terça-feira, 15 de abril de 2008

DANIEL BACELAR FOI PRESO!!!


Em Dezembro de 1971 fui, como de costume, com a Fernanda a Londres comprar umas coisitas para o Natal. Como não havia ainda a Internet nem a Amazon e outros, vinha equipado com as últimas novidades em disco.

No aeroporto, na sala de embarque, tinha comprado 4 LPs que trazia num saco de mão.

Quando chegámos, ao entrar nos trânsitos antes da alfândega, no balcão estava um colega que me perguntou se eu não queria deixar ali o saco para evitar ir carregado. Depois entregava-mo á saida.

Num total acto de inconsciência e estupidez, disse que sim e segui para fazer o movimento de policia e alfândega.

Ia eu muito satisfeito, pois não me tinham chateado na alfândega, quando me aparece um tipo à paisana que se apresentou como fiscal da alfândega (o sr. Manuel António - nunca mais me esqueci!!!) e me disse que, como tinha deixado um saco antes do movimento da alfândega, estava detido.

Bom, como já era tarde e no dia seguinte tinha de ir a tribunal, meteram-ne numa carrinha e levaram-me para o Governo Civil (ao lado da Radio Renascença) onde pernoitei para ser presente ao juiz no dia seguinte.

Hoje em dia, qualquer facínora que atropele duas crianças na passagem de peões sem carta ou seja apanhado com droga é notificado para se apresentar posteriormente no tribunal.

Eu fui dentro por quatro LPs.

O mais engraçado é que depois de ter dado entrada e de me terem tirado o cinto (não fosse eu suicidar-me na cela) estabeleceu-se uma relação de inter-ajuda entre os polícias de serviço e eu. Hoje em dia dá que pensar se depois de tantos anos não andámos para trás em relações humanas.

Lá fui para o calabouço especial de porta aberta e em amena cavaqueira com os dois policias de serviço.

"Então diga-me cá, o senhor foi preso por causa de quatro discos??? O meu amigo não vá na conversa deles, esses tipos da Alfândega o que eles querem sei eu!!! Não se deixe levar!!".

No dia seguinte de manhã, lá fui ser presente ao juiz, depois de muitas pancadinhas nas costas e de votos de felicidades e de que tudo corresse bem, da parte dos meus amigos policias (carcereiros).

O juiz olhava para mim, para os discos, para o oficial de diligências, coçava a cabeça, folheava um livro (devia estar a consultar a tabela) e lá disse:

"Bem, vamos acabar com isto, o sr. vai pagar 8.000$00 (€40) de multa e direitos alfandegários (que na altura era um balúrdio e bem falta me fêz pois vinha aí o Natal) e pode ficar sossegado, pois o seu registo criminal continua limpo, pois isto é um delito menor".

Respirei aliviado, pois se não fôsse assim, como funcionário da TAP, poderia vir a ter problemas, mas felizmente tudo ficou por ali.

Uma coisa lhes confesso, serviu-me de emenda, nunca mais facilitei, pois - confesso - passei por uma experiência interessante, mas um muito mau bocado, devo confessar.

Uma coisa ficou no entanto, a recordação da solidariedade daqueles policias do Governo Civil que me ajudaram a passar aquela horrivel noite num calabouço de porta aberta, mas que me serviu de emenda.

Hoje, depois de tantos anos, ainda me interrogo sobre o que se terá passado nesta terra para de repente as pessoas terem passado a viver de costas voltadas.

Junto a prova de que não estive a contar uma história da carochinha, o recibo da minha estada "na prisa", onde consta a hora de entrada, às 19H00 do dia 02 de Dezembro de 1971 e a quantia paga - 40$00 (40 cents +-) - por um calabouço com águas correntes.

Foram os meus únicos discos de ouro!!!

Daniel Bacelar

27 comentários:

Jack Kerouac disse...

Depois desta história deliciosa, penso que também poderá usar o Cognome de Johnny Cash das Av Novas...uma prisão fica sempre bem no currículo de um rocker, ainda mais se foi por causa de 4 Lps, pode mesmo considerar-se um "Prisioneiro do Rock and Roll".

