A história é bizarra, mas não deixa de ser divertida. Passou-se em Lisboa na 1ª quinzena de Junho de 1967.
Uma noite, João Martins, famoso locutor-produtor do não menos famoso programa da Rádio Renascença "23ª Hora", desatou a telefonar para toda a gente, vangloriando-se do facto de ser o único que estava com Chris Farlowe e que o iria entrevistar em exclusivo.
Chris Farlowe até nem era um artista de primeira água, mas sempre era um protegé dos Rolling Stones. Vivia à sombra de "Out Of Time", composto e produzido por Mick Jagger.
João Martins fez levantar da cama Mário Martins, produtor da Valentim de Carvalho, para ir ter com ele ao Caruncho. Cheio de sono, já os encontrou um pouco tocados e lá teve de pagar os consumos.
Em todo o caso desconfiou.
No dia seguinte, Chris Farlowe entrou pela Valentim de Carvalho e pediu um disco seu para oferecer ao motorista do carro de aluguer que João Martins tinha colocado à sua disposição. Ia voltar para Londres.
Era demais! Mário Martins acabou por descobrir que aquele Chris Farlowe era um impostor!
Tratava-se tão só de um súbdito inglês, guia turístico, que surripiara as massas dos turistas e revolvera divertir-se um pouco encarnando a figura de Farlowe (porque será que se lembrou desta fraca figura?).
Só não se percebe como chegou a João Martins, mas presumo que tenha subido o Chiado.
Uma revista que não morria de amores por João Martins, já falecido, tratou logo de o azucrinar pela pena de Miguel Belmonte:
"O João Martins que se julga um tipo esperto, foi enganado duplamente! Primeiro, porque acreditou ele próprio, segundo, porque fez os outros acreditarem! E as entrevistas concedidas, as despesas no Caruncho, e a idoneidade? Quem é responsável por isto?".
Uma noite, João Martins, famoso locutor-produtor do não menos famoso programa da Rádio Renascença "23ª Hora", desatou a telefonar para toda a gente, vangloriando-se do facto de ser o único que estava com Chris Farlowe e que o iria entrevistar em exclusivo.
Chris Farlowe até nem era um artista de primeira água, mas sempre era um protegé dos Rolling Stones. Vivia à sombra de "Out Of Time", composto e produzido por Mick Jagger.
João Martins fez levantar da cama Mário Martins, produtor da Valentim de Carvalho, para ir ter com ele ao Caruncho. Cheio de sono, já os encontrou um pouco tocados e lá teve de pagar os consumos.
Em todo o caso desconfiou.
No dia seguinte, Chris Farlowe entrou pela Valentim de Carvalho e pediu um disco seu para oferecer ao motorista do carro de aluguer que João Martins tinha colocado à sua disposição. Ia voltar para Londres.
Era demais! Mário Martins acabou por descobrir que aquele Chris Farlowe era um impostor!
Tratava-se tão só de um súbdito inglês, guia turístico, que surripiara as massas dos turistas e revolvera divertir-se um pouco encarnando a figura de Farlowe (porque será que se lembrou desta fraca figura?).
Só não se percebe como chegou a João Martins, mas presumo que tenha subido o Chiado.
Uma revista que não morria de amores por João Martins, já falecido, tratou logo de o azucrinar pela pena de Miguel Belmonte:
"O João Martins que se julga um tipo esperto, foi enganado duplamente! Primeiro, porque acreditou ele próprio, segundo, porque fez os outros acreditarem! E as entrevistas concedidas, as despesas no Caruncho, e a idoneidade? Quem é responsável por isto?".
4 comentários:
Bom, aqui vou meter o bedelho por dois motivos: o 1º é para dizer que o Martins por vezes metia muita água, como, a ser verdade a narrada "estória", neste caso.
Na altura que Dylan editou o single "Like a rolling stone", o ilustre sr. Martins apresentou o single como novidade sua (quando no dia anterior o Em Órbita, pela voz do Pedro Castela - então locutor desse programa - o tinha já apresentado, o que não deixou de constituir uma curiosa coincidência) e ainda teve o desplante de traduzir o nome da canção, "Eu gosto dos Rolling Stones"!
Claro que o caso foi motivo de comentário mordaz por parte da edição do Em Órbita. Valha que o João Martins teve a humildade de telefonar para o Em Órbita a pedir desculpa pelo desatino - alguem no seu juízo perfeito entenderia que um artista com o estatuto de Dylan fosse fazer uma canção com uma lirica desse teor?
A 2ª razão é para, de certa forma contestar a secundarização de Chris Farlowe.
Na verdade, foi um nome muito importante no panorama dos rythm'n'blues ingleses, e com Jon Hiseman, formou os Colosseum, que tiveram algum sucesso, e depois fez parte dos Atomic Rooster, após a saída de Carl Palmer - Emerson, Lake and Palmer, remember? - embora por pouco tempo (acho que poucos teriam paciência para aturar Vincent Crane durante muito tempo)
Portanto, aí fica o apontamento.
Caro Yardbird, não nos conhecemos? Pertinentes e enciclopédicos os seus comentários. Sou ávido deles. Também conheci o João Martins, mas ao de leve. Na altura recebia discos directamente de Londres e emprestava-os à "23ª Hora". Lembro-me perfeitamente que um deles foi o "You Were On My Mind", do Crispian St. Peters. Mas havia mais. Todos grandes êxitos na rádio e eram MEUS! Ainda os guardo religiosamente.
Luís
O conhecimento pode até ser real, mesmo que só de vista, meu caro, até porque vejo pela licença de isqueiro que morava na Rodrigo da Fonseca. Ora morei na S. Filipe Néri até aos 22 anos.
Ah! pois! O Crispian St Peters, o Pied Piper.... Tenho uma colectânea dele.
Bem, estas conversas andam-me a agradar, de modo que vou reactivar o meu blog "Os Dias da Música", que está parado desde Junho. Aí escreverei mais umas coisitas.
Se quiser, pode lá fazer uma visita e ler algumas dos primeiros posts, onde está a minha visão sobre alguns acontecimentos da altura
http://osdiasdamusica.blogspot.com/
Já tinha o seu blog nos meus favoritos, mas de facto tinha verificado que estava, digamos, a descansar.
E também já vi o outro com um excelente texto sobre o "freewheelin'". gostava de saber escrever assim. se revitalizar o seu blog, já me sinto recompensado.
ai a filipe nery!!! tanta vez a subi para casa vindo do clenardo onde estudei.
Luís
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