quarta-feira, 31 de outubro de 2007

DISCOGRAFIA COMPLETA DOS CONCHAS


COLUMBIA - SLEM 2062 - 1960

Fui Louco Por Ti e Nunca (Daniel Bacelar) - Oh! Carol e Quero O Teu Amor (Conchas) ~

O disco na imagem ("Caloiros da Canção 1") é o primeiro ié-ié português, de 1960, uma boa maneira de iniciar a década.

É a seguinte a carreira discográfica completa dos Everly Brothers portugueses:

COLUMBIA SLEM 2062 (1960) ("Caloiros Da Canção 1"):
- Fui Louco Por Ti/Nunca - Daniel Bacelar e o Conjunto Jorge Machado
- Oh! Carol/Quero O Teu Amor - Conchas

COLUMBIA SLEM 2066 (1960) ("Novos Ídolos Da Canção"):

- Adão e Eva/Serás Tu Para Mim?/Sonhos/O Fantoche do Amor

COLUMBIA SLEM 2084 (1961) ("Greenfields"):
- Verde Campina/Oh Jeny!/Poesia em Movimento/Don Juan

COLUMBIA SLEM 2097 (1961) ("Em Férias Com Os Conchas"):
- Venham as Férias/Férias/Romance de Férias/A Hora do Adeus

COLUMBIA SLEM 2107 (1962) ("Aí Vêm Os Conchas"):
Tentação/Amapola/Mona Lisa/Perfídia

COLUMBIA SLEM 2110 (1962) ("Lição de Twist"): - Lição de Twist/O Twist Peppermint/Multiplicações/Let's Twist Again

COLUMBIA SLEM 2125 (1962) ("Somos Jovens"):

- La Bamba/Pera Madura/Speedy Gonzalez/Somos Jovens

OS ESQUECIDOS EKOS


Os Ekos (quem se esquece de "Esquece"?) são normalmente esquecidos em detrimento dos Sheiks, do Conjunto Académico de João Paulo, do Quarteto 1111, do Quinteto Académico...

Escrevia a "Plateia" a 24 de Agosto de 1965:

Graças aos Ekos, os pequenos conjuntos do tipo yé-yé que proliferam hoje por todo o país, podem sonhar ainda em sair um dia do anonimato, apesar do declínio dos Beatles e outros.

APRENDER ATÉ MORRER


COLUMBIA - SLEM 2066 - 1960

Adão e Eva (Adam and Eve) - Serás Tu Para Mim? (Let It Be Me) - Sonhos (Dreamin') - O Fantoche do Amor (Cathy's Clown)

Algumas primeiras edições discográficas portuguesas foram manufacturadas à brasileira, ou seja, com uma capa sandwich, ou seja ainda, com as partes da respectiva capa envoltas em plástico.

Nunca tinha visto isso, até receber hoje este EP dos Conchas (Columbia SLEM 2066), até porque eu já tinha um destes e é perfeitamente normal.

O primeiro disco yé-yé português - Daniel Bacelar e Conchas - já era sandwich.

ESTA É DE CHORAR!!!


Como antes do 25 de Abril era limitado o leque de temas sobre os quais um jornalista podia escrever, o espaço disponível na imprensa tinha de ser preenchido com qualquer coisa.

Vai daí, o "Século Ilustrado", de 06 de Fevereiro de 1971, resolveu ir a Leiria entrevistar a que supunha ser "a primeira vítima portuguesa da maxi", Maria de Fátima Canelas Ladeira de Figueiredo, de seu nome. Só podia ser Fátima, né?

E conseguiu encher duas páginas com aquilo a que hoje em dia chamamos uma não notícia. Ou como eufemisticamente dizem os papagaios da televisão: os directos têm destas coisas! Em português corriqueiro, o jornalista, não identificado, esteve a encher chouriços.

"Subi as escadas junto ao sinaleiro (o que é isso, perguntarão...) para atravessar a passagem dos peões. Depois, dizem que caí e o casaco ficou preso num carro que passava. Mas isso, já não sei. Desmaei logo. Quando voltei a mim estava no hospital. Mas não parece que o acidente seja devido ao maxi-casaco".

O articulista - termo em desuso - concluiu para justificar o seu embuste: "a boa aluna do sétimo do sétimo ano do Liceu de Leiria que, oficialmente, é a primeira vítima portuguesa da maxi-saia pensa que não foi o seu comprido casaco que originou o acidente.

Não é deliciosamente ié-ié?

PS: debalde andei no google e nas listas telefónicas à procura desta jovem. Gostaria de saber se já estava recomposta do acidente mediático.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O MAIS RARO DISCO DO MUNDO


É uma pena que não se perceba muito bem, mas esta é uma fotografia do mais raro disco ao cimo da Terra. E ainda por cima está autografada por John Duff Lowe.

Trata-se de um disco único, actualmente na posse de Paul McCartney.

O disco foi gravado em 1958 pelos Quarry Men no estúdios Percy Phillips em Kensington, Liverpool. É um 78 rotações em goma-laca e contém no lado A "That'll Be The Day", de Buddy Holly, e no lado B "In Spite Of All Danger", a única canção jamais composta pela dupla McCartney/Harrison.

Tem 10 polegadas de diâmetro e está escrito à mão por Paul McCartney, sem indicação do nome do grupo. Foi gravado por menos de €1,5, a preços actuais. Aliás, o disco só foi entregue ao grupo quando o proprietário do estúdio, Percy Francis Phillips, recebeu o €1,5, o que ainda demorou algumas semanas.

Na altura, os Quarry Men eram formados por John Lennon (guitarra), Paul McCartney (guitarra), George Harrison (guitarra), John Duff Lowe - eis o protagonista do autógrafo - (piano) e Colin Hanton (bateria).

O disco circulou por todos os membros da banda e ficou esquecido durante 23 anos em casa de John Duff Lowe que o cedeu (por nota preta, presumo eu) a Paul McCartney em 1981.

"Quanto Paul pagou pelo disco é um segredo entre mim e ele", disse Lowe.

A "Record Collector", que sabe destas coisas, diz que o disco não tempo preço.

Na posse do disco, Paul encomendou 50 réplicas e ofereceu-as de presente de Natal a George Harrison e Ringo Starr (John Lennon já tinha falecido) e a amigos e família.

Este número restrito de cópias tem o segundo maior valor de mercado da história do disco, a seguir ao original. A "RC" estima que cada réplica vale uns £10.000.

Em 1995, os Beatles incluiram versões das duas canções no primeiro volume da "Anthology".

O IÉ-IÉ DO "TRATADO DE LISBOA"

Um dos artífices do chamado Tratado de Lisboa - de que toda a gente fala, mas ninguém conhece - foi o jurista João de Menezes Ferreira, mais conhecido por "Xuxa", não por qualquer parecença com essa que o meu caro leitor está a pensar, mas sim pelas antigas simpatias pelo PS, de que, aliás, foi (discreto) deputado em 1991.

Na sua juventude, o "Xuxa" foi ié-ié e eu desencantei, como exemplo, estas páginas sobre os Who, escritas em Abril de 1979 para a "Música & Som".

OS SHEIKS RENASCEM DAS CINZAS


O meu irmão mais velho falou do fim dos Sheiks. Eu aproveito a deixa e proponho onde o descalabro começou (Rádio & Televisão, 07 de Janeiro de 1967, págs. 8 e 9).

Está aberta a audiência de discussão.

Indiferentes à nossa discussão, os Sheiks, eles próprios, Carlos Mendes, Edmundo Silva, Fernando Chaby e Paulo de Carvalho, iniciam no dia 08 de Novembro uma residência no Teatro São Luiz, em Lisboa, mais propriamente no seu Jardim de Inverno.

Vão ser 9 concertos (dias 08, 09, 10, 15, 16, 17, 22, 23 e 24), sempre às 23H30 e ao preço de €15.

Mas não serão uns concertos quaisquer. São a história da mítica banda segundo uma encenação de António Feio.

Vamos ver como se safam.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

AS REVISTAS DO NOSSO CONTENTAMENTO


Uma das coisas mais interessantes e excitantes da blogoesfera é a partilha de informação, de conhecimentos, e a sua constante busca que nos é incentivada.

Foi por isso que fui à procura de uma revista Cine Disco que eu sabia que tinha. Aqui está ela, a nº5, mas não tem data. Deve ser de Fevereiro de 1969.

Inclui "os melhores e os piores de 68", segundo o "Em Órbita", textos sobre Joaquin Diaz, I Camaleonti, Nara Leão, Sandie Shaw, Techa, A Chave, uma versão portuguesa de "Lady Madonna" pelo poeta Dórdio Guimarães, anúncios dos Porfírios, etc, etc.

Mas como já referi, revistas é com João Manuel Mimoso, Loja de Esquina e Rapsódias do Mundo Moderno.

Eu só obervo, atentamente.

CARTAS AO DIRECTOR


Tenho recebido emails indagando se sou ou não o Luís Pinheiro de Almeida. Como acho isso irrelevante, umas vezes digo que sim, outras que não. Não acho isso importante!

Mas é verdade que sou contemporâneo. Leiam as cartas de 1966.

ALEGREM-SE!!!


Sei que está em cogitação uma compilação de 20 temas do Quinteto Académico! Mais vale tarde do que nunca! Pode ser que qualquer dia deixemos de ter motivos de reivindicação.

