sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

IF I HAD MY TIME AGAIN


Naquele tempo a noite só fazia sentido por causa dela… Havia como que um antes e um depois de JC.

Começava sempre muito cedo, a noite, e acabava muito tarde.

Por volta das 05H00 púnhamos os livros de lado, amarrotávamos uma folha de papel A4 até ela se transformar numa bola de papel e entretinha-mo-nos a atirá-la um ao outro com o objectivo de a jogarmos de cabeça, de modo a colocá-la em cima do varão de madeira que suportava os cortinados da sala. Tarefa difícil, asseguro-vos, mas onde nos tornámos verdadeiros “mestres” à custa de tantas noites consecutivas de treinos intensivos…

Seguia-se, pelas 05H30, um bifinho com ovo a cavalo, que a Santa Mãe do João havia deixado no balcão da cozinha, já preparado à nossa espera. Acompanhávamos, invariavelmente, com um joguinho de bingo. E raramente nos deitávamos antes das 06H30.

Mas é claro que o melhor da noite, a essência da noite, não se passava nas páginas do Dr. Samuelson, nem nas brincadeiras com a bola, nem tão pouco no bifinho e, muito menos, no joguito de bingo.

Passava-se entre as 00H00 e a 01H00 a ouvir o “Em Órbita”, sempre com o coração nas mãos sem sabermos se ela viria nessa noite, ou não, embora soubéssemos muito bem que, nesses tempos, Julie Covington aparecia quase todas as noites…

O disco era este, “The Beautiful Changes” (obrigado pela rectificação - nota do editor), do qual, em regra, o “Em Órbita” só passava duas músicas: a canção título do LP e a minha preferida, “If I Had My Time Again”.

Era o ano de 1971 mas, para mim, será sempre o ano das noites de Julie Covington.

Durante anos a fio procurei esse disco nas minhas então frequentes “batidas” a Londres. Encontrei um outro álbum dela, que se chama apenas “Julie Covington”, mas esse nunca… Até 1999, já em CD.

Nos entretantos, tinha notícias dela de quando em vez, quando aparecia como “special guest star” em alguns discos da Folk Britânica dessa época, como é o caso dos Albion Band. Mas nunca dei conta que tivesse publicado mais alguma coisa a solo, e desconhecia, na altura, a sua actividade como actriz de teatro.

Até que um dia, com enorme espanto meu, a vi transformada numa das principais vedetas do “Evita”, a cantar o “Don’t Cry For Me Argentina”. Mas parece que foi só na versão em disco, porque acabou por recusar o papel no Teatro.

Fiquei triste, mas não me zanguei nem chorei por ela. As pessoas precisam de comer e de viver, se possível bem, e, de facto, cantora Folk, mesmo de um Folk eclético como era o dela, não é destino que se recomende a ninguém…

Colaboração de Luís Mira

41 comentários:

Anónimo disse...

Uma folha de papel transformada em bola, para jogar cabeça a cabeça, até a colocar em cima de um varão de madeira que suportava os cortinados! Tarefa difícil? Impossível, caro Luís Mira: "The Magic Wasn't There".
Eram os tempos do "Em órbita 2", que nessa altura também passava muito o Ian Matthews, a Judee Sill, Carole King, Graham Nash, Fotheringay (já de 1970) e muito Leonard Cohen (sem arquivo, o tempo já deixa marcas quanto a referir outros...).
Mas este "Beautiful Changes" (changes, não chances) foi achado (é o termo) no Pão de Açúcar de Alcântara, para mais tarde ser perdido para um amigo (dos discos). Comprado o CD na Discoteca Roma, por encomenda de Maio de 2000.
Obrigado pelo prazer de ver aqui este belo disco e também por mais um belo texto.
CMD

JC disse...

A Julie Covington, à distâcia (nunca mais a ouvi), parece-me ser mais um daqueles intérpretes que entusiasmaram uma época que é já de decadência da anterior "década prodigiosa" (o início dos 70s) e que hoje talvez reavaliássemos menos bem. Haverá outros desse tempo, que o "Em Órbita" passava, e lembro-me de Leo Sawyer e Paul Williams ("An Old Fashioned Love Song"), por exemplo. Da época, bem mais interessante é o fenómeno Glam Rock. Bem, como diria o LT, "venham então os cocos".

josé disse...

