in Diário Popular, 24 de Janeiro de 1966
Costuma dizer-se, erradamente, que Pattie Boyd foi ganha por Eric Clapton num duelo de guitarras com George Harrison. Nada de mais falso, embora o duelo tenha existido efectivamente.
Conta Pattie Boyd na sua "Autobiografia" que o seu relacionamento com George Harrison começa a deteriorar-se rapidamente em 1973, após o cancelamento de umas férias em Portugal, vejam lá.
Na Primavera de 1973 era suposto irmos de férias a Portugal. Na véspera da partida (George) disse que não se sentia bem e que não ia. Disse-lhe que aparentava estar bem, mas ele insistiu e eu cancelei os voos. Também não quis ir às Bahamas.
Os meus receios relativamente a George estavam certos. Não quis ir de férias comigo, mas acabou por ir a Espanha com a mulher de Ronnie Wood, Krissie, alegadamente para se encontrar com Salvador Dali.
Outra das minhas amigas dormia com George.
O copo transbordou com o affair de George com Maureen Starr, mulher de Ringo. Era a última pessoas que eu julgaria que me apunhalasse pelas costas.
Foi um período louco. As nossas vidas estavam cheias de alcool e de cocaina. Friar Park era uma casa de loucos. Eric continuava a perseguir-me.
Numa tarde, John Hurt, o actor, estava connosco e Eric estava a chegar. George veio para baixo com duas guitarras e dois amplificadores à espera de Eric que chegou cheio de brandy, como era costume.
George deu-lhe uma guitarra e um amplificador, como se alguém do séc. XVIII tivesse dado uma espada ao seu rival. Tocaram durante duas horas, sem uma única palavra. O ambiente estava eléctrico e a música excitante.
No final, ninguém falou, mas a sensação geral foi a de que Eric tinha ganho. Mesmo bêbedo, Eric era imbatível.
Em Janeiro de 1974, George disse-me que queria o divórcio. Em Julho, fiz as malas e fui ter com Eric Clapton que estava em Los Angeles.
"Wonderful Today - The Autobiography", Pattie Boyd com Penny Junor, Headline Review, 2007, págs 172 a 179
Costuma dizer-se, erradamente, que Pattie Boyd foi ganha por Eric Clapton num duelo de guitarras com George Harrison. Nada de mais falso, embora o duelo tenha existido efectivamente.
Conta Pattie Boyd na sua "Autobiografia" que o seu relacionamento com George Harrison começa a deteriorar-se rapidamente em 1973, após o cancelamento de umas férias em Portugal, vejam lá.
Na Primavera de 1973 era suposto irmos de férias a Portugal. Na véspera da partida (George) disse que não se sentia bem e que não ia. Disse-lhe que aparentava estar bem, mas ele insistiu e eu cancelei os voos. Também não quis ir às Bahamas.
Os meus receios relativamente a George estavam certos. Não quis ir de férias comigo, mas acabou por ir a Espanha com a mulher de Ronnie Wood, Krissie, alegadamente para se encontrar com Salvador Dali.
Outra das minhas amigas dormia com George.
O copo transbordou com o affair de George com Maureen Starr, mulher de Ringo. Era a última pessoas que eu julgaria que me apunhalasse pelas costas.
Foi um período louco. As nossas vidas estavam cheias de alcool e de cocaina. Friar Park era uma casa de loucos. Eric continuava a perseguir-me.
Numa tarde, John Hurt, o actor, estava connosco e Eric estava a chegar. George veio para baixo com duas guitarras e dois amplificadores à espera de Eric que chegou cheio de brandy, como era costume.
George deu-lhe uma guitarra e um amplificador, como se alguém do séc. XVIII tivesse dado uma espada ao seu rival. Tocaram durante duas horas, sem uma única palavra. O ambiente estava eléctrico e a música excitante.
No final, ninguém falou, mas a sensação geral foi a de que Eric tinha ganho. Mesmo bêbedo, Eric era imbatível.
Em Janeiro de 1974, George disse-me que queria o divórcio. Em Julho, fiz as malas e fui ter com Eric Clapton que estava em Los Angeles.
"Wonderful Today - The Autobiography", Pattie Boyd com Penny Junor, Headline Review, 2007, págs 172 a 179
11 comentários:
Retracto-me do meu comentário precipitado a post anterior e agradeço-lhe imensamente a informação contida neste texto (assim como no blog, em geral).
