domingo, 14 de outubro de 2007

VIVA O DANIEL BACELAR!!!

Apesar de Daniel Bacelar me ter confundido com outra pessoa, não guardo rancor. Mais, vou dar aqui visibilidade a um interessantíssimo comentário que o Ricky Nelson português deixou em "Também Tivémos A Nossa "Melodia".

Leiam:

A DISCOTECA "MELODIA"!!!!QUE SAUDADES!!!

Tinha eu 16 anos e era estudante no Liceu Passos Manuel e todos os dias de volta para casa, subia a Calçada do Combro, Largo de Camões, Rua Garret e finalmente Rua do Carmo.

Era paragem obrigatória em frente da dita montra da "Melodia"completamente extasiado perante aquela capas de L.P.s e outros discos.

Um belo dia, uma pen-pal americana (coisa muito vulgar na altura, para desenvolver o inglês e abrir os olhos para o mundo exterior) enviou-me um single de um novo cantor Rick Nelson.

Fiquei imediatamente rendido e um furioso fan do dito cantor até aos dias de hoje apesar de o homem já ter morrido há uma série de anos.

Numa dessas passagens em frente á montra da "Melodia"o que é que eu vejo??? Expostos em destaque os dois primeiros L.P.s importados directamente da América, do dito cantor. Custavam na altura, 180 escudos cada um (menos de €1 hoje em dia) mas claro isso era uma fortuna para um pobre estudante cuja semanada dada pelo avô era cerca de 50 escudos (nada mau para a altura!!).

Claro, eu tinha de comprar aqueles L.P.s e para poupar andei não sei quanto tempo a pé do liceu para o Campo Pequeno onde morava para poupar nos transportes e o meu avô ainda têve de me adiantar duas ou três semanadas.

Todos os dias os meus olhos ficavam na montra da "Melodia"sempre com um aperto no coração não aparecesse entretanto outro fan mais endinheirado e se me adiantasse na compra dos discos.

Tive sorte, pois como o Rick Nelson não era muito conhecido por estas bandas, isso não aconteceu e lá comprei triunfante os dois discos os quais ainda conservo entre muitos outros apesar de toda a obra do artista já ter sido editada em C.D., o que claro faz parte da minha colecção como não poderia deixar de ser.

Portanto, que saudades eu tenho da "Melodia"da minha juventude.

Daniel Bacelar

7 comentários:

josé disse...

Estas histórias são deliciosas, porque mostram um tempo que não volta p´ra trás, mas ainda assim tem o seu encanto.

Hoje em dia, não encontro nada, em matéria musical que mereça a atenção de dois LP´s de Ricky Nelson na montra da Melodia ( coloquei um anúncio de 1963 dessa discoteca, no blog Lojadaesquina).

Comigo isso acontecia frequentemente com...revistas e livros. E também discos. Só no final dos anos setenta, consegui um gira-discos a sério e lembro-me de ver um LP dos Van Der Graaf- Still Life, de 76 - que adulei durante dias. Aquela capa com raízes fossilizadas e as letras na contra-capa!
E só o comprei na versão original inglesa, anos depois disso.

Gosto de ler estes relatos na primeira pessoa, sobre discos e obsessões.

ié-ié disse...

Também me pélo por relatos na primeira pessoa!

Luís

josé disse...

Meu caro: esclareça-me uma coisa, por favor. A Melodia, ficava na Rua do Carmo, de que lado ( em relação a quem descia, como seria o caso de Daniel Bacelar )?

ié-ié disse...

Do lado esquerdo de quem desce. Além da Melodia, havia também a Universal, bem mais pequena e já quando se descia a Rua Nova de Almada, do mesmo lado, a Valentim de Carvalho que ardeu. Do outro lado de ambas as ruas havia pouco comércio, já que eram os Armazéns do Chiado e do Grandella. Não sei se me esqueci de mais alguma discoteca, mas aguardo correcções.

Luís

josé disse...

A exposição destas coisas novas, nas montras, dantes, dava um deslumbre.

Ainda hoje as novidades antigas que nunca cheguei a ver porque o tempo passou e desapareceram dos escaparates, estantes e arquivos, dão um gozo especial quando se encontram.

Nas feiras, o melhor que pode haver é uma sensação dessas: ver um disco que não se via há anos ou que nunca se viu ou apenas se ouviu falar.

Lembro-me que um dos críticos ( franceses) da revista Rock & Folk, ao escrever sobre um disco dos Van Der Graaf ( outra vez)precisamente o primeiro, intitulado Aerosol grey machine, dizia que tinha ido a Nova Iorque ( de propósito ou não) para apanhar a rodela encapada, numa determinada loja que indicava. Fiquei espantado, porque o grupo sendo inglês, oferecia mais probabilidades de distribuir os discos por cá, no continente do que na América. Mas era assim, nesse caso particular e ainda fiquei mais admirado por ler alguém capaz de viajar longe para conseguir arranjar um disco.

Rato disse...

então como se chamava uma outra discoteca, desse mesmo lado, pequena, com o balcão de vendas do lado direito (de quem entrava) e as cabines de escutas do lado esquerdo? Não era a Discoteca do Carmo?
Tenho lido e relido vários posts deste interessante blog e... será impressão minha ou...o Luís "yé-yé" é um pseudónimo do LPA?

ié-ié disse...

???

Luís