Dos muitos álbuns produzidos durante a explosão psicadélica nos finais dos anos 60, o maior poderá ter sido o 3º álbum da banda de Los Angeles Love, "Forever Changes".
Arthur Lee, cantor principal e a sua força motriz. Devastado pelas tensões da Guerra Fria, o massacre no Vietname, os motins nas ruas das principais cidades americanas.
O mundo que ele tinha idealizado não era uma utopia, mas um lugar escuro e sinistro. Raios de “luz” ocasionais conseguiam entretanto entrar na sua melancolia (em busca pela originalidade, Lee às vezes tinha problemas em dar continuidade as suas canções).
Desde início, os Love prosperaram na combinação de dois compositores incompatíveis: Lee, natural de Memphis, cresceu no ghetto de L.A. Crenshaw e fortemente influenciado por Mick Jagger. Em contrapartida, Bryan Maclean, filho de um arquitecto de Hollywood (vizinho de Elisabeth Taylor e a sua primeira namorada, Liza Minelli), foi criado dentro da musica clássica e das normas de Broadway.
"Você ouve mais a minha influência sobre Arthur do que a sua influência sobre mim", disse a um jornalista da "Psichedelic Sounds". "O que você tem nos Love é um negro de Los Angels a compor musicas show”.
Em 1968, os Love estavam a começar a desmororar-se e alguns membros da banda voltaram às drogas psicadélicas e às substâncias mais difíceis como a heroína.
Lee estava ficando cada vez mais desiludido, pois o grupo não tinha atingido a altura alcançada por Jim Morrison .
Apesar de ter na altura apenas 22 anos, Lee tinha-se tornado cada vez mais fatalista, convencido de que iria morrer em breve e que o seu próximo álbum seria o seu testamento final.
Sabendo que não poderia competir com os sons electrónicos do seu amigo Jimi Hendrix, Lee decidiu reduzir o seu som, tornando-o mais calmo e introspetivo.
O grupo gravou “Forever Changes” acusticamente sentado em círculo. Às faixas foram depois acrescentadas as orquestrações.
Jac Holzman, da Elektra, disse: “Arthur Lee é um dos poucos génios que conheci" e acrescentou que as tendências de Lee para a inércia e isolamento custaram-lhe uma carreira.
P.S. Lee foi condenado a 12 anos de prisão por supostamente ameaçar um vizinho com uma arma. Arthur Lee morreu em 03 de Agosto de 2006. Bryan Maclean moreu em 25 de Dezembro de 1998.
Colaboração de Humberto Polido
Arthur Lee, cantor principal e a sua força motriz. Devastado pelas tensões da Guerra Fria, o massacre no Vietname, os motins nas ruas das principais cidades americanas.
O mundo que ele tinha idealizado não era uma utopia, mas um lugar escuro e sinistro. Raios de “luz” ocasionais conseguiam entretanto entrar na sua melancolia (em busca pela originalidade, Lee às vezes tinha problemas em dar continuidade as suas canções).
Desde início, os Love prosperaram na combinação de dois compositores incompatíveis: Lee, natural de Memphis, cresceu no ghetto de L.A. Crenshaw e fortemente influenciado por Mick Jagger. Em contrapartida, Bryan Maclean, filho de um arquitecto de Hollywood (vizinho de Elisabeth Taylor e a sua primeira namorada, Liza Minelli), foi criado dentro da musica clássica e das normas de Broadway.
"Você ouve mais a minha influência sobre Arthur do que a sua influência sobre mim", disse a um jornalista da "Psichedelic Sounds". "O que você tem nos Love é um negro de Los Angels a compor musicas show”.
Em 1968, os Love estavam a começar a desmororar-se e alguns membros da banda voltaram às drogas psicadélicas e às substâncias mais difíceis como a heroína.
Lee estava ficando cada vez mais desiludido, pois o grupo não tinha atingido a altura alcançada por Jim Morrison .
Apesar de ter na altura apenas 22 anos, Lee tinha-se tornado cada vez mais fatalista, convencido de que iria morrer em breve e que o seu próximo álbum seria o seu testamento final.
Sabendo que não poderia competir com os sons electrónicos do seu amigo Jimi Hendrix, Lee decidiu reduzir o seu som, tornando-o mais calmo e introspetivo.
O grupo gravou “Forever Changes” acusticamente sentado em círculo. Às faixas foram depois acrescentadas as orquestrações.
Jac Holzman, da Elektra, disse: “Arthur Lee é um dos poucos génios que conheci" e acrescentou que as tendências de Lee para a inércia e isolamento custaram-lhe uma carreira.
P.S. Lee foi condenado a 12 anos de prisão por supostamente ameaçar um vizinho com uma arma. Arthur Lee morreu em 03 de Agosto de 2006. Bryan Maclean moreu em 25 de Dezembro de 1998.
Colaboração de Humberto Polido
18 comentários:
Por acaso, sempre "engalinhei" com este disco. Um som muito fechado, nada cristalino... Mas alguém tem de gostar do amarelo...
LT
Cá está Luis Mira.
Não quer dizer que eu goste, foi um desafio.