Que eu saiba ou que me lembre, só havia " I've Got My Mojo Working", "Abdulah", "Judy In Disguise" e "Papa's Got A Brand New Bag" oficialmente editados em CD.

domingo, 28 de outubro de 2007

PEDRO DE FREITAS BRANCO ESTÁ NO BRASIL


Pedro de Freitas Branco, 40 anos, é um jovem talento português. Multifacetado. É filho de Luís de Freitas Branco que pertenceu aos Claves, de boa memória, vencedores do Concurso Ié-Ié de 1965/1966 no Teatro Monumental, em Lisboa.

Pedro vive agora no Brasil e mandou-me um email simpático, dizendo que este blog é fascinante. Não sei como dele teve conhecimento, mas sei que trocou os Beatles pelos Rolling Stones.

Define-se como guedelhudo tuga, amante do yé-yé e nostálgico da swinging London.

Vive agora no Rio de Janeiro onde tem uma banda de tributo aos Rolling Stones, chamada Like A Rolling Stone (percebo que no Brasil a concorrência é grande no que respeita às bandas de tributo aos Beatles).

Diz - e eu acredito - que faz tremendo sucesso na noite carioca e que vai pisar o mítico palco do Circo Voador no dia 01 de Novembro no 3º Festival Nacional de Blues.

Parabéns, Pedro!

Com formação na área do Cinema e do Teatro, Pedro de Freitas Branco foi autor e guionista de televisão, especialmente na área da ficção nacional, ao longo de vários anos.

É um nome sobejamente conhecido do universo dos leitores portugueses. Os mais novos associam-no à série juvenil Os Super 4, que criou e e escreveu em parceria com António Pinho (sim, esse mesmo que foi da Filarmónica Fraude e da Banda do Casaco e que teve, não há muito, um AVC em plena consulta ao seu cardiologista).

Escreveu "A Vida Em Stereo" - que não conheço - e este "Segredo dos Beatles", um romance policial.

Enquanto músico, editou - que eu saiba - três álbuns em Portugal: "Mesmo Para Quem Não É Crente" (1996), "Momentos" (1998) e "Formigas Em Férias" (2002), sob a designação de Pedro e os Apóstolos.

O primeiro álbum é praticamente todo de Pedro de Freitas Branco, apenas com uma versão em português de "Learning To Fly", de Tom Petty.

Nos agradecimentos, cita Paul McCartney, Ray Davies, Glimmer Twins (Mick Jagger e Keith Richard) e Sérgio Godinho.

"Momentos" é todo Pedro de Freitas Branco. Tem agradecimentos vários, desde Jwana e Sérgio Godinho a Pedro Abrunhosa, passando por Luís Pinheiro de Almeida e Ramon Galarza.

Finalmente, "Formigas Em Férias" é um álbum ambicioso, quiçá dispendioso. Inclui uma versão de "The Last Time", dos Rolling Stones, e uma homenagem a George Harrison, "I Believe (In Love)", já inserta em colectâneas russas da especialidade.

Neste álbum - um regresso à parceria com António Pinho - há ainda evocações dos Kinks, "Lola Fantástica", John Lennon, "Deixo-me Levar", e Sérgio Godinho, "Lisboa Que Não Amanhece".

No dia 26 de Outubro de 1993, tive o privilégio de acompanhar Pedro de Freitas Branco à conferência de imprensa e concerto de Paul McCartney no Palau St. Jordi, em Barcelona.

Ainda guardo o que Pedro escreveu então para o "SuperMúsica". Eis o intróito:

"Barcelona, 27 de Outubro, duas horas da manhã. Estou exausto, mas completamente satisfeito. Paul McCartney, o maior compositor pop de todos os tempos, realizou há menos de duas horas atrás, no Pavilhão Sant Jordi da deslumbrante aldeia olímpica, um concerto memorável. Revisitou vinte canções dos Beatles, três ou quatro dos Wings e algumas do seu último álbum "Off The Ground".

"O público encheu totalmente e o público da Catalunha, com uma faixa etária dos 10 aos 60 anos, entrou em autêntica histeria com as interpretações de clássicos como "Drive My Car", "All My Loving", "Can't By Me Love", "Penny Lane", "Paperback Writer", "Let Me Roll It", "C'Mon People" ou "Looking For Changes".

"Depois, mais ou menos a meio do espectáculo, Robbie, Hamish, Blair, Wix, Linda e Paul juntararam-se no centro do palco para uma sessão "unplugged" que viajou por standards como "Good Rockin' Tonight", "Here, There And Everywhere", "Michèlle", "Yesterday", "We Can Work It Out", "Ain't No Sunshine" (com Paul na bateria e Hamish Stuart na voz solo) e ainda "I Lost My Little Girl", a primeira composição, de sempre, de McCartney.

"Quando o concerto terminou com o hino "Hey Jude", senti que o espírito da música dos Beatles continua bem vivo.

"Mas toda esta aventura catalã não termina aqui. Algumas horas antes do concerto, a SuperMúsica teve a oportunidade, única, de surpreendentemente, McCartney deu.

"As duas centenas de jornalistas que ali estavam, criaram um ambiente de autêntica loucura na sala, parecendo que alguma "figura de estado" estava p´ra chegar.

Quando Paul se sentou à nossa frente, as perguntas choveram".

Malandro! Agora trocou os Beatles pelos Stones!

BIOGRAFIA DO POP/ROCK


MOVIEPLAY - MOV 30.367-A/B - 1997

CD 1

Page One (Pop Five Music Incorporated) - Esquece (Ekos) - Era Um Biquini Piquinino Às Bolinhas Amarelas (Pedro osório) - O Júlio É Um Duro (Alabatroz) - Let Me Live My Life (Jets) - Meu Amor Vamos Conversar Os Dois (Adelaide Ferreira) - Festival (Arte & Ofício) - A Bananeira (Petrus castrus) - I'm A Believer (Chinchilas) - Canção da Beira Baixa (Titãs) - Vendaval (Gonçalo Lucena e a Nova Onda) - Amar, Viver, Sonhar (Fernando Conde) - O Dia Em Que Te Vi (Diamantes Negros) - Nivran (Conjunto Académico Orfeu) - Cristine Goes To Town (Beatniks)

CD 2

Missin' You (Sheiks) - Juntos Outra Vez (Victor Gomes) My Holiday Girl (Mini Pop) - Olhando Para O Céu (Daniel Bacelar) - California Dreamin' (Claves) - Um Mau Rapaz (UHF) - Chevrolet (Strollers) - Totobola (Rock Y Varius) - Al's (Psico) - Sansão Foi Enganado (Zeca do Rock) - Os Teus Olhos, Senhora (Charruas) - O Autocarro do Amor (Taras e Montenegro) - Bailinho da Madeira (Demónios Negros) - Festa (Corpo Diplomático) - Page One (Kingsize Remix9 (Pop Five Music Incorporated)

Fui espreitar as minhas colectâneas oficiais de música portuguesa e dei conta de coisas fascinantes. Há muito boas compilações de fado de Coimbra, fado de Lisboa, rap, hip-hop, reis da rádio, 25 de Abril, Timor, EXPO-98, Festival da Canção, NorteSul, SPA, Johnny Guitar, Rock Rendez-Vous, Portugal Ao Vivo, até da chamada música pimba.

Há de tudo, menos da música dos anos 60, pelo menos, uma compilação coerente, interessante, completa, contextualizada.

Há apenas aproximações como esta "Biografia do Pop/Rock" e ainda "Os Reis do Ritmo", "Portugal DeLuxe" (dois volumes), "O Melhor da Música Portuguesa", "Rock do Porto 1965/1968", "Music Box 60's" e "Nascemos Com O Ouvido Para A Música", esta última tem a única versão oficial de "Animais de Estimação" da Filarmónica Fraude.

E se falarmos em nomes próprios, o panorama é ainda pior. Que me recorde, só existem edições oficiais em CD dos Sheiks, Conjunto Académico de João Paulo, Quarteto 1111, Pop Five Music Incorporated, Banda do Casaco, Duo Ouro Negro.

Porca miséria!

E NÓS?


Os espanhóis - que nós tanto gostamos de odiar - cuidam bem das suas coisas, da sua Cultura, dos seus artistas.

E nós? Nós, com as editoras que (não) temos, estamos condenados à ignorância e não fôra a Internet e a paixão da Rato Records e O Galo Records, por exemplo, íamos desta para melhor sem conhecer esse fantástico "Eu Me Confesso, Lena", dos Keepers (1967).

Em 1997, ainda houve uma tentativa honesta a que foi dado o pomposo título de "Biografia do Pop/Rock". Só que as tentativas honestas esbarram sempre com a débil e imbecil "indústria" discográfica portuguesa.

Onde se viu incluir uma miserável versão de "Missing You", dos Sheiks, e não o original, e uma "kingsize remix" de "Page One"?

Valha-nos Deus!

MUDANÇA DA HORA: QUE CHATOS!

Salvo os computadores, que são máquinas inteligentes (e alguns telemóveis), já viram a quantidade de alterações que tivémos de fazer por causa da hora de Inverno?

Só eu:

1 - na cabeça;
2 - no despertador da cama;
3 - para já, só num relógio de pulso;
4 - no relógio da cozinha;
5 - na aparelhagem;
6 - na estação meteorológica;
7 - no carro;
8 - no podómetro;
9 - no telemóvel (que o meu é dos velhinhos!);
10 - no cronómetro.

Chiça!

Será que vou ficar por aqui?

RATO RECORDS


Como já devem ter reparado, não tenho neste blog ficheiros de música. Deixo isso para quem sabe fazer e quem competentemente sabe mesmo fazer é a Rato Records.

