sábado, 24 de janeiro de 2009

DONOVAN AO VIVO


Nunca fui grande admirador do Donovan. Tenho dias, tenho fases.

Gosto muito do "Season Of The Witch" , de que há excelentes versões, melhores que o original dele. Gosto moderadamente de outras canções dele.

Acho o "Atlantis" no limite do suportável - motivo de discordância permanente com os meus amigos do "Em Órbita". Creio mesmo que chegou a ser votada por eles música do ano.

Mas, estando em Londres no Verão de 75, num dia de calor inimaginável, não havia nada de mais entusiasmante para fazer, e lá fomos ao concerto.

Não posso dizer que tenha sido uma surpresa.

Sentado num estrado decorado com luas e sóis, Donovan lançou-se em dissertações místicas e esotéricas que duravam mais que as canções. Tivemos ainda direito a intermináveis tiradas sobre episódios em que foi preso por posse de cannabis, sobre episódios em que ele e os amigos (alguns Stones à mistura) foram assediados pela polícia, sobre a situação de incompreensão vivida pelos músicos...

Apesar de ser um excelente guitarrista, de música houve pouco. E pouco interessante.

O melhor do espectáculo foi o pretexto para o jantar num excelente restaurante chinês. Só que, dada a hora e as restrições então vigentes quanto à venda de álcool, nós e a mesa do lado, onde pontificava um divertidíssimo David Hockney, tivemos de acabar de acompanhar a refeição com Coca-Cola. Criou-se ali uma solidariedade ocasional e fugaz entre os infelizes privados de mais um copo de vinho ou de uma cerveja.

Fomos acabar a noite num pub, para o copo que faltava. Com uma excelente banda, que vim a saber mais tarde que acabou pouco depois. Eram os saudosos Ducks De Luxe.

Colaboração de Queirosiano

12 comentários:

Rato disse...

Este tive o enorme prazer de o ver ao vivo no Teatro São Luís, em Lisboa. Tarde (não conservei o bilhete mas foi para aí em meados dos anos 90) mas a espera valeu a pena.
O que também valeu a pena foram as deambulações da minha companheira por Nova Iorque, em busca da caixa "A Gift From A Flower To A Garden" (a propósito, mandei vir há dias o tributo homónimo em CD). Depois de muito procurar lá foi parar à cave de uma loja de discos muito rasca. Debaixo de uma pilha de discos antigos poeirentos lá estava uma primeira edição em, perfeitas condições. Comprou-a por meia bagatela. Para mim.

musicalissimo disse...

Eu que nunca fui radical em nada, que não suportava radicalismos, dou por mim a afirmar que quem não gosta de Donovan não gosta de música. Por tal, custa-me afirmar que Queirosiano, nunca mais.Grave ainda, o nome de admirador do meu escritor preferido, Eça de Queiroz. Donovan e Eça, sempre. Quirosiano, nunca mais.

Anónimo disse...

Rato, esse tributo de que falas é à obra do Donovan e não ao disco propriamente, não é? "A Gift from a Flower to a Garden" é de facto especial...

Anónimo disse...

E dos discos mais recentes, "Sutras" é uma pequena grande jóia. Lá está, a produção de Rick Rubin soube ser eficaz mas subtil e trazer assim ao de cima o melhor que o trovador tem.

Anónimo disse...

...venho aqui de vez em quando é sempre muito divertido e agora me lembro dos meus tempos de liceu e atlantis a tocar no pick up e sabiamos a letra de cor raio de tempos!

:)

Jorge Pinheiro disse...

"Season of the Witch" na versão de Al Cooper e Stills... Muito boa. O resto é mais melow yelow!

Rato disse...

O título completo do CD é "A Gift from a Flower to a Garden: a Tribute to Donovan" e foi editado em 18 de Novembro de 2002. São 18 temas mas não conheço em absoluto os nomes dos intérpretes.
Aqui fica a descrição do produto na Amazon americana:
Pas/Cal's "Oh Gosh," features a spot on Donovan impression; Phil Spector-ish wall-of-sound production gives My Morning Jacket's "Wear Your Love Like Heaven" a warm & fuzzy feeling; Photon Band "To Sing For You" sounds like head 'maniac; The Orange Alabaster Mushroom imbibe the cult classic "Fat Angel" with sitars, loopy organ rides and wah-wah vocals; Jon DeRosa dons his Pale Horse and Rider cap for a beautiful, romantically forlorn version of the obscure "There Is An Ocean." Alsace Lorraine's breathy, sexy, sultry vocal on the equally obscure "Sadness" slides somewhere between St Etienne's Sarah Cracknell and the French yé-yé girls of the 60s; Scarboro Aquarium Club, exhume "Divine Daze of Deathless Delight." "Jersey Thursday" is even more haunting than the original; Vancouver's Ashley Park begin "Widow with Shawl" in a rainstorm and end up in a groovy, psych-country pastiche a la Mojave 3. Low Lights must have drawn the short straw to end up with "Catch the Wind;" Donovan's finest track ever; Screen Prints mercilessly butchers "Celeste;" singing it in the wrong key and about half a beat behind the song's established melody. Great Lakes, digs "Teen Angel" out of the grave, smacks it around a few times and then sleepwalks all over it in a Prozac-induced haze; Watoo Watoo is a husband & wife duo from Paris though it actually sounds more like Japanese cut-ups, Pop-Off Tuesday than a yé-yé wannabe. On the other hand, Color Filter actually are from Japan, yet they chose to present "Hurdy Gurdy Man" like a 60's French soundtrack. The Blood Group sounded at first as though they were rap, then Jessica B opened her mouth and out poured sweetness and light. Sweet Trip's sacrilegious video-arcade-through-a-bullhorn version of "Sunny Goodge Street" is an insult to the song. So even if you are not intrigued by unknown artists covering hits and obscurities of one of our finest psychedelic poets, you will enjoy the variety of styles and reverential tweakings included herein.

ié-ié disse...

Os My Morning Jacket são fantásticos! Boa onda!

O tributo que tenho, de 1991, chama-se "Island Of Circles" e tb não tem nomes muito conhecidos, com excepção de Brix E. Smith, Sarah McLachlan, Posies.. Mas tem uma banda com um nome fantástico: When People Were Shorter And Lived Near The Water!!!!!!

LT

ié-ié disse...

Estive agora a ouvir "7-Tease" e é do outro mundo. Mas, secundando o Ratão, também acho "Open Road" uma das suas melhores obras.

LT

Rato disse...

Ainda dá para me fazeres uma cópia desse "Island of Circles"?

ié-ié disse...

OK!

LT

JC disse...

Confirmo "Atlantis" foi considerado "tema do ano" pelo "Em Órbita". À distância de 40 anos, percebe-se o porquê (tem a ver com o "ar do tempo"), mas devo dizer que a música de Donovan envelheceu mal, ou melhor, deu-se mal com o nosso envelhecimento