sexta-feira, 14 de agosto de 2009

THE REAL THING


Favor não estragar os sapatinhos com "engraxadelas" a um euro lá pela província. Isto é mesmo "the real thing"!

Ao que diz a publicidade, disponível em 44 cores. Não garanto, mas possuo pelo menos quase uma dúzia de cores diferentes, entre preto, neutro, bordeaux e vários castanhos.

A Karocha diz que tem todas as cores, mas é mulher e por isso usa aqueles sapatos com cores à Imelda Marcos. Além de que é mulher que, como os publicitários, são todas umas exageradas.

Custará cada frasco mais de um euro (€3 aprox.), o triplo, portanto, do preço da "engraxadela" lá de Lafões. Mas, garanto, cada um dá para muitas utilizações, os sapatinhos ficam mais bem tratados e aproveita-se para puxar pelo físico.

Não tenho comissão, nem levo nada pelo conselho (com "S" sem ser de Salazar).

E vão ver que poupam no sapateiro e na sapataria! Quem é amigo, quem é?

Este que se assina,

JC

13 comentários:

gin-tonic disse...

Não digo que não, mas é assunto que me escapa quase por completo. Para mim continuarei a pensar que nada como uma bela engraxadela daquelas das antigas, quando os cafés tinham o seu próprio engraxador, quando os sapateiros com loja na rua tinham aquelas cadeiras em que os clientes, no intervalo das engraxadelas, ficavam na má-língua ou a ler "A Bola". Aquele estalo seco que se fazia ouvir quando do puxar do lustro com o tal pano mágico. Ficar a olhar a eficiência do trabalho. Coisas do tempo em que se vivia com se respirava. Sem dar por isso...
É assim que vamos envelhecendo...

Karocha disse...

Também tenho JC e, existe um transparente que é óptimo para as carteiras das senhoras.
Quem é amiga, quem é??? ;-)))

JC disse...

Conto-te uma história, Gin-Tonic. O meu pai trabalhou quase toda a vida no Chiado. Durante um ano, embora noutra empresa, também trabalhei na mesma zona (um luxo!), já o meu pai estava reformado. Um dia, numa emergência, entrei numa engraxadoria da R. Garrett para engraxar os sapatos. O Sr. Augusto (era este o nome, vim depois a saber)quando me viu entrar, mirou-me de alto abaixo e disse-me: "desculpe a pergunta, não é filho de fulano?". Como disse que sim, com ar surpreendido pois nunca tinha lá entrado, o tal Sr. Augusto acrscenta: "é que o seu pai vinha cá quase todos os dias engraxar os sapatos, durante mais de 30 anos, e o Sr. é mtº parecido c/ ele"!!! Claro que minutos depois estava a falar p/ o meu pai a transmitir os cumprimentos do Sr. Augusto! Tens razão: outros tempos, outra Lisboa!

Karocha disse...

gin-tonic e JC

Teem toda a razão, mas... nós mulheres não temos esse privilégio
...

Temos outros,eu sei ;-)

Fernando Correia de Oliveira disse...

Nascido e criado no Chiado, mais propriamente à Rua Serpa Pinto, bem me recordo da engraxadoria da rua Garrett ou do engraxador da Brasileira. Mas o que mais me vem à memória é o "estalo" que ouvia sempre marvilhado (e sempre à espera dele...) aos fins de semana, quando ia comer à outra banda, pois os Cacilheiros também tinham engraxadores privativos.
Hoje em dia, em alguns aeroportos europeus, como Londres ou Zurique, há "corners" muito chics com engraxadores de rabo de cavalo e brinco, e senhores de BlackBerry ao ouvido a engraxarem os seus Lobbs... não tenho ouvido aí o "estalo".

DANIEL BACELAR disse...

Meus amigos
É realmente um prazer quando nos sentimos transportados ao nosso imaginário com alguns textos que por aqui aparecem.
Esta descrição dos engraxadores de antigamente é absolutamente antológico.
Luis!!
Uma pequena sugestão:
Seria giro ires guardando apontamentos como estes tão interessantes e bem escritos.pois sabe-se lá se daqui a uns tempos não haveria material suficiente para um interessante livro.
Sobre a graxa transparente para malas de senhora ,sugestão da Karocha,estou certo que se o Castelo Branco lêr isto ,vai logo a correr saber onde se vende!!!!