Aproveitem!

Este Rato presta um verdadeiro serviço público de Cultura. Quem será? Isabel Pires de Lima disfarçada?

HUNTER DAVIES REGRESSOU AO ALGARVE

O jornalista britânico Hunter Davies, autor da única biografia oficial dos Beatles (excluindo a Antologia, claro), "The Beatles" regressou quase 40 anos depois ao local onde a escreveu, na Praia da Luz, no Algarve.

Tudo por causa do desaparecimento da pequena Madie. "The Mail On Sunday" lembrou-se de Hunter Davies e patrocinou - e ainda bem - o seu regresso a terras algarvias.

Em 1968, Hunter alugou por seis meses a Quinta das Redes, na Praia da Luz, para escrever a biografia. Foi aí também que recebeu em finais desse ano a visita inopinada de Paul McCartney e de Linda Eastman (nada a ver com a Kodak). McCartney viria a compôr nessa altura a canção "Penina" para os Jotta Herre (mas isso é outra história).

Hunter gostou tanto do Algarve que no ano seguinte, em 1969, comprou uma casa - Casa D'Aviz - em Porto de Mós (Lagos), por £5.000.

E nos 25 anos seguintes, Hunter e a família passou férias no Sul de Portugal.

O jornalista vendeu a casa em 1995 a uma britânica por £60.000 que, por sua vez, a vendeu aos actuais proprietários, em 2004, por £250.000.

Hunter Davies escreve um bem interessante artigo na edição de 21 de Outubro de "The Mail On Sunday", com as suas impressões de como era dantes, de como é hoje, as alterações ocorridas.

Revisitou os sítios onde viveu, bem como os locais que mostrou a Paul McCartney, designadamente o restaurante Rampa, em Monchique, ainda hoje existente. Deslumbrou-se com a rede viária, ficou atónito com o desenvolvimento, que elogiou.

Na Quinta das Redes, os actuais locatários - ingleses, claro - esbugalharam os olhos quando Hunter lhes contou que Paul e Linda tinham lá dormido.

Mas Hunter não conseguiu reconhecer o quarto, porquanto a casa sofreu alterações.

sábado, 27 de outubro de 2007

ANOS 60 BARREIRENSES


Está patente na Galeria Municipal, no Barreiro, uma bem interessante exposição sobre a música dos anos 60/70 em Portugal. A exposição tem por título "Ritmos - O Rock em Portugal 1955/1974" e está aberta até ao dia 20 de Dezembro, de terça-feira a sábado, entre as 14H00 e as 20H00.

Foi bem escolhida a cidade do Barreiro para local da exposição. O Barreiro é bem a "nossa Liverpool", cidade cinzenta, deprimente, industrial, ribeirinha.

A exposição tem cerca de 150 fotocópias de capas de EPs e singles portugueses da altura. Há ainda guitarras eléctricas (a famosa Eko), gravadores de bobinas, gira-discos, recortes de imprensa, bilhetes, fotos.

Há ainda a fotografia de um 78 rotações de Joaquim Costa ("Rip It Up"), uma única cópia amadora gravada na Rádio Graça em 1959 que os autores da exposição dizem ser o primeiro registo fonográfico de um artista rock em Portugal (o EP, na imagem, é uma edição de agora).

Vi fotos dos Babies de José Cid, dos Ekos, dos Tártaros, dos Atlas (Portalegre), 1111, cópias de bilhetes de espectáculos dos Ekos (1965), do 1111 (1970), recortes de imprensa da época (infelizmente muitos deles não identificados).

Eis uma lista mais ou menos completa das capas que vi: Conchas, Pedro Osório, Daniel Bacelar, Conjunto Mistério, Titãs, Fanatic's, Tártaros, José Manuel Concha, Plutónicos, Diamantes Negros, Espaciais, Ekos, Demónios Negros, Conjunto Académico João Paulo, Nova Onda, Rebeldes, Keepers, Guitarras de Fogo, Álamos, Banda 4, Charruas, Claves.

Também Conjunto Académico Orfeu, Conjunto Universitário Hi-Fi, Victor Gomes, José Nóvoa, Zoo, Dinâmicos com Valério Silva, Duo Ouro Negro, Diamantes, Quinteto Académico, Grupo 5, Florbela Queirós, Chinchilas, Tubarões, Deniz Cintra, Conjunto de Oliveira Muge, Taras e Montenegro, Edmundo Falé, Alex, Strollers, Vodkas.

Também Thilo's Combo, Steamer's Quarteto 1111, Rock's, Sheiks, Nuno Filipe, Fernando Conde, Tibério & Lúcia, Jets, Fliers, Nómadas, Duques, Pop Five Music Incorporated, Mini-Pop, Petrus Castrus, Movimento Antecipação, Beatniks, Plexus, José Cid, Fluido, Controle, Fausto, Ex-Libris, Objectivo, Zeca do Rock.

Os textos, da autoria de Afonso Cortez, estão escritos em português do Brasil ("projecto", "psicodélico") e contextualizam a mostra, embora tivesse a sensação de um défice de informação relativamente a datas (gritante nos discos). A revisão é de Carolina Hofs.

A exposição foi realizada pela Câmara Municipal do Barreiro, Groovie Records, Hey Pachuco! e Plano Piloto, com concepção e produção de Edgar Raposo, Flávia Diab e Luís Futre. O "projeto" gráfico é de Edgar Raposo.

As imagens e os materiais expostos são dos acervos pessoais de Alfredo Laranjinha, António José Portela, Edgar Raposo, Francisco Dias, Joaquim Costa, José Couto, José João, José Francisco, Jorge Pinheiro, Luís Futre, Nuno Emídio, Sérgio Lemos, Vítor Rodrigues, José Santos Fernandes.

AS COISAS QUE ME IRRITAM (01)

1 - As pessoas que ficam especadas ao lado esquerdo das escadas rolantes, não permitindo a circulação dos restantes utentes (o mesmo nas passadeiras rolantes);

2 - não haver "vinho da casa";

3 - entrar no Continente e quererem ensacar o que já levo de sacos. Não autorizo. Valha a verdade que também não me impedem a entrada;

4 - ser revistado à entrada de concertos. Não permito. Só à PSP (aconteceu-me no último concerto dos Stones em Alvalade. O polícia fartou-se de rir);

5 - sair da FNAC e aquela treta desatar a apitar. "Olhe, faz favor". É claro que não faço. "Chamem a Polícia!". Ficam desconcertados, ainda insistem, mas perante a minha firmeza desistem;

6 - no LIDL, pedirem-me para passar o carro para a frente. Não passo. "São os nossos procedimentos". "São os vossos, não são os meus. Não admito que suspeitem de mim como larápio";

7 - os carteiros dos CTT que não tocam à campainha e depois deixam um postal na caixa. Já fiz queixa de vários;

8 - os polícias e os GNRs que não se identificam. Lá por estarem de farda, isso não lhe dá, isso facto, a autoridade. Já vi o Camilo de Oliveira de farda da PSP;

9 - publicidade e/ou promoções pelo correio. Se estou bem disposto, os envelopes RSF são sempre devolvidos com um pacote de açúcar lá dentro. Se estou com os azeites, vai o que estiver mais à mão. Se vos disser que até cascas de maçã já mandei...;

10 - as chamadas telefónicas do chamado marketing agressivo: "Está? É de casa do sr. Luís Titá?". "Não, não, deve ser engano". Desligam logo e não voltam a importunar;

11 - os carros que saem de garagens de edifícios pelos passeios e não dão prioridade aos peões. Levam sempre murro;

12 - as basbacas e os basbaques que ficam eternidades no Multibanco a mirar um minúsculo pedaço de papel (ou a arrumar a carteira) e impedem o acesso a quem está a seguir;

13 - carros estacionados em passeios estreitos. Retrovisor vai p'ra dentro ou para o chão, se houver azar, ou levam risco;

14 - pedirem-me trocos no supermercado. "Não tem os 20 cêntimos?". Está tudo doido! Eles é que são obrigados a ter trocos, não eu!;

15 - os chico-espertos na condução automóvel.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

0S 10 + PORTUGUESES


Com muito esforço, respondo ao desafio lançado por José no sentido de uma lista dos 10 melhores álbuns portugueses. É que, salvas raríssimas excepções, não sou nada fã da música que se faz em Portugal. Feitios...

O melhor álbum de sempre - para mim - é o de José Afonso que a imagem documenta, até porque assisti à sua gravação em Londres na Páscoa de 1970.

Bom, cheguei a esta lista, sendo a ordem aleatória, com excepção do primeiro caso:

- Traz Outro Amigo Também - José Afonso (1970)
- Homenagem - José Almada (1970)
- Guitarra Portuguesa - Carlos Paredes (1968)
- Até Ao Pescoço - José Jorge Letria (1971)
- Mudam-se Os Tempos, Mudam-se As Vontades - José Mário Branco (1971)
- Os Sobreviventes - Sérgio Godinho (1971)
- Palavras Ao Vento - Resistência (1991)
- Ar de Rock - Rui Veloso (1980)
- Quarteto 1111 - Quarteto 1111 (1970)
- Gente De Aqui e De Agora - Adriano Correia de Oliveira (1971)

E escolho estas porque cada uma tem uma história muito pessoal.

Curiosamente, uma estação de rádio - por uma qualquer razão que desconheço - acaba de me pedir as 5 canções (não álbuns) da minha vida. Escolhi:

- Canto Moço - José Afonso
- Partindo-se - Quarteto 1111
- Amor Novo - Luiz Rego
- Animais de Estimação - Filarmónica Fraude
- Tango dos Pequeno-Burgueses - José Jorge Letria

DESAFIO ACEITE!


