Se há coisas de que me orgulho, esta é uma delas. Trata-se de uma edição especial da Agência Lusa que eu comandei em 1994 para assinalar os 20 anos do 25 de Abril.
Comandei, mas tive a espectacular ajuda do meu amigo Rui Cabral que foi o último jornalista a entrevistar Spínola, entrevista que se reproduz na revista.
A revista é essencialmente um repositório dos factos do 25 de Abril, ao jeito de uma agência noticiosa, ou seja, apenas factos, alguns inéditos, sem opinião.
Para abreviar, reconstituímos os grandes objectivos militares do 25 de Abril - ocupação do RCP, da EN e da RTP, do Governo Militar, Aeroporto - e, pela primeira e última vez, reunimos no Posto de Comando do MFA - Regimento de Engenharia nº1, na Pontinha - os seis "capitães de Abril", Garcia dos Santos, Nuno Fisher Lopes Pires, Vítor Crespo, Otelo Saraiva de Carvalho, Hugo dos Santos e Sanches Osório.
A revista tem muitas outras novidades e pontos de interesse, mas ao que a este blogue por ventura mais interessará conta-se a verdadeira história da escolha de "Grândola, Vila Morena", como segunda senha das tropas do MFA.
Tenho tanto orgulho na entrevista, que eu próprio comprei um exemplar, que me custou 480$00, como se pode ver na imagem.
Viva o 25 de Abril!
Comandei, mas tive a espectacular ajuda do meu amigo Rui Cabral que foi o último jornalista a entrevistar Spínola, entrevista que se reproduz na revista.
A revista é essencialmente um repositório dos factos do 25 de Abril, ao jeito de uma agência noticiosa, ou seja, apenas factos, alguns inéditos, sem opinião.
Para abreviar, reconstituímos os grandes objectivos militares do 25 de Abril - ocupação do RCP, da EN e da RTP, do Governo Militar, Aeroporto - e, pela primeira e última vez, reunimos no Posto de Comando do MFA - Regimento de Engenharia nº1, na Pontinha - os seis "capitães de Abril", Garcia dos Santos, Nuno Fisher Lopes Pires, Vítor Crespo, Otelo Saraiva de Carvalho, Hugo dos Santos e Sanches Osório.
A revista tem muitas outras novidades e pontos de interesse, mas ao que a este blogue por ventura mais interessará conta-se a verdadeira história da escolha de "Grândola, Vila Morena", como segunda senha das tropas do MFA.
Tenho tanto orgulho na entrevista, que eu próprio comprei um exemplar, que me custou 480$00, como se pode ver na imagem.
Viva o 25 de Abril!
5 comentários:
A "verdadeira" história? Então a canção não foi escolhida pelo facto da maioria das outras hipóteses estar proibida pela Censura? Já ouvi o Otelo e outros falarem nesse processo de "eliminação": tudo o que queriam era que fosse do Zeca Afonso e como essa estava liberada e até tinha sido cantada recentemente no Coliseu sem qualquer problema, estava mesmo ali, "à mão de semear".
Mas se existe uma outra história, a tal "verdadeira", gostaria de a conhecer.
POIS É!!!
Vejo com prazer ao ler os objectivos do 25 de Abril,que a confirmação da ocupação da PIDE na ANTONIO MARIA CARDOSO não estava previsto (claro,não convinha ,sabe-se lá que nomes sonantes e revolucionários estariam nas listas de informadores e undercover agents,as quais fôram cuidadosamente e calmamente destruidas como toda a gente sabe!!!GRANDES ESTRATEGAS!!!)
À cegada no Aeroporto de Lisboa assisti eu pois estava de serviço!!!
Claro está que se este 25 de Abril se tem dado noutro país qualquer,hoje teriamos um nivel de vida semelhsnte á Suécia ou Finlândia (não sou eu que o digo,pois ainda a semana passada um observador estrangeiro o
afirmou).
Azar!!!esqueceram-se que vivia cá uma degeneração do homosapiens chamada "português".
