Lembra-se de ver outras revistas e jornais do género?
Sei que a Rolling Stone, para a mim, a melhor revista de sempre, de música e cultura popular, vendia-se na terra em que vivo, nos anos setenta, pelo menos em 75.
Será que em Lisboa já se distribuía, antes?
A Bertrand, no Chiado, era um lugar de culto para ver revistas estrangeiras de todo o género e feitio.
Como fazia o percurso diário, descendete, se calhar saberá dizer-me.
Por mim, só lamento não ter tido a sorte de viver num lugar assim, em que poderia passar numa Melodia ou numa Bertrande e espreirar as novidades recém chegadas dos estrangeiro.
Por aqui, onde vivia ( e vivo), só um quiosque ou uma livraria , por acaso também a Bertrand.
Onde é que o meu amigo vive? Ou é tabú? Bom, por aqui, por Lisboa, vendia-se tudo ou quase tudo. Ainda tenho por aí, em caixotes, além do NME jornal (a imagem é da revista especial), Melody Maker, Disc & Music Echo, Bravo, Salut Les Copains, Hit Parade, eu sei lá...)
Comprava muito na Tabacaria Mónaco, no Rossio, que ainda existe, ou na Caravela, ao lado, que já não existe. Mas, claro, uma visita à Bertrand do Chiado era obrigatória.
Braga, Viana do Castelo, Coimbra, foram sítios onde passei esses tempos.
E lembro-me de ver a Salut les copains, quando trazia as capas com as belezas da França, embora o mais das vezes fosse um Clo Clo ( imitado agora pelo Ramon Galarza para os Gatos Fedorentos) ou um Sardou qualquer.
Lembro-me de ver ( só comprei um número, em 72) a Disc and Music Echo, por causa da bateira de Ian Paice dos Deep Purple. Também lembro de ver o Melody Maker. Mas nunca vi por exemplo a Village Voice ou a Sounds, ou a Trouser Press.
O que se torna interessante é comparar com a censura existente e a bertura às importações de revistas onde se escrevia sobre assuntos que por cá, eram tabu.
Tenho uma Time de 1973 ou início de 74, em que se previa já o que veio a suceder em Abril de 74,com um trabalho muito aprimorado sobre o nosso país. Foi aí que li coisas que por cá não eram publicadas, acerca da nossa economia e do esforço de guerra.
Enfim, vou escrever no blog sobre os MiniPop e os espectáculos daquele tempo, com fotos de ocasião.
A 1ª revista a sério que por cá apareceu, suponho que foi a Fab, que comprei semanalmente, a partir de 1964. Depois, apareceu a Rock&Folk, que era uma revista mensal francesa excepcional, muito anglófona. Sinceramente, detestava a Salut les Copains, que só trazia pepineiras sobre Claudes François e Johnies Hallidays!
Apareceu em 1966 e vendem-se agora números atrasados no ebay.
Comprei os de 73 e 74 que me faltavam.
A Rock & Folk tem uma história, juntando o que de melhor havia na música dos EUA e na Inglaterra. Tinha críticos muitissimos bons: Garnier, Paringaux, Vassal, Bailleux, Ducray, Manoeuvre, etc.
Os meus heróis da crítica, juntamente com os americanos Lester Bangs e Greil Marcus e o inglês Nik Cohn e outros que usavam de um humor british que me impediam de perceber o que escreviam.
Pergunto, yardbird:
Quem é que influenciava a crítica portuguesa, quase inexistente, dos Jorges Cordeiros, Titos Lívios e outros Cadafaz de Matos?
Sempre me mantive algo distante do que se dizia (ou criticava) por cá. Segui o Ritmo64, e depois o Em Órbita, que de certa forma seguiu a mesma linha, e fazia o meu próprio juízo, ajudado pelas excepcionais críticas dos manos Gil, feitas nesse grande programa. De resto, concordo que algumas das grandes linhas influenciadoras da crítica lusa eram emanadas do Rock&Folk. Mas curiosamente, alguns dos músicos mais destacados pelos homens da r&f, nunca passaram por cá de um semi-anonimato, como por exemplo Grateful Dead, Soft Machine, Mountain, e mesmo Frank Zappa. Claro que havia gente a ouvi-los, mas na rádio, nem pó. E edição em disco, nem falar! Lá se ia pedindo aos amigos que iam a Paris ou Londres para nos trazerem umas novidades...
os Grateful Dead, por exemplo, nunca os ouvi por aqui e tinham um peso específico no rock americano e os franceses davam-lhe importãncia.
A primeira revista Rock & Folk, que comprei, de Setembro de 74, tinha na capa Jerry Garcia.
Zappa, em 74 já era amplamente ouvido, na rádio, APostrophe e Overnite sensation, ouvi-os na época, no programa do falecido Balsinha e outros( Jorge Lopes) Espaço 3p. Little Feat, outro.
A este propósito entram os carolas. Nesse tempo, na rádio, eram convidados alguns que tinham discos raros que traziam de fora.
Lembro-me de ouvir João Afonso ou um certo Luís a emprestarem discos desse género que por cá não se ouviam ( Captain Beefheart).
7 comentários:
Isto- o NME dos anos sessenta- vendia-se por cá?
Lembra-se de ver outras revistas e jornais do género?
