terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PRAZERES QUE MATAM 02


Declaração de interesses: após o almoço fuma uma cachimbada, um charuto quando o rei faz anos, e o rei cada vez mais se corta nas comemorações, não fuma cigarros.

Lembra-se de ter lido no “Diário de Notícias” que, em Julho do ano passado, Jaime Gama, esse peixe de águas profundas, como um dia lhe chamou Soares, convidou para um almoço os jornalistas que, habitualmente, fazem o relato das sessões da Assembleia da República, e sugeriu-lhes que passassem ao terraço, adiantando: “Sou fumador de cigarrilhas e charutos. Nem percebo quem fuma cigarros. Deixei de os fumar aos 12 anos.”

Entende que é importante a regulamentação de uma lei anti-tabaco.

No entanto, tem a opinião de que a lei portuguesa está mal feita, é quase absurda. Pensa, talvez ingenuamente, que as leis devem servir uns e outros. Com esta lei, apenas uma parte está defendida e, no entanto, aqui ao lado havia um bom exemplo.

Quando vai a Badajoz comprar charutos, há visita assegurada à “Meson Los Castuos”, um bar simpático onde se tomam umas copas e umas tapas. Logo à entrada e, bem à vista de todos, podemos ler: “SE PERMITE FUMAR!”.

A lei anti-tabaco espanhola contempla esta escolha. Os donos de “Los Castuos” terão medido bem os riscos de tal decisão: que o negócio lhes correria melhor com fumadores. E, quem não fuma, sabe que ali é assim: que uma agradável e reconfortante fumarada de cigarros e charutos os recebe.

Há quem não saiba o prazer que dá beber uns copos, picar uns petiscos, e rematar tudo com café, puro e conhaque.

Que fique claro que este, chamemos-lhe divertimento, não defende o tabaco. Apenas pretende mostrar algumas marcas portuguesas de tabaco que passaram à história. E acrescentar umas dicas…

Provavelmente irão correr-se alguns riscos, mas o que seria tudo isto sem riscos?

Para o que entenderem, sabem que a caixa de comentários deste blogue, está aberta 24 horas!

Colaboração de Gin-Tonic

13 comentários:

JC disse...

O meu avô materno, que como sabes trabalhou toda a vida na Tabaqueira - naquele tempo trabalhava-se (quase) toda a vida e na mesma empresa - tinha uma pequena e interessante colecção de isqueiros Zippo com a reprodução das marcas de cigarros da empresa. Usava-os regularmente. Ficaram para uma das filhas, minha tia, que até quase à morte fumava 3 maços por dia e, já mtº mal e pouco lúcida, quando filha e sobrinhos lhe restrigimos o vício a 6 cigarros por dia, gastava os seus cada vez menos momentos de lucidez a pedir-nos cigarros. Curiosamente, o meu avô nunca fumava à frente das 4 filhas e só uma herdou o vício (e de que maneira...). O meu pai (acabou por morrer aos 80 anos c/ um enfizema) sempre fumou (1 e 1/2 maços por dia até o médico o proibir e lembro -me de fumar "Unic"), nunca nos proibiu e, apesar disso, nenhum dos filhos, sobrinhos (desse lado), ou netos fuma (eu apenas um charuto em ocasiões excepcionais).Quanto à colecção de isqueiros (seriam pouco mais de uma dúzia), a minha tia (a pessoa mais distraída que já conheci), lá os foi perdendo, um a um e para grande pena minha,ao mesmo ritmo que perdia óculos, canetas, guarda-chuvas e até a filha, uma ou duas vezes, na praia, quando esta era criança.

gin-tonic disse...

O pai também fumava "Unic", tabaco negro, uns maços de cor azul, recorda-se perfeitamente. Depois fumou "CT", "SG" e "Ritz". Um dia apanhou um cagaço e cortou com o tabaco. Isso permitiu-lhe viver mais anos do que aqueles que viveria se continuasse a fumar.
Volta e meia, maquinalmente, metia a mão ao biolso à procura do maço de cigarros. Gostava que fumassem ao pé dele. Sabia-lhe bem aquele cheiro...
Morreu aos 78 anos com um enfizema pulmonar.

M.Júlia disse...

