segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PRAZERES QUE MATAM 01


Tentativas desesperadas para arranjar espaço para livros, discos que já se arrastam, há muito, pelo chão. Abrem-se caixas e saltam as mais variadas coisas: bilhetes de cinema, de futebol, do Metro, da Carris (não havia nenhuma capicua), postais velhos, recortes de jornal, em que não se vislumbra a mais leve indicação por que foram guardados, o que mais se possa imaginar.

Também um envelope com maços de tabaco vazios, a maior parte já não circulam, apenas memória da sua existência.

Mesmo tendo em conta que tabaco é matéria delicada, assunto que deve ser tratado com pinças, fundamentalismos vários, ódios, paixões, pensou que talvez fosse interessante colocá-los por aqui.

Falou a Mr. “Ié-Ié” que achou a ideia, no mínimo, interessante.

Tendo de começar por UM qualquer e, sabe-se, como todos os começos são difíceis, lembrou-se de Herbert Pagani, quando, em Abril de 1978, esteve no velho Coliseu para um concerto memorável.

Numa entrevista, pensa que ao semanário “Sete”, Pagani disse que levava na mala de viagem, um pacote de tabaco português, “porque um País, para se conhecer, também se tem que fumar".

Abertas as hostilidades a dança começa amanhã.

Colaboração de Gin-Tonic

15 comentários:

JC disse...

A ideia que preside ao filme até era interessante: o facto de decidir ou não fumar um cigarro daria à história um diferente desenvolvimento. Mas, devo dizer-te, Gin Tonic, que apesar de eu ser um admirador de mtºs filmes de Resnais (desde o "Nuit et Brouillard" e o "Hiroshima...", passando pelo "Muriel...", de que gosto mtº, até ao bem mais recente "On Connait la Chanson", de homenagem a Dennis Potter, este díptico acaba por se tornar bastante entediante. Tb não me entusiasmei c/ o último que vi, "Coeurs".
Quanto ao tabaco... outros que falem

M.Júlia disse...

Eu vivo o drama do primeiro pará-
grafo. Se pensam dizer, que é pegar
e pôr tudo no lixo eu direi que
isso é ainda um "drama" maior.

etarra disse...

posso dizer que ao fim de 30 anos de fumos (vários), decidi há 8 anos deixar esse hábito nefasto.
pois bem meus caros, foi de um dia para o outro. hoje tornei-me, reconheço, um anti-tabagista militante que tenta demover qualquer um a deixar de fumar. as vantagens são óbvias. está tudo na nossa cabeça.

etarra disse...

enquanto se questionam se devem ou não deixar esse vivio ouçam isto
http://www.youtube.com/watch?v=4Fd8_gojNXc&feature=player_embedded#

Anónimo disse...

De Alain Resnais retive aquele que foi uma grande lição, também valiosa para para combater o tabagismo.

Refiro-me a “Mon Oncle d’Amérique” que em Portugal teve o mesmo título, traduzido literalmente.

Neste filme que, entremeia a acção com o documentário, o realizador ilustra as teses científicas de Henri Laborit, o descobridor das benzodiazepinas ( substâncias activas do Valium ou Lorenin), em vários tramas da vida humana exemplificativos , sugerindo, através de experiência laboratoriais com animais, que existem apenas duas formas de lidar com uma agressão, adversidade, ou outra fonte de grande stress, ambas eficazes, a saber : a LUTA ou a FUGA.

São significativas as imagens deste filme, onde animais em cativeiro, lutando entre si, conseguem minimizar os efeitos do stress causado por choques eléctricos, o que acontece também com aqueles que conseguem escapar aos mesmos choques. Ao invés os que se resignam aos choques, sem lutar com os vizinhos, acabam por definhar e morrer.

Para quem sofre do vício do tabaco, tem o mecanismo da FUGA, deixando de fumar. LUTAR só se for movendo um processo indemnizatório às grandes empresas tabaqueiras, que ganham chorudos lucros com a dor e sofrimento alheios.
JR

Luis Mira disse...

A ideia é boa e espero que Gin-Tonic inclua, também, embalagens de tabaco para cachimbo. São mais bonitas e deixam melhor cheiro...

Em relação a Resnais, tenho andado para rever "O Ano Passado...." e o Providence, mas tempo, nem vê-lo...

