domingo, 7 de fevereiro de 2010

CANÇÕES HERÓICAS


A VOZ DO DONO - 8E 061 40328

Coro da Academia de Amadores de Música dirigido por Fernando Lopes Graça, piano de Olga Prats.

Lado 1 - Canções Heróicas

Acordai (José Gomes Ferreira) – Jornada (José Gomes Ferreira) – Mãe Pobre (Carlos de Oliveira) – Convite (Antunes da Silva) – Crucifixo (Afonso Duarte) – Firmeza (João José Cochofel) – Cantemos O Novo Dia (Luísa Irene) – Combate (Joaquim Namorado) – Ronda (João José Cochofel) – Livre (Carlos de Oliveira) – Canto de Esperança (Mário Dionísio) – Canto de Paz (Carlos de Oliveira)

Lado 2 – Canções Regionais Portuguesas

José Gomes Ferreira, em “A Memória das Palavras ou o Gosto de Falar de Mim”, conta que no Verão de 1944, aceitou a sugestão de Fernando Lopes Graça para passar uns dias no Senhor da Serra, perto de Semide, vale da Lousã.

Na casa de João José Cochofel juntaram-se então Lopes Graça, José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira.

Conta José Gomes Ferreira:

Por esses dias, com tantos poetas às ordens, ensejou-se a Fernando Lopes Graça realizar um velho sonho que expôs em meia dúzia de frases sóbrias aos circunstantes. Queria letras para canções. Marchas, danças, rondas infantis, hinos… O que nos apetecesse. Contanto que não nos demorássemos muito, pois a inspiração já ardia (…).

Esgotada a inspiração dos poetas circundantes, Fernando Lopes Graça implorou o auxílio a Coimbra (Joaquim Namorado, Arquimedes, Ferreira Monte) e a Lisboa, donde acudiram ao chamamento Mário Dionísio, Armindo Rodrigues e Edmundo Bettencourt.

Na contracapa do disco, escreve Fernando Lopes Graça:

O que são as “Canções Heróicas” que, pela primeira vez, se oferecem ao público editadas em disco? Resumidamente, podemos dizer que são obrinhas de circunstância ou, se quisermos ser mais explícitos e sem temer o uso rigoroso das palavras, defini-las-emos como canções politicamente empenhadas. Politicamente empenhadas no sentido, ou na medida, em que pretenderam contribuir – e cremos que de facto contribuíram – para a luta do povo português, a que primordialmente foram destinadas, contra o regime despótico, anti-democrático e violentador de corpos e almas que durante cerca de cinquenta anos lhe foi imposto.

Um ministro de Salazar disse: É mais perigoso um mi bemol de Lopes Graça do que mil panfletos subversivos.

Colaboração de Gin-Tonic

2 comentários:

Edward Soja disse...

(Atenção, já me conheceis, portanto não me interpretem mal o seguinte comentário)

O ministro que disse isso era culto. Seria algum actual capaz de dizer algo desse calibre hoje?

gin-tonic disse...

Perspicaz comentário, caro Eduardo F....
Para não irmos mais longe: o secretário de estado da cultura que falava dos concertos de violino do Chopin...