segunda-feira, 2 de novembro de 2009

2º EP DOS EKOS (1965)


ALVORADA - AEP 60.757 - 1965

Diz Que Me Amas (Mário Guia) - O Nosso Amor Terminou (Mário Guia) - Hoje, Amanhã E Sempre (sob um tema de Liszt) - Mentira ("'Till The End Of Time")

Da esquerda para a direita: José João Santos (Joca) (ritmo), Zé Luís (voz), António Joaquim Vieira (baixo), Mário Guia (bateria) e João Camilo Lopes Júnior (viola solo).

Os Ekos - nome que foram buscar à marca de guitarras eléctricas mais baratuchas - foram um dos mais significativos conjuntos yé-yé portugueses nos anos 60.

Originários de Lisboa (Campo de Ourique/Liceu Padre Nunes), formaram-se em 1963 com Edmundo Falé (18 anos, voz), Mário Guia (21 anos, bateria), António Joaquim Vieira (20 anos, baixo), Joka Santos (21 anos, ritmo) e João Camilo Júnior (19 anos, viola-solo).

Em 1964, participam na inauguração da famosa boîte "Sete e Meio", em Albufeira, onde conhecem Cliff Richard, passando a contar então com um segundo vocalista, José Luís, 19 anos, grande fã do cantor britânico e conhecido como o "Cliff do Sarrabuco".

De regresso a Lisboa, aconteceu o inevitável e Edmundo Falé passou-se para o Conjunto Mistério, um conjunto de meninos ricos, com muito dinheiro, com a melhor aparelhagem e as melhores guitarras.

Já sem Edmundo Falé, os Ekos editam em 1965 o seu primeiro EP, com o que viria a ser o maior êxito da banda, "Esquece", a versão portuguesa de "Hold Me", de PJ Proby.

As temporadas no Algarve e o contacto mais directo com a pop inglesa fez dos Ekos um grupo apetecível para espectáculos com as suas versões de canções do Beatles, Rolling Stones e Animals.

Uma das primeiras apresentações em público, em Lisboa, ocorreu no dia 04 de Maio de 1965, num Festival Yé-Yé, organizado pelo Duo Ouro Negro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Em palco estiveram também os Deltons e os Sheiks.

No dia 25 de Setembro de 1965, os Ekos participam e vencem a 5ª eliminatória do Concurso Yé-Yé no Teatro Monumental, em Lisboa, com 38,5 pontos.

Vestidos à Beatle de "Love Me Do", cantaram "Amar Alguém Como Tu", "Lamento Aos Céus", "Os Tristes Olhos" e "Esquece".

Bateram os Sonors (Lisboa), os Morcegos (Olhão) e os Aquatiks (Elvas).

Ainda em 1965, editam o 2º EP (na imagem) com "Diz Que Me Amas" (Mário Guia), "O Nosso Amor Terminou" (Mário Guia), "Hoje, Amanhã E Sempre" (sob um tema de Liszt) e "Mentira" ("'Till The End Of Time").

No dia 02 de Novembro de 1965, os Ekos só conseguiram participar parcialmente na matinée do concerto dos Searchers no Teatro Monumental em Lisboa na sequência de um choque eléctrico em Joka Santos.

No dia 29 de Janeiro de 1966 vencem a 4ª meia-final do Concurso Yé-Yé com 46 pontos, batendo os Clips (Lisboa), Twist Star (Póvoa de Santa Iria), Beatniks (Lisboa) e Neptunos (Montijo).

Perdem a final do Concurso para os Claves no dia 30 de Abril de 1966. Ficaram em 5º lugar com 29,5 pontos, atrás dos Claves (55 pontos), Rocks (45), Night Stars (39,5) e Jets (35) e à frente dos Chinchilas (33,5), Espaciais (18) e Tubarões (18).

Ainda em 1966, editam o terceiro EP, que inclui o segundo maior êxito do grupo, "Só", um original de Mário Guia.

Como era fatal à época, a chamada ao serviço militar obrigatório (guerra colonial) esfarelou o conjunto, obrigando a alterações profundas: do elenco original só fica Mário Guia e João Camilo Júnior.

José Luís (voz) é substituído por Luís Paulino, Joka Santos (ritmo) por Tony Costa (teclas) e Joaquim Vieira (baixo) por Eddy Fróis, futuro Zé Nabo.

A partir daqui, os Ekos começam a compôr e a cantar mais em inglês, perdendo por isso um pouco da sua originalidade. O primeiro EP desta nova fase - quarto no conjunto - tem aliás por título "Versatéis Ekos" (Alvorada, AEP 60.906, 1967).

Ainda em 1967, os Ekos aceitam gravar duas canções com Magdalena Pinto Basto, uma nova artista da editora, uma versão em francês de "I'm A Believer", de Neil Diamond/Monkees, e um original de Michel Polnareff, "L'Oiseau De Nuit".

Logo a seguir, João Camilo Júnior abandonou o grupo para se fixar em Angola e Mário Guia, como único Eko original, decidiu não ter direito à designação e o trio que restou (Mário Guia, Luís Paulino e Zé Nabo (Eddy Fróis)) passou a chamar-se Showmen, com veleidades a ser os "Cream portugueses".

Os Showmen não gravaram qualquer disco e o trio desfez-se. Dos restos nasceu o Objectivo, mas isso é outra história.

No princípio da década de 70, três anos após o último disco, os Ekos tentam nova encarnação com José Luís (voz), Joka Santos (ritmo), António Joaquim Vieira (baixo), e ainda Carlos Teixeira e Franklin Simões (secção de metais) que gravam um último EP, de novo com canções em português.

Já era tarde...

Mário Guia, nascido na Golegã a 18 de Agosto de 1944, abandonou a música, como executante, nos anos 70, para se tornar empresário musical.

Por exemplo, fundou o Rock Rendez-Vous (1980-1990) e a editora Dansa do Som (1985-1990)

LPA

6 comentários:

Jack Kerouac disse...

Gosto muito deste grupo, dos que gravaram discos, foi talvez o mais genuino. Não eram musicos de excelência, mas eram competentes quanto baste. Curiosamente o tal último EP gravado nos 70 é apenas o melhor do grupo, músicas como "Sol e Paz" ou "Habitat 736" são das melhores músicas da Pop Portuguesa. Seria curioso que o Zé Luís contasse aí a história do "Sol e Paz/Senhor dos Tratados".

JT disse...

Para quando falar dos Concursos de Música Moderna promovidos pelo Mário Guia no saudoso RRV (Rock Rendez Vous)

bissaide disse...

Concordo com o Paulo: o último EP dos Ekos é porventura o melhor deles, com todos os sopros em destaque e quatro belas composições.

Edward Soja disse...

Não sei já onde vi, mas os Clips não eram da Trafaria (Almada) ?

ié-ié disse...

Pois há mesmo uma contradição nos recortes dos jornais. Na 6ª eliminatória do Concurso, diz "Clips (Trafaria)", mas na 4ª meia-final já diz "Clips (Lisboa)". Se calhar, são mesmo da Trafaria...

LT

Edward Soja disse...

Obrigado, amigo.
Ainda bem que não estava a imaginar coisas... :)

Se calhar eram...
(Até que alguém venha provar o contrário, vou assumir que sim)

Obrigado.