Jack Kerouac disse...

As Benzodiazepinas não são as substâncias activas, é sim um grupo de substâncias, entre as quais o diazepam que é a substância activa do Valium e o lorazepam que é o princípio activo do Lorenin.

gin-tonic disse...

Indo por partes:
JC - O "Smoking, No Smoking" não tem a ver com o gosto pelo filme, dirá até que Resnais não é realizador de cabeceira.Gosta mais de Éric Rohmer que ontem partiu. Mas achou que o postal era um bom inicio.
M.Julia - De acordo contigo, mais ainda porque cá pela casa uma dama vive a mesma ansiedade - não deitar nada fora!
Etarra - Pior do que os não fumadores são os ex-fumadores. Sem qualquer tipo de ofensa: são impossíveis de aturar. Há excepções, obviamente.
Luis Mira: O envelope não contem nem maços de tabaco para cachimbo, nem cintas de charuto. Terá que inventar. Diga-se desde já que o envelope com os maços de cigarros foi uma iniciatica da célula do PCP na "Tabaqueira", para angariar fundos, e vendeu-se na 1ª festa do "Avante", realizada na antiga FIL, em Lisboa,Setembro de 1976
Kerouac: dada a eloquência,é o que
se chama passar ao lado de uma grande carreira.

Jack Kerouac disse...

Obrigado Gin-Tonic, mas a minha carreira nessa área chegou ao fim, como a dos futebolistas :)
Já agora, sou um ex-fumador que não chatei absolutamente ninguém para deixar de fumar, nem impeço ninguém de fumar ao pé de mim, e também deixei de fumar de uma dia para o outro, quando fumava 2 maços de Marlboro Lights por dia..

ié-ié disse...

Deixei de fumar há 4 anos, de um dia para o outro, sem ajuda de nada e/ou de ninguém. Fumava 3 maços de "Português Suave", sem filtro por dia. Era a primeira coisa que fazia quando me levantava da cama: puxar pelo cigarrito.

Sou ex-fumador, portanto, mas não fundamentalista, embora me apeteça dizer às pessoas para deixar o cigarro (mas não digo).

Ainda hoje sofro de bronquite crónica e lá tenho de andar com a bombita.

Confesso, no entanto, que já não me apraz o cheiro do tabaco frio...

LT

filhote disse...

E eu, estranhamente, comecei a fumar aos 30 anos.

Fumo 15/16 cigarros por dia (Marlboro clássico). Conto-os.

Obviamente, nada tenho contra o fumo dos cigarros. Até por que sem ele não teria o prazer de ouvir canções como "Smoke Gets In Your Eyes"...

gin-tonic disse...

E o que seria o cinema sem aquelas cigarradas do Bogart, Bacall de cigarro na mão a perguntar se ele sabe assobiar, da Marlene Dietrich, a boquilha de Audrey Hepburn em "Boneca de Luxo", Tati e o seu cachimbo, as charutadas do John Wayne e do Orson Welles e tantos e tantos mais?
Um pouco de tudo isto se falará nestes "prazeres"...

ié-ié disse...

Foi com Bogart que aprendi uma das frases da minha vida (quando fumava e bebia): "quem não fuma nem bebe, morre cheio de saúde!" (acho que no "Casablanca").

LT

filhote disse...

Ié-Ié: essa frase não é do Grouxo Marx?

E aqueles cigarrinhos na contracapa do "Rubber Soul"?...

Anónimo disse...

E aquele cigarrinho que Paul MacCartney "transporta" na capa de Abbey Road ( felizmente que Abbey Road não é no Japão) ?

A liberdade de fumar é incontestável.

Mas também é incontestável que se perderam, devido ao "fumo" e outras evoluções aditivas, tantos talentos, sobretudo na música rock.

Esta coluna de comentários não chegava para enumerar as vítimas de vícios vários ( que geralmente começam com o fumo ).

Salientava só, a título de exemplo, o mais talentoso guitarrista de todos os tempos, a quem são atribuídos quase todos os "truques" que se podem espremer de uma viola eléctrica - Jimmi Hendrix-, que também gostava de Mateus Rosé.

Este último gosto, se moderado e às refeições, só pode ser saudável.

Agora os outros ...
JR