sexta-feira, 4 de julho de 2008

CRISE ACADÉMICA DE 1962


A crise académica de 1962 apanhou-me com uns 14/15 anos. Apesar de viver e estudar em Coimbra, no Liceu D. João III, não tinha ainda uma verdadeira consciência política ou politizada.

Estando em Coimbra, como senti então a crise?

Do meu ponto de vista, da pior maneira possível. Era o único bicho (estudante liceal) na nóvel secção de judo da Associação Académica de Coimbra e tinha pela frente uma brilhante carreira.

Não tinha ainda sequer um verdadeiro quimono (fato de judoca). No Palácio dos Grilos treinava ainda de pijama!

Pois foi mesmo o inocente e ingénuo pijama que os esbirros da Polícia desumanamente despedaçaram. Não contentes, fecharam sine die o Palácio dos Grilos, onde funcionava a Associação Académica de Coimbra e algumas das suas secções.

Foi o fim da minha carreira de judoca na Briosa.

Lembro-me também de os estudantes mais velhos, universitários, me terem confidenciado que tinham ensaboado as ruas da cidade para os cavalos da GNR escorregarem, o que efectivamente aconteceu.

4 comentários:

Zeca do Rock disse...

Eu estive envolvido na crise até às orelhas (aluno da Faculdade de Letras, Lisboa) mas prefiro não fazer muitos mais comentários a esse respeito porque tenho nojo das duas partes. De um lado, a máquina feroz da PIDE, da GNR, da Polícia de Intervenção, etc, ao serviço de um governo podre, retrógrado e cruel. Do outro, a máquina igualmente feroz e traiçoeira dos manipuladores e agitadores do PCP e outros grupelhos M-L. No meio, a massa ingénua dos estudantes idealistas,sedentos de liberdade e democracia, quais bolas de pingue-pongue a serem jogadas de um lado para o outro da mesa política de interesses alheios.

O melhor mesmo é tentar esquecer...

Vicky Paes Martins disse...

Luis...como disseste,temos muito q falar.Também lá estava,com 14 anitos, e sem ser tido nem achado, levei umas xanfalhadas de um gnr..wrong place at wrong time...Praça da Republica, tinha saído do Moçambique, e o pessoal vinha todo a cavar lá de cima ,com a gnr á cacetada, e olha ainda fui passar essa noite na esquadra, com mais uma molhada de tipos.Ainda hoje estou para saber porq? Ficou-me o cheiro a creolina dos calabouços, e o choro do João Carlos Rocha Nunes, alcunha, o Texas.Acho q lhe tinham dado a valer, e o gajo não se conformava.
Sai ás nove da manhã, pela mão da minha Tia Manuela, mas antes levei um sermão do caraças de um tal capitão Grilo.Não me recordo bem , mas parece-me q isto aconteceu quando lá foi o Américo Tomás.Coimbra nessa época, era um sitio fantástico para se viver.Estudava,no Luís de Camões, lá em cima na rua do Pinhal, aonde morava o "Patilhas" dos Boys, e ali perto, numa transversal, o Miguel Torga, e mais abaixo, a familia Lucas Pires. O Pai Dr. Pinho era meu prof. de História.Bons tempos...descobri os Beatles no Neves,lá no primeiro andar...é melhor parar, e vamos continuar isto ao vivo, porq agora de repente, lembrei-me q poderias ser tu o tipo q na cabine ao lado, suava por todos os poros a ouvir o "I Saw Her Standing Ther"...Eras tu???? Temos muito q falar se realmente eras tu.

Vicky Paes Martins disse...

Depois de postar o meu coment, reli a tua prosa e sabes q mais??? A sena dos cavalos patinadores?? Estava la´.Por acaso nem resultou muito bem , mas deu para mais umas gargalhadas enquanto o xanfalho subia e descia.É como disseste.Temos q falar

sexygenaria ♥ disse...

estou ha mais de uma hora neste blog completamente deliciada

mas luis não sei quem és ;)))
sorry