TAGUS - TG 112
Dedicatória - Livre - Eles - Pedro O Soldado
O poema “Livre”, de Carlos de Oliveira, é uma felicíssima escolha de Manuel Freire para o seu primeiro EP.
Aliás o critério rigoroso que Manuel Freire sempre emprestou às escolhas de poemas e poetas que fez para os transformar música é uma das suas imagens de marca.
O segundo EP tem “Lutaremos Meu Amor”, de Daniel Filipe, disco rapidamente colocado fora do mercado pela PIDE, já para não falar na “Pedra Filosofal” de António Gedeão, bem como os muitos poemas de José Saramago que Manuel Freire musicou.
Recorde-se que Manuel Freire encontra os poemas de José Saramago num tempo em que quase ninguém sabia quem Saramago era, apenas alguém que aos 55 anos publica o seu primeiro livro: “Os Poemas Possíveis” na “Colecção Poetas de Hoje” da “Portugália Editora”.
Muitas das coisas em que acreditávamos, quando ouvíamos e cantávamos “não há machado que corte a raiz ao pensamento”, já se desfizeram. Mas no tempo, em que “os frutos amargavam e o luar sabia a azedo”, o lado da trincheira estava bem preenchido de companheiros de estrada. Uns convictos, outros ocasionais, mas todos, “porque o sonho comanda a vida”, a tentar que, “perfilados de medo”, um dia pudéssemos deixar de estar.
Manuel Freire é acompanhado, à viola, por Fernando Alvim.
Colaboração de Gin-Tonic
Dedicatória - Livre - Eles - Pedro O Soldado
O poema “Livre”, de Carlos de Oliveira, é uma felicíssima escolha de Manuel Freire para o seu primeiro EP.
Aliás o critério rigoroso que Manuel Freire sempre emprestou às escolhas de poemas e poetas que fez para os transformar música é uma das suas imagens de marca.
O segundo EP tem “Lutaremos Meu Amor”, de Daniel Filipe, disco rapidamente colocado fora do mercado pela PIDE, já para não falar na “Pedra Filosofal” de António Gedeão, bem como os muitos poemas de José Saramago que Manuel Freire musicou.
Recorde-se que Manuel Freire encontra os poemas de José Saramago num tempo em que quase ninguém sabia quem Saramago era, apenas alguém que aos 55 anos publica o seu primeiro livro: “Os Poemas Possíveis” na “Colecção Poetas de Hoje” da “Portugália Editora”.
Muitas das coisas em que acreditávamos, quando ouvíamos e cantávamos “não há machado que corte a raiz ao pensamento”, já se desfizeram. Mas no tempo, em que “os frutos amargavam e o luar sabia a azedo”, o lado da trincheira estava bem preenchido de companheiros de estrada. Uns convictos, outros ocasionais, mas todos, “porque o sonho comanda a vida”, a tentar que, “perfilados de medo”, um dia pudéssemos deixar de estar.
Manuel Freire é acompanhado, à viola, por Fernando Alvim.
Colaboração de Gin-Tonic
13 comentários:
O salazarismo teve pelo menos o condão, de permitir o aparecimento destes baladeiros e compositores que marcaram o panorama musical de finais dos sessenta.
Se por acaso, houvesse democracia, como hoje, o que seria dos cantautores?
Teriam saída, as letras de Manuel Alegre?
O que é que este poeta fez, depois de 25 de Abril, com relevância artistica?
Cá por mim, bem podem agradecer ao Salazar e por várias coisas:
permitir-lhes a criação artística e depois disso, a vidinha actual, como senadores da democracia, sempre a relembrar o velho "fassismo".
Às vezes o José tem alguma razão de fundo; o diabo é a forma como a expressa.
Vejamos... Foram nomes como José Afonso, Adriano, Sérgio Godinho e J. Mário Branco que renovaram a música popular poruguesa e a lançaram para o futuro. Por acréscimo tivemos direito a uma outra dúzia de intérpretes que apenas foram importantes por estarem no lugar certo na altura exacta. É assim a vida e acontece em qualquer lado. Eanes foi Presidente por isso mesmo, e tb por isso mesmo hoje é uma irrelevância política, intelectual e cultural - mas teve importância no momento - e Mário Soares é exactamente o seu contrário: não foi um produto do momento e por isso hoje ainda é relevante (apesar de alguns disparates).
Freire e a "Pedra Filosofal" foram um hino, no momento em que era importante que os houvesse e fossem cantados, hoje são irrelevantes e apenas uma nostalgia. É um intérprete medíocre e o poema - convenhamos - é fraquinho, do tempo em que as "crianças eram o melhor do mundo" e todos acreditávamos que bastava sonhar um mundo novo para ele acontecer. Não bastava, como não bastava a caução de poetas conhecidos para fazer um cantor, e concluímos esse mundo apenas existia nos sonhos e na realidade do PCP, o único partido que não sonhava e estava sempre acordado.