Também a vida é sempre um risco, com ou sem tabaco.

ié-ié disse...

Unic? Curioso. Acho que nunca ouvi falar. Estamos a falar de que ano?

LT

ié-ié disse...

Durante anos juntei maços de cigarros dos países que visitava. Com as humidades do Norte foi tudo pró "galheiro"!

LT

JC disse...

Digamos que nos anos 50 e parte dos 60 (antes disso, não sei). Era uma marca da Tabaqueira. Penso que depois passou directamente para o SG, já com filtro, tb da Tabaqueira.

gin-tonic disse...

O "Unic" não tinha filtro. Acabou por morrer por si mesmo. O aparecimento dos cigarros com filtro, a reduzida preferência dos consumidores portugueses por tabaco negro (tipo Gauloises) marcaram-lhe o destino.

(S)LB disse...

Amigo Gin Tonic

lamento informá-lo, mas em Espanha, está prevista precisamente ainda para este mês de Janeiro, a entrada em vigor da 'Reforma de la Ley Antitabaco de 2005', preparando-se para a proibição total de fumar em todos os locais públicos fechados.

Na verdade, o Governo espanhol procurou encontrar um vasto consenso parlamentar que permitisse a eficácia da entrada em vigor da nova lei, o que provocou a indignação da Oposição, que argumenta que o Governo não teve a mesma preocupação em leis anteriores, igualmente fracturantes da Sociedade espanhola, como a lei do aborto e da legalização de casamentos homossexuais.

De facto, passei o fim de ano em Sevilha e constatei das dúvidas dos fumadores em relação à nova lei, perguntando previamente aos proprietários dos estabelecimentos (bares e restaurantes) se já se aplicaria a nova lei, a partir da meia-noite do dia 1 de Janeiro, ao que, perante a negativa, puxavam do cigarro, exemplo seguido pelos demais.

Acrescento que a actual lei espanhola de 2005 tem levantado a maior controvérsia, uma vez que, apesar de ser um dos primeiros países europeus a legislar sobre esta matéria, a verdade é que, na prática, a sua aplicação não é respeitada, pelo que devido ao seu incumprimento generalizado, as associações de não-fumadores defendem que o Governo, ao não exercer uma fiscalização eficaz no terreno, se agachou, ajoelhou ('arrodilló') ao lobby da Tabacalera!

Curiosamente, estas associações dão como bom exemplo a seguir, a eficácia legislativa ... portuguesa - que é bastante similar à lei anti-tabagista paulista (sendo o Brasil uma República Federativa que se constitui como União de 26 Estados + Distrito Federal, regendo-se cada Estado por uma Constituição própria autónoma e tendo cada Estado algum poder legislativo, através das assembleias legislativas estaduais, cada Estado é responsável pela aplicação interna da sua lei, criando, assim, disparidade de Estado para Estado, pelo que é possível fumar em outros Estados brasileiros - creio que, por ex. no Rio de Janeiro - alô filhote, confirmas?).

Para finalizar, apesar de, após uma opípara refeição, também gostar de fumar um bom puro (Cohiba, Montecristo, Romeo y Julieta, Partagás, não interessa, desde que seja cubano, 'otherwise it's not a cigar!'), se há há algo que me irrita solenemente é ter a mesma sensação que tive agora em Espanha e que felizmente nunca mais me aconteceu em Portugal, que é a de chegar a casa com a roupa e o cabelo a tresandar a ...tabaco!

Um abraço

filhote disse...

Não confirmo, caro (S)LB.

No Estado do Rio de Janeiro não se pode fumar em "lado nenhum" (locais fechados). E a aplicação exemplar da lei já dura há vários anos.

Curioso, num país onde a informalidade é tradição, certas leis, como a anti-tabagista, são cumpridas à risca. Também, verdade seja dita, fuma-se muito menos no Rio que em Lisboa. Menos tabaco, claro...

(S)LB disse...

Hehehehhehe!

Excelente, a parte final da resposta companheiro carioca, mas sem querer ser desmancha-prazeres, como diria o nosso comum amigo, Mr. Ié-Ié: info negativo, camarada!

Estás enganado no que respeita à entrada em vigor da lei, cara!

