sábado, 10 de maio de 2008

COCKTAILS GANHAM YÉ-YÉ EM COIMBRA

Os Cocktails foram os grandes vencedores do I Festival Guitarra de Ouro Yé-Yé que se realizou em Coimbra, no Teatro Avenida, no dia 23 de Abril de 1966.

Foi um dos primeiros grandes festivais yé-yé que se realizou em Portugal.

Eis uma súmula dos grandes festivais yé-yé realizados em Portugal:

- Rei do Twist (Monumental, Lisboa, 07SET63)

- Concurso Tipo Shadows (Roma, Lisboa, 04OUT63)

- Festival de Ritmos Modernos (Monumental, Lisboa, 11/12JAN64)

- Festival Yé-Yé de Coimbra (Avenida, Coimbra, 23ABR66)

- Concurso Yé-Yé (Monumental, Lisboa, 30ABR66)

- Festival CITU (Império, Lisboa, 17MAI68)

- 1º Festival de Vilar de Mouros (03/04AGO68)

- Festival da Costa do Sol (Estoril, 16JUL69)

- Festival dos Salesianos (Estoril, 26AGO70 - proibido)

A final do Festival de Coimbra - que é o que interessa agora - iniciou-se com a actuação do Conjunto Leonel de Oliveira, de Aveiro, constituído por Carlos Castro (baterista), António Mónica (viola-baixo), Fernando Pires (viola-ritmo), João Carlos Imaginário (órgão) e Leonel de Oliveira (viola-solo).

O famoso conjunto da "Rainha do Vouga" comportou-se à altura dos seus créditos, reza o Diário de Coimbra, vulgo Calino, da época.

A seguir, entrou em palco os Shanes, do Porto, compostos por Rui Fernandes (viola de acompanhamento), João Manuel (viola-baixo), Carlos Alberto (solista), Pedro Cavaco (baterista) e Horácio Luís, agente artístico e técnico de som.

Senhores da sua preparação, conhecedores de música, os Shanes sofreram o precalço de se lhes ter avariado a sua aparelhagem de amplificação de som, mas reagiram desportivamente, levando até final a sua actuação, interpretando quatro escolhidas composições.

Depois foi a vez dos Moscardos, de Matosinhos, constituídos por António Carlos Rangel, Manuel Monteiro Teixeira, Pedro Manuel Taveira, Manuel de Barros Monteiro, Jorge Emanuel Ribeiro e Cláudio José Belo.

Foram ovacionados entusiasticamente pelos jovens de Coimbra, que se associaram aos fãs desse conjunto vindos do Norte.

Foi o delírio quando o conjunto os Celtas, de Lisboa, composto por Aníbal Ramos Duarte, um conimbricense, José Luís, Vítor Pinto, Carlos Félix e Vítor Manuel se exibiu.

Os aplausos foram intermináveis e quando o pano de ferro desceu, para o intervalo, teve novamente de ser levantado duas vezes.

Após o intervalo, actuaram os Corvos, do Porto, com Manuel Leitão, Manuel Ferreira, Augusto César, Mário Rui e Alberto Lima.

Surgiram depois os Protões, com Jorge Carvalho, Eugénio Eliseu, Nóbrega Pontes, António Carlos e Fernando Dias.

Mais uma lição a tirar do Festival foi dado por este grupo de rapazes estudantes, na sia maioria moradores no Bairro Marechal Carmona.

O Festival terminou com a actuação dos Cocktails, formados por Fernando Agostinho Machado, Luís António Gonzaga de Melo e Silva, António José Netura Martins e Silva, António José Ventura Martins Mano, António Luís Marques Romão, Joaquim António Colaço, Carlos Alberto Duarte da Costa e Xico.

Incrível o entusiasmo da multidão ao aplaudir os Cocktails.

Foram os seguintes os prémios:

- melhor baterista: Luís Gonzaga, dos Cocktails, a quem foi entregue o relógio-tambor, oferta da Ourivesaria Patrão;

- melhor viola-solo: Romão, dos Cocktails, que recebeu o relógio-viola, oferta da Ourivesaria Costa (antiga Ourivesaria Almeida Costa);

Conjuntos:
3º - Moscardos - 41 pontos;
2º - Protões - 42 pontos;
1º - Cocktails - 50 pontos.

12 comentários:

Bobbyzé disse...

