles não eram mainstream?
Meu caro JC, Portugal é que era um atraso de vida nessa época!
Os Beatles faziam filmes para toda a gente, de todas as idades (fantásticos, por sinal), ganhavam grammies, e RECEBIAM CONDECORAÇÕES DA RAINHA!!!!!!!!!!
Tenho um tio inglês que me diz que os Beatles eram os meninos queridos de avós, pais, filhos e netos. Eram o orgulho nacional! As maiores figuras do establishment!
Aliás, logo no início de carreira, eles tocaram no Royal Variety Show... e o que tocaram?... "Till there was You" (sucesso de Peggy Lee)...
A irreverência dos Beatles era olhada com um sorriso compreensivo. Até a minha avó - fez agora 87 anos -, os adorava!
Sinatra, Ray Charles, Tom Jones, Elvis, todos faziam versões das canções dos Beatles...
Mainstream na Indústria Pop significa CORRENTE MUSICAL PREDOMINANTE, como muito bem dizia Leonard Bernstein... e o mesmo compositor/regente sublinha no seu famoso programa: << nos nossos dias, são estes 4 simpáticos rapazes que dominam o Show Business"(1965)... não era o Sinatra, nem o Elvis, eram eles...
E é óbvio que em 54/55 os Beatles não podiam ser mainstream... não existiam!
Ainda se falássemos dos Sex Pistols... aí sim, tratou-se de uma reacção ao mainstream!
É claro, os portugueses na época viviam muito longe de Londres ou Nova York... por que programas de rádio como o de Lester Bangs acusavam os Beatles de "grave comprometimento com o poder instituido" e aconselhavam os putos a ouvir Velvet, Stooges, Doors...
Ah, caro JC, e o "Georgia on my Mind" (Ray Charles), ou o "Love Me" (Presley), por exemplo, são canções bonitas e bem construídas... raizes?... Gospel, Blues, Country, claro...
Filhote:
1. Portugal era, de facto, um atraso de vida. Nada a contra argumentar, portanto. Mas, por isso, o "Em Órbita" só poderá ser compreendido no contexto do país de então. No UK e nos USA os programas de rádio eram mtº diferentes e em Portugal a música mainstream tb (Madalena Iglésias, António Calvário, cantores sul americanos e por aí).
2. Os anos 60 são uma época de ruptura global (política - JFK e governo labour no UK -,social, costumes, etc) da qual a música foi uma das suas facetas mais visíveis. Aconselho-o a ver uma série de programas que recentemente passaram na TV, penso que no canal "História". Claro que dentro dessa ruptura os Beatles são talvez os que mais fazem pontes c/ o poder instituído mas mesmo o cinema que faziam era irreverente e inovador (retorno ao burlesco). Quanto às avós, orgulho nacional, etc, "não os podes combater junta-te a eles" - e transforma-os, converte-os. Tb a religião católica era subversiva antes de se tornar na religião de Estado - no sec. III, penso. O Sinatra e o Elvis de então cantarem os Beatles era parte dessa estratégia, sendo estes o "elo + fraco". Veja se cantavam os Stones, Kinks, etc... Ao reduzir a questão aos Beatles v. está a falsear as bases da discussão.
3. "Sex Pistols foram uma reacção ao mainstream", diz v. Claro, como todo o movimento punk. Exactamente como o foi o r ' r (no início), a british invasion, a cultura mod, a pop art e a Mary Quant.
4. Quando falei em 54/55 era só para v.. perceber a ruptura introduzida pelo r ' r e de como ele vai contra o mainstream.
5. Quanto ao "Till There Was You". Claro, mas tb cantaram "Roll Over Beethoven" e Rock And Roll Music", de Berry, "Long Tall Sally", de L. Richard e "Matchbox" ou "My Baby", de Perkins. Foi essa mistura que fez deles um sucesso mas tb os tornou no elo + fraco, mais perto do mainstream e + corruptível por ele. É a contradição Lennon/McCartney, tão visível após a separação dos Beatles.
5. O "Love me" é um tema Leiber - Stoller, produto relativamente mainstream, do Brill Building, produzido na época de refluxo do rock. Nada tem a ver com Blues, gospel, etc. E, aliás, existe uma grande diferença entre blues e gospel. "Georgia on My Mind" tem raízes no gospel, das igrejas, musicalmente mtº + evoluído, mais melódico e harmónico, muitas vezes dirigido por quem tem já alguns conhecimentos musicais.
Cumprimentos
JC
Cumprimentos também para vocês. Considero este blogue fascinante exactamente por isto. Estou sempre a aprender com o que aqui é escrito e descrito.
E concordo com tudo o que foi escrito por JC e Yardbird. O difícil é às vezes entendermos a ideia que cada um quer passar.
Ou seja, é inegável a revolução social e cultural da explosão do Rock'n'Roll (como dizia Ike Turner, a fusão de Blues, R'B, Gospel, e Country), e da British Invasion. E não preciso de ter vivido concientemente a época para entender isto. Li toneladas de livros, visionei inúmeros documentários (tenho esse do History)e... oiço os discos... todos os dias!!!
E claro que estas manifestações artísticas foram totalmente anti-establishment.
Porém, a minha humilde contestação só se referia à História da Indústria Musical. E nesse aspecto fui consultar literatura sobre a matéria só para ter a certeza de que não estou doido.
E todos os escritos da época, incluindo os do iconoclasta Nik Cohn sublinham isto:
1. Kinks, Byrds, Beach Boys, Beatles, Stones, a partir de 66/67 são exemplos de bandas MAINSTREAM dos anos 60. As alternativas são Mothers of Invention, Pink Floyd, Velvet, Seeds, etc, etc.