Vou aceitar o fantástico desafio de José para uma lista dos 10 melhores álbuns portugueses.

Contra mim falo, porque vou ter alguma dificuldade em elaborar essa lista. Mas enfim, alguma coisa hei-de conseguir.

Para já, aqui vai o Top 10 dos melhores álbuns internacionais até agora evidenciados pelos meus amigos (incluindo eu, batota também), sendo que dei primacia à banda e não ao nome do álbum:

- Beatles: 5 citações

- Bob Dylan, Pink Floyd e Simon and Garfunkel: 3 citações cada (há ainda uma para Paul Simon, a solo)

- Rolling Stones, Led Zeppelin, Who, Frank Zappa, Leonard Cohen - duas cada.

Mas há aqui muita batota à mistura, pois houve quem não resistisse unicamente aos 10 álbuns (eu incluído).

VICTOR GOMES, O REI DO TWIST


Victor Gomes e os Gatos Negros foram os grandes vencedores do primeiro grande concurso de ritmos modernos que se realizou em Portugal.

O concurso teve por título Rei do Twist e foi organizado no Teatro Monumental, em Lisboa, por Vasco Morgado, o único empresário de então com direito a essa designação.

A final realizou-se no dia 07 de Setembro de 1963 e nela participaram Victor Gomes e os Gatos Negros, Nelo do Twist e o seu Conjunto e Fernando Conde e os seus Electrónicos. A apresentação foi de Henrique Mendes.

O júri era constituído pelos maestros Tavares Belo e Costa Pinto e pelo compositor Jerónimo Bragança.

Em palco, Victor Gomes, todo ele - incluindo luvas - de cabedal preto vestido, dava saltos felinos "à Tarzan".

A Imprensa deu ampla cobertura ao evento.

Escreveu "O Século":

A elegante sala do Saldanha - cuja lotação estava esgotada - apareceu com o aspecto de um estádio onde se disputasse uma rija peleja desportiva: os adeptos dos conjuntos musicais em concurso faziam pender dos camarotes vários dísticos proclamando a supremacia dos seus preferidos e entoavam-lhe os nomes em coro entusiástico de grito de guerra.

O espectáculo decorreu, porém, na melhor ordem. Vibração, frenesi, nervos excitados, doentes - mas tudo se resolveu com alguns esgares e piruetas, mais ou menos acrobáticas, cadenciadas no ritmo sem melodia, que muitos acusarão de ser um ruído como outro qualquer, mas que entusiasma a mocidade cabeluda e nevrótica das mais recentes gerações.


E o "Diário Popular":

Esta onda (twist) que há três anos anda na Europa e está já a desaparecer, chegou agora a Portugal (...) Filas inteiras dançavam e a certa altura o pessoal do teatro teve de ameaçar alguns mais entusiastas de que os mandava pôr na rua se prosseguissem na exibição.

A juventude portuguesa, porém, está longe de se entregar aos divertimentos como o fazem os franceses, os italianos ou mesmo os londrinos, que esquecem tudo e têm causado prejuízos sérios em salas e teatros dos seus países. Os "blusons noirs" portugueses não assustam e limitam-se a dançar e a aclamar com palmas e gritos a vitória dos seus ídolos.

No final do espectáculo, a Polícia teve de novo que intervir para evitar que que a juventude fosse para o palco dançar. mas mesmo assim umas largas dezenas de rapazes e raparigas "twistaram" entre clamores e aplausos, sendo imitados nos corredores e nas coxias por "furiosos" que não se contiveram perante os apelos dos acordes lançados no ar pelas guitarras eléctricas e pela voz estentórica de Victor Gomes e os seus Gatos Negros, os reis do twist de 1963
.

E a "Plateia":

Victor Gomes, logo que terminou a sua actuação, tinha assegurado o título de Rei do Twist, pois será difícil, seja onde fôr, na América ou na França, encontrar alguém que possa interpretar muito melhor este ritmo trepidante que caracteriza bem o dinamismo do nosso século.

E "O Século Ilustrado":

Embora já atenuada nos restantes países da Europa, a onda do twist invadiu agora Portugal. Fruto de uma organização de Vasco Morgado, surgiram os sábados do twist, no Monumental, cujo fim era a eleição dos reis desta curiosa e bem contorcida dança para o ano de 1963.

E, finalmente, a "Flama":

Victor Gomes é exuberante, fantasticamente desenvolto e possui uma auto-confiança notável.

Victor Manuel dos Santos Gomes nasceu em Lisboa a 06 de Fevereiro de 1940, no Alto do Pina. Aos 4 anos partiu com os pais para Lourenço Marques. A mãe, Maria Duarte Santos, foi, em 1948, segunda classificada no concurso "Rainha do Fado de Moçambique" e uma tia, Cecília Santos, foi cançonetista do Rádio Clube local.

Dos 7 aos 15 anos, Victor Gomes frequentou um colégio de padres salesianos na Namaacha.

Depois, segundo a "Flama", a sua vida tornou-se um contínuo desbobinar de emoções alternantes: actor teatral, cançonetista no Rádio Clube de Nampula, mecânico de automóveis em Lourenço Marques, pugilista profissional (sete combates na écurie de Tafoi), hoquista em defesa das cores de Malhangalene, Desportivo e Sindicato (ao lado dos mundiais Adrião, Bouçós e Velasco), futebolista no Sporting Clube de Nampula (companheiro de Eusébio na selecção de Moçambique) e, durante dois anos, caçador profissional de caça grossa.

Possuía três armas e um jeep: internava-se no mato e por lá passava semana a fio. Abateu búfalos, antílopes, jacarés, javalis, zebras, macacos-cães e hipopótamos e traficava com os nativos a carne seca.

Percorreu a Rodésia, Congo ex-belga e África do Sul cantando e caçando: na segunda faceta actuou ao lado de Cliff Richard e Marty Wilde, venceu um concurso de "caloiros do ritmo" e traçou Angola do Norte a Sul, cantando para militares e civis.

Em 1963 apareceu na Metrópole. Descoberto por Vasco Morgado na parada de artistas que desfilaram no festival de homenagem a Freddy, teve a sua grande oportunidade no Concurso do Rei do Twist que venceu.

Pouco depois, a estrelinha deixou de brilhar. Já não participaram no Concurso Ié-Ié, também no Monumental, e foram eliminados no dia 20 de Setembro de 1963, do Concurso tipo Shadows, no Cinema Roma, enquanto Nelo do Twist foi à final e Fernando Concha (com o Conjunto Mistério) foi o vencedor.

Agastado, voltou a Moçambique, prometendo que regressaria em grande, o que não viria a acontecer.

Em 1993 foi publicado um CD, "Victor Gomes e o Regresso do Rei do Rock" (já não do twist) com versões actualizadas de "Juntos Outra Vez" e "Há-de Voltar" e outras 12 canções, entre as quais interpretações de "Kanimambo" e "My Way" (em português).

OS 10 +

Aqui há uns anos indagaram-me sobre os 10 álbuns da minha vida. Com uma pequena batota enviei a lista:

01 - "Rubber Soul" - Beatles (1965)
02 - "Who's Next" - Who (1971)
03 - "(What's The Story) Morning Glory" - Oasis (1995)
04 - "Avalon" - Roxy Music (1982)
05 - "Sticky Fingers" - Rolling Stones (1971)
06 - "Darklands" - Jesus and Mary Chain (1987)
07 - "Transformer" - Lou Reed (1972)
08 - "Dark Side Of The Moon" - Pink Floyd (1973)
09 - "Blonde On Blonde" - Bob Dylan (1966)
10 ex-aequo - "Houses Of The Holy" - Led Zeppelin (1973) e "Bridge Over Troubled Water" - Simon and Garfunkel (1970)

E os vossos, quais são? O povo gosta é de listas...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

LONG JOHN BALDRY EM PORTUGAL


Não foi exactamente um concerto público, foi antes uma actuação na 1ª Convenção Internacional do Disco realizada em Ofir, em 1969 (30 de Novembro e 01 de Dezembro) por iniciativa de Arnaldo Trindade, da Orfeu.

Soube-o por uma entrevista do próprio Arnaldo Trindade incluída no 2º volume da obra completa de Adriano Correia de Oliveira que o "Público" está a distribuir às terças-feiras (aliás uma edição que eu recomendo vivamente, mesmo para quem já tenha a obra de Adriano).

Em 1969, fizémos uma convenção internacional, em Ofir, e trouxémos uma data de gente do estrangeiro. Estiveram lá os Foundations e o Long John Baldry que veio com o seu pianista, um senhor chamado... Elton John. Ele esteve depois em Vilar de Mouros, mas na nossa convenção não cantou. Só tocou piano, que quem era famoso era o outro, o Baldry. Fretámos um "Boeing" para trazer a imprensa e os clientes: estiveram lá umas 400 pessoas. 

Fui investigar.

A convenção realizou-se no Hotel do Pinhal, em Ofir, e nela participaram, como selecção nacional, entre outros, Ruth, Tonicha, Florbela Queirós, José Freire, Vieira da Silva, Francisco Naia, Adriano Correia de Oliveira e José Afonso (com Rui Pato), este último apenas identificado como "o intérprete de "Menino de Oiro"" por causa da censura.