DANIEL BACELAR disse...

Caro Jack
Posso ser o Johnny Cash das av.Novas ou o prisioneiro do Rock and Roll,mas que apanhei um grande susto,lá isso apanhei,mais a mais tenho a mania que sou "muito certinho",e aquilo ficou para sempre como uma mancha no meu "curriculum" (pelo menos mental!!).Claro que o LUIS (grande gozão)veio-me logo perguntar mal recebeu esta historia se eu me lembrava do nome dos 4 L.P.s!!!
TÁ-SE MÊMO A VER,NÃO TÁ?????

Zeca do Rock disse...

Eu. pecador, me confesso...

Vou-lhes dizer como é que eu me precavia contra esse tipo de problema:

Quando vivia em Portugal, entre os anos 1968 e 1988, ia 3 ou 4 vezes por ano a Inglaterra, entre negócios e visitas à família da Heather. Em cada viagem, eu levava na mão, de Lisboa, uma caixa própria (com asa) com 50 LPs. Dirigia-me aos serviços de alfândega e declarava que estava a sair com 50 discos para ouvir nas festas em casa de amigos nas férias. Bagagem de mão, está claro.

Um amigo meu acompanhava-me sempre ao aeroporto e esperava por mim na sala. Antes de eu entrar para a zona exclusiva de passageiros, dirigia-me à casa de banho e o meu amigo também. Lá dentro, eu despejava os 50 LPs para um saco vazio que ele tinha e depois ia-me embora com a minha caixinha VAZIA e um comprovante da saída de 50 LPs.

Escusado será dizer que, na volta, com um sorriso de orelha a orelha, quase pedia a Deus para me pararem na Alfândega só para ver a cara dos imbecis quando eu mostrava o recibo comprovativo de que os discos novinhos em folha que eu trazia de Inglsterra, tinham saído comigo de Portugal.

Não é por acaso que se nasce em Campo de Ourique!...

Unknown disse...

É por isso que eu adoro este blog, para ler estas fantásticas histórias/aventuras. Boa, Zeca!, Boa, Bacelar!

João

Jack Kerouac disse...

Este truque do Zeca também está bem visto, simples e funcional. Mas na história do Daniel, ainda há a curiosidade de ter que pagar para estar preso, se não tivesse os 40 escudos ia embora ? eheh...pronto ok, eu percebi que os 40 paus era para ficar na suite especial, e não numa cela normal, mas achei piada haver celas pagas, nunca imaginei :)

filhote disse...

Belas estórias, a do Daniel e do Zeca.

Quanto à do Daniel, também eu adorava saber que 4 LPs eram esses - coisa de apaixonado por discos.

Em relação ao Zeca... nascido em Campo de Ourique?... claro, com fintas desse calibre só podia ser do mesmo bairro do Ricardo Quaresma!!!

josé disse...

Esta coisa de a gente se conhecer, impede-me de disparar politicamente, com chumbo grosso.

Mas, tendo como pressuposto a compreensão do Daniel Bacelar que é uma pessoa de bom tom e bom trato, permito-me avançar um pouco, sem tentar ofender ninguém.

Antes de 25 de Abril ( e depois, já lá iremos), o controlo de fronteira, era apertado.
Em ditadura, em todo o lado, sempre foi assim. Que o digam os camaradas da antiga cortina de ferro, onde para quem entrava, estava reservada uma revista minuciosa aos pertences. Revistas, por exemplo, eram escrutinadas à letra e imagem ( a Playboy era imediatamente apreendida, mas por motivos dúbios). Calças de ganga, eram alvo de cobiça e negociata, etc etc.

