Em Abril de 1970, a ler o número 1.494 da “Seara Nova”, acabou por se deter numa crítica de Augusto Abelaira a um livro de Óscar Lewis: “Os Filhos de Sánchez”.
A crítica tinha um título sugestivo: “Um Livro Que Não Soubémos Inventar”.
Estava dentro daquele espírito que gosta de encontrar nas críticas, sejam de livros, de filmes ou discos, qualquer coisa que Baudelaire referia quando dizia que a crítica deve servir para estimular e que para ser justa tem que ser parcial, apaixonada.
Abelaira começava assim:
Certos romances, certos bons romances estrangeiros, levam-me, a esta (injusta?) reflexão: ora aqui está uma obra que nunca poderia ter sido escrita em Portugal.
Que é o que não se passava com “Os Filhos de Sánchez”, que entendia que poderia ter sido escrito por um português. Porque não fomos nós a inventar a fórmula literária desta obra?. Dias depois estava a comprar o livro. Quatrocentas e quarenta e oito páginas que leu de uma penada, de um só fôlego. Sabe hoje que não mais leu livros como lia naqueles tempos.
A introdução do livro é escrita por Óscar Lewis. O resto é a compilação de conversas que cinco mexicanos pobres (pai e quatro filhos), ditaram para um gravador contando a história das suas vidas.
Tempo para Abelaira referir que Michel Giacometti gravara em fita magnética as canções que o nosso povo canta. E pergunta:
Porque não gravar também o que o povo diz quando não canta, as confissões de Maria, de João, de José?
Na introdução escreve Óscar Lewis:
Claro que a vida dos pobres não é monótona. As histórias contadas neste volume revelam um mundo de violência e de morte, de sofrimento e privação, de infidelidade e lares desfeitos, de delinquência, corrupção e brutalidade policial, e de crueldade do pobre contra o pobre. Elas revelam ainda uma intensidade de sentimentos e de calor humano, um forte sentido de individualidade, uma capacidade de alegria, uma esperança numa vida melhor, um desejo de compreensão e de amor, uma disposição de compartilhar o pouco que possuem e a coragem de andar para a frente embora enfrentando inúmeros problemas por resolver.
Sim, um livro que se passa no México mas, tal diz Augusto Abelaira, poderia passar-se em Portugal.
Mas há coisas que não sabemos inventar… ou não queremos…
Colaboração de Gin-Tonic
A crítica tinha um título sugestivo: “Um Livro Que Não Soubémos Inventar”.
Estava dentro daquele espírito que gosta de encontrar nas críticas, sejam de livros, de filmes ou discos, qualquer coisa que Baudelaire referia quando dizia que a crítica deve servir para estimular e que para ser justa tem que ser parcial, apaixonada.
Abelaira começava assim:
Certos romances, certos bons romances estrangeiros, levam-me, a esta (injusta?) reflexão: ora aqui está uma obra que nunca poderia ter sido escrita em Portugal.
Que é o que não se passava com “Os Filhos de Sánchez”, que entendia que poderia ter sido escrito por um português. Porque não fomos nós a inventar a fórmula literária desta obra?. Dias depois estava a comprar o livro. Quatrocentas e quarenta e oito páginas que leu de uma penada, de um só fôlego. Sabe hoje que não mais leu livros como lia naqueles tempos.
A introdução do livro é escrita por Óscar Lewis. O resto é a compilação de conversas que cinco mexicanos pobres (pai e quatro filhos), ditaram para um gravador contando a história das suas vidas.
Tempo para Abelaira referir que Michel Giacometti gravara em fita magnética as canções que o nosso povo canta. E pergunta:
Porque não gravar também o que o povo diz quando não canta, as confissões de Maria, de João, de José?
Na introdução escreve Óscar Lewis:
Claro que a vida dos pobres não é monótona. As histórias contadas neste volume revelam um mundo de violência e de morte, de sofrimento e privação, de infidelidade e lares desfeitos, de delinquência, corrupção e brutalidade policial, e de crueldade do pobre contra o pobre. Elas revelam ainda uma intensidade de sentimentos e de calor humano, um forte sentido de individualidade, uma capacidade de alegria, uma esperança numa vida melhor, um desejo de compreensão e de amor, uma disposição de compartilhar o pouco que possuem e a coragem de andar para a frente embora enfrentando inúmeros problemas por resolver.
Sim, um livro que se passa no México mas, tal diz Augusto Abelaira, poderia passar-se em Portugal.
Mas há coisas que não sabemos inventar… ou não queremos…
Colaboração de Gin-Tonic
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