No entanto oiça "maybe The people Would be the times or between clark and Hildale" uma vez, duas vezes, três vezes.... é uma musica intemporal
Disco fabuloso, o texto nem por isso!
De qualquer forma Humberto, da parte que me toca: Welcome aboard...!
Que importa o texto, Gouveia? O importante é celebrarmos a aparição no blogue deste LP de charneira!
Obrigado, Humberto.
Sendo 1967 o ano emblemático do psicadelismo - ano em que nasci -, "Forever Changes" é, sem dúvida, uma das obras mais universais da época, e, por isso, eterna.
Que canções, senhores!
Neste LP, os sons e as palavras situam-se noutra dimensão artística, e cada vez que oiço, por exemplo, a sublime "ANDMOREAGAIN", dá-me vontade de desistir da música... ou de compôr mais um punhado de canções, na sofreguidão de alcançar a mestria de Lee e Maclean!
E o mais incrível é que "Da Capo", a outra obra-prima dos Love, é do mesmo ano, antecedendo "Forever Changes". Quanta inspiração!
Não podemos é afirmar que "Forever Changes" é o mais importante LP de 1967. Estamos a falar do ano de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "Between the Buttons", "The Who Sell Out", "Are You Experienced?", "Something Else By the Kinks", "The Piper at the Gates of Dawn", "Their Satanic Majesties Request", "I Had Too Much to Dream Last Night", "The Velvet Underground & Nico", "The Doors", e de mais uma dezena de discos incontornáveis...
Quando este album apareceu estava em Angola a dar o corpo ao manifesto.
Obrigado pela matéria dada, Stôr Filhote...
LOVE LOVE LOVE- Forever Changes...É talvez o mais mais estranho caso de AMOR-ÓDIO na história da música popular. Um grande álbum que antecipa muita coisa que há de vir....Talvez tenha sido demasiado ignorado durante anos, foi com agrado que assisti à revisitação ainda em vida do ARthur Lee. Foi um bom legado e surpreendente mas não mais do que este Forever changes e o DA CAPO, e já chega!
Obrigado, Humberto, por ter respondido ao meu repto... E as minhas desculpas pela reacção tardia, mas, por regra, fecho o computador à sexta-feira à tarde e só o volto a abrir à segunda de manhã.
Quanto aos "Love", confesso que sou um admirador tardio. 1967 e 1968 foram anos demasiado importantes na história da "Música Popular" e eu, nessa altura nos meus 14/15 anos, fui-me dispersando noutras direcções.
Só muito mais tarde, por força da aura que albuns como o "Da Cappo" e o "Forever Changes" haviam grangeado, me decidi o ouvi-los com mais atenção. Aconteceu-me o mesmo com muito boa gente...
Mas, com muita pena minha, nunca consegui ter em relação a "Forever Changes" uma adesão total e incondicional. A marca do génio está lá, sobretudo, se bem me lembro, em todo o "Side One". Mas, ao contrário do que sempre li, o todo parece-me desequilibrado, como se os autores não soubesse, muito bem o que fazer com as ideias e as canções. Respeito-o, mas não o amo... Mas, ainda assim, está a milhas de distância, para melhor, de muito do chamado "Rock Progressivo" que se viria a fazer uns anos mais tarde.
Já que falou em Jac Holzman recomendo-lhe - se ainda não o fez - a leitura de "FOLLOW THE MUSIC - The Life and Times of Elektra Records in the Great Years of American Pop Culture". Um dos melhores livros sobre música que alguma vez li, com a vantagem de abarcar diversos tipos de músicas, a começar pela "minha Folk Music". Contam-se lá coisas interessantes sobre Arthur Lee e os "Love"...
Quanto ao mais, espero que lhe tenha tomado o gosto e, uma vez que já conhece o caminho, que volte de vez em quando com "os albuns da sua vida".
Um abraço.
Luis obrigado pelo apreço.
estão mais coisas na "forja", vão aparecer, inclusive já pedi ao meu irmão para também por aqui uns discos importantes (ainda espero autorização de LT), parece-me que ira ser para seu gosto GRATEFUL DEAD
Luis , desta época não é este o álbum mais importante para mim, embora goste de algumas musicas em especial a 7. O psicadelismo nunca foi uma paixão, o progressivo sim (algum), mas os blues e a folk fazem parte de mim desde miúdo lembro-me que passava muito tempo nas jukbox's a ouvir Kingston Trio, Brothers Four, aquilo que hoje se chama folk revival.
no caso dos Love foi o aceitar o desafio. Um abraço
Humberto
Se forem os Grateful Dead de "American Beauty", ficarei à espera ansiosamente...
E também gosto muito dos grupos Folk dessa época, em particular de um de que pouco se fala: os "Tarriers".
não conheço, nem nunca ouvi falar.
o disco dos grateful dead é: "Blues for Allah", ele não tem americam Beauty
o meu irmão tem uma pagina no My space - The cordovox project
Não é preciso autorização minha! Fogo à peça!
LT
ok!
Cheguei a vê-lo, a Arthur Lee, ao vivo, em Londres, no Royal Albert Hall, no dia 04 de Junho de 1994, no Festival da Creation (Undrugged). Se bem me lembro, estatelou-se no chão...
LT
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