Desculpem,mas já estava a falar a sério há muito tempo!!!!!

Karocha disse...

Quem Daniel?????

Jack Kerouac disse...

Mas estão a falar de engraxadores ou de encremadores ? Esta coisa dos cremes é invenção moderna, faz melhor ao ego de quem os usa, do que aos sapatos de quem os calça. Cumpre a sua missão de transmitir ao utilizador a sensação de estar a usar algo que o coloca num patamar acima dos vulgares utilizadores de graxa. Mas é um facto que a graxa protege melhor as boas peles, além de reforçar a sua impermeabilidade. Na tropa usava um truqe ensinado por um engraxador, pegava fogo à graxa para ela ficar quente, e agarrar melhor, aquelas botas até serviam para me pentear...embora isso fosse impossível depois de um pente 2.

filhote disse...

E o amigo JC conheceu bem a Casa Macário?...

camilo disse...

Ó meus Queridos Amigos...
Antes do "estalo" com o pano a dar lustro, antes, disse eu, vinham as calçadeiras (palas, feitas pelo próprio engraxador, em cartão), para não pintar as meias...
Quantas chatices destas assisti...
E... lembram-se da técnica de muitos "profissionais" a tirar a pomada da lata, com os dois dedos... deixando, por vezes, à mostra, o prateado do fundo, quando estava no fim, ficando aquela circunferência redondinha?

Por vezes, após o almoço, ao tomar a bica (lá looooonge)...
-Ó freguês,estão sujos, vai graxa?
-Agora, já não tenho tempo...
-É rápido, "madiê", então "tira" só o pó,...!
-Ó pá, vai chatear o c....!!!

JC disse...

Pois vamos lá explicar:
A vantagem dos cremes é mesmo evitar ter de aquecer a graxa, pois são menos sólidos. No fundo, são graxas de melhor qualidade. O teu engraxador, JK, aquecia a graxa para esta ficar mais "pastosa" e assim penetrar melhor na pele,amaciando-a (para evitar que gretasse e, depois, acabasse por partir) e protegendo-a. Como os cremes a que me refiro. Portanto, nada tem a ver c/ o ego nem c/ "modernices" ou modas, coisa a que sou mtº pouco sensível. Sou demasiado tradicionalista para tal... Para te esclarecer ainda melhor, há 100 anos havia quem usasse vaselina para o mesmo efeito e há mesmo uma passagem de um livro de Agatha Christie (não me lembro qual) em que Poirot faz isso aos sapatos. E, que eu saiba, os cremes existem há muitos anos, ao contrário daqueles "auto-brilhantes" que se aplicam c/ uma esponja e servem para destruir os sapatos rapidamente, pois são à base de álcool. Foi na própria loja da Timberland, p. ex., que me aconselharam a usar creme Nívea nos "docksides", vulgo sapatos de vela, cuja pele tem um diferente acabamento não necessitando de lustro. Pobre de mim, caro JK, se usar creme em vez de graxa servisse para me alimentar o ego!!! É apenas o modo de melhor cuidar bem dos sapatos, peça de vestuário que muito prezo. Se fosse c/ graxa da mais barata era o que usaria!
Filhote: Claro que conheço a Casa Macário da R. Augusta. Mas não compro lá o café. Compro no Nicola ou no El Corte Inglés, normalmente o Colômbia Supremo ou o Mokka Harrar (quando há e não me dá um ataque de forretice, pois o Harrar é um pouco mais caro, já que custa + ou - €5 cada 250 gr.). Em grão e vou moendo, como fazia o meu pai. Comprei, que me lembre, há 2 ou 3 anos uma lata de chá Twinnings na Macário.
Abraço

filhote disse...

Pois bem, JC, o senhor Macário Morais Ferreira é o meu bisavô, pela parte da minha mãe.

Foi aliás a minha mãe, quem vendeu a Casa Macário no final dos anos 60, ou talvez início dos 70.

A casa Macário era composta por loja e torrefação.

Abraço!

JC disse...

A loja é mtº bonita, mas horroriza-me ver aquelas garrafas de vinho do Porto ao sol e à luz na montra. Espero ninguém as compre! E espero tb o "progresso" não destrua a loja.
Abraço