Na embaixada estrangeira além de Long John Baldry, estiveram também os Foundations e os Uptight, que a minha memória se recusa a identificar.

Em 1969, Elton John já estava em plena carreira a solo, tendo já editado o primeiro álbum, "Empty Sky", em Junho.

Reginald Kenneth Dwight (Elton John) esteve na Bluesology (mesmo antes de Baldry) de 65 a 67.

Esta convenção faz-me lembrar uma da BMG, décadas mais tarde, no Algarve, em que, por pânico, não fiquei com uma guitarra de Dave Stewart. Mas isso é outra história.

LPA

REVISITEI AS DISCOTECAS DE 60/70


Comprei este disco no dia 09 de Janeiro de 1973, às 16H00. Segundo escrevi na contra-capa estava um dia claro e o sol brilhava.

Comprei-o na discoteca A Concorrente, na Rua Saraiva de Carvalho, 139-143, em Lisboa.

Concluí hoje a minha revisitação às principais discotecas que frequentava nos anos 60 e 70.

Eis os resultados:

A Concorrente - Rua Saraiva de Carvalho, 139-143: mantém-se a tabacaria/papelaria, mas já não vende discos.

Casa Gouveia Machado - Rua de São José, 152: desapareceu, hoje é Vítor Silva-Instrumentos Musicais, o mesmo core business anterior.

Compasso - Rua Saraiva de Carvalho, 268-C: desapareceu, hoje (Julho de 2013) é a João Lopes Iluminação, depois de ter sido uma loja de utilidades Stock Out, que fechou em 2009.

Discoteca do Carmo - Rua do Carmo, 63: transferida para a Rua do Ouro, 272, sob o nome de Discoteca Amália, hoje (Julho de 2013) é a Muji. Em frente, uma viatura Fleur de Lys (com a matrícula OE-50-80), verde, transmite e vende Fado de Lisboa. É propriedade da Fundação Manuel Simões. Manuel Simões, 90 anos, era o dono da Discoteca do Carmo e, hoje, da Discoteca Amália, que visita diariamente.

Discoteca Melodia - Rua do Carmo, 23: desapareceu, hoje (Julho de 2013) é a Sapataria Stock-Off, depois de ter sido Marallo, também sapataria..

Discoteca Universal - Rua do Carmo, 51-C: desapareceu, hoje (Julho de 2013) é uma loja de roupa Maison Louvre, depois de ter sido Richards.

Drugstore Apolo 70 - Avenida Júlio Dinis, 10: o drugstore mantém-se, a discoteca é que não.

Frineve - Praça Francisco Sá Carneiro (Areeiro), 6-D-E, mantém-se a loja de electrodomésticos, mas já não vende discos.

Grande Feira do Disco - Rua do Forno do Tijolo, 25-C: desapareceu, futura Escola de Actores

Livraria Ler - Rua Almeida e Sousa, 24-C: mantém-se.

Canasta - Praça de Londres, 11 B: já não existe, hoje (Julho de 2013) está uma loja para a 3ª idade, Care For You, depois de ter sido a Maria Gorda, loja de roupa.

Sinfonia - Avenida de Roma, 44-A: mantém-se.

Sol & Dó - Praça Marquês de Pombal, 1 - loja 7: desapareceu, hoje é um Centro Óptico Delgado Espinosa e o Snack Napolitano. Agora (Julho de 2013) é o Grupo Óptico OMB.

Valentim de Carvalho - Rua Nova do Almada, 95-97: desapareceu, hoje (Julho de 2013) é a loja de moda Rulys. A loja fica no Edifício Castro & Melo, recuperado por Siza Vieira. Em 1996 ganhou o Prémio Secil de Arquitectura, considerado o Nobel português de Arquitectura.

Valentim de Carvalho - Avenida de Roma, 49. Hoje (Julho de 2013) é o Banco Espírito Santo.

Coop Bancários - Rua Filipa Vilhena, 6 E/F: ainda existe, mas já não vende discos.

Vice-Versa - Av. da Igreja, 19. Ficava no Centro Comercial AC Santos, hoje (Julho de 2013) está lá uma loja multiusos.

Discoteca Roma - Av. de Roma, 20 C: hoje (Julho de 2013) é o BANIF.

Além dos discos, compravam-se os jornais e as revistas estrangeiras com as novidades:

Tabacaria Mónaco - Praça D. Pedro IV (Rossio), 21: mantém-se.

Tabacaria Adamastor - Rua 1º de Dezembro, 2-B: desapareceu e a loja está desocupada.

Ah! As camisas floridas compravam-se no Porfírios, Rua da Vitória, 63. Já desapareceu e hoje é uma loja também de moda para jovens: Shop 1one.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

ENTRE O "YEH-YEH" DE GEORGIE FAME E EU

Não é pacífica a expressão ié-ié e/ou yé-yé. Já não o era na altura, continua a não o ser hoje em dia como se atesta no blogue http://osdiasdamusica.blogspot.com/.

Nos anos 60, ié-ié tanto podia ser conotado com uma certa inferioridade na criação musical, associada quase exclusivamente a barulho e guincharia, como poderia designar um menino bem, da Linha, com dinheiro, sobretudo interessado pelo último grito da moda.

O termo foi amiúde utilizado em 1965 e em 1966, sendo posteriormente substituído por "pop", "música pop" e/ou "pop music" e já sem o negativismo que a enfermava. Música pop já era então sinónimo de qualidade, originalidade, inovação.

O termo foi repescado de um verso da canção dos Beatles, "She Loves You", mas, pelo menos, já Perry Como o utilizava em 1958.

A designação deste blog com esse termo teve apenas como objectivo uma mais simples identificação temática. Tão-só isso.

OS DISCOS DA ILHA DESERTA DE PAUL MCCARTNEY


Eis a lista de 8 canções que Paul McCartney levaria para uma ilha deserta:

1 - Heartbreak Hotel - Elvis Presley
2 - Sweet Little Sixteen - Chuck Berry
3 - Courtly Dances - Julian Bream Consort
4 - Be-Bop-A-Lula - Gene Vincent
5 - Beautiful Boy (Darling Boy) - John Lennon
6 - Searchin' - Coasters
7 - Tutti Frutti - Little Richard
8 - Walking In The Park With Eloise - Country Hams

Perguntado sobre um único disco que pudesse levar, McCartney não hesitou: "Beautiful Boy", de Lennon.

(in Club Sandwich, nº 71, Outono de 1994)

NA ÓRBITA DE EM ÓRBITA


Texto lido por Cândido Mota aos microfomes do FM estereo do Rádio Clube Português no dia 06 de Março de 1968:

No dia 01 de Abril de 1965 este programa iniciou a sua transmissão regular. Desde esse dia que temos vindo a dedicar-nos, praticamente em exclusivo, à divulgação, à selecção, à explicação e ao enquadramento das formas mais representativas de música popular de expressão inglesa.

Dos que nos escutam, muitos certamente recordam que era então o tempo de uma heterogénea e atabalhoada transmissão de gravações estrangeiras de toda a ordem e de todas as categorias, com o predomínio incontestável em tudo quanto de pior vinha de França.

Era a Vartan, o Johnny, o Anthony, o François, o Alamo. Eram uns cantores de voz doce do género Barrière, fotocópias imperfeitas de um Aznavour em plena e justificada glória.

Começámos então, nós, a divulgar um som praticamente inédito, em exclusivo, porque nos pareceu, como ainda nos parece ainda hoje, que a música popular anglo-americana contém em si mesma a amplitude de temas, de géneros e de sonoridades suficientes para não fatigar.

Além disso, nós desde logo contámos com a sua evolução própria e pretendemos acompanhá-la no que ela tivesse de válido, de representativo, de permanente.

E foi o que sucedeu. O "Em Órbita" de hoje é completamente diferente do "Em Órbita" do dia 01 de Abril de 1965. Nós, pelo nosso lado, procurámos evoluir. Mas principalmente quem evoluiu foram os criadores da produção musical que aqui se transmite.

Ora bem. Assiste-se hoje na rádio portuguesa a um fenómeno curioso. Os arautos dos "programas para todos os gostos" alinham hoje numa quase exclusividade que se traduz nesta estatística que nos démos ao trabalho de organizar: 94 % da música popular estrangeira que se transmite em Portugal é de origem inglesa e americana.

Tomámos, por conseguinte, sobre nós a responsabilidade de termos iniciado este movimento. Mas já, por outro lado, somos absolutamente alheios aos efeitos extremamente perniciosos que esse fenómeno está a produzir, em consequência daquilo que sempre temos combatido: o aproveitamento cego, não assimilado, superficial, dos nossos processos.

Não temos culpa nenhuma que tudo o que seja falado em inglês tenha ipso facto lugar a ser transmitido sem preocupações de selecção criteriosa ou de ponderação séria de valor intrínseco.

Por outro lado, e vamos chegar ao ponto que nos interessa, costuma-se atribuir à música que nós aqui transmitimos o epíteto de "música para a juventude".

E como a canção vencedora do recente Festival foi rotulada de canção ao estilo da juventude, aí já nós temos algo a dizer, melhor, a repetir, de modo a desfazer confusões geradas pela pressa furiosa que existe em certos meios de catalogar de sloganizar determinadas realidades.

Sempre proclamámos que a música popular anglo-americana que nós aqui transmitimos vai buscar grande parte do seu valor à sua prodigiosa vitalidade, à sua irreverência, à sua espontaneidade e, fundamentalmente, à sua essencial originalidade.