Paul Williams e Julie Covington eram artistas que passavam igualmente no Espaço 3p, animado à noite pelo falecido Fernando Balsinha, a quem devo muitas horas de alegrias musicais.

Tal como passava os Gentle Giant os Triunvirat, ou os Van der Graaf Generator, ao tempo de Godbluff e Still Life, o meu disco fetiche desse tempo. O disco absoluto que ouvia em êxtase sonoro nuns auscultadores mono.

My room, apenas com o sax de Jackson, o baixo e bateria e a voz de Peter Hammil, era o must dessas audições que repito de vez em quando.

Como agora que me lembrei disto.

JC disse...

Deixem-me acrescentar, LM e José, que, sinal dos tempos (oh! blasfémia!), à distância e hoje em dia, acho o livro do prof. Samuelson, sobre o qual tive de me debruçar uns anos (não muitos) antes, bem mais interessante do que a menina Covington. Mais cocos?

filhote disse...

Quanto à música debatida, JC, deste lado do Atlântico não lançarei qualquer coco.

Embora a Folk e os singer-songwriters do inicío dos anos 70 mereçam a minha atenção e devoção, com Nick Drake à cabeça, concordo que alguma da música popular mais instigante da época encontra-se no Glam e seus derivados - como o Art Rock dos essenciais Roxy Music.

Abs!

ié-ié disse...

Por mim, JC, os cocos ficam guardados...

LT

Muleta disse...

o JC que escreve acima é mesmo a Julie Covington?

LSO disse...

Acabei de escutar um tema desse álbum, "My Silks and Fine Array" com poesia de William Blake. Muito bom.

Luis Mira disse...

Na Música, no Cinema e noutras coisas afins, podem apanhar-me a discutir factos históricos, contextos sociais e outros aspectos relevantes, mas marginais à apreciação subjectiva dos próprios conteúdos. Mas raramente me apanharão a discutir "gostos pessoais"...

Já na altura era incapaz de associar, em termos de "gosto pessoal", Leo Sawyer, Paul Williams e Peter Hammil com a primeira fase da Julie Covington. As minhas referências são, bastante mais, aquelas que o Anónimo CMD mencionou...

E admito perfeitamente que não se goste de JC, tal como eu também não suporto nada, mas mesmo nada, o Glam Rock!

JC disse...

Dizia o "Em Órbita", LM, que gostos discutem-se. E eu concordo!
Abraço

JC disse...

Vamos lá ver, LM, agora c/ mais tempo. Os gostos pessoais são bem msais do que isso. Como o nome indica, reflectem personalidades, comportamentos, atitudes perante o mundo e a vida. Mentalidades e filosofias de vida. Ideologias, se quiseres. Tudo isto, concordarás, são questões bem discutíveis e que o devem mesmo ser. Agora, quanto ao "glam rock", a JC, o Paul Williams e etc. Quanto a mim, o "glam rock" e, mais tarde, o movimento "punk" (embora eu não seja um grande entusiasta do "punk") são quem melhor reflecte e continua a irreverência, o choque cultural e o comportamento "anti-establishment" e progressivo da segunda metade dos 50 e anos 60. Mesmo a inovação em termos musicais. Parece-me ser bem o contrário de nomes como a JC, PW, L.S. e assim sucessivamente, que parecem mais perto de fazer a fusão da música dos sixties com a chamada música ligeira do antigamente. Cocos?
Abraço

filhote disse...

Tudo isso é verdade, JC. Porém, a música, na sua essência, situa-se acima de todas essas considerações sociais e culturais.

Ou seja, antes de tudo devemos ouvir a música, apenas a música, sem qualquer preconceito. Se ela for de qualidade, se nós gostarmos de a escutar...

... em termos formais, Mozart pouco ou nada revolucionou, e no entanto...

Luís Mira: nem dá para suportar os inspirados LPs do "Ziggy-Bowie-Stardust"? Ou os primeiros T.Rex? E os Roxy de "For Your Pleasure", não contam? Atenção que o Glam "esconde" dezenas de grandes canções!

Abs

Unknown disse...

Já vi que o Filhote passa a vida a ler. Só pode ser.

Anónimo disse...