Sei que a Rolling Stone, para a mim, a melhor revista de sempre, de música e cultura popular, vendia-se na terra em que vivo, nos anos setenta, pelo menos em 75.
Será que em Lisboa já se distribuía, antes?
A Bertrand, no Chiado, era um lugar de culto para ver revistas estrangeiras de todo o género e feitio.
Como fazia o percurso diário, descendete, se calhar saberá dizer-me.
Por mim, só lamento não ter tido a sorte de viver num lugar assim, em que poderia passar numa Melodia ou numa Bertrande e espreirar as novidades recém chegadas dos estrangeiro.
Por aqui, onde vivia ( e vivo), só um quiosque ou uma livraria , por acaso também a Bertrand.
lembro-me de espreitar aí a primeira Playboy...
Onde é que o meu amigo vive? Ou é tabú? Bom, por aqui, por Lisboa, vendia-se tudo ou quase tudo. Ainda tenho por aí, em caixotes, além do NME jornal (a imagem é da revista especial), Melody Maker, Disc & Music Echo, Bravo, Salut Les Copains, Hit Parade, eu sei lá...)
Comprava muito na Tabacaria Mónaco, no Rossio, que ainda existe, ou na Caravela, ao lado, que já não existe. Mas, claro, uma visita à Bertrand do Chiado era obrigatória.
Luís
Braga, Viana do Castelo, Coimbra, foram sítios onde passei esses tempos.
E lembro-me de ver a Salut les copains, quando trazia as capas com as belezas da França, embora o mais das vezes fosse um Clo Clo ( imitado agora pelo Ramon Galarza para os Gatos Fedorentos) ou um Sardou qualquer.
Lembro-me de ver ( só comprei um número, em 72) a Disc and Music Echo, por causa da bateira de Ian Paice dos Deep Purple.
Também lembro de ver o Melody Maker.
Mas nunca vi por exemplo a Village Voice ou a Sounds, ou a Trouser Press.
O que se torna interessante é comparar com a censura existente e a bertura às importações de revistas onde se escrevia sobre assuntos que por cá, eram tabu.
Tenho uma Time de 1973 ou início de 74, em que se previa já o que veio a suceder em Abril de 74,com um trabalho muito aprimorado sobre o nosso país. Foi aí que li coisas que por cá não eram publicadas, acerca da nossa economia e do esforço de guerra.
Enfim, vou escrever no blog sobre os MiniPop e os espectáculos daquele tempo, com fotos de ocasião.
A 1ª revista a sério que por cá apareceu, suponho que foi a Fab, que comprei semanalmente, a partir de 1964. Depois, apareceu a Rock&Folk, que era uma revista mensal francesa excepcional, muito anglófona.
Sinceramente, detestava a Salut les Copains, que só trazia pepineiras sobre Claudes François e Johnies Hallidays!
A Rock & Folk, claro.
Apareceu em 1966 e vendem-se agora números atrasados no ebay.
Comprei os de 73 e 74 que me faltavam.
A Rock & Folk tem uma história, juntando o que de melhor havia na música dos EUA e na Inglaterra.
Tinha críticos muitissimos bons: Garnier, Paringaux, Vassal, Bailleux, Ducray, Manoeuvre, etc.
Os meus heróis da crítica, juntamente com os americanos Lester Bangs e Greil Marcus e o inglês Nik Cohn e outros que usavam de um humor british que me impediam de perceber o que escreviam.
Pergunto, yardbird:
Quem é que influenciava a crítica portuguesa, quase inexistente, dos Jorges Cordeiros, Titos Lívios e outros Cadafaz de Matos?
Rock & folk, voilà!
Sempre me mantive algo distante do que se dizia (ou criticava) por cá. Segui o Ritmo64, e depois o Em Órbita, que de certa forma seguiu a mesma linha, e fazia o meu próprio juízo, ajudado pelas excepcionais críticas dos manos Gil, feitas nesse grande programa.
De resto, concordo que algumas das grandes linhas influenciadoras da crítica lusa eram emanadas do Rock&Folk.
Mas curiosamente, alguns dos músicos mais destacados pelos homens da r&f, nunca passaram por cá de um semi-anonimato, como por exemplo Grateful Dead, Soft Machine, Mountain, e mesmo Frank Zappa. Claro que havia gente a ouvi-los, mas na rádio, nem pó. E edição em disco, nem falar!
Lá se ia pedindo aos amigos que iam a Paris ou Londres para nos trazerem umas novidades...
É verdade, isso que diz.
os Grateful Dead, por exemplo, nunca os ouvi por aqui e tinham um peso específico no rock americano e os franceses davam-lhe importãncia.
A primeira revista Rock & Folk, que comprei, de Setembro de 74, tinha na capa Jerry Garcia.
Zappa, em 74 já era amplamente ouvido, na rádio, APostrophe e Overnite sensation, ouvi-os na época, no programa do falecido Balsinha e outros( Jorge Lopes) Espaço 3p.
Little Feat, outro.
A este propósito entram os carolas.
Nesse tempo, na rádio, eram convidados alguns que tinham discos raros que traziam de fora.
Lembro-me de ouvir João Afonso ou um certo Luís a emprestarem discos desse género que por cá não se ouviam ( Captain Beefheart).
Eram um regalo esses programas.
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