Ela não é como um produto para o consumo corrente, não é mercadoria, é uma expressão musical de uma realidade que se lhe ajusta perfeitamente e daí a sua autenticidade.

Ora aconteceu que anteontem apurou-se como representante do nosso País para um Festival internacional uma canção que, de portuguesa, só tem o revestimento ("O Verão", de Carlos Mendes - nota deste pseudo-bloguista).

Reflecte ela a procura desmesurada e cega de um som que se usa, que se consome. Aproveitou-se uma cadência rítmica que nos é estranha. Meia dúzia de efeitos de orquestração para impressionar. Uma acentuação melódica aos safanões para lhe dar um tom de pseudo-modernidade, um novo riquismo harmónico para dar que fazer a 45 elementos da orquestra. Depois o intérprete encarregou-se de utilizar todos os tiques que constituem a débil encenação que se pretendeu montar.

Ora o que nós queremos frisar e acentuar é isto: esta canção não é uma canção de juventude, justamente porque lhe falta a autenticidade, a frescura, a originalidade, o toque de irreverência, enfim, tudo o que caracteriza a boa música a que a tal canção vai buscar inspiração.

Deste modo, e em conclusão, se de algum modo contribuímos para a implantação de uma nova moda em Portugal, repudiamos em absoluto tudo o que represente a transposição para música popular portuguesa de elementos que são estranhos a toda a realidade nacional.

A canção vencedora do Festival é o exemplo vivo de uma tendência que é necessário reprimir e combater de uma vez para sempre. A total ausência de espírito criador não merece ser exibida em casa e, muito menos, na Europa.

A macaquiação do estrangeiro não dignifica, antes diminui e enxovalha os que por ela são forçadamente representados.

A terminar, queremos deixar uma nota de muita simpatia pela canção "Balada Para D. Inês". Um tema cuja singeleza, simplicidade e manifesta demonstração de intenção inovadora nas melhores bases merecem que lhe seja dado aqui o devido relevo. Uma interpretação infeliz não lhe retira em nada as suas virtudes intrínsecas.
Parabéns a José Cid e ao Quarteto 1111!

TODOS DELIRAM COM O 1111


Nuno Costa, exímio jurista, que já tem carro de serviço, e ex-Tuna Académica, Francisco Sottomayor, gestor inteligente de activos imobiliários e ex-campeão de rugby, Joaquim Mira, jovem inconsciente e génio criador das famosas t-shirts Cão Azul, Luís Batoque, fantástico leitor atento de ementas de restaurante e, sobretudo, militante de ginásio e do Brasil (donde cê é? é a sua frase favorita), e João Gonçalves, informático da IBM e amigo do João Amorim, o que lhe dá direito a borlas no Pavilhão Atlântico.

O que têm de comum estas singelas personagens que rondam os 30 anos? Nada, rigorosamente nada, a não ser um especial delírio pelo 1111, mesmo que não conheçam as suas músicas, como não conhecem (eu comprovei isso mesmo!). Ai se as minhas filhas soubessem que eu estava aqui com o José Cid, transbordava Sottomayor de telemóvel em riste, pirateando o concerto, para quem o quisesse ouvir. De balde...

A ocasião foi a apresentação do (excelente) livro de António Pires sobre o Quarteto, "As Lendas do Quarteto 1111", ocorrida terça-feira à noite no Music Box, em Lisboa, ex-Texas Bar.

Na plateia, muita gente conhecida, como Miguel Ângelo, dos Delfins, Pedro Tolo Duarte, Eduardo Simões, presidente da Associação Fonográfica Portuguesa, Fernando Chaby, dos Sheiks, Cândido Mota, que foi matar as saudades de uma vieirinha no "Porto de Abrigo", Manuela Silva Reis, que está agora na "Caras", Custódio Simão, o mafioso dos discos, Luís Pinheiro de Almeida, que me confidenciou que está a preparar um livro sobre os Sheiks, Mário Lopes, do "Público", e Davide (sim, com e) Pinheiro, do "Diário de Notícias", Jorge Dias, da discoteca Carbono e dos More República Massónica, etc, etc, etc.

"Foi porreiro, pá", teria dito Sócrates se lá estivesse estado (ainda bem que não esteve).

Outra ausência, esta sim, notada, foi a de Tózé Brito, que compromissos empresariais (Universal oblige) o impediram de estar presente. Com o seu sobretudo comprido, Rolex no pulso e ténis All Stars nos calcanhares deve ter estado em Nova Iorque.

No palco, estiveram José Cid (que cansou a mão a dar-me autógrafos), Mike Sergeant, Michel e Pepe (um novato). Fizeram as nossas delícias, mas tocaram pouco, muito pouco. Tocaram bem, muito bem, mas não encheu as medidas.

Enfim, para dizer a verdade, também eram pérolas a porcos...

(se bem repararem, o disco da imagem está assinado três vezes por José Cid, o que dá bem a imagem do seu egocentrismo. Cá para mim, tem direito a isso!)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

ARRIBA, BEE GEES!


Sempre me custou ver os Bee Gees sistematicamente vilipendiados pela pseudo-inteligência nacional. OK, concedo que na parte final da carreira, nos anos 80, a coisa era mais ou menos deprimente, mas isso não mancha definitivamente o colectivo.

Para dar algum conforto aos que imaginam que ouvir Bee Gees é engolir sapos, aqui vos deixo um texto do "Em Órbita", de 15 de Junho de 1967, na rubrica "Arquivo-Dito":

New York Mining Disaster 1941 (cujo EP português, Polydor 60 029, encima o post) é uma gravação que sempre nos cativou. O som dos Bee Gees revela uma nostalgia patente nos primeiros tempos da sonoridade beatleniana.

Todavia, convém notar que o som dos Beatles já pertence ao património comum da música popular anglo-saxónica. As influências têm portanto essa porção de legitimidade. Para além disso, há muito para observar nesta gravação e em especial o escrúpulo interpretativo dos seus criadores e o chamatismo da sua parte lírica.

Nela se conta numa linguagem simples a história cheia de simbolismo de um desabamento de terras no interior de uma mina. É a história dos que ficaram emparedados, dos condenados à esperança, ao silêncio, às recordações do mundo exterior.

New York Mining Disaster 1941 terá, quanto a nós, apenas essa falha: o tom trágico da sua narrativa que nem por ser um facto real e vivido deixa de ser um facto que convida à especulação de tipo sentimental.

New York Mining Disaster 1941 trata um assunto de aceitação imediata. Um tema demasiadamente eloquente. Peca por demasiadamente descritivo. É um tema para poetas acabados, não jovens inconformistas e com fé.

Para além disso, há um número considerável de qualidades potenciais a observar com justificado optimismo.

Tal foi o que dissémos numa apreciação isolada de um único single da 1ª gravação dos Bee Gees. O que então se disse mantém plena validade. Destacamos apenas que hoje, já com três singles e um LP, a formarem um contexto, estamos plenamente satisfeitos por termos chamado a atenção para este grupo que já deixou de ter apenas qualidades potenciais.

Hoje em dia os Bee Gees fazem boa música e gozam de formidável reputação em Portugal e em todo o Mundo.

Já agora que falamos do "Em Órbita", ofereço um pirolito com bola a quem souber qual era o primeiro indicativo do programa e como, a dada altura, o programa terminava. Fico à espera.

Hei-de voltar com mais textos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

DISCOS EXPOSTOS COMO JORNAIS...


CBS - EP 6070 - edição britânica (1966)

Spanish Harlem Incident - One Too Many Mornings - Oxford Town - It Ain't Me Babe - She Belongs To Me

Na tabacaria "Canasta" (Praça de Londres, Lisboa), onde comprei este Bob Dylan, os discos estavam expostos no exterior como se fossem jornais...

A tabacaria já não existe e no seu lugar, Praça de Londres, 11-B, está agora uma loja de roupa de criança, Maria Gorda.

Ah! Comprei o disco no dia 14 de Dezembro de 1966.

1111 AO VIVO!


Não estou com meias medidas! Apesar de não ser parte interessada, estou a convidar os meus leitores a um (raro) concerto ao vivo do Quarteto 1111 (com José Cid e tudo!).

É já amanhã, dia 23, no Musicbox (ex-Texas Bar), em Lisboa, na Rua Nova do Carvalho, 24, ao Cais do Sodré, às 22H00.

Podem aproveitar e jantar no Porto de Abrigo (comer umas vieirinhas, por exemplo), que era onde a malta de esquerda dos anos 60 por vezes ia.

O concerto insere-se no lançamento do (excelente) livro do jornalista António Pires (um dos ex-cérebros do "Blitz") sobre a história do grupo a que deu o título de "As Lendas do Quarteto 1111".

Ah! E vai lá estar Cândido Mota, ex-voz do "Em Órbita".

CASA GOUVEIA MACHADO


Não sei se dá para ver, mas a Casa Gouveia Machado utilizava uma imagem dos Beatles para promover os seus serviços. É claro que estávamos em 1966, isto hoje em dia seria completamente impossível.

O David Ferreira, se ainda estivesse na EMI, já teria alertado a Apple para a ilegalidade.

Mas não era sobre isso o propósito deste post.

A Casa Gouveia Machado foi nos anos 60 uma espécie de paizinho para os músicos yé-yé, sobretudo para os tesos. Arranjava sempre maneira de os músicos terem os seus instrumentos.

O meu Pai dava lá uma ajuda. E isso ajudava-me a mim próprio. É que eu ia lá sacar discos e dizia: "Ponha na conta do meu Pai, se faz favor". Que sorte a minha!