Ainda em 1971, no segundo semestre (no primeiro estava "em órbita" da Guiné), nas tardes de Domingo, entre as 4 e as 5 na então Emissora 2, o "Pêndulo" de Fernando Meneses e Manuel Meneses sempre passava "Faithfull" dos Marvin, Welch and Farrar. Bom, sempre é um exagero; mas quase sempre, para meu contentamento.
E este foi outro CD que me deu muito trabalho a encontrar por cá!
CMD

JC disse...

Não disse que só a revolução na música é importante, Filhote. Disse apenas que foi o "glam rock" o continuador de algumas coisas que de melhor tiveram e se fizeram os anos 50 e 60, que se caracterizaram por ser anos de grande mudança.Não disse tb, portanto, que os nomes que indiquei tivessem feito má música (algumas são bem agradáveis de ouvir), mas, simplesmente, que tiveram uma importância relativa e pouco ou nada acrescentaram ao que se tinha feito antes ou até regrediram, se o avaliarmos hoje em dia. E quanto a Mozart... Se comparares Mozart e o classissismo (Haydn e Schubert) c/ os barrocos a evolução é evidente e é já uma premonição do que a revolução trazida pelo romantismo iria provocar na música. Mozart já se debate c/ essa necessidade de autonomia do criador, que só as revoluções burguesas, que gerarão o romantismo, irão, em certa medida, permitir. E se ouvires as últimas peças de WAM (a Júpiter, p. ex.), já encontras lá mtªs das características que formatarão a música de Beethoven.

JC disse...

Lá está... O que acrescentam Marvin, Welch, & Farrar a nomes como Link Wray, Dick Dale, os 1ºs Shadows e Jet Harris & Tony Meehan na história da música popular? Ou a mtºs dos bons grupos vocais dos anos 60? A resposta será: nada. A melhor música popular desses anos não passava por aí.

Unknown disse...

Diamonds, jet Harris & Tony Meehan, cá estou eu intrometido

filhote disse...

Marvin, Welch & Farrar, ou quando os Shadows resolveram cantar. Disco interessante, sim, mas... de acordo, JC.

Aliás, JC, estamos 100% de acordo. Apenas quis conferir outra dimensão ao debate. A música, a expressão artística, por si.

Voltando a Mozart, JC, é inegável que existe sempre causa/influência sobre qualquer artista, e consequente continuidade nas posteriores expressões criativas. No entanto, sabemos como Mozart foi mais virtuoso que inovador. Um virtuoso, provavelmente, nunca igualado!

Humberto: leio alguma coisa, mas, fundamentalmente, oiço bastante música!

filhote disse...

Ah, JC, e complementando, a Júpiter é de facto um bom exemplo de como Mozart aspirou a conteúdos e formas diferentes, inovadoras, tentando-se libertar da escravatura clássica...

E também poderíamos referir a utilização da língua alemã na Ópera... todavia, como muito bem foi sintetizado, somente o Romantismo viria a consolidar a mudança...

Abs

JC disse...

Já agora: A Júpiter é uma das peças do classissismo que é importante ouvir em várias interpretações, umas mais perto do barroco (ouvi em tempos, no CCB, uma versão do Jordi Savall que quase parecia uma peça barroca) e outras já c/ muitos daqueles contrastes dramáticos do romantismo. Conclui-se que é mesmo algo de transição.
Voltando aos Shadows: como sabem, tb cantavam. Tenho um LP, que v. por certo tb conhecem, que se chama mesmo "The Shadows Vocals" e condensa a música vocal do grupo

Luis Mira disse...

Eu tinha pedido ao LPA para não colocar textos meus ao fim-de-semana, ou muito colados ao seu início, para evitar situações destas...

Passo a semana agarrado ao computador e, à sexta-feira, aquilo que mais desejo é ver-me livre dele... Por coincidência vim trabalhar ao "escritório" no Domingo de manhã, vi este meu texto e ainda tive oportunidade de fazer uma resposta rápida, quase só para dizer que tinha recebido as mensagens.

Mas a conversa continuou, foram-me colocadas observações e questões diversas a que terei de responder, sob pena de indelicadeza...

Vamos então, por partes:

JC,

Eu sei muito bem que os "nossos gostos pessoais" refletem a nossa "cultura", em sentido não livresco da coisa, conceito que, aliás, prefiro ao de "ideologia".

Mas que sentido faz comparar Julie Covington com o "Glam Rock", tratando-se de tipos de música tão díspares...? O que posso afirmar é que a minha "cultura musical" me aproximou muito mais da "Folk Music" do que do "Glam Rock", e contigo terá sucedido o inverso. É isto um facto discutível...? Vale a pena, com valor acrescentado para ambas as partes, esgrimir o que quer que seja...? A mim parece-me bem que não...