Eu estive là nesse 23 de Abril 66!
Indiscutivelmente o Romao e o Gonzaga mereceram bem esses prémios.Para nos, representavam o Eric Clapton e o Ginger Baker locais.Os ensaios dos PROTOES eram ao lado da minha casa.Também quiz formar um grupo mas os progressos em viola ritmo eram fraquinhos.Mas estava decidido que um dia haveria de me vingar.Os gajos tocavam Clapton,Beatles, Stones,Animals...mas eu,venci todos os obstàculos e consegui fazer disso uma profissao e assim,aproximà-los e convivêr com eles!!!
Fica aqui um grande abraço para o JO dos Protoes, que ontem passou para o estatuto de AVO!!A criança encontra-se bem e jà lhe foi oferecida uma guitarra!Parabens JO!

Paulo disse...

Também lá estive, a apoiar os Protões, mas tudo está já demasiado envolto na névoa do tempo. Quase só me lembro de ver JO (ou melhor, JC) soprar num papel que embrulhava um pente, e alguém, ao meu lado, dizer que ele não sabia a letra. Avô, ein!... Ah!, e aposto que fui e voltei de trólei, no 5 São José.

ié-ié disse...

Sim, que o 6 ia para Santa Clara!

LT

Anónimo disse...

e o 7 (eléctrico) para o Tovim...

Anónimo disse...

e a célabra quadra

Tovim, tovais
de eléctroco para os olivais

Manuel Leitão disse...

Muito interessante. Fico, contudo, com curiosidade em saber o que terá escrito o Diário de Coimbra sobre os Corvos, do Porto, grupo de que eu fazia parte. É que tendo obtido o 4.º lugar (a apenas 1 ponto dos terceiros classificados e a 2 dos segundos...), não temos, no vosso post, qualquer menção à nossa prestação (para além da constituição do grupo). Será possível terem a gentileza de esclarecer este ponto? Desde já o meu muito obrigado.

ié-ié disse...

Já fui ao "Diário de Coimbra" de 25 de Abril de 1966 e, de facto, tem pouca informação sobre a actuação dos Corvos. Diz apenas o seguinte:

(...)

"Após fazer referência aos troféus instituídos pela organização para os três conjuntos primeiro classificados e ainda aos outros prémios, o locutor anunciou ir actuar o Conjunto "Os Corvos", do Porto, com Manuel Leitão, Manuel Ferreira, Augusto César, Mário Rui e Alberto Lima, todos estudantes, o primeiro e terceiro autores de composições que fazem parte do reportório desse conjunto de ritmos modernos".

Reitero o meu pedido de fotografias do seu conjunto, caso tenha, e de um pequeno texto seu sobre esta experiência em Coimbra que, presumo, tenha sido fantástica!

LT

Edward Soja disse...

E uma pequena biografia também seria bom, uma vez que se trata de mais um conjunto do qual não aarece haver nada escrito.

Foram formados nesse mesmo ano?
:)

Obrigado,
Eduardo,
Braga

ié-ié disse...

Não tiveram vida, foram formados de propósito para o Festival.

LT

Edward Soja disse...

Ahah, quantos conjuntos não terão sido formados nos mesmos moldes...!

Na época do RRV, então, é que deve ter sido...

:)

Francisco disse...


Dei com isto agora :) Estive lá pq fui do júri !!! Lembro-me de um ambiente infernal à moda da beatlemania e dos Cocktails terem ganho e serem mesmo os melhores. Os Protões tinham lá o Bairro todo a apoiar. O Sansão Coelho estreou-se na apresentação nesse Festival e foi logo uma prova de fogo. Lembro-me ainda que no fim houve um jantar na Império e alguns elementos de uma banda do norte acusou a organização de estar tudo combinado e foram um bocado agressivos. Mas de facto não houve complot nenhum. O júri estava espalhado pela sala e só no fim é que soubemos quem eram os outros e nos encontrámos já com os boletins de voto preenchidos. Mas deste género nunca mais voltou a haver nada em Coimbra. Os bilhetes vendiam-se no Primeiro de Janeiro, houve fila e uma semana antes estavam esgotados. Uma pequena loucura para a época. Houve um jornal (qual ?) que fez manchete com o título : "Mil jovens em delírio no Avenida". Foi bom e nunca mais esquecemos uma coisa daquelas.

ié-ié disse...

se estiver interessado, Francisco, pode escrever um texto sobre o assunto que eu publico.

LT