Bom, a Casa Gouveia Machado já não existe, mas o seu core business mantém-se. Hoje em dia continua a ser uma loja de instrumentos musicais: VS- Vítor Silva - Instrumentos Musicais (telefone 213 425 347).

Tem guitarras clássicas Admira com 20 % de desconto, guitarras Jackson com 15 % e faz reparações e afinações em acordeões, pianos, órgãos, guitarras, amplificadores, mesas de mistura, audios, videos, hi-fi.

A GRANDE FEIRA DO DISCO ERA BARATA

A Grande Feira do Disco era uma discoteca muito especial. Era um misto de pimba (como agora se diz) e de discos de referência (como agora também se diz).

Mas não se limitava à edição nacional. Possuía a sua própria etiqueta - Marfer - e representava e importava muitas outras.

Foi criada em 1960 por José Barata, irmão do Barata da Avenida de Roma (Lisboa), onde a malta encontrava os livros, as revistas e até os discos proibidos. O Barata tinha-os sempre escondidos debaixo do balcão à espera do cliente certo.

(Acho que este é um pormenor pouco conhecido, o da Grande Feira do Disco ser Barata).

Por isso, também a Grande Feira do Disco sabia o que fazia, tornando-se no entanto muito mais abrangente (também é um termo de agora) para atingir todo o tipo de públicos.

Tinha lojas no Porto, Coimbra, Viseu, Alcobaça e Cascais. Em Lisboa, ficava na Rua do Forno do Tijolo, 25-C.

Neste Domingo solarengo passei por lá. Encontrei uma loja fechada (mas não era por ser Domingo), escondida por detrás de vidros com papel e um grande cartaz da Escola de Actores.

Lá dentro duas ou três pessoas de vassoura da mão.

Presumi então que vá lá abrir uma Escola de Actores, com curso livre de representação para teatro, cinema e televisão. Boa!

Vejam lá a quantidade de etiquetas que a Grande Feira do Disco representava. OK, a grande maioria tinha um catálogo duvidoso, para não dizer medíocre (do meu ponto de vista): Vergara, Musidisc, Visadisc, Alma, Marbella, Percola, Bel Air, Kapp, Metro, Discophon, Vega, Time, Ekipo, RGE, Custon, Monitor, Liberty, Atlantic, Clarion, Panorama, Request, Universe, Vox, Blue Ribbon, Forum, Ricordi, Cetra, Pye, Berta, Golpix, Halo, Seeco, International e Alegria.

E agora vejam lá a lista de artistas que gravavam para a Marfer. Só cito os mais conhecidos (ou os que eu conheço), já que ele é numerosa:

Artur Garcia, Ada de Castro, Celeste Rodrigues, Manuel de Almeida, Maria José Valério, Deolinda Rodrigues, Moniz Trindade, Argentina Santos, Tristão da Silva Jr., Daniel Bacelar, Claves, Fernando Maurício e Victor Gomes.

domingo, 21 de outubro de 2007

IRMÃO CAÇULA TEM PRECIOSIDADES

Fui hoje almoçar um excelente cozido a casa do irmão caçula e, claro, vasculhei a sua não menos excelente discoteca.

De entre todas as preciosidades que saquei, destaco, para já, este single de amostra dos Beggars Opera, ainda por cima autografado pela banda.

Se o nosso amigo Alentejo Boy pusesse as mãos neste disco, tenho a certeza de que pediria uma nota preta no eBay.

O disco é de 1972 e, curiosamente, o que se tocava em casa era o lado B, "Pathfinder", e não o lado A, "Hobo".

Só muito recentemente esta pouco conhecida banda viu estes trechos (e outros) editados em CD, em 2005, e, mesmo assim, em edição limitada apenas a 2.500 cópias.

APROXIMAÇÃO A 3


Sempre odiei aquela coisa do "adivinha lá quem está a cantar". Além do mais, nunca tive jeito para isso. Bloqueio.

Isso não me impediu, no entanto, de no dia 21 de Outubro de 1967 (que coincidência, faz hoje exactamente 40 anos - juro que não foi de propósito, é mesmo feliz coincidência) de rumar ao Rádio Clube Português, que era aliás a dois passos de minha casa, na Rua Sampaio e Pina, 24, onde aliás ainda hoje está, depois de se ter chamado Rádio Comercial.

O programa "Em Órbita", que era transmitido das 19H14 às 20H52, tinha uma espécie de passatempo escrito a que dava o nome de "Aproximação a 3":

"Aproximação a 3" é a oportunidade que damos a um ouvinte por semana de ser posto à prova das suas faculdades de identificar, justificando, trechos cujos títulos, autores e intérpretes só lhes são comunicados posteriormente.

Convocados dois ouvintes, apenas um compareceu para ser submetido ao teste a que se resume esta aproximação a três. Luís Titá de novo o primeiro ouvinte que se ofereceu como na semana passada. Desta vez, porém, Luís Titá não foi tão feliz. Tal não impediu, como é da regra, que levasse consigo o disco que sempre oferecemos aos participantes.


Vejam bem o baile que eu levei (por comiseração por mim próprio, omito os meus palpites - não acertei uma, relembrando apenas as respostas do programa):

Tim Hardin

Não adivinhou. É Tim Hardin. Não adivinhou, mas com um pouco de atenção talvez o tivesse conseguido. É manifesta a tonalidade folk de toda a composição, assim como a vocalização particular de Tim Hardin.

Doors

Estamos em total desacordo. Os Doors representam um grupo difícil de identificar, certo, mas não confundível nem com os Kinks nem com os Byrds. O som de S. Francisco é hoje uma coisa que efectivamente existe e que já tem uma forma definitiva.

Aretha Franklin

A confusão com Nina Simone não nos parece aceitável. Para se adivinhar a Aretha Franklin do seu álbum mais recente, seria necessário evocar as afinidades com a música tradicional e religiosa dos negros norte-americanos que são patentes em todo o disco.

Não foi bem sucedido o nosso ouvinte Luís Titá nesta sua segunda aproximação a três. Não obsta a que aqui deixemos manifestado o nosso apreço pela atenção, pelo escrúpulo e pela lucidez com que demonstrou seguir e apreciar este programa em todos os seus aspectos.

Muito obrigado!, digo agora eu (uma vez mais).

Como provavelmente se poderá ver, o disco é um EP de Cat Stevens com "I'm Gonna Get Me A Gun", "School Is Out" (não, não é a canção de Alice Cooper), "Baby Get Your Head Screwed On" e "Here Comes My Baby" (sim, os Tremeloes fizeram uma versão desta canção).

Os autógrafos são de Cândido Mota (locutor) e dos autores do programa João Manuel Alexandre, o "cérebro" do programa, advogado, ex-presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL), morto num desastre de automóvel na Marginal no dia 29 de Setembro de 1969, Pedro Albergaria, Jorge Gil, arquitecto, que trouxe o "Em Órbita" até não há muito, e Manuel Violante (colaborador).

sábado, 20 de outubro de 2007

OS REIS DO YÉ-YÉ


Soube há muito pouco tempo que tenho um irmão mais velho, nascido em Junho último.

Chama-se Os Reis do Yé-Yé e merecem estar nos Favoritos.

http://osreisdoyeye.blogspot.com/

Longa vida!!!

"CHRIS FARLOWE" EM LISBOA


A história é bizarra, mas não deixa de ser divertida. Passou-se em Lisboa na 1ª quinzena de Junho de 1967.

Uma noite, João Martins, famoso locutor-produtor do não menos famoso programa da Rádio Renascença "23ª Hora", desatou a telefonar para toda a gente, vangloriando-se do facto de ser o único que estava com Chris Farlowe e que o iria entrevistar em exclusivo.

Chris Farlowe até nem era um artista de primeira água, mas sempre era um protegé dos Rolling Stones. Vivia à sombra de "Out Of Time", composto e produzido por Mick Jagger.

João Martins fez levantar da cama Mário Martins, produtor da Valentim de Carvalho, para ir ter com ele ao Caruncho. Cheio de sono, já os encontrou um pouco tocados e lá teve de pagar os consumos.

Em todo o caso desconfiou.

No dia seguinte, Chris Farlowe entrou pela Valentim de Carvalho e pediu um disco seu para oferecer ao motorista do carro de aluguer que João Martins tinha colocado à sua disposição. Ia voltar para Londres.

Era demais! Mário Martins acabou por descobrir que aquele Chris Farlowe era um impostor!

Tratava-se tão só de um súbdito inglês, guia turístico, que surripiara as massas dos turistas e revolvera divertir-se um pouco encarnando a figura de Farlowe (porque será que se lembrou desta fraca figura?).

Só não se percebe como chegou a João Martins, mas presumo que tenha subido o Chiado.

Uma revista que não morria de amores por João Martins, já falecido, tratou logo de o azucrinar pela pena de Miguel Belmonte:

"O João Martins que se julga um tipo esperto, foi enganado duplamente! Primeiro, porque acreditou ele próprio, segundo, porque fez os outros acreditarem! E as entrevistas concedidas, as despesas no Caruncho, e a idoneidade? Quem é responsável por isto?".

LICENÇA DE ISQUEIRO DE UM IÉ-IÉ

Cá está a famosa licença de isqueiro que os ié-iés fumadores de antanho - como eu, esta licença é minha - eram obrigados a possuir para defesa da indústria fosforeira nacional (era o que diziam).

Há exactamente 40 anos paguei 25$00 para, durante o 2º semestre de 1967, poder puxar à vontade do isqueiro sem que um qualquer ASAE de então me viesse importunar.