Por outro lado, e como bem deves saber, uma coisa é encarar a Música enquanto "objecto sociológico", outra, bem diferente, é tomá-la enquanto objecto de "prazer estético", digamos assim. E a negação deste não implica, necessáriamente, o não reconhecimento do interesse daquele. São planos completamente diastintos, tanto mais que se sabe que a "análise sociológica" implica, quse sempre, um certo recuo temporal, e a fruição da música ocorre, na maior parte das vezes, no momento em que ela é divulgada.

Quanto à tua preferência, em termos saudosistas, pelo Prof. Samuelson, é uma opção individual que também me abstenho de comentar.

(continua)

Luis Mira disse...

Filhote,

No início dos anos 70 eu andava pelos meus 17/18 anos, e o meu gosto músical começava a definir-se de uma forma mais coerente e consolidada. Sem afastar outros universos musicais (a canção de texto portuguesa, francesa, espanhola, brasileira, latino-americana,...) comecei a dedicar-me mais à Folk Music, americana, inglesa e irlandesa. Era esse o meu Mundo e quase tudo de que gostava ia lá parar, directa ou indirectamente.

Em relação aos grupos, esses tempos marcam o meu afastamento dos Stones, mantém a minha forte ligação aos Doors mas acentuam, e de que maneira, a minha afeição ao Folk/Country Rock, em particular aos Byrds e a todos os afluentes que se foram partindo desse imenso rio: os dois Parsons (Gram e Gene), Hillman, Macguin, Clarence White, etc

É claro que vi nascer, com alguma simpatia, o Bowie de "Space Odissey", mas depois deixei de achar graça às transformações camaleónicas do Senhor, que sempre me pareceram encenação para vender discos. Tal como nunca encontrei particular encanto na sofisticação do "Glam Rock", bem patenteada no filme do Todd Haynes.

Quando aos Roxy Music, tenho lá por casa alguns dos primeiros discos, mas nunca senti, em boa verdade, grande afeição por nenhum deles. Alguns amigos tentavam-me impingi-los, mas nunca me convenci. E, em boa verdade, Brian por Brian sempre preferi as experiências musicais do Eno às patetices "crooner" do Ferry.E continuo a dizer que "Taking Tiger Mountain (by strategy)" vale, por si só, todos os Ferrys juntos...

Porém, isto não me impede de reconhecer que um dos melhores concertos a que assisti em Portugal foi, precisamente, o dos Roxy Music, já na sua fase terminal. Com os brilhantes King Crimson na primeira parte.

Dizes-me que existem excelentes músicas do "Glam Rock". Acredito, mas não as conheço. É o eterno circulo vicioso: a coisa não nos atrai, não procuramos conhecer em detalhe e ficamos sem saber nada... Mas nunca me arrependi!

(continua)

Luis Mira disse...

CMD,

Que saudades do "Pêndulo", a que dedicava, invariavelmente, todas as tardes de Domingo. É essa a verdadeira música de que gosto!

Juntamente com o "Pretérito Quase Perfeito" (acho que se chamava assim...), que passava na FM ao Sábado à noite, foram os últimos programas de rádio que ouvi regularmente.

Um abraço a todos!

filhote disse...

Vamos lá então esgrimir, Luís Mira...

Declaração de interesses: não sou particular fã do Glam Rock. A minha predilecção pelo estilo resume-se a David Bowie, T.Rex e mais um punhado de singles de outros artistas.

É inegável, no entanto, o mérito de Bowie e Bolan como compositores/intérpretes, e criadores de novas ambiências sonoras. Esteticamente falando, ainda lograram conferir uma certa carga teatral ao Rock'n'Roll.

Não me parece que as metamorfoses de Bowie tivessem o sucesso comercial como objectivo primordial. Pelo contrário. Claro que Bowie, tal como Dylan, tudo fez para se impôr como Rock'n'Roll Star, todavia, sempre obedeceu a instintos puramente artísticos, procurando, acima de tudo, provocar rupturas.

Talvez por essa razão, Bowie nunca tenha sido um verdadeiro campeão de vendas até "Let's Dance" (EMI, 1983) - excluindo o Hit pontual como "Fame" (RCA, 1975).