Na verdade, apesar do sempre habitual espírito de colaboração e de boa vontade, o teu comentário colidia com algo que eu teria na ideia referente à minha experiência pessoal passada no Rio de Janeiro e, como tal, e também porque como sou rigoroso, o assunto despertou-me curiosidade e 'fiz trabalho de casa', procurando na net e questionando amigos juristas cariocas.

Bom, então o que sucede é que existe uma Lei Federal de 1996, com carácter de recomendação, que foi complementada e regulamentada através de leis estaduais, APENAS O ANO PASSADO (2009).

Deste modo, primeiro os Prefeitos e só depois os Governadores regulamentaram, PRIMEIRO EM SÃO PAULO e só depois no Rio.

Agora, o que acontece é que, devido à coincidência de denominação das Capitais com a denominação dos seus Estados Federais, a galera faz uma enorme confusão na entrada em vigor das normas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Assim, o Prefeito da cidade de S. Paulo, Gilberto Kassab, baniu o acto de fumar em recintos fechados através do Decreto de 28 de Maio de 2008 e o Governador do Estado, José Serra, sancionou uma lei aprovada pela Ass. Legislat. de SP que determina que, a partir de 7 de Agosto de 2009, ficou banido o acto de fumar em todos os locais públicos fechados do Estado de São Paulo.

Quanto ao RJ, aconteceu, mais ou menos, a mesma situação: a legislação estadual foi 'a reboque' da legislação já existente da Prefeitura.

Assim, através de um decreto municipal, o Prefeito Eduardo Paes sancionou a proibição a 31 de Maio de 2008, enquanto que só a 12/08/2009 a Ass. Legislativa Estadual aprovou a Lei Estadual, proposta pelo Governador Sérgio Cabral.

Segundo o INCA, Instituto Nacional do Câncer, , instituição do Ministério da Saúde(cujo ministro, José Gomes Temporão é 'patrício'), a proibição de fumar em recintos colectivos fechados já está em vigor em 11 Estados do Brasil (Esp. Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Jan., Rio Gr. do Sul, Rondônia, Roraima e S. Paulo) enquanto não é votado o Projecto de Lei Federal anti-tabágica, que irá ter força vinculativa, proibindo de fumar em locais públicos fechados, a nível nacional.



As leis dos Estados de SP e do RJ proíbem totalmente o acto de fumar em recintos públicos fechados (sem a excepção de 'fumódromos'), enquanto que a portuguesa tem as excepções que todos conhecemos.
Para além disso, a quem desobedecer, a multa é aplicada, não ao infractor, mas ao proprietário do estabelecimento, podendo levar à suspensão do alvará!

Por último existe uma particulariedade ridícula: apesar de se poder fumar ao ar livre, não se pode fumar debaixo dos toldos dos estabelecimentos comerciais.No mês passado, assiti a uma cena caricata: numa esplanada do bar 'Espelunca', em Ipanema as pessoas fumavam livremente até que começou a chover, tendo sido, de imediato, aberto o toldo para que os clientes não se molhessem. Pois o curioso é que os fumadores deixaram de poder fumar, sendo fiscalizados pelo segurança do bar!

À boa maneira brasileira ( e, já agora, portuguesa! Tiveram bons professores!), para baralhar tudo isto, a Justiça do Rio aceitou uma providência cautelar que suspende a lei estadual que proíbe o fumo nos locais referidos.

Filhote, convido-te no final do próximo mês a constatar 'in loco' a aplicação da lei!

Ainda não sei o dia, mas quando eu fôr ao Rio, cara, vamos tomárrr umá cérrrva!


Abraço!

filhote disse...

Ah, legal!(S)LB prepara-se para regressar ao paraíso na Terra.

Encontro marcado. Cá te espero!

Aquele abraço!

(S)LB disse...

Paraíso?

Caramba, depois do dilúvio (que dura há um mês e meio em S.Paulo)...o Inferno!

Vi esta semana, no Jornal Nacional da Globo, um relógio/termómetro urbano, numa rua do Rio, marcando... 50º!!!!

Mas desde que haja Brahma, ou Skol...

filhote disse...

Por aqui, (S)LB, Paraíso MESMO!