TOU DOIDO!!???
Acho que 34 anos depois,a resposta está dada.
REACCIONÁRIO!!????
Claro reajo!!Não sou sado-masoquista e felizmente para muitos isto não é só o BENFICA e o SPORTING e para a malta do norte não pensar que ficaram esquecidos o PORTO
O problema da PIDE no 25 de Abril é um bocadinho complexo, e digo desde já que só falo do que li, pois á data tinha 8 anos. Um dos problemas da nossa revolução, quanto a mim, foi o facto de os verdadeiros obreiros da mesma, os "Capitães", não terem avançado por si próprios. Por uma questão de submissão hierárquica, embora também se diga que era a maneira de evitar uma intervenção da NATO, submeteram-se e fizeram concessões ao General Spínola, que estava muito mas próximo do antigo regime do que de qualquer corrente de esquerda. Spínola queria manter a PIDE, embora com alguns saneamentos, e inclusive não era a favor da libertação de todos os presos políticos nem da legalização do PCP. Como sabem melhor do que eu, a PIDE nem foi extinta a 25 de Abril, pois continuou a existir no ultramar até ao fim da guerra. Essa foi, ao que parece, uma das razões porque não houve uma preocupação prioritária sobre a António Maria Cardoso. Além de que algumas unidades falharam á ultima da hora, e a PIDE não era um alvo estratégico prioritário, porque o seu poder de resposta militar seria relativamene fraco.
Relativamente ao General Spínola convém precisar alguns factos: ele nunca teve realmente "poder" após o 25 de Abril, as suas ideias (que já vinham de trás, quando foi publicado o livro "Portugal e o Futuro") nunca tiveram qualquer tipo de influência no desenrolar dos acontecimentos, foi apenas a figura hierárquia mais alta que, a par do General Costa Gomes, foi necessária para "emoldurar" um rosto credível à revolução (sobretudo para a imagem no exterior do País). Quem na práctica deteve o poder enquanto o PREC durou foi o Otelo Saraiva de Carvalho e o seu COPCON, mesmo após o 11 de Março com a entrada em cena do Vasco Gonçalves. Ou seja, os militares (MFA) "puxaram todos os cordelinhos" até ao 25 de Novembro, altura em que regressaram aos quartéis e os políticos entraram em cena.
Não estou a fazer aqui qualquer juízo de valor, apenas a esquematizar, sucintamente e muito preto no branco o que realmente aconteceu naqueles anos.
Quanto à PIDE era com certeza um alvo prioritário, pois era um dos maiores sustentáculos do regime. O que não estava era programado um confronto directo pois acreditava-se na sua não reação após a queda do regime se concretizar. A populaça é que resolveu adiantar-se, daí os mortos na António Maria Cardoso. Ou seja, se não tem acontecido essa acção revanchista não teria havido uma única vítima, tal a podridão em que o regime se encontrava.
Não gostaria de maneira nenhuma de prolongar aqui uma troca de posts que possa sair do âmbito deste blogue. Mas não posso concordar de modo nenhum quando afirma que o General Spínola era só uma figura quase decorativa. Se isso fosse dado como opinião, era aceitável como qualquer outra. Como facto não, o programa final do MFA foi todo visto discutido e alterado pelo General Spínola e pela sua ala, Almeida Bruno e outros. O próprio Otelo tinha sido subalterno de Spínola na Guiné. E durante os meses que se seguiram ao 25 de Abril a ala mais esquerdista do MFA foi medindo forças com a ala Spinolista. Este pretendeu foi poderes quase absolutos, e esticou a corda toda, quando por exemplo convocou a famosa "Maioria Silencioso" a manifestar-se em Lx. No 11 de Março já Spínola não era presidente, foi a sua ultima tentativa de tomada do poder. Quanto ao 25 de Novembro, não esquecer que foi feito por militares do MFA, dos dois lados da barricada, há aí uma confusão, que não é novidade.
cumprimentos :)
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