(continua)

filhote disse...

Os Roxy Music são de outro campeonato. Uma espécie de "misfits" da música popular inglesa.

Foram os meus primos que me "impingiram" os Roxy. Desde então, sou apaixonado por toda a obra da banda, sem excepção.

Não confundir Roxy com Bryan Ferry a solo! Os Roxy Music representam a utópica democracia entre diversas, e fortes, personalidades musicais: Phil Manzanera, Andy Mackay, Brian Eno (dois primeiros discos), Ferry, e até Eddie Jobson numa certa fase...

E por ser utópica, essa democracia implodiu no início dos anos 80.

Também estive no inesquecível show do Estádio do Restelo (1982), assim como no das Dunas de São Jacinto, em 2003 (incluía Paul Thompson na bateria, Chris Spedding na guitarra, para além da tríade Manzanera-Mackay-Ferry).

Os Roxy nunca foram Glam, apesar das vestes iniciais, nem progressivos, apesar das sonoridades vanguardistas, e apresentaram a mais genuína ruptura com a cena musical do início dos anos 70.

Foram catalogados de Art-Rock, seja lá isso o que for. E admito que a noção de canção da banda, exceptuando na fase final, não seja das mais convencionais. Não é fácil de digerir a música dos Roxy.

Consequência: trata-se de uma banda que não alcançou o patamar da universalidade artística, e cujo único nº1 foi a versão para "Jealous Guy" (Polydor, 1981), de John Lennon.

Devoro os Roxy, mas compreendo quem não os digere.

(continua)

filhote disse...

Luís, só não entendo essa contradição de gosto ao afastar-se dos Stones precisamente no instante em que as raízes Soul-Blues-Country-Folk se apoderaram deles...

... os Stones do início de 70, são os de "Wild Horses", "Dead Flowers", "Moonlight Mile", "Winter", "Sweet Virginia", "Torn & Frayed", "Black Angel", não é verdade?...

Numa coisa estaremos sempre sintonizados, Luís: Gram Parsons, Byrds, e afins, nas alturas!!!!!!

Abs

ié-ié disse...

Sorry, Luís Mira, mas não tenho ideia desse teu pedido, até porque penso exactamente o contrário.

Passo a explicar:

Os teus textos - como diria um amigo meu, quando se referia aos LPs, são "trabalhos de longo fôlego" - requerem sossego que só a noite e/ou o fim de semana podem proporcionar.

Durante a semana, o pessoal está nos empregos, a utilizar os computadores da empresa, e não pode ser apanhado a contemplar e a saborear um texto teu! Só tem tempo para coisas rápidas, a correr, a fugir, antes que o chefe tope.

Por isso, programo as tuas peças para as 23H00, tipo charuto do jantar, ou então para o fim de semana.

LT

ié-ié disse...

Acho que prefiro Bryan Ferry à Roxy Music, mas, vejam lá!, "Avalon" é um dos LPs da minha vida!

LT

Anónimo disse...

Luís Mira:

E como eu também tanto gostava do "Pretérito Quase Perfeito - O Passado Ainda Presente da Música Popular"! Mas este era já no final dos 80 e Rui Morrison passava muito o Steve Forbert e muita da música de que nós mais gostamos. Se recordar é viver, recordemos então um pouco: tinha dois indicativos: o "Hinge 1" (só instrumental e que fecha o lado A do "If you saw thro'my eyes") e o "Bookends Theme". Afinal Pêndulo, Pretérito..., Dois Pontos, Vértice, etc., andam (andavam) todos com alguma convergência nos gostos.

A vossa discussão vai boa mas a Julie Covington nunca deve ter imaginado provocar tanto comentário com um só post. E é claro que a evolução é imprescindível em tudo na vida, mas também tem que haver alguma consolidação dessa inovação. Na música é nesta fase de consolidação, julgo eu, que aparecem os "segundos planos" com alguns temas verdadeiramente belos apesar de não inovadores. Mas, se tiverem qualidade, não são bem vindos? Nem todos podem ser Sandy Denny mas como seria hoje a música de que gostamos se ela não tem morrido aos 31 anos, justamente há outros 31?

CMD

Anónimo disse...