Trazer quatro LP´s de Inglaterra, sem declarar a mercadoria, poderia ser entendido como contrabando? Assim parece e parece mal. Mas como dizia, as ditaduras, são o que são e o rigor do funcionalismo vestido em excesso de zelo, ainda torna as coisas piores.
Por outro lado, dantes, a detenção para apresentação a julgamento sumário, era como há uns anos por cá, em relação a conduzir sem carta: detenção na esquadra e apresentação a julgamento no dia seguinte. E se fosse fim-de-semana? Ora...até 48 horas, ninguém poupava o sono no catre.
O caso, deverá ser visto nessa perspectiva benigna, mas ao mesmo tempo inadmissível.
A democracia resolveu um pouco isso, mas reparem no seguinte:

No mesmo aeroporto de Lisboa em que tais coisas se passaram, no Verão Quente de 75, o arcebispo de Braga da época, D. Francisco Maria Ribeiro da Silva, preparava-se para embarcar para o Brasil. Com comitiva, eventualmente.

No momento da passagem pelo que agora se designa check in, o zeloso funcionário, perguntou-lhe se levava alguma coisa com ele. Outros se juntaram e desconfiando que o mesmo poderia esconder algo, nas suas partes interiores, obrigaram-no ali mesmo, a baixar as calças, não fosse o prelado esconder divisas fortes, nas partes fracas.

Este acontecimento real, foi relatado no jornal Sempre Fixe da época, como um modo de controloar a reacção e os contra-revolucionários que contrabandeavam divisas.
O arcebispo, esse, aguentou estoicamente a provação e nem se queixou publicamente.
Aliás, nessa época, seria logo conotado com o ELP ou um qualquer movimento terrorista de extrema direita, financiado pela CIA.
COmo aliás foi.

josé disse...

Mas para além dessa, tenho uma história pessoal, ocorrida em Outubro de 1986, na fronteira de Valença.

Depois de vários meses a namorar guitarras acústicas, decidi, comprar uma que fosse boa e barata. Dantes, ainda havia disso. E os japoneses sabiam do interesse europeu em adquirir essas coisas e outras ( como relógios Seiko e carros Honda e ainda rádios portáteis Silver ou coisa assim. Sobre rádios, ao escrever isto, deu-me o baque da memória do meu primeiro rádio portátil japonês. Vou procurar na ebay a ver se encontro tal pequena maravilha...)
Bem, mas dizia que os japoneses nessa altura, fabricavam boas guitarras acústicas e baratas. Mas não se vendiam em Portugal, por causa das malditas divisas que nos faltavam, como pão para a boca.
E assim, lá íamos nós, a Espanha vizinha e ainda franquista, buscar o que por cá não se encontrava, apesar de a peseta valer metade de um escudo ( coisa, aliás, que foi resolvida em meia dúzia de anos, invertendo-se completamente o racio do câmbio) .
Em Vigo, numa loja fantástica de instrumentos musicais, vi os meus objectos de desejo, dependurados numa montra de vidro e madeira.
A cor da madeira exótica não mentia: o tom suave daquele amarelo da caixa, debruado em imitação de madrepérola e com a medida exacta que esperamos ver em figuras femininas, apaixonou-me logo. Amor à primeira vista, depois de a dedilhar com o cuidado de um neófito, com dedos a tremer e inexperiência a condizer.
Trouxe-a comigo, junto a mim, no combóio descendente. Saí na fronteira, para passar a pé, com a minha amada pela mão.
Mostrei o passaporte, documento imprescindível nessa altura remota e como estava em ordem, avancei a pé, para me pôr a distância segura desse lugar de medo.
Andei uns metros e uma voz:
Faça favor! Tem alguma coisa a declarar?
E eu, seguro no medo:
Não, não tenho nada...
E o tipo fardado de azul escuro, a insistir:
-Mas...e isso que leva aí na mão, é o quê?
-Isso? Mas eu não levo nada para declarar. Isto é uma viola que comprei em tempos e levei para reparar. Trago-a agora, depois da reparação...respondi eu, seguro na hesitação de um papel documento, passado pelo vendedor em que atestava que eu tinha pago uma "funda", ou seja, um tampo.

A lá expliquei, esperando a compreensão para uma história mal contada, mas plausível:
- É que esta viola teve um pequeno acidente, há uns tempos, com uns amigos e ficou um bocado estragada no tampo do fundo e como a comprei em Espanha, há uns meses, vim repará-la...