2. Sinatra, Dean martin, Elvis (dos anos 60) são catalogados como MIDDLE OF THE ROAD, isto é, vocacionados para a ADULT ORIENTADED RADIO (AOR).
3. Obviamente, em Portugal o MAINSTREAM eram as Simones e os Calvários. De acordo.
Estamos conversados?
(um dia destes sentamo-nos a uma mesa, pedimos um bom vinho, e debatemos estas coisas!)
Errata: ADULT ORIENTED RADIO. Termo aliás recuperado nos anos 70 para definir um certo tipo de Rock.
Acrescento ainda que segundo alguns críticos da época, foi exactamente o poder do mainstream conferido a bandas como os Beatles que permitiu tanta revolução em todas as áreas da sociedade.
Desculpem... só para terminar... outros escritos substituem MIDDLE OF THE ROAD por EASY LISTENING... enfim, uma palhaçada! Detesto catalogar a música!
Bem, já a agora para rematar, há uma observação do Filhote a que achei piada, até porque se trata de uma "preocupação que também já me assaltou várias vezes, e que tem a ver com a catalogação actual da música. Não há dúuvida que os críticos musicais complicam muito estas coisas.
Nos anos 60 (e não quero dizer com isto, que "no meu tempo é que era bom") as coisas, eram pelo menos mais simples: havia a música clássica e a música ligeira. Nesta, podiamos encontrar os blues, o rock, o jazz, o gospel, a pop, e os crooners, que se podiam incluir talvez nuum "easy listening"... e pouco mais. Portanto, as coisas eram fáceis de classificar.
Agora, vai-se por exemplo a um site dedicado ao assuunto, e vê-se que só o rock está dividido em 14 ou 15 categorias, e estas por sua vez dividem-se num número infindo de sub-grupos.
Bem...não há pachorra para tanta complicação, tanto preciosismo.
Cumprimentos, e...boas "discussões"
Caro yardbird
Não há dúvida que a discussão está animada,e assim é que é giro.
O velho Frank lá de cima, já se deve ter fartado de rir com a discussão que originou.
MÚSICA É MÚSICA,e não há coisa mais chata,do que quando aparecem uns "intelectualoides"a complicarem tudo,mais a mais com um tema como este que não tem discussão,pois não se limita á nossa opinião mas sim a todo o mundo que considerou esta canção pelo volume de vendas e aceitação um extraordinário sucesso.
Vários programas que já aqui fôram citados e que não tinham as pretenções "intelectualoides" e "sectárias" do "em órbita",apesar de serem considerados popularuchos,fizeram muito mais pela música,do que aqueles senhores.
O problema do "em órbita",foi exactamente esse,complicar o que era simples.
Diga-se de passagem é nosso apanágio criar estas situações pois como ainda não aprendemos que há outros paises muitissimo mais evoluidos do que nós,e que já resolveram muitos dos dos problemas que hoje enfrentamos,em vêz de humildemente seguirmos o seu exemplo,pois provas já fôram dadas.
Mas não senhor ,têm de aparecer os tais "cérebros"a inventar ( e mal)o que lá fora já foi resolvido há muito.
Exemplo???
Esta "cegada" dos fumadores e não fumadores
Nesta altura,já alguém perguntou de certeza:
Este gajo,passou-se de certeza,o que é que tem a ver o rabo com as calças???
Tento sómente demonstrar que esta mania de complicar o que é fácil.só demonnstra a tristeza e o atrofiamento mental em que vivemos ,e meus amigos....ao fim de 33 anos,já dá que pensar!!!(não sei se me entendem!!!)
Daniel:
não, não entendo. E quando a argumentação(?) passa por "questões que não têm discussão porque era o gosto das maiorias" (sic) - para a ditadura, a pátria e a guerra colonial tb não de discutiam e Hitler tb foi eleito pela maioria - e a utilização de termos como "intelectualóides" peço desculpa e desisto. Já Göbbels (desculpe, se calhar estou a ser "intelectualóide") dizia que quando ouvia falar em cultura puxava logo da pistola.
É pena, pois estava a gostar da polémica.
JC
Caro JC
Cada vêz que venho aqui "cheirar"ao IÉ-IÉ,não resisto em vir aqui a este capitulo referente ao "EM ÓRBITA" para ver como vão as coisas.
Já há tempos que não me ria tanto (eu,o Frank e mais alguém...)desde que há uns tempos vi um senhor com o seu ar impertigado e voz "sopinha de massa"perguntar:
O QUE É QUE OS PORTUGUESES PRECISAM DE FAZER PARA TER MAIS FILHOS????
Com certeza que o dito senhor não conhece um single clássico (edição especial)do Pedro Abrunhosa intitulado "talvêz FU....".
O velho FRANK e o seu "strangers in the night",nunca sonharam que os comentários a este tema,chegassem a 23 (vinte e três)e que até os nomes de Hitler e Göbbels viessem associados ao tema em questão.
Estou certo de que mais comentário,menos comentário, outra grande personalidade não deixará de ser citada!!
PAULO BENTO,com toda a TRANQUILIDAD!!!
Vá lá Malta,não levem tudo tão a sério,a vida são dois dias....
Um grande abraço a todos os de "bôa vontade" e o resto que se lixe....
JÁ LIXADOS ESTAMOS NÓS,e como diz o outro "com tôda tranquilidad"!!!!
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