Luís Mira:

E como eu também tanto gostava do "Pretérito Quase Perfeito - O Passado Ainda Presente da Música Popular"! Mas este era já no final dos 80 e Rui Morrison passava muito o Steve Forbert e muita da música de que nós mais gostamos. Se recordar é viver, recordemos então um pouco: tinha dois indicativos: o "Hinge 1" (só instrumental e que fecha o lado A do "If you saw thro'my eyes") e o "Bookends Theme". Afinal Pêndulo, Pretérito..., Dois Pontos, Vértice, etc., andam (andavam) todos com alguma convergência nos gostos.

A vossa discussão vai boa mas a Julie Covington nunca deve ter imaginado provocar tanto comentário com um só post. E é claro que a evolução é imprescindível em tudo na vida, mas também tem que haver alguma consolidação dessa inovação. Na música é nesta fase de consolidação, julgo eu, que aparecem os "segundos planos" com alguns temas verdadeiramente belos apesar de não inovadores. Mas, se tiverem qualidade, não são bem vindos? Nem todos podem ser Sandy Denny mas como seria hoje a música de que gostamos se ela não tem morrido aos 31 anos, justamente há outros 31?

CMD

Anónimo disse...

Sorry!
Eu sei que não percebo nada disto. Mas duplicar um comentário é ignorância a dobrar.
Apague lá pelo menos um dos comentários, sff

CMD

filhote disse...

CMD, gostei muito do seu comentário... daquela ideia de consolidação...

Abs

Luis MIra disse...

Não se tratando de esgrimir, mas de "dar sequência", vamos lá, então, por partes:

Filhote,

A partir de determinada altura, por desinteresse e falta de conhecimentos, deixei de saber pôr rótulos na música, sobretudo a partir de meados dos anos 70, altura em que me afastei, definitivamente, para outras músicas.

Mas a verdade é que, pelo espalhafato visual, sempre associei os "Roxy" ao "Glam". E, de certo modo, tu também o fizeste no último parágrafo do teu comentário de 21/02, às 17H35...

Ao invés do Ié-Ié, eu tenho mais contra o Ferry do que quanto aos Roxy, muito embora não tenha desgostado de um dos últimos discos dele, onde revisita os "standards" da música americana. Mas nunca me perdi de amores pelos Roxy, como tu...

Ainda uma confissão, quanto aos Roxy: já nos anos 90 encontrei uma música deles a servir de "leit-motiv" num filme do Robert Van Akeren ("Armadilha de "Vénus", salvo o erro...) e gostei muito. Como é habitual, vi a ficha técnica até ao fim para apanhar o nome da música e, quando cheguei a casa, confirmei que fazia parte de um dos primeiros albuns deles que tinha na minha estante. Nunca tinha reparado muito bem nela e as imagens deram-lhe mais força.

Tudo isto serve para confirmar que nunca há verdades definitivas...

Quanto aos Stones, há, de facto, algumas músicas dessa época que sempre me souberam bem. Fizeram-lhes bem as férias que passaram com o Gram Parsons...! Mas ao pobre do Gram, fizeram muito mal...

(continua)

Luis MIra disse...

Ié-Ié,

Sacudo a vaidade do capote e agradeço-te a tua preocupação...

Mas, por deformação profissional, guardo sempre tudo quanto escrevo. O pedido/recomendação está no meu "mail" de 08/02, através do qual te enviei o texto "Proud & Proud". É indirecto, mas para bom entendedor...

Não é grave. Só não quero é que as pessoas pensem que a ausência de resposta é desinteresse ou falta de cortesia de quem teve a "cortesia"...!

Outra coisa: malandrice a tua, essa de pores os MW&F como "protegidos do Em Órbita". Já levaste com a minha reacção no sítio apropriado...

Os MW&F deram-me muito prazer, muito mais do que me deram os Shadows de Apache ou FBI, porque são de uma época muito anterior e nunca os vivi, verdadeiramente, no seu tempo...

"Faifhful", que o CDM refere, é uma música belíssima que ainda hoje hoje com muito prazer (não um prazer feito de nostalgia, mas prazer "tout court"...) e que icluiria, sem hesitação, numa selecção das minhas "Melhores" desses tempos. E o disco tem muitas outras bem suportáveis de que me lembro de memória, tal como, num tom diferente, mais ligeiro e Pop, a "Lady of the Morning"...

(continua)

Luis Mira disse...

CMD,

Boas memórias dessas não faz mal que venham em duplicado...!