De Gedeão prefiro, de longe, a "Lágrima de Preta" do Adriano, talvez por ser menos pretensioso e por causa do Adriano, claro.
Contente, José?
Contente?
Entre Eanes e Soares, prefiro sempre...outro.
Mas votei no Eanes, se bem me lembro. E não me arrependo de o ter feito, porque o tipo é de uma dignidade rara.
Vê-se pelo que lhe fizeram e continuam a fazer, quanto à pensão de que deveira usufrurir.
Mas, na mesma altura, quem votou no Otelo, foram os que entendiam que o sonho comanda a vida.
Por mim, é um belíssimo poema, nem construido, com ritmo, palavras exactas e de antologia.
A música é também um achado que resite ao tempo.
A voz de Manuel Freire, também gosto. Uma espécie de barítono aveludado que calha muito bem naquela música.
E lembro-me bem de a ouvir, na época. Por isso, não estava proibida. Ahahahaha.
Quanto à forma e ao fundo, no meu caso, pode não parecer, mas é coerente. O que escrevo tem sempre, no fundo, uma pequena dose de provocação à discussão. Sò isso.
Já repeti muitas vezes que os meus amigos, geralmente são de esquerda.
E eu mesmo, tenho a impressão que terei bastante da essência da esquerda: ter simpatia pelos mais fracos, pelos losers e pelos carenciados.
Mas isso, é outra história. Porque prefiro dizer-me conservador de valores antigos.
E é por isso que me dou bem com pessoalmente com comunistas. Não aceito a ideologia, mas aprecio a ética...
Só para lhe dize que uma boa voz não faz por si só um bom intérprete, e o mundo da música está cheio de exemplos disso mesmo.
All the best
JC
Plenamente de acordo quanto à voz e ao intérprete.
Ray Charles não tem boa voz, mas é um excelente intérprete.
Karen Carpenter tinha uma excelente voz, mas uma interpretação sofrível.
John Denver, quase o mesmo.
Billy Joel, ao contrário: voz sofrível, boa interpretação.
Rod Stewart: igual.
E Bob Dylan, claro.
Voz, sem futuro; expressão, do futuro.
E, já agora, uma bela voz num magnífico intérprete: Leonard Cohen.
Vi-o nos anos 80 no Pavilhão de Cascais (já não existe, pois não?), penso voltar agora em breve, a 19 de Julho em Algés.
O Cat Stevens, perdão, o Yusuf Islam, também não lhe fica atrás.
Chegou-me hoje o "Harold e Maude", José: um "pacote" magnífico, com direito a grande catálogo ilustrado, posters (filme + Cat), single extra e vinis coloridos! Levo-o no sábado para os "experts" poderem apreciá-lo ao vivo.
Eu por mim, o que apreciava eram os Cinéfilos...
Um volume só! Não pode ser, camarada?
O que é que levaria para mostrar?
Deixa cá ver...deixa cá ver.
Discos? Vocês tem-nos todos.
Livros? Não há muitos que valham a pena.
Revistas?
Tenho o Evaristo! O primeiro número de O Jornal. Três Discos música & Moda. A Visão, como revista de BD portuguesa do desenhador Mesquita.
Sei lá.
Vi esse mesmo concerto do Cohen em Cascais, Rato. Pouca gente, por sinal. Problema dos que não foram...
Cohen é dos tais que deve ser uma seca ver ao vivo. Prefiro ouvi-lo no aconchego do lar...
LT
É evidente que não tem a excitação de uns Stones ao vivo, mas esse espectáculo de Cascais foi algo que nunca mais esqueci na vida. É claro que eu sou suspeito, pois a mesma "veneração" que confessas ter pelo Dylan tive-a eu sempre pelo Mr. Leonard.
Vê lá é se fazes a vontade ao José (e também a mim é claro) e juntas um Cinéfilo ao Século Ilustrado para levares no sábado.
Passei por lá hoje ao fim da tarde e reparei que os carros têm de ficar um pouco afastados do restaurante. Ou será que vi mal?
Confirma-se! Os ratos são mesmo ceguetas!!! (sem ofensa). O parque de estacionamento é mesmo defronte do restaurante.
LT
Era o que faltava o José vir, desde Viana, por aí abaixo, para assistir a um almoço de "ié-ié" nostálgicos fora de moda, e não ver os calhamaços do "Cinéfilo"!
E não há Canto Livre?
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