terça-feira, 22 de abril de 2008

25 DE ABRIL NA GNR


A GNR abriu hoje uma vez mais as portas do comando-geral no Quartel do Carmo, em Lisboa, para uma sessão semi-pública sobre a Revolução do 25 de Abril:

Abrilista convicto, o comandante-geral da corporação, tenente-general Mourato Nunes, tem tido ao longo do seu mandato a preocupação de abrir a GNR à sociedade civil, organizando iniciativas nesse sentido, a mais importante das quais terá sido a que foi hoje apresentada.

Pouco tempo após ter tomado posse, Mourato Nunes encarregou o historiador da Guarda, então capitão Nuno Andrade, de estudar e pesquisar os acontecimentos de 25 de Abril de 1974 no interior do Quartel do Carmo com a rendição de Marcello Caetano e a entrega do poder a Spínola.

Após 4 anos de investigação, o agora major Nuno Andrade apresentou esta tarde o seu trabalho em livro, "Para Além Do Portão - A GNR E O Carmo Na Revolução De Abril" (Guerra & Paz, 2008, €17.50) , perante o gáudio do comandante-geral e de alguns capitães de Abril presentes, como Vasco Lourenço, Carlos Beato (actual presidente da Câmara de Grândola - o que não deixa de ser uma curiosidade) e Maia Loureiro.

Não é este o local para debater o assunto - embora o 25 de Abril seja uma das matérias que mais me fascina, até porque nele participei como miliciano - mas gostaria de deixar aqui um ou dois apontamentos (quanto ao resto, façam o favor de ler o livro).

O então alferes miliciano Carlos Beato recebeu ordens do seu comandante capitão Salgueiro Maia para conduzir o deposto chefe do governo Marcelo Caetano à Pontinha (onde estava sediado o Posto de Comando do MFA).

"Mas, meu capitão, onde é a Pontinha?".

O alferes miliciano Maia Loureiro, oficial da coluna de Salgueiro Maia, e que escoltou a difícil entrada do Mercedes de Spínola no quartel do Carmo, está hoje no "outro lado da barricada", ou seja, é coronel da GNR.

Manifestamente satisfeito, o tenente-general Mourato Nunes resumiu o 25 de Abril no Carmo: "a GNR resistiu ao apelo das armas e soube ser cúmplice e obreiro da paz".

6 comentários:

josé disse...

Sendo fantástico que a Revolução portuguesa, não tenha provocado vítimas, ( uma ou duas, directamente), não deixa de ser irónico saber que tal só aconteceu por engano.

Jack Kerouac disse...

Não houve vítimas no 25 de abril por engano ?? são dados novos ?

ié-ié disse...

Só há 4 vítimas mortais do 25 de Abril, todas civis, mortas pela PIDE frente à sede na António Maria Cardoso (eu fugi para uma das Igrejas): Fernando C. Gesteira, José J. Barneto, Fernando Barreiros dos Reis e José Guilherme R. Arruda.

Como se vê não há intervenção militar neste sangue.

LT

Jack Kerouac disse...

Essas vítimas da PIDE eu sabia,foi um ultimo estertor dos "Vampiros", o que me provocou curiosidade foi a afirmação do José. Não sei se quer dizer que a PIDE matou por engano, ou se o facto de não ter havido mais vítimas é que se deve a algum engano. Estou baralhado :)

josé disse...

O facto de não ter havido mais vítimas deveu-se a um engano.

Vem escrito no livro, segundo julgo.
Houve ordem de Salgueiro Maia para disparar contra o lugar onde se encontrava o antigo presidente do Conselho e outros.
O militar que recebeu as ordens de disparar, não percebeu bem.

Se assim fosse, Salgueiro Maia teria sido o único responsável por aquelas mortes. Inúteis e desnecessárias, como se viu.

Ironias da História. Segundo Abelardo, o que conta é a intenção. Salgueiro Maia tinha intenção de matar...

josé disse...

A DGS ( Pide fora antes), nesse tempo, já devia ter percebido que disparar contra a multidão, é uma perfeita estupidez.
Bem à maneira deles, afinal.