Eu, que nunca gravei programa de rádio nenhum na vida, dei comigo a pedir que me gravassem o "Pretérito" porque, enfim, às vezes era necessário ocupar o Sábado à noite outras maneiras...

Infelizmente, essas cassetes foram-me roubadas do carro, tendo subsistido apenas uma, por sinal muito mal gravada. E essa cassete tem, para mim, um inigma: duas músicas que não consigo identificar. É claro que soa a Byrds, mas eu tenho todos os discos dos Byrds e essa não está lá... Pode ser que seja de alguém "da Família", mas frequento-a também muito e ainda não dei por nada.

É um dos poucos "inigmas musicais" da minha vida, mas não gostaria de morrer sem o resolver. Talvez que vocé ou o Filhote me possam ajudar ..... se ainda tiverem leitor de K7...!

Um abraço aos três!

Luis Mira disse...

Duas correcções:

- Na parte do Ié-Ié repeti "hoje", em vez de "ouço"

- Na parte do CMD, o enigma do inigma aparecer, duas vezes, com um i...!

filhote disse...

Já agora, Luís Mira, "Space Oddity" em vez de "Space Odissey"...

E que canção dos Roxy era essa no filme do Robert Van Akeren?

Abs

Anónimo disse...

Luís Mira:

Já não tenho memória de novidades no "Pretérito", para além do citado Steve Forbert. Além disso os intervenientes eram identificados só no final do programa, o que de algum modo dificultava a sua identificação.
Mas se fala da "família" Byrds, por essa altura houve 2 ou 3 álbuns editados por cá em nome de alguns deles. Recordo que o título de um era "McGuinn, Clark & Hillman" mas havia pelo menos mais um, só em nome de dois deles (julgo que sem o Gene Clark). Seria o caso?
Como se diz agora, "cá p'ra mim" o Filhote mostra conhecimentos muito mais vastos na matéria e sabe a resposta!
Gravar programas, só a classificação de 1970 do "Em Órbita", em fita BASF 13' e triple-play de 540m, feita pela "miúda" (tenho que escrever baixinho porque ela está sentada aqui ao lado e não a quero vaidosa...).
Para a classificação de 1971... já não houve. Só deu Leonard Cohen nas duas horas.

CMD

Luis MIra disse...

Filhote,

Obrigado pela correcção. A idade vai-nos corroendo a memória... Deve ter sido influência do "Avatar"...!

Não me lembro... "Summer" qualquer coisa, ou qualquer coisa "Summer".

Infelizmente e por falta de espaço, a esmagadora maioria dos meus vinis andam bem longe de mim, mas irei verificar numa próxima oportunidade.

CMD

Obrigado pelo esforço, mas é óbvio que, sem ouvir, ninguém vai chegar lá. Nem vocé aqui nem o Filhote no Brasil...

Tenho os dois discos de MC&H que conheço e não são esses. Aquilo cheira-me a Byrds dos primeiros tempos.

Não é grave, mas não deixa de me chatear, de vez em quando. Cheira-me que está, ali, um excelente disco que desconheço...

Se nos brindar com a sua presença num dos próximos almoços deste "blogue" levar-lhe-ei a K7.

Um abraço a ambos.

Anónimo disse...

Luís Mira:

Esforço não houve nada. É só uma questão de tentar reavivar a memória o que, nestas matérias, é sempre agradável e oleia os carretos.
E concordo consigo: não é grave mas chateia, e acontece muitas vezes. E, como diz, sem ouvir...
Quanto a almoço, certamente que um dia calhará.

CMD

filhote disse...

A "família" Byrds é extensa.

Assim de cor, para além dos Parsons, podíamos falar de Flying Burrito Brothers, Manassas, Crosby Stills and Nash (& Young), Dillard and Clark, Souther Hillman Furay, McGuinn Clark and Hillman, Jet Set, para além de inúmeros discos solo dos vários Byrds e de um punhado de associações pontuais.

Dos elementos originais, Gene Clark talvez seja o compositor mais brilhante, mas, como David Crosby sempre sublinhou, "McGuinn was, is and will always be the very heart of the Byrds".

O assunto Byrds dá pano para mangas!

Quanto à tal canção dos Roxy Music, a do citado filme, não a encontrei na discografia da banda. Pelo menos com a palavra "summer" no título. Será do Bryan Ferry a solo?

(não tenho os LPs do Ferry todos comigo)

Abs