- Ai foi? Um acidente? E como é que foi isso? - E eu já a ver o caso malparado...
Então vamos ali para dentro, para ver isso melhor...acrescentou o oficial da alfândega, chamando pelo "doutor" que veio logo para ouvir a minha explicação atabalhoada para um acidente sem testemunhas, nem sequer o da própria viola que se apresentava novinha em folha.
Mas palavra puxa palavra, é "de onde és?" e " como vieste?" e " que fazes?" e ainda " diz lá quem é o teu pai..." e essas coisas que atrapalham sempre quem está a ser interrogado, sabendo da malfeitoria escondida.
Mesmo assim, nunca me descosi da história mal alinhavada, sabendo bem que só assim teria hipóteses de escapar à apreensão e ao pagamento dos direitos devidos que eram muitos para a minha bolsa da época.

Depois de longos minutos que me pareceram horas, lá obtive o asentimento desconfiado do "doutor", sempre a mirar o objecto do meu desejo, e a repetir " mas esta viola está nova!" E eu a dizer, "pois está...só foi um pequeno arranhão e ficou como nova...".

E pronto. o "doutor", deve ter percebido que um estudante não tinha dinheiro para pagar direitos e que o desejo da música valia mais do que uma pequena infracção alfandegária.

E foi exactamente assim que me deixou seguir viagem, sem os direitos pagos, mas com o direito de usufruir da minha estimada Kiso-Suzuki, um amor de vida que já dura há mais de trinta anos.

E ainda me arranjou boleia...

DANIEL BACELAR disse...

Caros amigos Jack,Pedro e José vou responder aos três de uma sò vêz (olha!!!rimou!!estou inspiradissimo!!)e assim de uma cajadada mato três coelhos (oh coelhos,desculpem lá!!).

Esta vergonha por que passei,foi sómente motivada por estupidêz minha,facilitismo e o resultado de trabalhar naquele sitio há tantos anos e conhecer oa cantos á casa.
Lógicamente que em época alguma,alguém foi chateado por 4 L.P.s simplesmente se lerem com atenção o meu relato,eu deixei o saco antes do control alfandegário para me ser entregue depois já na rua.
O "bufo" da guarda fiscal,é que como estava ali á espera de outra coisa (que eu poderei contar na nossa próxima almoçarada off-record,pois como devem imaginar aquilo era uma pequena aldeia e com tempo tudo se sabe) a qual claro como o caminho passou a ficar livre passou com a maior das facilidades.
Para minha consolação também vim a saber mais tarde,que o nosso amigo levou uma enorme "rabecada"pois com a percipitação lixou a operação toda.
Eu sei que isto vai chocar muita gente,mas como em todo sitio há gente mal formada e tipos porreirissimos que só querem ganhar a vida fazendo mil malabarismos com os magros ordenados.
Dos agentes de control de fronteiras que naquela altura eram agentes da P.I.D.E não houve um único que não fôsse porreirissimo e bastante cooperantes pois não passavam de pobres diabos que estavam ali a ganhar a sua vida,não tendo nada a ver com todos os outros "gabirus"que todos nós conhecemos e que depois do "glorioso" fôram todos reformados e misteriosamente outros "DA CLASSE HEAVY" fugiram de Alcoentre.
MISTÉRIO!!!
Na alfândega era o mesmo,e mesmo hoje em dia arriscaria dizer que se passam "coisas" muito mais esquisitas que antigamente e estamos em "democracia???".
ZECA
A tua jogada era brilhante,e digna de um filho de Campo de Ourique,mas na outra face da moeda,contando isso,estás a lixar a vida a qualquer tipo que queira ir fora da CEE comprar discos
Sabe-se lá se neste momento não estará um gajo qualquer da Alfândega a ler isto!!!
Há tipos da alfândega que também adoram música e "blogs" giros.
Olá Pedro
Como está o tempo por ai????
Também já disse ao Luis que não me lembro do titulo dos L.P.s (minto,lembrei-me agora de um deles,a banda sonora do filme "Shaft" de ISAAC HAYES,puxa!!!!tenho de dizer á Fernanda que afinal não estou tão"BALHELHAS"como ela diz que estou!!!o CERESTABON três vezes ao dia está a dar um resultadão...)
Caro José
Essa cena triste com o Arcebispo de Braga,é mais uma daquelas "filhas de putice" (desculpa o termo)em que somos tão pródigos quando metemos o pé na poça e uma demonstração da nossa cobardia.
Esquecemo-nos que não é em 24 horas nem 34 anos que se cria uma mentalidade aberta e civilizada e é por essas e por outras que andamos a "marcar passo" para trás há 34 anos e...continuaremos!!!)
Lembras-te da triste historia do "it doesn't arrive" á qual achaste tanta graça????
Pois é!!!!!Multiplica isso por uns milhares
Um grande abraço e beijinhos nossos á Ana.
MALTA!!!
Não perceberam nada deste final de conversa com o josé.pois não???
Também não era para perceberem,mas ele percebeu de certeza!!!!
Um abraço a todos!!!