REVISTA ANUAL DO "ENEMY" (1970)


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

SOL & DÓ


DISQUES VOGUE - CLVLXEK 211 - edição francesa

Side One

Strange Days - You're Lost Little Girl - Love Me Two Times - Unhappy Girl - Horse Latitudes - Moonlight Drive

Side Two

People Are Strange - My Eyes Have Seen You - I Can't See Your Face In My  Mind - When The Music's Over

Volto ao assunto das discotecas, verba gratia, lojas de discos. Já aqui da falei da "Melodia", da "Universal", da "Discoteca do Carmo", da "Sinfonia", tudo em Lisboa, claro.

Agora, ao remexer em papéis velhos dei conta de um anúncio de uma das discotecas que mais frequentei nos anos 60 e 70, a "Sol & Dó" que ficava na Praça Marquês de Pombal 1, em Lisboa, nas arcadas do Hotel Flórida, loja 7.

Era uma discoteca francesa. Vi um anúncio de Outubro de 1963: "Sol & Dó" (boutique do disco) - salut les copains - chegados de férias, com as últimas novidades de Paris - representante do clube francês do disco".

Fui lá há pouco e no local da "Sol & Dó" está agora um Centro Óptico Delgado Espinosa e um Snack Napolitano. O hotel continua.

É por isso que o meu primeiro álbum dos Doors - um dos que mais gosto, na imagem - é um LP Vogue, o que prova uma vez mais a dependência que na altura havia da cultura francesa.

Havia outras discotecas que eu frequentava como o Apolo 70, uma pequena discoteca-tabacaria ao pé da Mexicana (ainda lá vou ver como se chama), outra do mesmo tipo ao pé do Hotel Ritz, Tabacaria, Papelaria e Livraria Hélada, na Rua Rodrigo da Fonseca 152 (atende no 160), onde, por exemplo, comprei o EP francês de Mick Jagger, "Memo From Turner", em Dezembro de 1970, por 45$00.

Frequentava também a Frineve, no Areeiro, a Casa Gouveia Machado e, muito mais tarde, até a Cooperativa dos Bancários servia para comprar discos (foi lá, por exemplo, que comprei por 160$00, em 1983, o single dos Rolling Stones, "Undercover Of The Night").

Também comprei muitos discos na Exposicion Solís, em Badajoz, e em duas fantásticas discotecas de Campo de Ourique, em Lisboa, na mesma rua: a Compasso, na Rua Saraiva de Carvalho. 268-C, telefone 66 98 51 e A Concorrente, mais pequena, na mesma rua nos números 139-143, com os telefones 66 21 46 e 66 72 51.

A Compasso já não existe. Em seu lugar está uma loja Stock Out, de utilidades e peças decorativas, bem interessante, que teve o bom gosto de manter aquelas montras fantásticas que a Compasso tinha.

A Concorrente, na esquina da Saraiva de Carvalho (não, não é o capitão de Abril, mas um jurisconsulto que viveu entre 1839 e 1882), ao pé da Cervejaria Canas (ainda lá está), outro ícone dos anos 60, onde as bifanas eram de morrer, ainda existe, multifuncional: papelaria, utilidades, pequenos electrodomésticos, peças Bodrum. Discos é que já não tem.

Do outro lado da Saraiva de Carvalho, na esquina com a Ferreira Borges, lá se mantém a Pastelaria A Tentadora, outrora assaz visitada pelos meninos-bem de Campo de Ourique e por músicos ié-ié, seus aliados.

Quando por lá passei agora num dia lindo de sol, estava Miguel Sousa Tavares na esplanada com um copo de leite e uma tosta. Nem de propósito.

Um pouco mais no interior de Campo de Ourique, no chamado Jardim da Parada, onde vivi nos anos 70, ainda existe hoje em dia a Livraria Ler (Rua Almeida e Sousa, 24 c, esquina com a Rua 4 de Infantaria), onde além dos livros proibidos havia também boa música.

Só mais um pormenor: o Apolo 70, a Sinfonia e o Compasso deviam ser todas geridas pela mesma pessoa, já que o sistema de etiquetagem dos discos era exactamente o mesmo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

ALÔ DIAMANTES NEGROS!


Os Diamantes Negros tiveram a amabilidade de me contactar. Eis o excelente site que produzem: http://www.diamantesnegros.org/.

Quem tiver o bom gosto de possuir a colectânea "All You Need Is Love" (EMI, 2004) tem lá uma canção pelos Diamantes Negros, uma versão em português (o que é raro) de "I Don't Want To Spoil The Party" ("Quero-te Sempre A Meu Lado").

Fora isso, não é fácil ouvir os Diamantes Negros. São um cromo difícil.

Retrato-os aqui através de uma notícia da Flama de 23 de Fevereiro de 1968:

Apesar da sua juventude, os Diamantes Negros, formados há quatro anos em Sintra, foram os vencedores do II Festival da Costa do Sol e realizaram digressões pelo Algarve, Alentejo e Beira litoral. Actuaram já, também, na Madeira, canárias, Espanha, França e Itália.

Os Diamantes Negros são compostos por seis elementos: Carlos Manuel Henriques, organista e viola-baixo. É o único fundador que ainda se encontra integrado no grupo. Tem 20 anos de idade e frequenta o 7º ano liceal. Gosta de ouvir Adamo, Beatles e Monkees. Como escritores prefere Sommerset Maugham e Leon Uris. Carlos Branco, viola-ritmo. Tem 19 anos. É estudante e admirador de Ann Margret. É leitor de Jorge Amado. Luís da Silva Cardoso, viola-baixo. Mestre de uma escola Comercial e Industrial, é fã de Caroll Lindly, dos Bee Gees e de Scott McKenzie. José Raimundo, bateria. tem 28 anos, é desenhador e admira Silvya Koscina e Tom Jones. Francisco Martins, vocalista. É estudante e tem 22 anos de idade. Tom Jones e Rolling Stones têm a sua preferência. Lê livros sobre filosofia e destaca, como autores, Bertrand Russell e Jorge Amado.

Estes são os Diamantes Negros, de Sintra, que têm Victor Ricardo como agente artístico. Gravaram um disco e registarão outro em breve.


Em 08 de Janeiro de 1966 foram à 1ª meia-final do Concurso Ié-Ié no Teatro Monumental, em Lisboa, tendo sido eliminados pelos Sheiks.

Tinham ganho a 3ª eliminatória, no dia 11 de Setembro de 1965, com 34,5 pontos,

O PRIMEIRO DISCO DOS BEATLES EM PORTUGAL

Este EP dos Beatles (Parlophone LMEP 1162) foi o primeiro dos quatro de Liverpool a ser editado em Portugal, no dia 22 de Novembro de 1963, exactamente no mesmo dia do assassínio de Kennedy.

Eu, por mim, só o comprei no dia 18 de Abril de 1964. Preço: 60$00 (30 cêntimos, aos € de hoje). Até 1969 vendeu 7.604 cópias.

Este EP - que tem uma capa que não só é única como é uma das mais bonitas em qualquer disco dos Beatles - inclui "Do You Want To Know A Secret" (uma das minhas preferidas do acervo do grupo), "I'll Get You", "She Loves You" e "Twist And Shout".

A primeira (e única que conheço) crítica ao EP surgiu no "Diário Popular" de 28 de Novembro de 1963 pela pena de Paulo de Medeiros:

O grupo vocal The Beatles, cujas actuações deixam em todo o mundo um surto de admiração e simpatia, oferece ao público nacional quatro cançonetas de créditos firmados: "She Loves You", "Twist And Shout", "Do You Want To Know A Secret" e "I'll Get You", não só pelos quesitos vocais que o distinguem mas também pela juventude que irradiam. Perante um quarteto desta índole, que brinca com a voz e se permite pisar com segurança todas as gradações da escala musical, sem uma hesitação, só há que render aplausos.

Cotação: bom.

A Valentim de Carvalho fez depois publicar no dia 29 de Dezembro de 1963 um anúncio nos jornais com o apelo "oiça o seu (dos Beatles) primeiro disco publicado em Portugal).

MARIA JOÃO AVILEZ FOI UMA JOVEM IÉ-IÉ


Pela pena de Edite Soeiro, escreve-se na revista Flama, de 14 de Agosto de 1964:

Chama-se Maria João Avilez. Tem 19 anos. E um mundo de sonhos. Há um ano apareceu no pequeno écran da televisão. Pela mão de Ivette Centeno, entrou para o Juvenil das quartas-feiras. Colaborou no "Momento Poético", dizendo poemas de Florbela Espanca. Passou pelo programa infantil. Mas seria no "Programa Feminino" das terças-feiras que Maria João Avilez se afirmaria como figura do video.

Ela é a mais jovem participante desse programa.

O facto, porém, não a aflige: Fiquei contente com a escolha. Sei que há pessoas que me criticam por eu ser muito nova. Mas essa crítica não tem validade para mim. Vivo a responsabilidade de ser a mais nova, de modo a que o público sinta que é assim.

Aliás Maria João tem provado que ser nova não é obstáculo para se cumprir bem e atingir a realização pessoal.

(...)

Além da televisão (e sobretudo!) ela estuda: frequenta o curso do Instituto Superior de Línguas e Administração (...)
Hoje as línguas são de grande valimento. E posso dedicar-me à Literatura, uma das minhas grandes paixões.

Simultaneamente, vai realizando uma grande paixão: a do jornalismo.

Sou ambiciosa sem limites.