sábado, 2 de fevereiro de 2008

A HISTÓRIA DOS BOOTLEGS


A edição é de 2003 e faz parte do rol dos livros que têm de ser apreciados na reforma. Sempre são umas densas 350 páginas.

O primeiro bootleg da história da música é tido como sendo "Great White Wonder", de Bob Dylan, um dos poucos recordes que os Beatles não têm. Os Beatles também perderam para Dylan o primeiro álbum duplo da história, "Blonde On Blonde", de 1966.

"The Great Wide Wonder", contém gravações inéditas de 1961 e de 1967, e foi encontrado no Verão de 1969 numa discoteca de Los Angeles.

10 comentários:

josé disse...

Wide ou White?

Os bootlegs, sempre foram os modos de apanhar espectáculos ao vivo, gravados em condições deploráveis.

O Basement Tapes do Dylan é a versão oficial do Great White Wonder, parece-me.

Tenho um artigo na revista Crawdaddy sobre os grandes bootlegs do começo.
A Rock & Folk, pela mão de Phillipe Manoeuvre também dedicou páginas ao assunto.

Por mim, um dos bootlegs que aprecio sobremaneira, é o Chrome Dreams I de Neil Young. E está disponível na Rede, em mp3. Uma maravilha.

ié-ié disse...

Claro que é White! Sorry! Não bebo mais Erva Pata (que não é white).

LT

filhote disse...

E o meu Bootleg favorito é o EP dos Rolling Stones "Cops and Robbers", 1973, Limited Edition by tma maxi.

Som de primeira e uma capa de sonho ilustrada por uma banda desenhada de WM Stout.

A 1ª faixa é "Cops and Robbers" gravada ao vivo em Stereo num show no Camden Theatre, 19 de Março de 1964 (ocupa todo o Lado A). No Lado B, 3 faixas: "Memphis Tennessee" (Outubro 1963), "Roll Over Beethoven" (Outubro 1963), "Fanny Mae" (Setembro 1965), todas elas gravadas ao vivo no programa de rádio Saturday Club.

E, José, quanto aos piratas dos Stones, principalmente dos anos 70, tanto as raridades de estúdio como os concertos têm um som excelente. Mais: alguns dos concertos, superam, de longe, as edições oficiais.

Aconselho o "Ladies and Gentlemen" da Tour de 1972, e o "Brussels Affair" da Tour europeia no ano seguinte.

Queirosiano disse...

O Basement Tapes é a versão oficial das gravações feitas por Dylan com The Band durante o período em que viveram em Woodstock e que foram editadas num bootleg chamado A Tree With Roots (The Genuine Basement Tapes). São 128 canções ao todo, cujas edições mais recentes (4 cds) são de 2001 nas etiquetas bootleg White Bear e Wild Wolf, e em 2002 numa caixa dos Vagabond Wilbury Records.

josé disse...

Segundo o artigo da Crawdaddy, o duplo Basement Tapes, contém algumas que nem apareciam nos bootlegs e chamar-se-ia Troubled Troubadour e V.D.Waltz que contém I´m not there que não ficou no disco oficial da Columbia.

Queirosiano disse...

Há bootlegs e bootlegs, mas dizer que provêm todos de gravações feitas em condições deploráveis, é uma simplificação excessiva.

Bootleg é a edição não autorizada de gravações inéditas, e as fontes podem variar: espectáculos, gravações de ensaios, programas de rádio, faixas gravadas para edições oficiais e não aproveitadas.

Houve grande número de bootlegs dos Beatles feitos exclusivamente a partir de gravações de estúdio, que reapareceram tal qual na Antologia. Muitos bootlegs provenientes de espectáculos foram gravados a partir da própria mesa de mistura de som, em condições idênticas, ou quase, às de muitos live oficiais. Muito antes de editoras como a Ace e a Strange Fruit lançarem as séries "Live at the BBC", já essas gravações circulavam em bootlegs feitos a partir dos próprios masters da BBC. Alguns bootlegs do Van Morrison (vem-me à ideia, por exemplo, o Live In Montreux de 1990, da Swingin' Pig) estão entre as melhores gravações dele.

Não é de fiar muito no Phillipe Manoeuvre, que trata muitas vezes as coisas com uma ligeireza que é fruto de uma excitação infantil que ele sempre teve. Uma das mais notáveis foi considerar o "Metal Machine Music" do Lou Reed um dos grandes discos de todos os tempos!

josé disse...

É verdade. O Manoeuvre é o MEC francês. Mas por isso mesmo, porque não se pode levar a sério, é que me dá gosto lê-lo.

Tenho um livro sobre a história da Rock & Folk, saído em França o ano passado, em que o Manoeuvre explica a génese desse desvio pela cultura popular.

Algumas das frases das críticas a discos de Manoeuvre, nunca mais as esqueço, porque retumbaram fundo no meu encanto por pessoas originais e com ideias próprias.

Sobre um disco ao vivo de Nils Lofgren ( I came to dance): "c´est rare, mais ce disque lá, gît au fond de ma poubelle" ( cito de cor, mas o sentido é este).

Sobre o disco Gaucho dos Steely Dan, a crítica, de Dezembro de 1980, é das melhores que conheço sobre música e em duas colunas de texto, raramente fala na música, a não ser no saxofone nos sininhos que o enganam ao ponto de pensar que estão a tocar à porta. A crítica, porém, é feita á roda da alta facilidade da música dos Steely Dan, em servir de banda sonora perfeita a aventuras amorosas passageiras.

Manoeuvre é um dos escribas do rock que mais aprecio. Mas só agora, porque dantes, só jurava por Phillipe Garnier ou Jean-Marc Bailleux.

E também é verdade que alguns bootlegs serão melhores ou tão bons como originais autorizados.
Eu é que não os conheço, mas já vi que os haverá.

josé disse...

E a Rock & Folk com a tal crítica é de Janeiro de 81, com o par Lennon e Yoko, na capa.

Crítica onde fala sobre...bootlegs:

"Mon pote, si jamais je luis sors mon Iggy Pop bootlegué au Paradisio, elle va mouiller ses jeans!" Illico.

Queirosiano disse...

Ainda a propósito de bootlegs dos Beatles: há uma caixa chamada "Flashback" com 3 cds que têm, por exemplo, 3 versões de estúdio diferentes de Paperback Writer, 4 de We Can Work It Out, várias das canções de Rubber Soul, etc. Tudo com a qualidade dos discos, porque os masters são os mesmos

Queirosiano disse...

A comparação com o MEC é curiosa e pertinente. Acho piada ao Manoeuvre, não se podendo obviamente tomar a sério. O problema é que ele próprio se toma muito a sério, e toma aquela pose bem conhecida de donneur de leçons. Susceptível no entanto de mudar de certezas no espaço de minutos. Mas é uma curiosidade engraçada