DANIEL BACELAR disse...

Isto não tem nada a ver com este tema,mas como não sei onde ir para escrever estas linhas,aqui vai!!!

Faleceu OLLIE JOHNSTON

Para a maior parte dos meus amigos,este nome não dirá nada,mas se lhes falar em "BAMBI" "PETER PAN""SLEEPING BEAUTY""THE JUNGLE BOOK"e tantas outras obras de arte do cinema animado ,este homem era o braço direito e chefe dos desenhadores de WALT DISNEY que iluminou a nossa juventude com as suas maravilhosas criações como o coelho "TAPPER" no FILME "BAMBI" e o próprio "BAMBI" e o inesquecivel "MOGLI" e o seu amigo URSO no fabuloso "THE JUNGLE BOOK".
Escrevo este pequeno apontamento,pois quando ouvi a noticia na TV, não sei porquê tive de reprimir uma lágrima teimosa quiçá de saudade por alguém que nunca conheci mas a quem sem dar por isso,fiquei a dever alguns dos melhores momentos da minha meninice.

Que raio!!!Estou a ficar velho e soft!!!!

josé disse...

Os desenhos animados da Disney continuam a ser uma das 7 maravilhas do mundo antido do cinema de animação.
São ícones culturais e por isso, a morte do co-autor das ilustrações, um acontecimento a marcar.

Também aprecio imenso os filmes de desenhos animados da Disney; dei-os a ver às minhas filhas quando eram pequenas e viram-nos todos, logo nos anos oitenta, quando sairam em VHS e depois em dvd.

Felizmente, a tradição de desenho animado continua bem viva nos USA, como se pode ver no magnífico filme Cars, de John Lasseter e em quase todos os filmes da Pixar de Steve Jobs.

Não falho um.

DANIEL BACELAR disse...

Olá José
É bem verdade que os americanos mantêm um enorme fascinio pelo desenho animado,e são mestres nisso.
Mas confesso que os velhos classicos têm um enorme significado para mim,talvêz por influência das extraordináriamente bem feitas dobragens em português do Brasil.
Hoje em dia com a digitalização e a enorme capacidade dos computadores fazerem absolutamente tudo,ainda dá mais valôr a esses pioneiros de desenho animado em que tudo tinha de ser feito prancha á prancha.

Zeca do Rock disse...

Só um pequeno "remark" para deixar bem claro que os meus 50 LPs por viagem eram para meu único e exclusivo uso e gozo, eram somente uma peça de cada e, portanto, em rigor, não cabem na classificação stricto sensu de contrabando.

Para que conste.

Rato disse...

Sorte a do Zeca os alfandegários não serem melómanos. Ou perceberiam facilmente onde é que os discos tinham sido editados

DANIEL BACELAR disse...

ZECA
Que me conste aqui ninguém falou em contrabando de discos.
Além disso nem me passa pela cabeça,que os leitores deste blog e de outros com tanto carinho pela música estivessem metidos nesses esquemas.
Lógicamente seriam para uso pessoal dos interessados e claro está quando havia um amigo qualquer com um programa na rádio e nos pedia emprestados .claro que era com todo o prazer que o faziamos,pois como toda a gente sabe as edições cá saiam com meses de atraso e era quando saíam.

ié-ié disse...

