PICKWICK SPC 3312
Side 1
The Impossible Dream – Somewhere My Love – Release Me – Born Free – Boo Hoo
Side 2
Strangers In The Night – Help Yourself – My Special Angel - Mame
Nunca dancei. Vi os outros dançarem, em terraços voltados para o mar, no chão de areia de África ou do Brasil, em clandestinos infernos de bares de marinheiros ou em inflamadas discotecas de praias turísticas, vi-os e julguei-os felizes, esquecidos e voláteis, perdidos e enovelados numa bola de fogo, mesmo se às vezes os pares se rompiam e ela vinha sentar-se a chorar, e então eu pensava que ainda havia palavras que podiam funcionar como carícias, que eu sabia dizê-las, palavras redondas, encostadas à face magoada e triste.
Também dancei sem que os outros soubessem que eu dançava, mas dancei fora da dança, porque dançava para mostrar que também dançava e lembrava-me disso em cada passo, e nunca esquecia que era o meu corpo que dançava, e nunca soube dançar sobre o esquecimento do corpo, nunca ninguém dançou sobre o meu corpo como se fosse a areia da praia ou um terraço voltado para o mar, nunca ninguém que eu sentisse os dois esquecidos de mim.
Eduardo Prado Coelho, “Tudo O Que Não Escrevi” Vol. II, Edições ASA, Porto, Abril de 1994
Cortesia de Gin-Tonic
Side 1
The Impossible Dream – Somewhere My Love – Release Me – Born Free – Boo Hoo
Side 2
Strangers In The Night – Help Yourself – My Special Angel - Mame
Nunca dancei. Vi os outros dançarem, em terraços voltados para o mar, no chão de areia de África ou do Brasil, em clandestinos infernos de bares de marinheiros ou em inflamadas discotecas de praias turísticas, vi-os e julguei-os felizes, esquecidos e voláteis, perdidos e enovelados numa bola de fogo, mesmo se às vezes os pares se rompiam e ela vinha sentar-se a chorar, e então eu pensava que ainda havia palavras que podiam funcionar como carícias, que eu sabia dizê-las, palavras redondas, encostadas à face magoada e triste.
Também dancei sem que os outros soubessem que eu dançava, mas dancei fora da dança, porque dançava para mostrar que também dançava e lembrava-me disso em cada passo, e nunca esquecia que era o meu corpo que dançava, e nunca soube dançar sobre o esquecimento do corpo, nunca ninguém dançou sobre o meu corpo como se fosse a areia da praia ou um terraço voltado para o mar, nunca ninguém que eu sentisse os dois esquecidos de mim.
Eduardo Prado Coelho, “Tudo O Que Não Escrevi” Vol. II, Edições ASA, Porto, Abril de 1994
Cortesia de Gin-Tonic
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