Um abraço.
No meio de tudo isto, onde fica "a moral e os bons costumes"? Só se for nas guitarras... Que rebaldaria (ou que suruba, como se diz no Brasil)!...
É a primeira vez que leio a história dos desamores da Layla, contados na primeira pessoa.
Fico a perceber que a vida é sempre mais complicada que a ficção.
A história de Layla, contada em terceira ou quarta mão, não era a mesma coisa.
Uma coisa é certa: Eric Clapto, por causa da Layla ou com esse pretexto, produziu um dos melhores, senão o melhor disco de rock de sempre.
Tenho de ler esta autobiografia da Pattie... diga-me, Ié-Ié, no meio de todos estes alucinantes relatos, a musa fala do Macca?
O livro da Pattie é interessante, porque é a versão dela. Ainda não a conhecíamos. Não sei se acredito totalmente nela. Ela dá uma imagem de santinha, que nunca foi infiel ao George, que foi virgem para ele, etc. Em todo o caso, é um relato na primeira pessoa e isso tem sempre valor. Quanto a Paul, fala muito vagamente, em encontros de Nova Iorque. O mais falado é Ringo por causa de Maureen. O mais interessante é que li o livro de Pattie, depois do Eric. São praticamente coincidentes, direi mesmo que um leu o rascunho do outro e vice-versa.
LT
Vocês sairam-ma cá uns cuscuvilheiros, sempre a aí a quererem saber a vida de cada um....eheh....e o jantarinho quando é afinal ?
"Layla" é sem sombra de dúvida um dos melhores temas da história do Rock, se bem que prefira algumas das versões Live ao original propriamente dito. Quanto ao album em si ("Layla and other assorted love songs"), o José que me desculpe, mas nem de longe nem de perto poderá ser incluído no panteão dourado dos melhores albuns de sempre (digo eu, é claro). E o curioso é que tenho várias versões, desde o duplo vinil até ao Super-Audio CD, o que contribui ainda mais para esse meu "feeling": é um bom disco, sim senhor, mas com muito "lixo" lá pelo meio. E a má qualidade do som também não ajuda muito. Uma das melhores coisas do album é, ainda hoje, aquela magnífica capa, essa sim, um dos grandes ícones da história do Rock.
A Pattie Boyd foi uma das mais excitantes meninas dos sessenta (pelo menos à vista), não admira que tenha posto à roda tanta cabecinha...
Mas essa de ir virgem para o George...enfim, só acredita quem quer não é?
Alguém sabe se está prevista a tradução da biografia para português?
rato:
Gostos não se discutem, mas podem sempre ser conversados...
O Layla, para mim, durante décadas foi um disco so-so, como diria o Scolari.
No entanto, a audição por ocasião do 30º aniversário, depois de ter ouvido tudo o que importa ouvir das três décadas antecedentes, Beatles, Stones, Who incluídos, permitem-me julgar o LP, com referência à época ( 1970) em que foi publicado, como um repositório de todos os clichés e ainda as frases e gramática do rock.
Nenhum grupo ou autor, inventou o rock, criando partitura diferenta daquela que se pode ouvir em Layla.
Blues, poesia, ritmo, batida frenética de hard-rock e show de guitarra até dizer basta.
Para mim, basta para não lhe encontrar paralelo na música rock, nem sequer na progressiva.
Ninguém conseguia tocar como Clapton e Duane Allman, na altura.
Hendrix? Caos sonoro, por vezes, muitas vezes aliás. Não consigo escutar o Axis Bold as Love, por causa disso.
Cream? Lá estava o Clapton.
Rolling Stones? C´mon.
Beatles? Have you seen the little piggies, crawling in the dark?
Who? Odds and sodds.
Layla é um disco de rock coerente do primeiro ao último tema. Todo rock. Sem ponta de pop.
Eu é que lamento não ter tido qualquer "affair" com Pattie, eheheh, e cheguei a ser vizinho dela!
LT
Compreendo e aceito o teu ponto de vista, José - a originalidade como factor determinante de eleição. Mas albuns "todos rock, sem ponta de pop" (que, digo já, não serão os meus eleitos visto ter gostos mais pop do que rock) prefiro o "Live at Leeds" dos Who ou mesmo o primeiro a solo do Clapton.
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