ORFEU STAT 016
Muitos discos rodaram na solidão da noite, no convívio de amigos. Acompanharam-me no correr dos dias, “à procura da manhã clara”, a “cidade prometida”, o outro lado do arco-íris.
Alguns levaram descaminho. Não os recuperei, jamais os recuperarei. É cada vez mais tarde para isso…
Este ficou e teria muita pena se assim não fosse: “A Invenção do Amor”, um longo poema de Daniel Filipe, um poeta injustamente esquecido, a juntar a tantos e tantos outros. É o próprio Daniel Filipe que diz o poema e di-lo com um sentir, uma serenidade, uma clareza profundamente arrepiantes.
Um cartaz na cidade denuncia que um homem e uma mulher se encontraram num hotel numa tarde de chuva e inventaram o amor com carácter de urgência souberam entender-se sem palavras inúteis apenas o silêncio a policia de costumes avisada procura os dois amantes antes que a invenção do amor se processe em cadeia há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos o perigo justifica-o não precisam de dar o nome e a morada e garante-se que nenhuma perseguição será movida nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa é preciso encontrá-los antes que seja tarde importa descobri-los onde quer que se escondam antes que seja demasiado tarde e o amor com um rio inunda as alamedas praças becos calçadas (1)
No lado B outros poemas de Daniel Filipe são ditos pelo actor Mário Viegas.
Toda a música foi improvisada sob audição da voz gravada de Daniel Filipe.
A música é composta por Marcos Resende e Rui Cardoso que também fazem o acompanhamento tocando piano eléctrico e piano (Marcos Resende), flauta, sax-alto, sax soprano (Rui Cardoso).
O som é de Moreno Pinto e o arranjo gráfico de José Santa-Bárbara.
(1) Colagem de frases retiradas de “A Invenção do Amor”.
Colaboração de Gin-Tonic
Muitos discos rodaram na solidão da noite, no convívio de amigos. Acompanharam-me no correr dos dias, “à procura da manhã clara”, a “cidade prometida”, o outro lado do arco-íris.
Alguns levaram descaminho. Não os recuperei, jamais os recuperarei. É cada vez mais tarde para isso…
Este ficou e teria muita pena se assim não fosse: “A Invenção do Amor”, um longo poema de Daniel Filipe, um poeta injustamente esquecido, a juntar a tantos e tantos outros. É o próprio Daniel Filipe que diz o poema e di-lo com um sentir, uma serenidade, uma clareza profundamente arrepiantes.
Um cartaz na cidade denuncia que um homem e uma mulher se encontraram num hotel numa tarde de chuva e inventaram o amor com carácter de urgência souberam entender-se sem palavras inúteis apenas o silêncio a policia de costumes avisada procura os dois amantes antes que a invenção do amor se processe em cadeia há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos o perigo justifica-o não precisam de dar o nome e a morada e garante-se que nenhuma perseguição será movida nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa é preciso encontrá-los antes que seja tarde importa descobri-los onde quer que se escondam antes que seja demasiado tarde e o amor com um rio inunda as alamedas praças becos calçadas (1)
No lado B outros poemas de Daniel Filipe são ditos pelo actor Mário Viegas.
Toda a música foi improvisada sob audição da voz gravada de Daniel Filipe.
A música é composta por Marcos Resende e Rui Cardoso que também fazem o acompanhamento tocando piano eléctrico e piano (Marcos Resende), flauta, sax-alto, sax soprano (Rui Cardoso).
O som é de Moreno Pinto e o arranjo gráfico de José Santa-Bárbara.
(1) Colagem de frases retiradas de “A Invenção do Amor”.
Colaboração de Gin-Tonic
2 comentários:
Bela recordação! A poesia de Daniel Filipe - de que "A Invenção do Amor" é exemplo maior - deveria de facto se redescoberta. O lado B deste disco, por Mário Viegas, existe em CD na integral do declamador que saiu com o Público em 2006. O lado A, por Daniel Filipe, é que continua "perdido" nas espiras do vinil. Curiosamente, a gravação aqui utilizada provém de um 10" da série "Antologia da Poesia Portuguesa", uma das primeiras iniciativas de Arnaldo Trindade quando fundou o selo Orfeu. Para este disco, editado postumamente, foi-lhe depois adicionada a música de Marcos Resende e Rui Cardoso.
Também perdi o vinil original mas recuperei este e foi uma imensa alegria.
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