Ai, camarada rato, ai, camarada Rato! Think sixties! Nessa altura, não havia LPs feitos em Portugal, era tudo importado!

LT

Zeca do Rock disse...

O LT tirou-me as palavras da boca. E além do mais, os discos que eu exibia na saída também eram todos "Made in the UK".

Ainda tenho essas maletas porta-LP compradas na HMV shop em Oxford Street. Uma azul para 50 discos, outra vermelha para 25. E cheguei a usar as duas de uma só vez...

Jack Kerouac disse...

Alto e pára o Baile ! eu tenho um LP do Conjunto João Paulo ao vivo no Monumental, e é PortuguÊs ! e é dos 60s ... eheh..mas confesso que, e já estou a falar do final dos 70, só consegui completar a minha colecção de LPs dos Beatles após a morte do John Lennon, aí sim reapareceram os discos todos na discoteca, pelo menos na Amadora, onde só exisitiam 2 discotecas....

Rato disse...

Ora bem, aqui está um ponto que convém ser esclarecido. Eu não vivia em Portugal nessa altura (só vim para cá de vez em Dezembro de 1974) mas vinha cá de férias. E lembro-me de comprar discos (EPs e LPs) "made in Portugal". Então a Valentim de Carvalho já não existia nessa altura? O que eu acho que se passava (mas não estou certo, por isso agradecia uma confirmação) era que os discos eram originariamente importados mas depois a VC fazia cópias cá (por isso tinham lá o respectivo selo). Ou será que estou a dizer uma barbaridade?
Em África nós comprávamos discos de 4 diferentes origens: de Moçambique (uma minoria, mas na verdade eram feitos mesmo lá, usualmente com o selo "Companhia Ultramarina do Comércio"), da África do Sul (a "Gallotone" era das editoras mais conhecidas), de Portugal Continental (selo VC a grande maioria) ou então os chamados "discos de importação", que vinham directamente do Reino Unido , França e Estados Unidos.

ié-ié disse...

Sou um leigo na matéria, mas EPs portugueses, sim senhor, muitos, milhares. LPs? Só os artistas nacionais, quando havia. Os LPs estrangeiros, importados, eram desdobrados em EPs portugueses (vide Beatles). Como não havia dinheiro, os artistas portugueses - salvo raríssimas excepções - gravavam LPs portugueses em Portugal, sim senhor. Mas não me parece que o Zeca arriscasse por LPs nacionais.

LT

filhote disse...

Não sei se existiam nos anos 60 muitos Lps de artistas internacionais com edição portuguesa, mas... tenho um "Between the Buttons" de 1967 (Rolling Stones), sêlo Decca, com a seguinte inscrição: Made in Mozambique... Moçambique... ora bem, Moçambique não era nessa altura território nacional!?

Rato disse...

Ó filhote, isso não será gralha? Um album dos Stones "fabricado em Moçambique", e em 1967?
Não dá mesmo para acreditar! Se fosse a ti mandava uma fotografia desse album aos tipos da Record Collection com um pedido de esclarecimento. É que se isso é mesmo real, és capaz de ter um tesouro entre mãos!

josé disse...

Mozambique é uma localidade americana. Há uma referência no álbum Desire, de Bob Dylan.

josé disse...

Estou na brincadeira...porque se calhar o Dylan nunca esteve em Moçambique. Talvez lá perto, numa ilha ou coisa assim.

ié-ié disse...

Confidencialmente, o Daniel disse-me que um dos LPs era o "Shaft", de Isaac Hayes (belo disco, por sinal).

Pois o meu foi comprado em "A Concorrente" no proletário Campo de Ourique.

LT

DANIEL BACELAR disse...

É VERDADE lUIS!!!
Ainda existe "A CONCORRENTE"ou também já fechou???
Não imaginas a saudade que sinto quando passo por sitios que marcaram a minha juventude,e vulgarmente só vejo caixas de multibanco

ié-ié disse...

"A Concorrente" ainda existe, mas já não vende discos.

http://guedelhudos.blogspot.com/2007/10/revisitei-as-discotecas-de-6070.html

LT