sexta-feira, 25 de abril de 2008

O MEU 25 DE ABRIL DE 2008: JOSÉ ALMADA


No Natal de 1970, eu e o irmão caçula oferecemos à nossa Mãe o EP de José Almada, "Mendigos", e escrevemos na contracapa do disco: "o Zé Almada diz coisas importantes".

Nunca mais ninguém soube de José Almada.

No dia 30 de Novembro de 2007, lancei aqui o alerta: o que é feito de José Almada?

Um filho do cantor-poeta ouviu-me e estabeleceu o contacto.

Hoje, dia 25 de Abril de 2008, 38 anos depois de "Mendigos" e 34 anos depois do 25 de Abril, José Almada, no interior da sua casa no Furadouro, privilegiou-me com uma audição única de "Hóspede" que nenhum microfone alguma vez registou.

Mentiria se não dissesse que as lágrimas não rolaram...

O dia estava tórrido, o mar agitado com ondas a sério. Na esplanada do "Pé de Vento", eu aguardava a chegada de José Almada. Como seria? A minha memória era a de um puto.

A Teresa avisou-me: "acho que vem aí, é ele!":

O coração bateu como o caraças e o abraço foi fraterno. A conversa foi para distrair as emoções.

Belenenses (o José Almada é fã), Veterinária (a mulher do Zé é veterinária, os meus dois filhos são veterinários, o Pai da Teresa é veterinário, o Tio da Teresa é veterinário...), Souto de Lafões, Douro, tudo era desculpa.

Ninguém quis enfrentar o momento, tudo serviu para assobiar para o lado. Sabíamos que o momento seria inevitável, mas nenhum dos dois o queria pegar pelos cornos.

O sol estava abrasador, as saladas óptimas.

Caminhávamos perigosamente para o clímax. A Teresa já me sussurrava: "é o Syd Barrett português".

Mala hippie a tiracolo, batemos a marginal até à simpática moradia de José Almada, um pouco mais distante das areias cálidas.

Fui um privilegiado: José Almada pegou na viola e cantou-me, só para mim e para a Teresa "Hóspede", "Ó Pastor Que Choras", "Os Anjos Cantam", "Eh! Amigo Lagarto", "Ah! Se Um Dia O Pedro Louco", "Ah! Como Odeio".

Meu Deus!

Que mais poderia eu desejar num 25 de Abril?

Obrigado mesmo, José Almada!

Até breve!

O meu amigo Rato fez-me o favor de colocar o video no blog dele. Tks!

8 comentários:

gin-tonic disse...

Privilégios, Luís...
Só espero que o "Ah! Se um Dia o Pedro Louco" tenha sido cantado com o mesmo sotaque que aparece no disco da Valentim de Carvalho!...
"Agora que estou só já posso arrancar da boca os versos da canção que te alimentará."

ié-ié disse...

Sabendo do teu deleite pela canção, os meus lábios permaneceram selados, à espera que um dia possas ter o mesmo privilégio que eu!

LT

Rato disse...

Isto é que eu chamo mesmo de uma grande surpresa! Fico feliz por ti Luís.

Anónimo disse...

bem me lembro da canção; onde é que para o disco???
De ceretza que a maré em Ovar (furadouro) ainda ficou mais cheia...
E porquê Souto de Lafões???

josé disse...

Grande novidade! Espero poder partilhar um dia a experiência, ao vivo ou em disco relançado e com memória refeita, nos media.

O José Almada merece o reconhecimento público pelo que fez nesses dois discos.

Em Portugal, não há muitos músicos que possam dizer o mesmo.

Aliás, os que há podem contar-se pelos dedos de uma só mão.

ié-ié disse...

A sogra e a cunhada de José Almada vivem em Souto de Lafões no chamado "solar dos Bandeiras".

LT

ié-ié disse...

Obrigado, companheiro Rato! Estou mesmo radiante! E há mais! Este Mundo é mesmo uma aldeia muito pequenina. Fiquei hoje a saber que uma tia minha é muito amiga da sogra do Zé Almada! E andei eu há procura dele durante mais de 30 anos e, afinal, as coisas estavam tão perto...

LT

Anónimo disse...

uma linda casa, ao pé da igreja...como o mundo é pequeno...